Saudações
do Crítico Nippon!
Apesar
de eu assistir todo tipo de filme oriental dos mais diversos países, nunca
prestei atenção em suas séries. Foi quando, por alguma razão que não sei explicar,
bati o olho nesta série da Netflix com apenas 5 episódios que acompanha uma
equipe de jornalismo. Era curta o bastante para que eu me arriscasse um pouco
nesse mundo. E ao término dela, posso dizer que fiquei feliz de ter arriscado.
Então será o primeiro seriado live action que eu posto na coluna Crítico Nippon
(e o primeiro completo do site, que havia apenas alguns “primeiras impressões”).
Adaptado
do mangá de Noriko Sasaki (Channel wa Sonomama!), acompanhamos a jovem Yukimaru
(Kyoko Yoshine), cujo sonho era trabalhar em novelas, porém acidentalmente
acaba se inscrevendo para uma vaga como repórter na HHTV. Por algum milagre, a
estabanada garota é contratada (se The Office pode ter aqueles personagens
peculiares, por que não o mesmo aqui?). E a partir daí acompanhamos suas
pequenas aventuras e interações com demais colegas da emissora.
Iniciando
com um elegante plano sem cortes para noticiarem um terremoto, a câmera adentra
os diferentes setores dentro da emissora e os esforços de todos que culminarão
na atividade da âncora apresentadora. A direção da série, aliás, é sempre
dinâmica e nunca deixando a rotina dos jornalistas parada. A linguagem lembra
muito a de um mangá, com constantes escritas flutuantes, o que eventualmente se
torna um pouco exagerado. Ainda mais que ouvimos os pensamentos deles, tal qual
um anime, ou seja, são recursos demais ao mesmo tempo. E os closes nos olhos e
nos rostos incrivelmente jovens de seu elenco ocupando a tela inteira é claramente
saído dos quadrinhos.
Ágil
em seu humor, algumas vezes beirando o absurdo (como Yukimaru correndo em
direção a uma mesa e não conseguindo frear), compensa com outras mais
orgânicas, como quando a protagonista informa o nome de sua própria mãe quando
deveria informar da mãe panda. A série se passa em um universo impossivelmente
colorido e alto astral. A direção de arte é soberba em seus cenários ricos em
detalhes e eu fico pensando se realmente conseguiram uma emissora de verdade (e
como conseguiram), ainda mais com o encerramento de cada episódio, onde a
câmera adentra cada cômodo e percebemos a dimensão daquilo.
É
bacana ver os esforços da série em fornecer espaço para diversos profissionais
da área. Como a âncora Maki Hanae, interpretada de forma contida por Kanako
Miyashita, completamente oposto de Yukimaru. Fala somente o necessário, é
meticulosa, dá excessiva importância a comentários prosaicos dos outros. Ou
mesmo a divertida prova de admissão do controlador, cujo trabalho é assistir
televisão para cuidar se não há nenhum erro sendo transmitido. E a camaradagem
e técnicas inusitadas de seus colegas é muito divertido. E, claro, o
determinado Yamane, interpretado por Hiroki Iijima sem muito carisma ou
personalidade, mas que desempenha um papel importante de também ser um repórter
como a protagonista, e vê-la constantemente quase que sabotando seus esforços.
De
qualquer forma, é mesmo a incrível Kyoko Yoshine, com sua Yukimaru, que carrega
a série. Dona de uma personalidade absurdamente adorável, poucas vezes vi uma
atriz tão carismática. Sim, há momentos aqui e ali exagerados, mas considero
mais culpa do roteiro por querer forçar situações tão bobinhas. Cheia de
lanches em sua gaveta, com uma energia inesgotável e, principalmente, sempre disposta
a ajudar e fazer de novo quantas vezes for preciso. Seu sorriso espontâneo e
muitas vezes inesperado é capaz de desarmar qualquer um. É o coração da série e
palavras não seriam suficientes para elogiá-la o bastante.
Inteligente
ao nos mostrar detalhes do funcionamento de uma emissora como aquela, como o
conflito de interesses entre o departamento de vendas e de notícias, tentando
proteger os patrocinadores mesmo que eles sejam a notícia. E o episódio em que
a HHTV e seu principal concorrente competem em uma feira de comida ao vivo
(!!), tentando ultrapassar seu oponente várias vezes, é muito bem executado e
tenso. Infelizmente exagera demais na figura da emissora “vilã”, com o chefe
aparecendo enquanto faz musculação (juro), e repleta de cores vermelhas por
todo estúdio, quando não são salas escuras e sombrias. O próprio símbolo da
firma é um urso capturando um peixe. É infantil demais em seus simbolismos.
Se
Liga no Erro é uma adaptação leve e descompromissada, com uma protagonista
fantástica, e que tem potencial para aprofundar mais seus dramas jornalísticos.
Houve alguns vilões secundários que definitivamente não seria necessário e soam
caricatos demais. O Jornalismo é rico o bastante em conflitos para não precisar
de muletas bestas desse tipo. De qualquer modo, foi uma agradável aventura
fazer parte da HHTV mesmo que por um curto período de tempo. Certamente agora
irei explorar outras séries orientais.
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