Saudações
do Crítico Nippon!
Contando
com inspirações das mais diversas fontes, dos irmãos Grimm à Final Fantasy,
RWBY é um prato cheio pra qualquer fã de anime. Feito nos Estados Unidos, traz
aquela familiaridade gostosa na maneira dos personagens interagirem uns com os
outros (vide Avatar, Korra, O Príncipe Dragão) que se assemelha mais com os
ocidentais. Porém, conta com toda a atmosfera e sequências de ação absorvidas
da terra do sol nascente. A minha ideia, a princípio, é comentar uma porção de
temporadas (volumes) por vez, pois os episódios tem uma duração mais curta. E,
por acaso, descobri que o autor original, Monty Oum, morreu antes do lançamento do Volume 3. Então será uma experiência interessante analisar antes e depois do
falecimento de seu idealizador.
(sem
spoilers)
Acompanhamos
a jovem Ruby, com seu visual chapeuzinho vermelho, na busca por se tornar uma
Caçadora para combater as criaturas conhecidas como Grimm (pois é). Para isso,
ela ingressa na renomada Academia Beacon, onde conhecerá diversas outras
personagens com habilidades distintas. E protagonista que inicia a jornada em
uma Academia é o que mais tem por aí (seja de heróis, de dança, de esportes), e
RWBY tira o maior proveito desta premissa. Abraçando todo encanto da juventude
de uma escola, jovens com personalidades diferentes, amores, bullying, escolas rivais, tudo se encontra aqui perfeitamente equilibrado.
Além
disso, conta com um visual e um universo que lembra imensamente Final Fantasy,
desde às roupas, às armas brancas e de fogo embutidas, as naves futurísticas, a
própria energia Dust que dá poderes àquelas Caçadoras, a maneira de lutar
totalmente sobre humana. É possível enxergar direitinho Tifa, Cloud e tantos
outros ali.
Porém,
o anime (vou chamar assim) não perde muito tempo martelando o seu universo,
suas tribos, quem está do lado de quem, as reais intenções dos vilões. Às vezes atrapalha o não saber, mas isso torna a narrativa sempre dinâmica. Nunca para
de nos apresentar personagens e desenvolvê-las muito bem. RWBY parece mais
interessado em contar sobre a individualidade de cada uma daquelas heroínas do
que sobre uma trama maior repleto de Bem e Mau e conspirações.
Ao
invés disso, as antagonistas ganham até mais tempo em tela que a própria Ruby.
Suas colegas de time, Weiss, Blake e Yang (cujas iniciais formam o nome do
anime) são fartamente exploradas. Inclusive em plena reta final do Volume 2, ao
embarcarem em uma missão aparentemente aborrecida, o professor que as acompanha
passa o tempo todo questionando as motivações de cada uma. Assim, mesmo que a
missão como um todo não seja das mais empolgantes, não paramos de aprender mais
sobre cada uma delas. O que já havia sido feito maravilhosamente bem no Volume
1 e continua se aprimorando.
Contudo,
e o mais incrível, essas quatro não chegam nem na metade de personagens que
aprendemos a amar e torcer. Há também a dita mais forte de todas, Pyrrha, que
esconde um profundo ressentimento por não conseguir se aproximar dos outros. O
jovem Jaune que, inicialmente covarde, aos poucos descobre sua força (em vários
sentidos da palavra). Os divertidos Ren e Nora que, mesmo com pouco tempo em
tela, formam um casal adorável em seu contraste (e o momento em que Jaune vai
pedir conselhos amorosos para Ren é um dos mais hilários da série). E tantos
outros, moças e rapazes, que seria uma futilidade tentar descrever a lista
inteira.
Com
uma animação que provavelmente irá afastar alguns espectadores, é extremamente
simples e com alguns movimentos limitados. Embora eu confesse ter esquecido
completamente dela logo no início, ao me ver encantado pelas personagens e pela
fluidez dos acontecimentos. Ainda assim, as cenas de ação são simplesmente de
tirar o fôlego, superando 90% das animações japonesas. Aliás, é sublime que
duas das melhores sequências sejam as menos esperadas justamente por estarmos acostumados
com a pobreza dos animes: a primeira delas, no Volume 1, quando o grupo se une
para enfrentar os monstros gigantes da floresta. Em um anime, qualquer grupo
reunido pra enfrentar um bichão provavelmente é um episódio quase filler com
uma animação sem qualquer qualidade (o que importa são as lutas com os vilões
principais, obviamente). Aqui não, todas usam suas habilidades para alavancar a
da companheira, criando uma sequência espetacular graças ao conjunto todo. E a
segunda sequência memorável, no início do Volume 2, a guerra de comida no
refeitório. Por ser início de temporada, já estava pensando “ok, episódio
filler de briga com comida, é início de temporada mesmo, vão acelerar aos
poucos”. E quanto mais a batalha continuava, mais empolgado eu ficava. É quase
um episódio inteiro nela, com uma energia impressionante.
Dito
isso, RWBY nem sempre acerta na ação. Por exemplo, a primeira luta de Jaune
contra o urso Grimm é legitimamente tensa. Só que um momento assim nunca mais
ocorre. Subitamente, todos matam os Grimm com a maior facilidade do mundo. O
que torna, inclusive, um anticlímax pavoroso o encerramento do Volume 2. Além
disso, o mal aproveitamento dos vilões começa a cansar. O cara do cabelo
laranja, por exemplo, é a definição de equipe Rocket, sempre decolando na
velocidade da luz. E se o trio que se infiltra na Academia Beacon, composto de
duas moças e um rapaz, parecem mais inteligentes e perigosos (lembrando o trio
Azula, Mai e Ty Lee), na prática eles ainda não fizeram nada. E a história
ainda vê necessidade de colocar personagens novas, como a garota do cabelo
rosa, sendo que há tantos outros vilões que já estão em campo e que deveriam
estar sendo explorados.
Com
um encerramento fraco do Volume 2 (mas que não desmerece em nada todo o
resto), colocam uma sucessão de personagens novos e figuras misteriosas que não
nos dizem absolutamente nada. Ou seja, impacto zero. Além disso, a garota robô
que venceu uma frota inteira da White Fang é mais uma personagem que parece
completamente jogada e esquecida (tal qual os vilões).
De
qualquer modo, como falei antes, o que importa mesmo é o ritmo do anime e as
relações entre tantas heroínas maravilhosas. E momentos como o pseudo-exame-chunin
no início do Volume 1, e o baile que dura três episódios no Volume 2, são
extremamente deliciosos de assistir. Não vejo a hora de continuar os próximos
volumes, com mais cenas de ação maravilhosas, dramas que nos cativam e, aos
poucos, descobrir mais sobre este intrigante universo.
(Agora você pode votar no que quer que a gente escreva; receber fotos dos bastidores; e ainda incentivar o nosso trabalho! Saiba como ser um padrinho ou madrinha: AQUI)
(Para mais dos meus textos, só ir no menu "Crítico Nippon" lá em cima)
Twitter: @PedroSEkman
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Os comentários deste blog são moderados, então pode demorar alguns minutos até serem aprovados. Deixe seu comentário, ele é um importante feedback.