terça-feira, 19 de março de 2019

RWBY - Volumes 1 e 2


Saudações do Crítico Nippon!

Contando com inspirações das mais diversas fontes, dos irmãos Grimm à Final Fantasy, RWBY é um prato cheio pra qualquer fã de anime. Feito nos Estados Unidos, traz aquela familiaridade gostosa na maneira dos personagens interagirem uns com os outros (vide Avatar, Korra, O Príncipe Dragão) que se assemelha mais com os ocidentais. Porém, conta com toda a atmosfera e sequências de ação absorvidas da terra do sol nascente. A minha ideia, a princípio, é comentar uma porção de temporadas (volumes) por vez, pois os episódios tem uma duração mais curta. E, por acaso, descobri que o autor original, Monty Oum, morreu antes do lançamento do Volume 3. Então será uma experiência interessante analisar antes e depois do falecimento de seu idealizador.

(sem spoilers)




Acompanhamos a jovem Ruby, com seu visual chapeuzinho vermelho, na busca por se tornar uma Caçadora para combater as criaturas conhecidas como Grimm (pois é). Para isso, ela ingressa na renomada Academia Beacon, onde conhecerá diversas outras personagens com habilidades distintas. E protagonista que inicia a jornada em uma Academia é o que mais tem por aí (seja de heróis, de dança, de esportes), e RWBY tira o maior proveito desta premissa. Abraçando todo encanto da juventude de uma escola, jovens com personalidades diferentes, amores, bullying, escolas rivais, tudo se encontra aqui perfeitamente equilibrado.


Além disso, conta com um visual e um universo que lembra imensamente Final Fantasy, desde às roupas, às armas brancas e de fogo embutidas, as naves futurísticas, a própria energia Dust que dá poderes àquelas Caçadoras, a maneira de lutar totalmente sobre humana. É possível enxergar direitinho Tifa, Cloud e tantos outros ali. 


Porém, o anime (vou chamar assim) não perde muito tempo martelando o seu universo, suas tribos, quem está do lado de quem, as reais intenções dos vilões. Às vezes atrapalha o não saber, mas isso torna a narrativa sempre dinâmica. Nunca para de nos apresentar personagens e desenvolvê-las muito bem. RWBY parece mais interessado em contar sobre a individualidade de cada uma daquelas heroínas do que sobre uma trama maior repleto de Bem e Mau e conspirações.

Ao invés disso, as antagonistas ganham até mais tempo em tela que a própria Ruby. Suas colegas de time, Weiss, Blake e Yang (cujas iniciais formam o nome do anime) são fartamente exploradas. Inclusive em plena reta final do Volume 2, ao embarcarem em uma missão aparentemente aborrecida, o professor que as acompanha passa o tempo todo questionando as motivações de cada uma. Assim, mesmo que a missão como um todo não seja das mais empolgantes, não paramos de aprender mais sobre cada uma delas. O que já havia sido feito maravilhosamente bem no Volume 1 e continua se aprimorando.


Contudo, e o mais incrível, essas quatro não chegam nem na metade de personagens que aprendemos a amar e torcer. Há também a dita mais forte de todas, Pyrrha, que esconde um profundo ressentimento por não conseguir se aproximar dos outros. O jovem Jaune que, inicialmente covarde, aos poucos descobre sua força (em vários sentidos da palavra). Os divertidos Ren e Nora que, mesmo com pouco tempo em tela, formam um casal adorável em seu contraste (e o momento em que Jaune vai pedir conselhos amorosos para Ren é um dos mais hilários da série). E tantos outros, moças e rapazes, que seria uma futilidade tentar descrever a lista inteira.


Com uma animação que provavelmente irá afastar alguns espectadores, é extremamente simples e com alguns movimentos limitados. Embora eu confesse ter esquecido completamente dela logo no início, ao me ver encantado pelas personagens e pela fluidez dos acontecimentos. Ainda assim, as cenas de ação são simplesmente de tirar o fôlego, superando 90% das animações japonesas. Aliás, é sublime que duas das melhores sequências sejam as menos esperadas justamente por estarmos acostumados com a pobreza dos animes: a primeira delas, no Volume 1, quando o grupo se une para enfrentar os monstros gigantes da floresta. Em um anime, qualquer grupo reunido pra enfrentar um bichão provavelmente é um episódio quase filler com uma animação sem qualquer qualidade (o que importa são as lutas com os vilões principais, obviamente). Aqui não, todas usam suas habilidades para alavancar a da companheira, criando uma sequência espetacular graças ao conjunto todo. E a segunda sequência memorável, no início do Volume 2, a guerra de comida no refeitório. Por ser início de temporada, já estava pensando “ok, episódio filler de briga com comida, é início de temporada mesmo, vão acelerar aos poucos”. E quanto mais a batalha continuava, mais empolgado eu ficava. É quase um episódio inteiro nela, com uma energia impressionante.




Dito isso, RWBY nem sempre acerta na ação. Por exemplo, a primeira luta de Jaune contra o urso Grimm é legitimamente tensa. Só que um momento assim nunca mais ocorre. Subitamente, todos matam os Grimm com a maior facilidade do mundo. O que torna, inclusive, um anticlímax pavoroso o encerramento do Volume 2. Além disso, o mal aproveitamento dos vilões começa a cansar. O cara do cabelo laranja, por exemplo, é a definição de equipe Rocket, sempre decolando na velocidade da luz. E se o trio que se infiltra na Academia Beacon, composto de duas moças e um rapaz, parecem mais inteligentes e perigosos (lembrando o trio Azula, Mai e Ty Lee), na prática eles ainda não fizeram nada. E a história ainda vê necessidade de colocar personagens novas, como a garota do cabelo rosa, sendo que há tantos outros vilões que já estão em campo e que deveriam estar sendo explorados.



Com um encerramento fraco do Volume 2 (mas que não desmerece em nada todo o resto), colocam uma sucessão de personagens novos e figuras misteriosas que não nos dizem absolutamente nada. Ou seja, impacto zero. Além disso, a garota robô que venceu uma frota inteira da White Fang é mais uma personagem que parece completamente jogada e esquecida (tal qual os vilões).


De qualquer modo, como falei antes, o que importa mesmo é o ritmo do anime e as relações entre tantas heroínas maravilhosas. E momentos como o pseudo-exame-chunin no início do Volume 1, e o baile que dura três episódios no Volume 2, são extremamente deliciosos de assistir. Não vejo a hora de continuar os próximos volumes, com mais cenas de ação maravilhosas, dramas que nos cativam e, aos poucos, descobrir mais sobre este intrigante universo.



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