domingo, 3 de março de 2013

Tatsumi - o escolhido de Cingapura ao Oscar 2012

Saudações do Crítico Nippon!


Este documentário e biografia do mangaká Yoshihiro Tatsumi foi o escolhido para representar o seu país no Oscar desse ano. E não que o Oscar seja sinônimo de qualidade, porque nunca foi e nunca será (com nada menos do que milhares de votantes – em sua maioria homens velhos -, festas para promoverem os artistas e puxarem saco, e legítimas campanhas virais para conseguirem popularidade e vitória, não passa da mesma politicagem que aquelas para os políticos em si), mas é inegável que seja a mais famosa e acompanhada (mais que o Globo de Ouro – um evento que é uma piada para os envolvidos no Oscar de tão irrelevante – e até mesmo que o aclamado Festival de Cannes) e, portanto, por uma questão popular, é sempre bom arrumar um motivo para falar sobre. Eis que uma obra sobre um nome importante do nosso universo nippon é colocada no meio, e o Elfen Lied Brasil não poderia deixar passar.





Feito através de uma animação simples, porém expressiva e eficiente, é como se o diretor Eric Khoo quisesse mergulhar até na tecnologia limitada do pós guerra japonês – cenário da maioria de suas obras. Yoshihiro foi o precursor da expressão “gekiga”, ao criar uma nova forma de mangás voltadas para o público adulto, com temas envolvendo violência e sexo. Abordando uma estrutura que varia entre adaptações das histórias do autor e intercalando com acontecimentos da vida do próprio, é um filme sempre fluído e interessante. 


Desta forma, Tatsumi não é, de maneira alguma, um filme para crianças, com imagens que variam entre mutilação, assassinatos brutais e incesto. E só de pensar que este autor, na década de 70, colocava nas mesmas prateleiras que obras infantis, temáticas tão pesadas e infelizes, revelam um homem mais destemido e corajoso do que poderíamos imaginar. Fã declarado do gigante Osamu Tezuka (e ouvir Yoshihiro ainda hoje, aos 75 anos, chamando-o de “Tezuka-sensei” demonstra uma honrável humildade), é realmente engraçado ouvir que seu mestre ficou chocado com a ideia de seu novo estilo a princípio, até o gekiga crescer sem parar e ele ficar com certo ressentimento de seu potencial.





As histórias aqui são vistas sempre em cores escuras, com finais tristemente irônicos e trágicos. Enquanto as passagens da vida do personagem-título ganham cores vivas e alegres, destacando com otimismo seu criador. E é impossível não relacionar sua obra sobre a bomba de Hiroshima com a do autor Keiji Nakazawa em Gen pés descalços, ambas cruas e impactantes. Com a auto biografia que inspirou o filme vencedor do prêmio Tezuka em 2009, Tatsumi certamente pode ficar satisfeito com seu legado e suas conquistas dignas do mestre que tanto admirou.




(Para mais dos meus textos, é só ir no menu 'Crítico Nippon'.)

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