Nunca imaginei que isso fosse sobreviver e chegar ao digito
02 (emocionada), mas eu tenho alguns
pensamentos soltos aqui , que nem sei se vale o registro, mas não podem me
cobrar nada, essa seção é justamente para eu vomitar obviedades. :P
E dessa vez nem está tão pocket assim... WOW!
Após assistir o episódio 08 de Chihayafuru 2, num raro
momento de lucidez, me lembrei de ir atualizar a série no meu MyAnimeList (aquilo tá uma zona, só serve mesmo para
uma tentativa de fins de registro), e sei lá por que fui dar uma olhada no
fórum pela primeira vez – Só para contextualizar, há muita coisa boa nos fóruns do MAL, e também há muito câncer elevado ao quadrado . Então tenho preguiça de
acompanhar as discussões por lá, só vou mesmo nas notícias – e acabei me deparando com uma comparação das páginas do mangá. Essa página abaixo.
Há certas coisas obvias que sabemos instintivamente, mas não
paramos para pensar sobre. Muitas vezes sentimos que algo não está legal numa
série, mas não sabemos definir exatamente o que é. Às vezes pode ser uma
questão técnica, uma má direção, um autor que não sabe usar bem a narrativa
cinética de um mangá, que tende a apresentar um fluxo limpo de ação. Nessa imagem acima qual
a diferença primordial na narrativa de cada mídia?
O mangá tem a necessidade de utilizar o espaço negativo (aquele espaço em branco entre objetos,
personagens, cenários, etc) para expressar seja o que for a intenção do
autor. Neste caso, a intenção da Yuki Suetsugu (autora do mangá, no qual o anime é adaptado) é causar impacto
visual, uma surpresa pela perspectiva da câmera subjetiva: o cenário pelo ponto
de vista de Arata, como se estivéssemos olhando com os seus olhos, para aquela
pessoa que colocou a mão em seu ombro, neste caso a Shinobu. No mangá, para
alcançar este objetivo, ela precisa abrir mão de enquadramentos mais fechados e
destacar o espaço negativo em volta. Já no anime, Morio Asaka (diretor) que sempre utiliza muitos dos
recursos do mangá [como onomatopeias, arranjos florais, diálogos fora da caixa
e linhas de movimentos, muitas vezes por pura opção da staff, dando um ar mais artístico que o torna mais
bonito visualmente. Uma alternativa que sempre funciona principalmente em
séries com orçamentos menores], mas a mídia visual possui mais recursos (haha que nem sempre é aproveitado ao
máximo, muitas vezes por ser caro, diferente de... quadrinhos, onde tudo
depende unicamente do talento do autor), uma delas é perceptível nesta
imagem. No anime, não há necessidade de respeitar o espaço negativo, o artista
responsável pelo storyboard pode simplesmente fechar o enquadramento e captar
mais ricamente as feições do rosto do personagem, sem que para isso perca o
impacto visual da cena.
Inclusive, no anime essa sequência fica muito melhor por
causa do uso aprimorado da câmera subjetiva. Definitivamente, o efeito foi
muito bonito visualmente, essas sombras e luzes que se atrevem a brotar por
entre as pétalas de flores, nesta que foi a melhor sequência do episódio 08 – A
Shinobu é os bicho, consegue ser amedrontadora, sem dizer uma palavra.
Como eu disse, em quadrinhos depende muito mais da
habilidade do autor. Aliás, ano passado estava lendo sobre técnicas visuais em
quadrinhos, é impressionante como uma grande antologia como a JUMP, é muito
mais rigorosa com relação à linguagem visual, do que eu imaginava quando via
páginas aleatórias de Bleach por aí. Mais do que em antologias menores/menos
popular ou que se focam num público mais velho. Mas isso fica
pra outra oportunidade.
Sobre a Autora
Eden no Hana e a "inspiração" de Yuki Suetsugu numa fotográfia de revista |
Yuki Suetsugu, autora do elogiadíssimo Chihayafuru (que ganhou um status bem elevado no Japão.
A série que já se destacava, ganhou ainda mais visibilidade depois do anime.
Temos aí então um bom exemplo de, mesmo o anime não vendendo, consegue ser uma
propaganda eficaz), em 2005 foi atormentada pelo karma do plágio, por
evidências que surgiram no 2chan de que ela havia plagiado algumas sequências
de narrativa visual do autor de Slam Dunk, o ovacionado Takehiko Inoue. Ela
própria depois confessou que realmente havia plagiado, e bem... não havia como
negar realmente, as imagens são bem similares. Na época ela estava publicando
Eden no Hana (Flower of Eden), que
foi obviamente cancelado pela Kodansha, editora do mangá. O Japão tem uma
politica bem forte com relação à plágio. Curiosamente, Slam Dunk também se viu envolvido
em acusações por supostamente o autor utilizar
referência de fotografias de jogadores da NBA.
Não deu em nada, claro, estamos falando do Inoue, a palavra
dele é o suficiente para assegurar a continuidade de algo que esteja
produzindo. A Yu Suetsugu foi acusada também de plagiar algumas fotografias.
Recentemente o mesmo aconteceu com o autor de Prism (no caso dele foi pior, porque o cara copiou basicamente tudo, todas as
sequências visuais que achávamos lindo e com angulações e contornos tão
tecnicamente precisos), e isso é algo que acontece com frequência entre
mangakás (e algo assim pode enterrar a
carreira do autor). A linguagem do mangá é muito codificada, e alguns
autores na ânsia de capturar movimentos e trejeitos cada vez mais realísticos e impactantes,
acabam copiando fotografias reais, ou simplesmente pegando as sequências
visuais de outros mangás. Repetindo: O autor depende unicamente de sua
habilidade técnica para sobrevier nesta profissão. É ele, e apenas ele.
Dica de Leitura:
-A Tradition in Plagiarism (ComiPress)
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