terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mantis Woman (1998) - A Curiosidade Matou...


Um terror B de vez em quando vai muito bem.


Senno Knife começou sua carreira na década de 80 e desde então a manteve segmentada entre o terror, o torture porn e gags. Apesar de contar com uma vasta produção, seu nome não é lembrado, nem suas obras cultuadas popularmente ou artisticamente. Curiosamente, durante o boom dos mangás nos EUA, Knife teve um vasto material lançado por lá, a maioria ainda se encontra bem acessível, batendo nomes como Junji Ito e Kanako Inuki em numero de publicações. Ele chegou também no Brasil através da Conrad, com os títulos Sade e Tempest [duas adaptações de obras históricas, uma especialização do autor, que resgata clássicos, para um universo de perversões].

Mantis Woman é um dos seus trabalhos mais recentes e traz consigo as características mais marcantes do autor: uma pegada toda vanilla mesmo quando o teor é violento, arte chamativa e protagonista com expressões sempre meigas. Seu traço tem refinamento, mas não tem precisão anatômica, e se torna uma característica que seduz. Além de contornos e estilo típico dos shoujos, mas com uma assinatura própria capaz de distingui-lo. Com o passar dos anos, Knife pouco mudou em seu estilo artístico, mas devo dizer que é sua imprecisão; fazendo sua arte sentir uma falta de carpintaria nos adornos e curvas dos personagens, que dá a sua arte certo charme. Certamente se adéqua bastante a eu estilo vanilla.


A ode à criatividade de Junji Ito se dá muito por ele fugir do usual da maioria dos artistas que se metem a desenhar quadrinhos de terror no Japão. A grande maioria se baseiam em lendas urbanas e muitas vezes eventos curiosos testemunhados por eles na infância. Knife segue a cartilha à risca e tece em Matis Woman 5 histórias com a mesma protagonista se envolvendo com manifestações sobrenaturais, além de uma 6ª história com outra personagem, mas que francamente parece uma versão adulta da anterior. A fórmula é sempre a mesma, só muda levemente a situação. Chiaki é uma péssima voyeur, pois vê estranhos eventos acontecendo e acaba enfiando o pescoço aonde não deve e acaba em grandes apuros. Claro que ela se safa sempre. Há somente uma história, ‘O Koala está vindo’, onde ela passa de voyeur a vitima direta de ataques: uma história sinistra de um loser que se suicidou por ser sempre rejeitado pelas garotas que visava; com seu espírito indo parar no corpo de um koala de pelúcia bizarrícimo que ele ofertava para as garotas. Agora, este koala sai atrás de belas garotinhas à procura de amor. É uma história que faz muito uso da visão histórica de espíritos que possuem objetos, com direito à clássica cena da mão saindo de dentro de uma boca. LOL

A primeira história se chama Mantis Woman, que dá título ao mangá. ‘Mantis Woman’ é uma mulher sinistra que sai punindo a todo que cometem alguma infração. Chiaki que sofre bullying continuamente e acaba cruzando com essa figura, desde então todos aqueles que a maltratavam começam a ter um destino cruel. É fácil perceber a intenção desse nome: Mantis são insetos predadores que se alimentam de outros insetos vivos ou até mesmo os de sua espécie.


Não há nada de marcante ou que se destaque neste trabalho, além de arte, mas é divertido e com uma atmosfera evolvente, eu me diverti. Como envolvente? Knife tem uma técnica exemplar de enquadramento, retículas e uso de espaços negativos. Quando Chiaki fita, é como se estivesse olhando diretamente para nossos olhos, soa muito verdadeiro o seu terror (os enquadramentos fechados nos olhos é o que mais chama a atenção, os olhos dela são belos, e ficam ainda mais belos quando estão assustados por trazerem a superfície a ingenuidade e fragilidade da personagem. Eles despertam um sentimento meio canibal por ela parecer tão desprotegida), embora não sejam histórias densas, pelo contrário; tem um tom aventuresco, de criança quando quer saber demais e quando percebe, está em apuros. Como se pode notar, as obras de Senno Knife acabaram definindo o nome do autor no intermediário de artistas que ficam à sombra, que pra enxergar é preciso ir um pouco além. No ocidente, aconteceu de alguém o pegar e trazer em meio a tantos outros. De qualquer forma, é um nome não convencional que pode se tornar uma boa alternativa pra fugir da rotina. 

Nota: 06/10
Ano: 1998
Autor: Senno Knife
Volumes: 01
Demográfico: Josei
Revista: Horror M (Bunkasha)
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