Depois de terminar de ler o terceiro e último volume de Hollow Fields, eu posso dizer que valeu apenas os 30 reais gastos nas três edições. Quando a NewPop anunciou o lançamento desse mangá, que na verdade é um OEL (quadrinho feito no "estilo" mangá produzido fora do Japão), o que mais me chamou a atenção foi a sua sinopse peculiar e as varias definições que o mangá recebeu na crítica especializada. Definições como; sendo uma história fantasmagorica, visual bonitinho mas ao mesmo tempo sombrio e o enredo girar em torno da ciência proibida. Bem, logicamente eu não tive dúvidas que precisava ter este mangá mãos.
Hollow Fields é um mangá do gênero steampunk (é um sub-gênero da ficção científica ou ficção especulativa. As histórias desse gênero sempre são ambientadas no passado ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, onde especulações e paradigmas tecnológicos mordernos ocorrem mais cedo do que na história real ou momento presente.) e de autoria de uma Australiana chamada Madeleine Rosca. O primeiro volume foi lançado no distante ano de 1997 pela editora Seven Seas e os volumes seguintes em 98 e 99. Hollow Fields é um nome de peso lá fora e de todos os quadrinhos que emulam a arte japonesa de criar histórias, este é o mais conhecido e aplaudido pela crítica, sendo uma obra premiada com o reconhecimento do Ministério do Exterior Japonês que lhe concedeu o prêmio Shorei de Excelência, que é destinado para os melhores mangás ao redor do mundo (e fora da Ásia, este foi o único mangá que conseguiu levar o prêmio). Mas o que faz Hollow Fieds se destacar e se sobressair sobre os demais, é que apesar de Madeleine Rosca ter criado sua obra esteticamente como um mangá, incluindo ai leitura oriental, ela não se resignou em apenas copiar o que os japoneses fazem. Ela foi original e criativa, usando o estilo de arte oriental, pra contar uma história que se passa bem longe do Japão e com personagens que de nada lembram nossos queridos asiáticos.
A história gira em torno de Lucy Snow, uma inocente e esperta garotinha de nove anos e meio que por acidente, acaba se matriculando em uma escola repleta de cientistas loucos (x.x) chamada Hollow Fieds ou como ela é oficialmente conhecida; "Academia para os Academicamente Superdotados e Eticamente Ilimitados!" O inicio me lembra bastante o começo do mangá Rosário + Vampire, onde o estudante está indo em direção a uma escola para monstros e aparece um misterioso personagem que indaga ao protagonista se ele está realmente certo disso ou exalta sua "coragem". Esse modelo já bem explorado e esse é o tipo de personagem que já deixa o leitor com as "anteninhas" ligadas de que algo está muito errado ali. O dia a dia de Lucy em Hollow Fields não é fácil, sendo a garota vítima bullying dos outros estudantes que tentam se livrar dela e tendo que encarar a pressão de professores
Basicamente, a trama abordada no primeiro e segundo volume, envolve esse misterioso engenho e o que acontece com as crianças que são mandadas para lá. Os dois primeiros volumes também trabalham muito em cima de Lucy, tratando de seu relacionamento com as crianças, descobertas de segredos guardados a sete chaves, os estranhos e bizarros trabalhos que a garota tem que desenvolver e ainda correr o risco de ser devorada pelo seu próprio experimento. O destino desconhecido da garota também é muito bem trabalhado pela Madeleine, deixando sempre um suspense no ar. Os problemas de Lucy com seus colegas se agrava quando uma amiga de Summer Polanski - garota gênio e a mais popular da escola - é enviada ao engenho na primeira semana. Summer cria um rancor mortal por Lucy, já que em sua primeira semana, mesmo tendo média mais baixo entre todos os alunos, não poderia ser enviada ao engenho. Agora, Lucy conta uma pedra desconfortavél no sapato, chamada Summer e que está disposta a tudo pra prejudica-la, indo ao extremo de sabotar as invenções e experiências da pobre garotinha. Espera ai, eu disse pobre? De coitadinha a Lucy não tem nada...
Ela responde os professores e as provocações dos colegas, apronta suas confusões, é altiva, preguiçosa mas acima de tudo muito inteligente e isto é o que mais incomoda a Summer. Durante o decorrer da história, fica a pergunta se Lucy vai enfim conseguir um bom amigo naquele lugar. Ainda que tenha tentado uma aproximação com Summer, não deu muito certo. Logo seu caminho se cruza com o de Claude McGinty, um garoto hiperativo que esta sempre tentando fugir de Hollow Fields, mas sempre é capturado de volta ou pelo bizonho Stinch (responsavél pela vigilância na escola) ou pela esperta Miss Notch (a empregada e braço direito de Miss Weaver, a proprietária da escola. Claude McGinty está naquela idade onde garotos são inimigos mortais das garotas e tenta evitar a companhia de Lucy a todo custo. Mas quem se torna o primeiro e grande amigo de Lucy, é o "Doutor Bleak", um estranho cubo metálico falante e que parece conhecer todos os mistérios de Hollow Fields e o mais importante, ele conhece a maneira de como poder livrar a todos da megera Miss Weaver. Ele desempenha um papel importantíssimo nesses primeiros volumes, já que é ele que ensina a Lucy tudo sobre ciências proibidas, incluindo ai Transplantes Interespécies (Por exemplo, matéria que ensina a unir uma cabeça de gato em um corpo de cachorro) e assim evitando que a garota fosse mandada para o engenho. Mas sua tarefa é dura, afinal ela não gosta de estudar e além das varias horas de estudo, a garota ainda se mete a investigar por baixo dos panos o que acontece com as crianças que são mandadas para o engenho.
O volume dois termina com um insinuante gancho, que prende e deixa o leitor na curiosidade. Já no três, temos o climax desta brilhante história e seu desenrolar final. Um recurso bastante usado é o de flashback alternando em vários momentos dos volumes entre presente e passado, onde todo o mistério que envolve Hollow Fields começa a ser esculpido e ganha forma definitiva no volume final. Hollow Fields fica perto de Nullsvile e é controlada por um grupo de ciêntistas conhecidos como "engenheiros" e o objetivo de Miss Weaver ao fundar a escola é conseguir formar novos gênios do mal. O que os professores ensinam para os alunos é surreal, eles tem aulas de Taxidermia em seres vivos, Transplante de corpos Interespécies, assaltos a túmulos no meio da noite e construção de robôs assassinos. Hollow Fields é uma excelente obra e em poucos volumes, consegue ir de um extremo a outro. Madeleine conseguiu sim captar os medos e anseios, esse sentimento tão comum quando agente se vê em um local completamente novo e que não estamos adaptados, tendo que conviver com outras pessoas. O mangá tem um humor apurado com uma pequena levada de bizarrice. Hollow Fields é uma história sobre coragem e determinação, de continuar batalhando por aquilo que se acredita, mesmo sofrendo pressão por todos os lados. Super recomendado e a edição da NewPop está decente, com um material muito melhor que o usado pela Panini e Jbc. Ainda que a NewPop tenha cometido alguns pequenos erros (ok, estou sendo bondosa já que há erros de português bem bobinhos e inacreditáveis) e que impede de se dizer que ficou perfeito. Ainda que isso não impeça que seja uma ótima leitura, a NewPop precisa ter um pouco mais de cuidado pra não cometer deslizes tão bobos. Tecnicamente há muito o que se comentar, mas não irei fazer isso, como eu disse, os erros são bobos e não devem pesar na hora de pensar se vale a pena comprar ou não, pois Hollow Fields vale a pena levar pra casa.
Gênero: Ação / aventura / steampunk
Autora: Madeleine Rosca
Editora: Seven Seas
Volumes: 03
Ano: 1997/1999
2 comentários :
Eu ouvi falar sobre esse mamgá que estava sendo lançado pela Newpop, mas os lançamentos dessa editora nunca chegam até minha cidade. Eu gostei da resenha, parece ser muito bom e na minha próxima compra pela net, vou inclui-lo na lista.
Esse mangá é muiiiitoo bom...
eu tenho os tres,e pra falar a verdade,eu não qria que tivesse acabado no terceiro,eu qria mais.
É,otima a historia...
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