Cada um tem seu estúdio preferido, por um motivo ou outro.
Eu por exemplo, gosto bastante do Production
I.G. e Madhouse. Não há um
motivo muito forte para isso, a não ser o estilo de animação e suas produções,
que normalmente, sempre possuem um perfil característico desses estúdios – Mas não
tenho nenhum que seja meu predileto. Aliás, essa característica de cada
estúdio, é o que os diferencia um do outro e marca mais aqueles que conseguem
fixar sua marca. Até mesmo um estúdio como o J.C. STAFF, que aparentemente tem mais haters do que fanboys possui
sua própria identidade que o torna tão único dentre os demais. Também pouco se
comenta sobre o Sunrise, mas não dá
pra não associar o estúdio a mechas e bishounens gaterrimos.
Toda essa introdução, porque me perguntaram no formspring o
que eu acho do estúdio SHAFT.
Anuncio BD de Bakemonogatari |
Mas não dá pra falar sobre o Akiyuki Shinbo, sem antes falar
um pouco sobre todo o SHAFT. Este que parece ser um estúdio recente, mas que na
verdade foi fundado em 1975, por Hiroshi Wakao, ex-animador do Mushi Production, aquele estúdio do
Tezuka, que começou como rival da Toei Animation. Mas sempre foi um estúdio
pequeno, fundado com propósito de colorização e pintura (antigamente isso era feito com tinta e pinceis, mas atualmente é feito
através de computadores) de animes, entre diversas colaborações. Sabe
quando você está olhando os créditos de um anime e aparecem vários nomes de
outros estúdios? Então, basicamente, muitos deixam alguns detalhes de suas
produções a cargo de outros, alguns até com o mesmo nome fantasia.
E apesar de terem produzido uma série própria em 1987 (Yume kara samenai), foi realmente nos
anos 2000 que este deu o passo definitivo para ser um estúdio que produz. Com a
aposentadoria de Hiroshi Wakao em 2004, Kubota Mitsutoshi veio a se tornar o
diretor representante do SHAFT. Com ele, veio o trio responsável por formar a “cara”
que o SHAFT possui atualmente; Akiyuki Shinbo, Tatsuya Oishi e Shin Onuma. Mas
certamente foi Shinbo que tornou o SHAFT, o estúdio que hoje é reconhecido por
todos, assim como este, foi o responsável por mostrar ao mundo, todo o talento
dele, lhe dando espaço e autoridade que diretores como ele, tanto necessitam
para se sobressaírem.
O Estudio SHAFT hoje possui uma identidade bem própria, que
o torna tão diferente entre tantos outros estúdios (o DEEN, que surgiu na mesma época, ainda hoje é um estúdio sem
identidade e cometendo erros bisonhos em suas produções), isso graças à
competência e centralização de Akiyuki Shinbo. Uns gostam, outros odeiam, mas o
SHAFT hoje possui um estilo próprio e é um dos estúdios que mais vende. Dizem
que Shinbo é bem rigoroso e que sua figura vai muito além de um simples diretor,
o que é bem notável, verificando todas as etapas de produção e imprimindo sua
marca. De Hideaki Anno à Satoshi Kon, isso é bem próprio de personalidades
fortes e centralizadoras, fazendo com que vários indivíduos, trabalhem sobre
sua batuta. Claro que com os prós, também vem os contra e no caso de um diretor
que não para e está sempre produzindo, a repetição fica aparente.
Denpa Onna |
Bakemonogatari |
Arakawa Under the Bridge |
Eu mesma desgosto às vezes do excesso de experimentação do
Shinbo e seu ego inflado, que acaba exagerando por vezes em determinada série,
com essa obsessão de inserir todos os elementos que lhe são característicos em
uma adaptação (Maria Holic Alive sofreu
um pouco disso). Às vezes, algo mais sutil e menos “louco” me parece mais
interessante. Mesmo um anime como Le Portrait de Petit Cossette (do estúdio Daume), possui bastante da
alma de Shinbo impregnada durante a execução, ainda que não estivesse em seu
melhor momento de inspiração como diretor, os jogos de câmera e os closes, são
excelentes e denunciam quem está por trás. Acredito que em Madoka Mágica, ele
mostrou seu grande potencial de fazer algo que foge completamente do seu estilo
usual e ainda mantendo toda a qualidade que só uma excelente direção
proporciona. Em minha opinião, em Madoka
Mágica, o roteiro de Gen Urobuchi é realmente bom, mas melhor que ele, é a
direção, que fez toda a diferença. Na mesma época, tivemos argumentos/ideias
até melhores, como o de Fractale,
que esbarrou no ego do diretor Yutaka Yamamoto, mais conhecido como Yamakan.
Mesmo Gen Urobuchi, não cansa de dizer que várias inserções
no roteiro, foram promovidas pela equipe do SHAFT, e que sem isso, talvez
Madoka não fosse tão intrigante. Mas apesar disso, em Nisemonogatari, Shinbo tem se mostrado ainda mais solto e afiado,
com toda uma narrativa visual que os “shinbofags” adoram e que foi adotada lá
no inicio de suas funções no estúdio, com Sayonara
Zetsubou Sensei e Hidamari Sketch (TV,
2007). Porém há os que preferem seu estilo em animes como REC e Negima (TV, 2006), mas convenhamos que, o SHAFT seria apenas mais
um estúdio AIC da vida e não teria
aquele elemento que diferencia “pequenos” estúdios de outros grandões, como é o
caso do KyoAni, que está sempre no
topo, quando o assunto é vendagens gerais. Nesse sentido, estúdios “domésticos”,
parecem estar desbancando grandes nomes e imprimindo sua marca no mercado, com características
próprias que o tornam queridos na fanbase. Mas isso é apenas um pensamento
solto.
Bom, pra encerrar, eu digo que gosto bastante do timing de
direção hiperativa de Shinbo, que vai do cômico ao drama, num piscar de olhos.
Sequências com colagens fotográficas, entrecortadas com sequências animadas, ou
mesmo um fundo monocromático com apenas texto, já diferencia Shinbo de outros
diretores, o tornando facilmente identificável. Quando menos se espera, ele
proporciona um choque entre imagens reais e 2D de uma forma bem natural e “embasbacante”.
Nessa questão estética em uma animação, onde tudo se mistura como se fosse um
carnaval, ainda prefiro Ikuhara Kunihiko e suas duas únicas obras realmente
importantes até o momento (Mawaru
Penguindrum e Shoujo Kakumei Utena), e as “viagens” saídas da cabeça do
querido Satoshi Kon. Mas é como eu disse, a tendência é que Shinbo se repita e
consequentemente, se desgaste mais, devido ao seu ritmo intenso de criação. Mas
o fato dele estar sempre se superando criativamente, e com tão poucos recursos
em mão (e ainda vendendo muito), o
coloque em uma posição privilegiada entre tantos diretores. Seus trocadilhos,
piadas soltas, referência a outras séries, a característica inclinação de
cabeça e olhares, a dedicação que coloca nas aberturas e encerramentos de suas
séries, além da minuciosa escolha dos temas musicais e o trabalho quase
artesanal (que só parece não ser maior
que o do KyoAni), que por vezes acaba deixando a versão BD completamente
descaracterizada ou diferente da versão vinculada na tv, formam o estúdio SHAFT
que chama tanta atenção e atrai tantos fanboys. E agora uma questão: O SHAFT
não terá os mesmos problemas que o GAINAX,
quando sua principal estrela deixar o palco?