domingo, 29 de abril de 2012

Comentários dos Animes da Temporada de Inverno 2012 - Parte 03


A última parte da série de posts, sobre comentários da temporada de animes da temporada passada. Se você perdeu a parte 01 (Chihayafuru e NatsumeYuujinchou-Shi) ou 02 (Bakuman 2,Nisemonogatari e Ano Natsu de Matteru), saiba que sempre é tempo de corrigir isso. O post dessa vez reúne todos os animes que eu assisti e mandei pra lixeirinha do notebook, assim que terminou. Então, o post está recheado de um rant crítico, sinta se a vontade pra cuspir na minha pizza depois (mentira, não façam isso). A quantidade de comentários sobre cada anime, revela a importância que cada um teve na minha lista de Watching. E Persona 4 não entrou por pouco aqui, já que eu dei DROP por volta do episódio 17. Estava insuportável de se assistir. Mas não por ser ruim, mas por estar chatinho.


Another
Estúdio: P.A. Works
Episódios: 12
Nota: 05

Another já é um tema desgastado aqui no blog e acredito que todos já têm conhecimento de minha aversão pelo anime. Mas é como o @Didcart comentou em seu postde conclusão: “Se você é um fã hardcore do gênero, não faz falta, mas se você está afim de curtir um misteriozinho, pegue Another. Dificilmente irá se decepcionar.” – Todavia, Another tem elementos suficientes para agradar a chamada “massa”, tanto é que agrada. Motivos não faltam, afinal, o P.A. Works, um estúdio conhecido justamente pela sua bela fotografia, capricha nessa série e esbanja um visual realmente bonito e um tanto quanto, sombrio. Another possui um cenário deslumbrante e um character designer todo bonitinho que atrai a audiência, feito sob medida por Noizi Ito (o mesmo de SnS e Suzumiya Haruhi). A intenção era claramente tornar o titulo bem popular, MÃS...

Embora realmente tenha tido uma boa recepção pelos fandom ocidental, Another se tornou um fracasso comercial e de crítica. Afinal, é preciso bem mais que um visual encantador e personagens bonitinhos pra fazer os otakus japoneses gastarem uma fortuna com os BD’s e Another não possui atrativos suficientes para o consumidor comum [e nem para o hardcore]. Another sofre com a falta de foco, que enganam bem quando estão separados, mas quando se juntam, vira um desastre e arruínam qualquer sensação de suspense e inquietude. Além dos personagens serem subdesenvolvidos e sem inspiração alguma, num mistério meia boca que, se consegue passar batido na primeira metade, se torna desastroso na segunda parte. Claro que grande parte da culpa, é do diretor Tsutomu Mizushima, que se perdeu completamente na narrativa e confundiu suspense com gore. Se no inicio a execução é morna, mas não compromete como um todo, a segunda metade decreta a morte da série, tornando Another um anime medíocre e desprovido de lógica. Funciona, se o que você procura é um entretenimento descerebrado e repleto de fanservice. Afinal, não precisa ser bom pra ser divertido. E Another é involuntariamente diversão garantida. Boa pedida para o espectador casual.


Shakugan no Shana III (Final)
Estúdio: J.C. STAFF
Episódios: 24
Nota: 04

Já começo comentando que feliz é a pessoa que passou pela série Shakugan no Shana e a ignorou solenemente. Foram 3 temporadas de Shana reclamando e Yuuji fazendo tosquices. O que não seria um problema realmente, se a série fosse boa por si só. Mas ela depende muito de sua formula de otakices e no fim das contas acaba não se justificando como um entretenimento sólido. Você pode ser um grande fã e entusiasta da franquia, mais por um motivo ou outro inserido ali, do que propriamente por méritos da história.

URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI! URUCHAI!
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Aqui, eu poderia usar isso para descrever a terceira temporada, mas vamos ser justos, certo?! Teve muito mais enredo que as duas primeiras temporadas juntas. O que não é exatamente um grande mérito, já que o clímax dessa odisseia, também possui um enorme calcanhar de Aquiles. Então, na pratica acaba sendo inferior às duas primeiras temporadas. Enquanto as anteriores foram divididas em basicamente slice of life e romance, com a trama se passando no colegial e mesclando ai, momentos de batalhas entre Flame Hazes e Tomogaras, a terceira é pura fantasia, utilizando de cenário de fundo, uma guerra épica. Todas as linhas de diálogo, até o cenário, com nomes e termos que existem somente no universo da série, tudo é muito carregado desse feeling de literatura fantástica.

Acredito que eu que seja consenso que a primeira temporada seja a melhor [em termos]. Foi ali que me vi fascinada pelo universo criado por Yashichiro Takahashi, com Tomogaras e Flame Hazes coexistindo no mesmo espaço, com personagens de nomes pomposos e um destino infeliz. De lá pra cá, SnS (Shakugan no Shana) envelheceu muito mal, como o @Qwerty_br [do blog Nahel Argama] comentou comigo certa vez no twitter, e se antes eu achava que era apenas mais um desserviço do estúdio J.C. STAFF, ao fim do anime vejo visivelmente que é um modelo de história ultrapassada. O que às vezes não é exatamente um problema [e sim, uma característica que torna a obra menos aberta a um novo publico] quando a história é suficientemente boa e bem executada. O que não é o caso de SnS III que testa a paciência do espectador, desafiando-o a não  dormir durante os episódios, numa incrível instabilidade narrativa.

A começar pelo argumento, que além de não ser coeso, se torna chatão ao decorrer de 24 episódios, ver personagens discutindo sobre fancy new world. Simplesmente não funciona, você tem a nítida impressão de que está sendo enrolado com um argumento furado. Flame Hazes passaram uma eternidade lutando em prol da humanidade, combatendo os Tomogaras que se alimentavam dos seres humanos. No momento em que demonstram uma vontade em encontrar um novo sentido para sua existência, os Flame Hazes parecem não digerir bem a ideia e partem pra cima. Não há diálogos [interessantes e esclarecedores], tudo vai acontecendo no piloto automático, você só tem que desligar o cérebro e apreciar o espetáculo épico. Claro que a preocupação dos Flame Hazes com relação aos Tomogaras são válidas, mas somente na primeira metade da série. Que, aliás, sofre com a inserção de tantos personagens desconhecidos e randons ganhando seu momento, alguns, até um episódio inteiro de destaque (!!!). O que acaba evidenciando a falta de urgência naquela guerra, afinal, como se importar com um personagem que você nunca viu antes?

E com muitos dos Tomogaras ganhando uma faceta humana, a série perde tecnicamente seus “vilões” e o conflito se torna ambíguo. O que seria bacana se houvesse boas linhas de diálogos (não falo daquela besteira de fancy new world que é uma pedra de brilho falso, onde os personagens defecam nomes estilosos e repletos de pampa) personagens bem trabalhados. Mas aqui, a briga entre Flame Hazes e Tomogaras é, além de aleatória, extremamente genérica. O que há de melhor na última e épica temporada de um anime, onde vários e vários episódios têm como foco um duelo entre personagens randômicos em uma batalha sem inspiração? Você também bocejou? Se sentiu assistindo um filler de Bleach?


Porém fica pior, quando os Flame Hazes enfim ouvem os planos de Sakai Yuuji e parecem entrar e um tipo de estado berseker. As interações entre os personagens acabam sendo bem chato, com nenhum fazendo nada de interessante ou memorável, com tudo se resumindo a uma cansativa e esquecível batalha. Também é interessante ressaltar como tudo soa a uma crise conjugal. Por um momento [ou a todo momento de forma subtendida] tudo é deixado em segundo plano, em prol do conflito matrimonial de Yuuji e Shana. A guerra se torna o palco, onde os dois, e demais personagem que dão o seu pitaco de conselho matrimonial, discutem a relação com uma Shana enfurecida por ter sido deixada pra trás [como esquecer ela partindo pra cima dele com “urusai, urusai, urusai, Yuuji no baka”] e aqui a série acaba se tornando involuntariamente engraçada. Claro que o diálogo entre eles era o que estávamos esperando desde o primeiro episódio, mas quando este finalmente chega, é sempre de forma vazia, com Yuuji dizendo que tem que fazer aquilo e Shana dizendo que é errado. E isso, em um loop enterno e repetitivo: Yuuji diz que precisa fazer aquilo, ela diz que não precisa e assim vai até o the end.

Resumo toda essa temporada, como uma guerra completamente inútil onde Yashichiro Takahashi usou isto como justificativa para o conflito do casal e desfecho da trama. De alguma forma bizarra, a lógica de Yuuji é sempre colocada pela narrativa como errada, pelo simples fato de ele ter abandonado Shana para seguir com seu plano. E isso resume o grande problema desta série: Ela invoca um sentimento de epicidade e ambiguidade, mas ao mesmo tempo força uma certa verdade e se perde em acontecimentos que não te diz nada. E o desfecho é isso, uma briga de casal que anula todos os acontecimentos até então, anestesiando a audiência ao voltar para o status quo. A trilogia de SnS definitivamente não vale apena para “não fãs”, que estão a procura de um bom entretenimento. Assim, a série retorna para o seu desfecho sem chamar muita atenção e se despede sem ninguém [com exceção dos que são realmente fãs] perceber que ela ao menos estreou. E não poderia ter tido uma temporada final, mais decepcionante, com batalhas maçantes e uma conclusão com uma lógica questionável.

Eu sei que o amigo @Cnetoin vai ficar chateado com minha opinião, já que ele é um grande fã da franquia. Então, deem uma olhada na opinião dele, aqui. Outra opinião favorável sobre a série se faz presente aqui. Afinal, opiniões destoantes são sempre válidas.


Mirai Nikki
Estúdio: Asread
Episódios: 26
Nota: 04/10

Por algum motivo estranho, o blogging gringo parece adorar Mirai Nikki. O motivo talvez seja a história, que é boa. Porém, executada de uma forma completamente desprovida de sentimentos, o que torna este “show” algo completamente sem sal. Alguém colocou na cabeça do diretor, que pra ser bom basta apenas replicar tudo que está no mangá. Mas esqueceu de dizer que mesmo um thriller, é preciso ter feeling e aqui temos a diferença entre um explosivo Ga-Rei-Zero e um insonso Mirai Nikki, que apenas se desenvolve no piloto automático, sem envolver ou impactar o espectador. Caso semelhante, vemos atualmente com Zetman, onde tudo soa tão superficial, apesar de bem executado, que acaba não empolgando.

Mas o que Zetman não tem [que são episódios pra se desenvolver como deve] Mirai Nikki teve de sobra, o que acaba trazendo uma problemática recente: Afinal, o Japão está necessitando de bons diretores para séries de ação e tensão psicológica? Afinal, o comprovadamente bons, são bons demais para dirigir tais otakices. Assim, como bem comentado pelo @RaphaelSoma, Mirai Nikki perde a chance de se tornar um Death Note e fica fadado ao esquecimento coletivo, afinal, ao contrário de Another que está num gênero carente de produções, thrillers e séries psicológicas, você encontra aos montes, com opções melhores. Mirai Nikki falha não por sua produção técnica, mas por ser executado de uma forma desinteressante. Ao contrário de Guilty Crown, que pode não ter coesão em seu roteiro, mas sem dúvidas foi uma série divertida para quem acompanhou. E fica a pergunta; como você vai chorar se não descascar a cebola?


Black Rock Shooter
Estudio: Ordet
Episódios: 08
Nota: 03/10

De um cenário de slice of life, com lindas e fofas garotas vivendo sua vida entediante e enfrentando problemas típicos da aborrescência, como dúvidas e amores platônicos – À uma série com personagens psicóticas que sofrem de alguma desordem mental, que superam tudo pelo poder do amor. BRS é sim, um belo fanservice e agrada quem procura apenas isso: Elementos isolados. Ou seja, se você quer uma bela coreografia de lutas em puro CG, aquele feeling de Girls Love ou apenas admirar garotas bonitinhas, certamente a série não foi um desperdício total. Mas com relação a roteiro, entretenimento de qualidade, BRS é pavoroso. Nada faz sentido lógico (usei demais essa palavra nesse post, hein?!) algum. As personagens enlouquecem do nada e suas motivações não possuem uma justificativa plausível. Claro exemplo do cenário que a indústria da animação japonesa enfrenta atualmente, onde braços e pernas dos roteiristas são amarrados, em detrimento a um modelo de sucesso instantâneo.

Eu fiz uma review do anime aqui


Senki Zesshou Symphogear
Estúdio: Satelight (aquele de Freezing)
Episódios: 13
Nota: 02/10

Enquadra-se no mesmo exemplo acima, com a diferença de que BRS é uma realidade e Symphogear é uma aposta e obvia tentativa de virar franchise. Aqui temos um amontoado de clichês mal desenvolvidos e com um roteiro pobre, procurando percorrer pelo mesmo caminho deixado por Madoka Mágica. Mas as boas ideias que a série trás consigo são subaproveitadas em detrimento do fanservice, suas personagens são arquétipos vazios e a música que deveria ser o grande destaque, destoa completamente do tom adequado, não havendo sincronia entre animação, letras e melodias. É tudo muito forçado e claramente capenga, com a série se sustentando em um fiapo de roteiro, que no fim mantém o mesmo status de nada, de BRS e o lema de que o amor supera tudo. E olha que os conceitos são realmente interessantes e se houvesse ousadia de levantar voo próprio, seria um belo Magical Girl. Mas no fim das contas, é só mais um entretenimento medíocre. E sim, eu assisti tudo, gostei de alguns episódios por motivos torpes e despudorados, mas é um anime vazio e sem conteúdo relevante. Fica com 2 pontos, pelas boas ideias apresentadas e o bonito figurino das personagens, já que até o fanservice é fraco.

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