segunda-feira, 30 de abril de 2012

Comentários: Fate/Zero Episódio 17 "Até tu, Judas?"


Depois de dois [ou três ~se preferir] episódios espetaculares, temos um que dá uma freada brusca e nos brinda com um plot twist, já esperado por parte dos espectadores da série. Os diálogos estavam bons e o Gil mostrando novamente o quão bom manipulador e FDP ele é. Ou seria ele o manipulado ali? A volta de Kirei ao centro do conflito e o aguardado desfecho de Tokiomi. Mas tudo pareceu tão normal e [com exceção do encontro de Tokiomi com Rin] e sem emoção, que a sensação de artificialidade é evidente.

E se não fosse um episódio marcado por eventos importantes, seria mais um dos episódios médios do anime, que a proposito são muito bons e não deixam muito a desejar. Esse é bom e se fosse pra avaliar, daria um 07/10, porém ele soa um tanto quanto decepcionante por não ser apenas mais um episódio de build up. Poxa, Ei Aoki, esse episódio representa uma mudança drástica nos rumos a seguir. Esperava um feeling extremamente espetacular. Mas vamos começar desde o inicio, rebobinem a fita ai.


Kirei descobre o corpo de seu pai na igreja <<<< Essa é uma cena bem representativa que justifica todo um contexto que vem a seguir, mas que aqui é desenvolvida de forma apressada e sem o característico tom cadenciado empregado por Ei Aoki na série. Se quase sempre ele consegue incorporar várias passagens do original, sem perdas significativas, aqui as transições não encaixam muito bem. As transições estavam irregulares e você nota claramente que em uma ou outra cena, faltaram pedaços significativos, com partes que pareciam pular de uma passagem, para outras bem inusitadas. Eu imagino que foi devido ao tempo e que provavelmente [como já aconteceu anteriormente] teremos aqui uma bela adição no BD. Mas dessa vez eu acho que compromete bastante o espetáculo, afinal...

Perdemos o show de duas importantes estrelas desse espetáculo; Tokiomi e Kirei. Nem tanto na questão de desenvolvimento, mas na compreensão do caráter desses dois personagens, até então muito intimistas. Eu achei muito bonita a cena do retorno de Tokiomi a casa onde sua mulher e filha residem. Aquela BGM de fundo, o por do sol indicando a partida e aquele olhar sincero de Tokiomi, foram comoventes. Ou, ao menos a mim, conseguiu tocar lá dentro. Considero o feeling ali perfeito, onde mesmo você odiando esse personagem, se percebe todo o seu carinho por aquela família. Aliás, vou frisar novamente que não o vejo como vilão maniqueísta, mas um personagem com uma ambiguidade comum do ser humano.


Mas sem dúvidas, seu monologo e seus momentos finais, fizeram muita falta aqui. O flashback da conversa que teve com seu pai, que é uma figura importantíssima em sua vida, que o impulsionou a decidir assumir a responsabilidade de um mago e líder da família. Dai veio à decisão que lhe deu força, confiança e determinação para se tornar um mago tão habilidoso, apesar de suas habilidades naturais. E um outro ponto importantíssimo, é a razão pela qual ele deixou Sakura ser adotada que acabam revelando sua tristeza em ver que ela e Rin estavam fadadas a se tornarem magos. Aqui teriamos um raro momento, onde é possível ver Tokiomi carinhoso e paternal, mas que acaba ficando de fora. E compromete sim, bastante, a forma como se vê o personagem.

E Tokiomi nunca foi bom em demonstrar sentimentos, vemos isso não apenas com relação a sua família, mas com seu envolvimento com Kirei, aonde este nunca chegou a entender ou perceber o verdadeiro caráter do pupilo. E se tivéssemos essa explanação, a linha de diálogo que Kirei diz depois de apunhala-lo pelas costas, ficaria ainda mais perfeita em minha opinião. Claro que, acredito eu, tenha ficado obvio que ele realmente via Kirei com um verdadeiro amigo – Em que podia confiar. Ele não deu as costas pra ele apenas porque se sentia protegido por Gil, caso contrário não teria deixado o seu bem mais precioso [no caso, a Rin] em sua mão. Ele definitivamente confiava em Kirei, mas nunca o entendeu como deveria. Resumindo, ele esperou o melhor para Sakura, mas fez a escolha errada. Depositou sua confiança [e apesar de não ser escancarado; carinho] em Kirei, mas também se enganou ao não ter lidado com ele da forma como deveria. Então tudo o que eu tenho a dizer é que de boas intenções o inferno estão cheio. Pobre Tokiomi.

Acrescente-se ai, ele chorando sobre Risei. Acredito que daria um mixed feelings bacana e evidenciaria ainda mais o estado de perturbação interna de Kirei. Ele é um psicopata e a frieza dele diante de Tokiomi, é incrível e essa dublagem do Nakata Jouji (que é o queridinho da Type-Moon para interpretar vilões repletos de questões filosóficas), torna tudo mais fantástico. Acredito que ele consiga dar o tom exato do personagem, que é detalhado por Nasu com característica de alguém de um olhar vazio e sem emoção, quase que uma casca vazia. Gen Urobuchi conseguiu captar isso muito bem, pois mesmo um personagem que não te possibilita muito desenvolvido devido a todo um histórico importante lá na frente, através de um elo, uma conexão invisível com Kiritsugu, consegue sintetizar todo esse conflito interno.


E bem, toda a sequência envolvendo a adaga Azoth, que Tokiomi dá a Kirei como símbolo de aprendizado concluído, consegue ser bem tensa para quem já sabia o que aconteceria e deixa uma sensação de suspense quando Kirei está andando logo atrás de Tokiomi. O movimento de câmera com Kirei apunhalando Tokiomi foi excelente (lembra aqueles melhores momentos de Kara no Kyoukai). E melhor ainda as feições de Tokiomi. E me desculpem, mas eu ri bastante com o Gil chutando ele, como se fosse um cachorro morto. E novamente o destino é bem irônico: Tokiomi dá a Azoth para Kirei, que o mata com ela. Na rota Fate, Kirei viria a dar esta mesma adaga para Rin, que por sua vez, da para Shirou (a adaga..........hehe), que mata Kirei. OPS! Spoilers!


E agora que Kirei assumiu as funções de seu pai, ele acaba ordenando aos lacaios da igreja que sigam Iris e Maiya, e acabam descobrindo onde ela e Saber se escodem. Isso, e mais boa parte dos diálogos com Gil acabaram sofrendo cortes abruptos, o que é uma pena. Mas ficou claro o suficiente, que o conflito agora chegará a um nível enlouquecedor, principalmente entre ele e Kiritsugu. E surge o nosso novo vilão, com um episódio inteirinho focado em seu crescimento. Sendo basicamente o oposto de Kiritsugu, Kirei está livre para procurar e obter a resposta que tanto procura. E a dupla formada com Gil consegue ser ainda mais letal e perigosa que qualquer outra formação até agora, sendo uma aliança perfeita. Gil com aquela expressão maldosa e de superioridade é enlouquecedoramente sexy (ele é 2D e tudo, mas é gostoso e ponto. Me deixem)e melhor, se divertindo como nunca com toda a situação.

Enquanto Kiritsugu é um homem normal que sacrificou uma vida feliz ao lado de quem ama, Kirei é completamente vazio e desprovido de emoções. Enquanto Kiritsugo é o anti-herói que procura resolver as coisas à sua maneira, Kirei se diverte fazendo o mal porque simplesmente acha divertido, sente prazer nessas ações. O trabalhado feito em Kirei na primeira parte do anime, apesar de lento e gradual, foi bem eficaz. Ele que se considerava igual à Kiritsugu, descobre que se este foi capaz de encontrar algo, que ele certamente deveria descobrir o que era. E aqui estamos nós, sem estardalhaço e sutilmente, saboreando essa manga (falo da fruta). Acho sensacional esse fascínio do Kirei em cima de Kiritsugu, como se fosse um espécime a ser estudada. Afinal, ele nunca conheceu alguém como Kiritsugu antes. O que acaba trazendo mais a tona todos os sentimentos controversos que há dentro dele, as expectativas que seu pai tinha para com ele e a procura por um propósito. Ironicamente, a única coisa que o faz feliz, é aquele que sua doutrina mais abomina. E essa dualidade que se faz presente entre Kiritsugu e Kirei, tem tudo pra ser muito interessante de se assistir. E o que Gil está esperando.

Bom, se há outro momento que merece destaque aqui, com certeza é o diálogo entre Iris e Maiya no carro. Não que seja realmente uma grande surpresa, mas é visível o desgaste de Iris e a tensão só vai aumentando. E como já disseram o final a grande maioria já sabe e o interessante aqui é ver todo o desenvolvimento e como tudo acontece.  E pra quem está assistindo de forma inédita, o sentimento de apreensão e incerteza é enorme. Achei triste e ao mesmo tempo muito lindo, a suplica de Maiya pra que Iris morra por Kiritsugu, o que trás a tona os trechos da OP e seu estado avançado de transformação. Assim como a trechos da ED, com ela e Kiritsugu em pura harmonia. Haja coração pra tudo que virá a seguir. Isso é praticamente um réquiem para um pesadelo. Até!


P.S.: Vibrei com a Saber, naquela moto que roncava insanamente. Só faltou a Iris de carona e... bom...elas agarradinhas e...eerhm... deixa pra lá. 

P.S.²: A imagem acima é uma ilustração da Type-Moon do scrip da capa do episódio 17. Irônico, né? Uma família feliz.

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