quinta-feira, 12 de abril de 2012

Primeiras Impressões: Jormungand



Eu realmente não faço ideia do que diabos aconteceu nesse episódio de estreia, mas eu gostei do que vi e ouvi. Quer dizer, Keitaro Motonaga (Katanagatari/School Days) faz intencionalmente um primeiro episódio forte e com um enredo embaralhado, mas lúcido e empolgante. A história que gira em torno de Koko Hekmatyar, uma jovem traficante de armas que trabalha pra organização HCLI e que as vende ilegalmente ao redor do mundo, é uma mangá de Keitaro Takahashi e serializado na revista seinen Sunday GX (da Shogakukan) e atualmente se encontra com 10 volumes encadernados e ainda em andamento.

E o anime que terá um total de 24 episódios divididos em dois cours distintos (12 + 12), tal qual foi com Fate/Zero, é a mais recente produção do White Fox, que é um estúdio relativamente novo e com poucos animes no histórico, mas que já provou saber utilizar bem seu baixo orçamento na produção de séries bem bacanas. Pra qualquer um que assistiu Steins;Gate, percebe claramente certas semelhanças no visual; as mesmas técnicas de animação foram reutilizadas aqui, com um paleta de cores bem protuberante ao cinza e com certo detalhamento na animação, como também os efeitos de iluminação utilizada, mas que sem dúvidas não chega ao nível de um Tasogare Otome X Amnesia ou Another, porém é perceptível a boa animação, se centrando em pequenos detalhes, como os efeitos de fumaças que parecem mais definidos.


Eu adorei a arte, que é bem singular e que apesar do claro baixo orçamento, consegue se sobressair. A narrativa, como já citei acima, foge da estrutura convencional e parte para a ação logo de cara, deixando o roteiro um tanto quanto meio desconexo, pois há claramente duas tramas abordadas no episódio. E em meio a essa trama, nós temos uma ação explosiva, apresentação de personagens, desenvolvimento e sabe o que é melhor? Isso funciona perfeitamente bem. Outros animes da temporada tentaram a mesma coisa; introduzir os personagens, mostrar sua interação e causar empatia logo de cara perante o publico, mas sem a eficiência de Jormungand – São os casos de Sankarea, Tasogare Otome x Amnesia, Ozuma, Zetman, entre outros (Também é o caso de Kano no Kanojo X, mas este funciona extremamente bem e ao fim do episódio, você já está odiando ou adorando os dois – E claro, Lupin III ~Mine Fujiko to Iu Onna~).

Então, logo de cara e através de simples diálogos ou gestos, já percebemos a química existente entre o africano Jonah e a albina Koko Hekmatyar, além de ser possível entender bem os sentimentos contraditórios do garoto, sem nenhum melodrama. É como a Koko disse; ele pode odiar as armas, mas vai ter que conviver ao lado delas pelo resto da vida. A integração entre roteiro, ação e desenvolvimento acontece bem rápido e sem deixar a sensação de superficialidade. Até mesmo porque é um gênero que não exige um trabalho tão a fundo, como é o caso de Zetman, que não é apenas um anime de ação, mas também de drama. O episódio termina, deixando uma sensação de conhecimento de como funciona o mundo da série e a interação da dupla principal e a partir desse ponto, poderemos conhecê-los melhor através dos próximos episódios. E estou curiosa pra ver isso, pois todos os personagens se mostraram bem interessantes.



Bom, foi só o primeiro episódio, mas já estou amando esses dois; Ela é um pouco enigmática, mas com um temperamento meio desequilibrado. O que também dá o tom de alivio cômico, diante a seriedade da trama. Seu tratamento maternal ao Jonah, um garoto de temperamento frio e calculista, tem tudo para ser um dos pontos altos do anime (aliás, já deu pra ver uma súbita mudança nele já no primeiro episódio). A primeira trama retrata o grupo de Koko indo recuperar seu carregamento, detido por uma facção do exército antes que a mercadoria pudesse alcançar seu destino. Aqui temos basicamente, uma perseguição e introdução dos personagens e espectadores àquele universo. Na segunda, Koko e seu grupo caçam outra facção que também está de olho no mercado de armas daquela região, obviamente isso vai contra as regras e eles terão que agir. Aqui, já nos é mostrado o convívio entre eles.

Eu adoro séries com ênfase em tiroteio e perseguições desenfreadas e Jormungand parece que vai preencher esse espaço. As comparações com Black Lagoon acabam por serem inevitáveis, mas nessa estreia, Jormungand já demonstra estilo próprio. O dialogo é afiado, a ação fantástica e a trilha sonora que empolga. É uma boa pedida para amantes do gênero e uma boa distração. Lord of War (filme americano com o canastrão do Nicolas Cage em uma de suas poucas boas atuações) e Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, trazem uma boa combinação de diversão e uma abordagem mais humana do submundo das armas. E Jormungand parece que vai combinar bem tudo isso, ficando no meio termo. O baixo orçamento é visível, mas a animação não compromete em momento algum, como também não se destaca.  Jormungand se destaca basicamente devido a história e boa execução dessa estreia.


A trilha sonora tem bastantes faixas eletrônicas e sintéticas, que se encaixam bem no ritmo da série. Tem um tom acentuado de technopunk que me empolgou. Como não poderia deixar de ser, a música que dá vida a OP é pulsante e com uma pegada bem rocker (como tem que ser em algo do estilo), Borderland de Mami Kawada é ótima. Embora eu prefira a Mami Kawada cantando músicas japonesas. E como é bem perceptível, japoneses tem uma certa dificuldade com o inglês e isso fica bem claro se a pessoa tiver um bom domínio do idioma e escutar essa música tema. Hishaku no Sora da primeira temporada de Shakugan no Shana é uma delicia e com uma bela harmonia. A música de encerramento, Ambivalentidea de Nagi Yanagi não chama tanto a atenção, mas é agradável. No mais, foi uma das estreias que mais curti e acompanharei com afinco. 

Destaque para os comerciais durante o anime: De maravilhoso e fodendo Lain, ao FSN