Eu realmente não faço ideia do que diabos aconteceu nesse
episódio de estreia, mas eu gostei do que vi e ouvi. Quer dizer, Keitaro
Motonaga (Katanagatari/School Days)
faz intencionalmente um primeiro episódio forte e com um enredo embaralhado,
mas lúcido e empolgante. A história que gira em torno de Koko Hekmatyar, uma
jovem traficante de armas que trabalha pra organização HCLI e que as vende
ilegalmente ao redor do mundo, é uma mangá de Keitaro Takahashi e serializado
na revista seinen Sunday GX (da
Shogakukan) e atualmente se encontra com 10 volumes encadernados e ainda em
andamento.
E o anime que terá um total de 24 episódios divididos em
dois cours distintos (12 + 12), tal
qual foi com Fate/Zero, é a mais recente produção do White Fox, que é um
estúdio relativamente novo e com poucos animes no histórico, mas que já provou
saber utilizar bem seu baixo orçamento na produção de séries bem bacanas. Pra
qualquer um que assistiu Steins;Gate,
percebe claramente certas semelhanças no visual; as mesmas técnicas de animação
foram reutilizadas aqui, com um paleta de cores bem protuberante ao cinza e com
certo detalhamento na animação, como também os efeitos de iluminação utilizada,
mas que sem dúvidas não chega ao nível de um Tasogare Otome X Amnesia ou Another,
porém é perceptível a boa animação, se centrando em pequenos detalhes, como os
efeitos de fumaças que parecem mais definidos.
Eu adorei a arte, que é bem singular e que apesar do claro
baixo orçamento, consegue se sobressair. A narrativa, como já citei acima, foge
da estrutura convencional e parte para a ação logo de cara, deixando o roteiro
um tanto quanto meio desconexo, pois há claramente duas tramas abordadas no
episódio. E em meio a essa trama, nós temos uma ação explosiva, apresentação de
personagens, desenvolvimento e sabe o que é melhor? Isso funciona perfeitamente
bem. Outros animes da temporada tentaram a mesma coisa; introduzir os personagens,
mostrar sua interação e causar empatia logo de cara perante o publico, mas sem
a eficiência de Jormungand – São os casos de Sankarea, Tasogare Otome x
Amnesia, Ozuma, Zetman, entre outros (Também é o caso de Kano no Kanojo X, mas
este funciona extremamente bem e ao fim do episódio, você já está odiando ou
adorando os dois – E claro, Lupin III ~Mine Fujiko to Iu Onna~).
Então, logo de cara e através de simples diálogos ou gestos,
já percebemos a química existente entre o africano Jonah e a albina Koko
Hekmatyar, além de ser possível entender bem os sentimentos contraditórios do
garoto, sem nenhum melodrama. É como a Koko disse; ele pode odiar as armas, mas
vai ter que conviver ao lado delas pelo resto da vida. A integração entre
roteiro, ação e desenvolvimento acontece bem rápido e sem deixar a sensação de
superficialidade. Até mesmo porque é um gênero que não exige um trabalho tão a
fundo, como é o caso de Zetman, que
não é apenas um anime de ação, mas também de drama. O episódio termina,
deixando uma sensação de conhecimento de como funciona o mundo da série e a
interação da dupla principal e a partir desse ponto, poderemos conhecê-los
melhor através dos próximos episódios. E estou curiosa pra ver isso, pois todos
os personagens se mostraram bem interessantes.
Bom, foi só o primeiro episódio, mas já estou amando esses
dois; Ela é um pouco enigmática, mas com um temperamento meio desequilibrado. O
que também dá o tom de alivio cômico, diante a seriedade da trama. Seu
tratamento maternal ao Jonah, um garoto de temperamento frio e calculista, tem
tudo para ser um dos pontos altos do anime (aliás,
já deu pra ver uma súbita mudança nele já no primeiro episódio). A primeira
trama retrata o grupo de Koko indo recuperar seu carregamento, detido por uma
facção do exército antes que a mercadoria pudesse alcançar seu destino. Aqui
temos basicamente, uma perseguição e introdução dos personagens e espectadores
àquele universo. Na segunda, Koko e seu grupo caçam outra facção que também
está de olho no mercado de armas daquela região, obviamente isso vai contra as
regras e eles terão que agir. Aqui, já nos é mostrado o convívio entre eles.
Eu adoro séries com ênfase em tiroteio e perseguições
desenfreadas e Jormungand parece que vai preencher esse espaço. As comparações
com Black Lagoon acabam por serem inevitáveis,
mas nessa estreia, Jormungand já demonstra estilo próprio. O dialogo é afiado,
a ação fantástica e a trilha sonora que empolga. É uma boa pedida para amantes
do gênero e uma boa distração. Lord of
War (filme americano com o canastrão
do Nicolas Cage em uma de suas poucas boas atuações) e Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, trazem uma boa combinação
de diversão e uma abordagem mais humana do submundo das armas. E Jormungand
parece que vai combinar bem tudo isso, ficando no meio termo. O baixo orçamento
é visível, mas a animação não compromete em momento algum, como também não se
destaca. Jormungand se destaca
basicamente devido a história e boa execução dessa estreia.
A trilha sonora tem bastantes faixas eletrônicas e sintéticas,
que se encaixam bem no ritmo da série. Tem um tom acentuado de technopunk que
me empolgou. Como não poderia deixar de ser, a música que dá vida a OP é
pulsante e com uma pegada bem rocker (como
tem que ser em algo do estilo), Borderland de Mami Kawada é ótima. Embora
eu prefira a Mami Kawada cantando músicas japonesas. E como é bem perceptível,
japoneses tem uma certa dificuldade com o inglês e isso fica bem claro se a
pessoa tiver um bom domínio do idioma e escutar essa música tema. Hishaku no
Sora da primeira temporada de Shakugan no Shana é uma delicia e com uma bela harmonia.
A música de encerramento, Ambivalentidea de Nagi Yanagi não chama tanto a
atenção, mas é agradável. No mais, foi uma das estreias que mais curti e
acompanharei com afinco.
Destaque para os comerciais durante o anime: De maravilhoso e fodendo Lain, ao FSN
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