"Você é mesmo um pé no saco"
O que a Aki disse para o Kai, é o que todos gostariam de
dizer para ele, eu sei. RISOSSSS
Eu não gosto muito de personagens apáticos como o Kai, isso virou
uma tendência comum desde que o Kyon da série Suzumiya Haruhi surgiu, mas
nunca com o mesmo brilhantismo. Eu sofri bastante no início de Hyouka por causa
do comportamento de Oreki (felizmente,
demorou, mas ele cresceu substancialmente como personagem), e eu já estava
prestes a ranger os dentes por causa do Aki, mas felizmente ele esboçou sinais
de que não é apenas um elemento vegetando na trama (embora eu saiba muito bem que ele vai estourar mais a frente e talvez
isso seja trabalhado de uma forma bem bacana).
Aliás, este episódio de uma forma geral foi bem superior ao
primeiro, com uma parte final bem destacada. Muitas vezes o termo “ritmo lento”
é usado de forma depreciativa caracterizando episódios que não desenvolvem suas
tramas, são arrastados ou com uma execução maçante. Os episódio 15 de Sword ArtOnline, o segundo de Little Busters, e este segundo de R;N são bons exemplos
de roteiros expositivos com execução cadenciada onde é possível notar a clara
progressão do enredo.
R;N é uma história de muitos personagens (num nível até maior do o presente em
Steins;Gate, que já representou um aumento significativo com relação a
Chaos;Head) que se interligam com a trama principal da série. Enquanto a
trama do clube de robótica vai ganhando corpo, eles estão sendo introduzidos
aos poucos (e muito destes, ainda farão
parte do clube, obviamente), e cada aparição, o suspense acaba fincando
ainda maior. E ficar especulando mentalmente (mesmo que sem grandes evidências, até então) como esses pequenos fragmentos
inseridos a cada episódio se juntam, têm sido bem divertido.
Com o concurso Robo-One como plano de fundo – que também
servirá de catalizador para a trama principal ficar em evidência (não é spoiler, apenas me parece um caminho
óbvio) – ficamos sabendo um pouco mais sobre Aki, que tem uma irmã aparentemente
desaparecida, o que me faz especular se seu desaparecimento (se é que ela desapareceu mesmo) não
tem algo a ver com os acontecimentos que irão surgir em alguns episódios. O seu
passado parece bem fragmentado, de seu acidente misterioso, à sua doença que
parece ter alguma ligação com a aurora boreal. Esse é um fenômeno místico tido
como inesquecível, e em diversas séries sua aparição sempre é relacionado a
algum acontecimento importante dentro de trama, normalmente emocional. Bem, essa
é apenas uma especulação.
O roteiro já começou a brincar de ficção pseudocientífica
com a doença de Aki, a síndrome do Elefante Rato, e eu acho isso bem divertido.
Não, não tem nenhuma ligação com a narcolepsia do Riki de Little Busters, mas
ambas as doenças são obvias ferramentas de roteiro que escondem pontos chaves
de suas histórias. Isso me deixa um pouco excitada, pois já fico imaginando
algo meio louco comum nesse tipo de obra, que é o protagonista tentando
corrigir um erro ou salvar algo/alguém em um ponto cego paradoxal. Com a aparição
da garota (que se parece filha da
Belldandy e do Keiichi em Ah! Megami-Sama) do episódio passado, é claro
que assim como as séries anteriores do ponto e vírgula, teremos aí paradoxo
temporal de alguma forma envolvendo o enredo.
Apenas para por mais lenha na fogueira especulativa,
novamente nós temos mais um easter eggs referente a Chaos;Head (alguém mais notou?). A imagem abaixo,
se refere ao nome da irmã de Takumi, o protagonista dessa série. Mas eu acho
que são apenas os desenvolvedores da 5PB. sendo engraçadinhos. De qualquer
forma, episódio bem sólido, sendo divertido pra caramba principalmente na parte
final, onde o Kai acorda. A Aki como
sempre, foi o ponto alto, ela às vezes parece que tem pulga na calcinha (RINDO aqui), destaque para sua
interação com o velho pão duro, os diálogos estavam bem afiados, e com um humor
bem sútil. Aliás, engraçado como R;N parece ser menos otaku do que as séries
anteriores, não?
E pra finalizar, quero dizer que estou adorando a intenção
Aki X Kai. Eles têm uma boa química, possui uma relação verossímil existente
entre dois amigos e o roteiro não parece ter pressa em envolvê-los rapidamente
em um romance não declarado. Claro, imagino que até o final ambos acabem se
reconhecendo romanticamente. Os valores de produção estão bacanas, há boa movimentação
e os efeitos da aurora boreal convenceram. Acho que no próximo teremos bastante
movimentação (intuição), nos vemos
lá.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
P.s.: A síndrome do Elefante Rato parece se basear no mito
popular de que elefantes têm medo de ratos. Essa lenda surgiu com o boato de
que os ratos poderiam entrar em suas trombas, o mesmo boato de que Elefantes tem
medo de coisas menores do que eles, por poderem entrar na tromba e a
infecionar. Mas é pura balela, pois elefantes adultos não possuem predadores
naturais (sempre questionei isso,
mas...). Também é balela que a síndrome de Aki se refira a esse mito
popular, na verdade não se usa muito esse termo no meio cientifico, que é
conhecido popularmente como Ansiedade Anormal, que é resultante de um auto grau
de intensidade cotidiana e forte stress. Normalmente isso surge depois de um
forte baque emocional e se torna corriqueiro diante de ameaças instintivas,
mesmo que pequenas.