terça-feira, 20 de novembro de 2012

Making-of Magic Knight Rayearth – CLAMP Entrevista


Vamos continuar falando de CLAMP.

Quando comecei a escrever o post sobre “Guerreiras Mágicas de Rayearth” para a participação do ELBR no CLAMPday, lembrei dessa entrevista que chegou a ser publicamente oficialmente nos EUA pela finada Tokyopop – Aliás, não cheguei a conferir o relançamento desse mangá em versão Omnibus pela Dark Horse, mas a versão anterior era bem legal, contendo uns extras exclusivos para a versão americana, com comentários do CLAMP –, mas nem cabia no post em questão, que acabou se transformando num monstro (tudo porque eu não quis fazer os cortes necessários).

Então pensei, porque não criar um post especialmente pra isso, né? Bem, o CLAMP (sim, o correto é “O CLAMP”), dispensa comentários. Seja pelo ódio, ou pelo amor, essas velhas possuem uma das marcas mais conhecidas em anime related. Essa é uma entrevista envolvendo o processo de criação em torno de Magic Knight Rayearth, e possui uns pontos muito válidos, e por isso acredito que seja válida a publicação para quem não teve acesso.

Lembrando que a revista Nakayohi é uma antologia shoujo voltada para garotas entre 09 e 15 anos de idade da Kodansha, uma das principais do mercado e a responsável pela nova “cara” do gênero garota mágica a partir dos anos 90, com títulos como Sailor Moon e CardCaptor Sakura.

Alguns dos pontos mais interessantes abordados são com relação ao nome envolvendo a série e seus personagens. O Japonês realmente é muito fascinado por maquinas, de robôs, a carros.

Entrevista de 2004/2005, contido no volume 04 de Clamp no Kiseki publicado pela Tokyopop. Os parênteses em negrito, são observações minhas.

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P: Conte-nos sobre os eventos que levaram à criação deste projeto.

Ohkawa: Nós fizemos ilustrações a pedido do Sr. Yoshiki Tanaka para as light novels de Souryuuden Gengashuu. No jantar, comemorando sua publicação estávamos sentados ao lado de Hedeki Yamanouchi, editor da revista Nakayoshi, (que posteriormente viria a ser editor do CLAMP na Young Magazine). Ele nos perguntou se nós estávamos interessadas em trabalhar em uma série da Nakayoshi. Naquela época, não achei que ele estivesse falando sério. Nós pensávamos que ele estava apenas tentando ser educado.

Mokona: Nós recebemos um telefonema no dia seguinte, ou alguns dias depois.

Nekoi: Ele realmente nos queria para trabalhar em uma história. Ficamos chocadas!

P: De quem foi a ideia de combinar magia e robôs?

Ohkawa: Os editores não nos deram qualquer direção. Queríamos aproveitar esta oportunidade e fazer algo que nunca tinha sido feito antes. Naquela época, já havia histórias de meninas em combates, mas nada que envolviam robôs gigantes (risos). Imaginamos que os leitores da Nakayoshi não iriam comprar uma história que só girasse em torno de robôs, por isso acrescentamos alguma fantasia, e elementos de RPG.

P: É muito raro encontrar robôs em uma história voltada para meninas.

Ohkawa: Nós todas éramos fãs de animes com robôs gigantes, especialmente a Mokona (risos).

Mokona: Ser fã e criar são coisas muito diferentes (risos)! Foi difícil traduzir a linguagem de robôs gigantes  para a forma de mangá.

Nekoi: Em termos de ilustração, você tem que considerar à dimensão dos robôs. Em relação ao anime, é mais difícil em um mangá. Quero dizer, você não pode mostrar simultaneamente as pessoas e os robôs em um quadro, ou quando eles estão dentro dos robôs, você não pode ver os rostos dos personagens.

Ohkawa: Nós não criamos uma cabine nos Mashins porque queríamos mostrar os rostos dos personagens.

P: Houve outros desafios?

Nekoi: Defino Rayearth como um projeto que foi difícil de trabalhar. Os figurinos, robôs, penteados e tons de tela foram suficientemente complicados. Foi difícil de colar todos aqueles screentones (Reticulas) uma vez que foi feito com a porção de tinta.

Igarashi: Nós usamos screentones até mesmo no corpo gordinho do Mokona.

P: Quem pensou no título?

Ohkawa: A palavra "Rayearth" foi criada por nosso amigo Takeshi Okazaki (ele é um ilustrador de diversos doujins repletos de fornicações e fez parceria com o CLAMP no mangá Koi, contribuindo com a arte. E é um mangá bem ruim, se quer saber. Um pouco antes, elas colaboraram com ele em Elementalors).

Mokona: Pedimos por um nome que poderia ser usado em um carro.

Ohkawa: A parte “Magic Knight” fui eu, acho (risos). O enredo básico foi concluído, e teve um quebra-cabeça que girava em torno desse nome já (A Ohkawa se refere ao questionamento das três garotas com relação ao motivo do povo de Cephiro se referirem a elas como “Magic Kinight”, uma pronuncia em inglês – Isso durante um momento chave do enredo. É realmente uma revelação que é uma excelente sacada com envolvendo o desfecho do enredo).

P: Os nomes dos personagens são baseados em carros.

Ohkawa: Nós somos ruins com nomes de fantasia (risos). Os nomes também tem que ter uma conexão, para que as crianças pequenas possam se lembrar deles. Carros são cuidadosamente nomeados, com nomes que são geralmente fáceis de lembrar, assim como também soam legal. Pensamos que as crianças gostariam.

Nekoi: A razão do Ferio ter cabelo verde é porque nós possuímos uma greenFerio no momento (risos).

Igarashi: Ferio tem uma cicatriz em seu rosto, porque a nossa Ferio tinha um arranhão no capô (risos).

P: A cena final da Parte I é bastante chocante. Foi uma história fácil de criar?

Ohkawa: A Parte I foi realmente fácil. Nós realmente queríamos ir em direção ao final. Se a série fosse voltada para os meninos, ou para o público mais velho, a gente poderia ter parado após a parte I.
Mokona: A audiência ficou muito dividida sobre esse trabalho. As crianças ficaram realmente chocadas.

Ohkawa: Nakayoshi soltou um preview que não haveria uma parte II, de modo que os leitores mais velhos ficaram bastante calmos sobre isso. Eles achavam que a história iria continuar. Tivemos um momento difícil para criar a parte II, no entanto. Nós meio que estivemos em uma situação limite com esse final (risos)!


P: Nakayoshi dá muitos brindes de bônus. Houve algum de Rayearth que deixou alguma impressão em vocês?

Mokona: As cartas de jogar.

Nekoi: Nós trabalhamos até a morta para a criação dessas cartas.

Mokona: Uma de nós mencionou que se lembrou de uma série que tinha um conjunto completo de cartões ilustrados para jogar, então, ficamos inspiradas (risos). Os editores disseram-nos que alguns cartões ilustrados foram suficientes, mas ...

P: Rayearth foi a primeira série de televisão de vocês também. Como foi isso?

Ohkawa: Eu participei na criação do roteiro, mas eu não estava acostumada à criação de um script de TV de um mangá, por isso foi difícil de fazer. O anime ia ser exibido às sete horas (da manhã), então havia restrições e diversas solicitações. Por exemplo, se um episódio ia ser exibido próximo do Dia de Ano Novo, eles queriam algum tipo de tema de Ano Novo para o programa (risos).

P: O que "Rayearth" significa para você?

Ohkawa: Era uma expressão direta de nossos gostos, nesse momento, por isso é influenciada por uma série de nossos trabalhos anteriores. O estilo artístico não é muito diferente, a história é meio forte, e o final ... bem, você sabe (risos). A esse respeito, eu acho que é uma boa representação do nosso trabalho na época.

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