segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Analíse: Sasami-san@Ganbaranai – Filha de Amaterasu


Deidades como Amaterasu, Yomi, Tsukuyomi, deusas do Sol, da Lua, animais e objetos ganhando forma humana... Essas são algumas das facetas do Xintoísmo apresentado em mais um nonsense do estúdio SHAFT; Sasami-san@Ganbaranai – Mas será apenas isso?

*este texto possui alguns spoilers leves do anime até o episódio 06*

Após o termino do episódio 06 de Sasami-san@Desmotiva, eu fechei o player e percebi que a série tinha muito mais ambição do que eu imaginaria ao assistir um, dois, três, quatro episódios que pareciam não levar a série a direção alguma [algo já visto em Maria Holic Alive – 2011 –  e Soredemo Machi wa Mawatteiru – 2010 – ], e isto não se trata de uma crítica, apenas uma observação. A característica comédia nonsense do estúdio SHAFT me agrada, embora isto resulte em altos e baixos num ritmo frenético, como é de se esperar em formulas que ficam muito presas em esquetes e relegam o plot. O episódio três que traz algumas tramas se sobrepondo (como de costume na série) uma à outra; é um episódio que não consegui nutrir muito empatia pelas situações de humor randômico não me soarem muito interessantes e ter pouco daquilo que mais gosto na série: Diálogos pontuais e certeiros. Ainda assim, nota-se uma narrativa com linearidade evolutiva e um Akiyuki Shinbo mais experimentalista do que de costume, rendendo algumas escolhas felizes (como a belíssima sobreposição entre fotografia real e animação 2D), e outras nem tanto (aquela sequência de ação militar com as forças armadas em CGI que mais pareciam brinqueis em miniatura, foi de doer as vistas). Experimentalismo este que proporciona sequências de ação extremamente fluídas – O Shinbo também usa desse mesmo estilo de direção inventiva em Nisemonogatari, que busca movimentações mais fluídas, sem que pra isso precise abrir mão do character designer e do visual arrojado.


O meu grande interesse em Sasami-san até então vem das trivialidades e banalidades do cotidiano dos personagens, com diálogos afiadíssimos que revelam um humor seco, sarcástico e até requintadamente negro. Como “nós professores não nos importamos tanto quanto pensa”, ou “Até na internet você é antissocial?”, ou “bom, eu teria que começar sendo amiga de alguém como você. Desse jeito posso fazer todo mundo pensar que sou uma garota feliz” ou mesmo essa linha de diálogo com os personagens jogando um game eroge:

Kamiomi – “Senhorita Tsurugi Sensei, mesmo que seja um jogo, por favor, pare!”
Tsurugi – “Resistência só melhora a experiência! Que tal isso?”

É um tipo de humor muito preso nas entrelinhas, e assim como as Monogatari Series; propõe um jogo que satiriza com padrões comportamentais da cultura japonesa e a própria subcultura otaku só que sem subversões e prolixidade, que agrada bastante o meu espirito, que por um acaso não simpatiza tanto com comédias que se sustentam nas gags visuais.

Não estou acompanhando de perto a repercussão com relação à Sasami-san (lendo fóruns, reviews, etc), mas tendo em vista comentários de pessoas da minha timeline do twitter que acompanham, acredito que estamos todos muito focados na questão de divindades, habilidades de Amaterasu, em blá blá blá e em como a série foi fortemente influenciada por outra série famosa, também do formato light novel: Suzumiya Haruhi [insira aqui algum subtítulo]. Influências que não se referem à temática, mas com relação à narrativa mesmo. No entanto, enquanto apreciava a mudança de narrativa de Sasami-san a partir do episódio 05, que dá muita substância ao enredo, fiquei pensando em como esse anime se assemelha muito mais à outra produção do SHAFT, que à Suzumiya Haruhi ou até mesmo Madoka Mágica (como já vi alguém comentando).

Me refiro à Denpa Onna, de 2011, e também dirigido por Shinbo. Eu sei que light novels tendem a seguir o mesmo padrão de falar a língua do seu publico alvo, assim como falar da realidade deles. Logo, temas como garotas estranhas com alguma síndrome ou poder sobrenatural, hikikomori, NEET, fuga da realidade (chuunibyou) e exilio na fantasia, são abordagens recorrentes. Mesmo quando não é tão obvio, como Shakugan no Shana e Yumekui Merry – Eu ia citar Sword Art Online, mas é bastante obvio, não?!

Agora, se me permitem, optei por traçar um paralelo com Denpa Onna. Ambos possuem uma protagonista que após sofrerem um baque preferem se esconder em suas conchas à seguir uma rotina social. Parecem alienadas e observando o mundo ao redor através das arestas de suas conchas, mas queima em seus peitos uma fagulha que anseia em interagir com os demais. E em algum momento terão que lidar com algo doloroso.

Em uma entrevista, Shinbo diz “Quem se importa se você é um hikikomori?” e intensifica o brilho (literalmente) da juventude sobre a heroína Erio, dando muita vida àquele seu universo. Não vou entrar nos méritos, mas, é uma série com um foco mais romantizado na questão hikikomori. Assim como Nazo no Kanojo X, Denpa Onna tem um enredo UFO e elementos simbólicos. Sasami-san também.


Assim, chegamos ao ponto onde eu queria: A não literalidade na narrativa de Sasami-san@Desmotivada. Todas as deidades e misticismo presentes até então na história não passam de alegorias para camuflar o que o inconsciente de Sasami mais deseja expressar: o seu desejo. Alegorias são sucessões de metáforas num texto, pode ser um personagem, linhas de diálogos, e até mesmo toda a cenografia. Desde sua estreia, essa série tem surpreendido (positivo ou negativamente; seu humor é muito restritivo) com diversas guinadas de roteiro que alteram toda a perspectiva de como encará-la.

Nos primeiros momentos, víamos como a Sasami era impossibilitada de sair de casa, e mesmo quando tentava ela sofria uma forte pressão externa por parte da atmosfera, fazendo-a a recuar para dentro. As deidades tratam de realizar instintivamente seus desejos, mesmo ela não expressando externamente. Contrariando a lei natural da vida, Sasami tem um irmão mais velho que é carinhoso e faz de tudo para ela. Um braço que nasce em seu peito dando origem à uma coexistência que quer o oposto que ela, o que significa o quanto ela está confusa e reprimida. Tem uma família que deposita em seus ombros as responsabilidades e obrigações de um futuro promissor, afinal, ela é quem vai carregar o nome dos pais e assumir seus papeis. Portanto, ela prefere ignorar a existência dessa família e consequentemente suas impostas obrigações, representado pelo ato de abandonar o templo e ir morar sozinha, independente. Seria o irmão de Sasami também uma alegoria criado por ela (o que justificaria o fato dele nunca exibir a sua face)? Não sei. Provavelmente. O que temos até então é uma Sasami desesperada quando percebe que o irmão foi até o templo, e tenta romper, mesmo que inutilmente, a barreira que a impede de colocar os pés no mundo fora de sua casa para tentar salvá-lo. E então projeta em sua mente a alegoria de Amaterasu, que lhe dá força para ir adiante.

Eu sei, é uma viaja insana e quem sabe eu não esteja criando algo que não exista, mas isso é o torna tudo mais divertido. Então, acredito que a figura do irmão ameaçado pela família seja na verdade o seu hobbie. Coincidência ou não, no episódio seguinte ela vai para a escola. Entre aleatoriedades cotidianas de um otaku, no episódio 05 temos mais uma reviravolta caracterizada por uma narrativa mais emocional e com pitadas dramáticas. WOW, uma trama mais séria, lúcida e menos alucinógena. Vemos então o quanto Sasami se sente solitária na escola e sua dificuldade em criar laços de amizade; “Ela é uma triste garotinha que costumava ser antissocial”. Projetando em Kagami, que é mais uma alegoria, sua melhor amiga. Fato que fica evidente por sua carência em estar perto dela, conversando, fazendo todas as coisas que amigas normais fazem. Com ela. Ir no banheiro juntas, ficar de mãos dadas, ir em lojas em companhia da outra, ir à eventos; coisas triviais que se tornam mais interessantes e menos solitário na companhia de um amigo.


Mas parece que todo o esforço de Sasami é em vão. Ela olha para o lado e vê um grupo de amigas, se sente triste e solitária.

Sasami - Eu jamais conseguiria viver uma vida normal. Nem deveria ter saído de casa...”

É então que ela novamente projeta uma alegoria, Tama (a frog girl), tornando sua realidade menos dolorosa. Tama lhe dá esperanças e novamente Sasami entra numa espiral de fantasia.

Kagami – “Sasami-san...Eu.. Costumava ser uma boneca. Não tinha coração. Era fria, e não tinha habilidade de chorar. Mesmo assim, eu adorava ser normal. Admirava a possibilidade de poder ser uma garota normal que podia rir e chorar. Se eu pudesse ter um desejo, Deus, então desejaria ser humana. Humanos são fracos e estúpidos, mas tão quentes. Eu quero ser humana.”

Sasami – “Kagami, você é muito quente”

Kagami – “Eu posso ser uma humana? Eu posso ser amiga de alguém?”

Sasami – “Claro! Não, vamos ser amigas juntas, Kagami”

É então que em lágrimas Sasami abraça novamente sua fantasia e deixa para trás aquele mundo frio. Era como se Kagami fosse uma figure, uma boneca, uma dakimakura, se projetando nas fantasias de um otaku, perceba que no final, Sasami diz “boa noite, Kagami”. Olhando literalmente, elas estão na escola, mas virtualizando é Sasami em seu quarto, abraçada com o personagem de suas fantasias. Solitária.

*Esses efeitos visuais ficaram ótimos, representando toda a tensão e inferno astral de Sasami*



Aí chegamos no episódio 06, também com uma narrativa mais substancial, mais intimista, como se retratando o interior de Sasami. Também com uma pitada a mais de drama e tonalidade agridoce. Talvez uma das poucas expressões que cabem uma interpretação literal em Sasami-san@Ganbaranai seja o ato de Sasami em escrever, escrever e escrever muito, criar fics, universos de fantasia, atualizar o seu blog, jogar, encomendar figures e mais figures, e fantasiar com fetiches típicos do universo otaku. Sim, siscom, imouto e lesbianismo são alguns dos fetiches mais atuais, que vêm ganhando mais força a cada dia na indústria. E como vemos, Sasami está imersa neste pântano.

Sozinha no seu quarto repleto de diversas figures, games, mangás, pôsteres, light novels, notebook, desktop e tudo o que você puder imaginar num quarto de um otaku hardcore, ela registra em seu diário eletrônico sobre sua mãe – Em meio à frustrações ao perceber que cresceu sem a presença e carinho da mãe, Sasami ainda tenta justificar racionalmente o fato de uma ilusão criada não ter lhe respondido de volta. Novamente é projetado uma alegoria, que se torna uma mãe que conversa e faz coisas normais ao seu lado. Os toques de humor; sempre através de diálogos pontuais, e mesmo a atmosfera agridoce, por si só já tornava este episódio em um nível muito elevado se considerado aos anteriores.

Só não contava ser surpreendida com um plot twist bem na metade de execução, com realidade e fantasia se contrastando, provocando um choque de realidade em Sasami. Vou me ater ao que diz respeito à minha interpretação.

Poor Sasami. Tá ardendo?

A família de Sasami tentou o meio termo, deixá-la com os seus hobbies, contanto que não abdicasse da escola, porém, como visto no episódio 05, ela não conseguiu. É aí que eles se vêm obrigados a tomar uma atitude drástica, afastando à de sua fantasia: Tsurugi, uma deusa poderosíssima, foi arremessada como se não fosse nada para o Hades/inferno, sem possibilidade de volta. Tsurugi, mais do que Kamiomi (a alegoria em forma de irmão), era aquela que dava sustentação ao mundo fantasioso que Sasami vivia. Então, ela é obrigada a deixar o seu quarto e cumprir seu papel numa sociedade coletivista.

Todo encanto pode se desfazer no próximo episódio, mas até então, Sasami-san apresentou um texto, ainda que repleto de nuances e subjetividades, denso, forte e expositivo sobre o hikikomorismo. Eu diria que muito corajoso, como pouco se vê – Não me entenda mal, mas Sasami-san é uma light novel, fala diretamente com jovens que vivem uma realidade similar: O autor chegar e dar um tapa (Sasami recebe um tapa da mãe, que até doeu em mim) e esfregar a realidade na face de seus leitores, é uma atitude corajosa. Mesmo que os leitores não percebam qual foi a sua real intenção ali nas subcamadas.

*Se atenham aos diálogos marcados de vermelho*

Sasami – “Mas...por isso...eu preciso te contar uma coisa, mãe”

Mãe – “O quê?”
Sasami – “Porque mãe...você já... morreu”

Mãe – “Eu morri?... Sasami... achou que eu não tinha percebido?”

Sasami – “Quê?”

Mãe – “É claro que eu estou morta”

Sasami – “Mamãe... então por quê...”

Mãe – “(...) ‘Por que’, você pergunta Sasami? Normalmente eu teria seguido em frente com satisfação. No entanto...Eu vi. Eu a vi deixar o Santuário Tsukuyomi, abandonar seus deveres, e não fazer nada com a sua vida! Eu não podia ficar morta. Eu falei pra você cuidar do mundo. E você concordou e disse, ‘Deixa comigo mamãe’. Mesmo assim, quebrou sua promessa. Não vou condená-la por isso. Você não é a única que comete pecados. Eu também cometi um grande pecado. Morri antes dos esforços em seus treinos resultarem em algo, e você ter idade para se tornar uma sacerdotisa. Volte para o santuário, Sasami. Precisa voltar ao treinamento.

Sasami – “O santuário se foi!”

Mãe – “Eu sei. Construções não importam. Tudo o que precisa é de um lugar longe das vulgaridades do mundo, onde possa treinar em paz. Vamos andando”

Sasami – “Nãããoooo!!! Eu não vou voltar! Por que tenho que dar o meu suor, lágrimas, e sangue para deixar o mundo mais conveniente para os homens? Não sou mais uma sacerdotisa Tsukoyomi!”

Mãe – “Não me entenda mal, Sasami. Ninguém pediu a sua opinião. É pelo bem da humanidade. Acredita que a sua felicidade, liberdade, e prazeres valem mais do que o futuro da humanidade? Você carrega muito mais nos ombros do que o seu próprio peso! Não tem nada a ver com a vida! Tem haver com algo muito maior! Seu egoísmo não importa!”

Sasami – “Mas...”

Mãe – “Você é uma criança tola e mimada! Quando é que vai crescer?! Sua vida não tem significado algum se não estiver vivendo como uma sacerdotisa Tsukuyomi! É um pecado viver sem se importar, abandonar, seus deveres, e se perder! Por que não consegue entender?! A culpa é minha por mimar tanto você. Você se tornou uma criança inútil!”

Considere o Santuário Tsukuyomi como a escola, que no Japão possui um peso muito maior que no ocidente, sendo lá o local onde as crianças e adolescentes são treinados para a sociedade.

Cliffhanger: “Seja bem vinda de volta ao mundo humano”

Claro que eu concordo quando dizem que assistir esse, aquele e Evangelion, possa ser essencial para entender um pouco sobre como a indústria de animação chegou ao que é hoje, caso se tenha vontade. Mas, talvez mais importante que isto, seja entender o contexto pelo qual surgiu Evangelion e demais obras que falam muito da realidade de um passado que se mantêm atual (20th Century Boys e Believers são 2 bom exemplos). O Japão para se tornar a potencia tecnológica e econômica que foi por muito tempo, teve de sacrificar muito, e atualmente a pequena ilha do arquipélago paga o preço por tamanha ambição. Vive o seu pior momento político, econômico e social, ao ponto de levar vários especialistas a se perguntarem: “O Japão conseguirá se reerguer novamente?”.

Após perder a Segunda Guerra Mundial, os efeitos causados por ela (muito por causa da ética Samurai que os impedia de abaixar a cabeça, e que anda permanece forte nas famílias mais tradicionais. Note o peso nas palavras da mãe de Sasami) foram danosos. Muitos sacrificaram suas vidas trabalhando dia e noite para que o país se reerguesse. Os filhos destas pessoas, já crescidos em meados dos 70, foram submetidos ao mesmo regime de servidão e trabalho intenso pelo crescimento do país. Nos anos 80 essa pressão e recusa dos jovens em sem doar para o grupo, fez com que surgissem diversos cultos, os hikikomoris/otakus e herbívoros, resultando no ataque com gás sarin ao metrô de Tóquio em 95. Um forte golpe vindo de dentro, dos próprios filhos cansados de tanta cobrança. Atualmente, esses efeitos estão enraizados nos jovens do país, que simplesmente não querem herdar o fardo de seus pais. O Japão vive um dilema. E o que isso tem a ver com Sasami-san@Desmotivada? Tudo, desde o argumento, ao seu desenvolvimento.
Nesses diálogos inflamados entre Sasami e sua mãe, vemos o retrato que vem se desenhando à quase 3 decadas num país de idosos e de jovens cada vez menos interessados em levar uma família e um país nas costas. Foram diálogos tórridos, carregados de uma verborragia pungente. Muito provavelmente a série dará um passo para trás novamente, o que não tira, de forma alguma, o mérito do autor em conseguir trabalhar o seu enredo em duas camadas e tecer seu discurso em metáforas elaboradas. Sasami-san tem uma estruturação narrativa que me lembra Mawaru Penguindrum (2011 -- que apesar de não abordar o hikikomorismo, fala sobre os mesmos filhos esquecidos do Japão, nas palavras do próprio Ikuhara – Diretor da série), onde o importante não é a literalidade e sim as camadas, a ideia do autor por trás. Que compreensíveis ou não, continua oferecendo um bom entretenimento.
Em tempo: Falando em ácidos corrosivos de massa cinzenta e alegorias, Boogiepop Phantom (2000, que também fala dos mesmos filhos abandonados do Japão, mas por outro ângulo) possui uma das melhores representações já criadas. Há tempos que me perguntaram no falecido formspring, o porquê do meu nick ser “Panuru” e se a série havia sido impactante para mim, no qual respondi prontamente:


Foi bastante e me rendeu uma das cenas mais marcantes que já assisti na minha curta vida de otakinha. Faz tempo que assisti, mas, lembro que me impactou muito. Primeiro toda a ideia metafórica aplicada na concepção que explodiu naquela cena final do "Maravilhoso Mundo de Panuru", foi sensacional. Foi um como levar um tapa na cara com luva de pelica.

Segundo que, eu me identifiquei plenamente com aquilo. Tava saindo de uma fase complicada da minha vida, onde, muitas vezes eu tive que demonstrar uma falsa felicidade, sorriso engessado, por diversos motivos. Foi nessa época que eu peguei esse nick para mim; "Panuru"

"Então...então, por que nós nascemos?
Por que nós devemos viver? Por que você acha?
É isso que não entendo.
Não existe razão.
De alguma maneira nós nascemos.
E nós vivemos.
É apenas isso.
Nesse mundo, tudo existe.
Não importa o quanto você sofra este ainda é o nosso mundo.
Mesmo havendo sofrimento, você ainda tem que amar...
...e aceitar esse mundo.”
Trecho dito por Panuru, em Boogiepop Phantom

E bom... Poom Poom (a alegoria) é de uma ambiguidade fascinante, assim como a série em que ela nasceu. A própria personagem se funde bastante com a série e toda sua metaforização cultural. Gosto desse fantasma que nasce das memorias de várias pessoas. Separa bem as pessoas dos sonhos e esperanças, deixando apenas amargura. Essas pessoas se tornam cascas vazias. Poom Poom é isso, é a representação do último ato da tentativa de escape. A troca de realidade, por uma fantasia. Uma segunda oportunidade na infância. Poom Poom representa isso, representa bem Boogiepop Phantom, uma série que centra-se no escapismo. Fuga da realidade, voluntária ou não.