sexta-feira, 8 de março de 2013

Comentários: PSYCHO-PASS #20 –Onde Reside a Justiça



Prelúdio.

Dois episódios de introdução para o ato final, e como anunciado por Shougo ao fim do episódio, o show vai começar.

Eu não sei se é um pedido particular do Urobuchi, ou algo do tipo, mas é tão curioso como episódios chaves de Madoka Mágica e Fate/Zero, suas séries animadas mais populares até aqui, caíram justamente em datas comemorativas de clamor popular. São episódios irônicos e com elementos metafísicos, que em Fate/Zero, por exemplo, beiravam à um certo sadismo. Dessa vez, um episódio centrado em Akane no dia internacional das mulheres, que simboliza uma data importante onde muitas saíram para protestar por seus direitos. Também é propulsor da Revolução Russa de 1917. Não é interessante que justamente neste dia, o Butcher tenha reservado para Akane o seu ápice? Não apenas isso, este episódio marca o início dos questionamentos de Akane com relação à validade do Sistema Síbila e tudo o que representa. Mais, ele marca o início de uma revolução (que acredito eu, não vai acontecer nesta temporada. Sim, eu acredito que PP vai terminar em aberto) que deverá movimentar estes episódios finais.


Foi um episódio previsível, e é engraçado porque, ainda que os acontecimentos sejam previsíveis, é difícil antever eles. Você pode apontar ai 3 caminhos prováveis para o desfecho deste enredo, mas pode dar certeza de como irá acabar, de qual será o caminho trilhado no próximo episódio, sem ter pego spoilers? Isso torna as especulações ainda mais divertidas. Este episódio conseguiu me deixar completamente absorvida pelos diálogos, que apesar de dessa vez não ter feito uso de nenhuma referência literária (na verdade tem outras referências indiretas), numa análise da camada externa, se mostram desinteressantes e pobres. Uma análise injusta, claro, poucas vezes vi em um único episódio de PP, diálogos se conectarem tão bem, tecendo uma teia de relações ao apresentar diferentes personagens que possuem diferentes visões acerca do Síbila. Personagens que se conectaram à Akane em um momento do seu percurso como agente do CID. Plantando sementes em seu subconsciente questionamentos que só agora, ao comer a maçã e adquirir o verdadeiro conhecimento, viria a germinar. Ao se tornar consciente, as palavras da serpente Shougo, começam a fazer sentido para ela – O diálogo imaginário que travam evidencia o choque e as verdades de Shougo, antes inofensivas, agindo como se fosse um veneno... Ou antídoto. Também mostra o quanto Akane estava dividida, se você levar em conta a ordem dos acontecimentos. O flashback com as amigas; a tentativa inconsciente de encontrar algo que dê validade ao sistema, o encontro imaginário com Kagari e Yuki; representam sua decisão final.

Vejamos a decisão ao qual Akane chega ao final do seu conflito interno:


(tentativa do subconsciente para reafirmar a validade do Síbila. Sua tentativa de se agarrar àquelas verdades que lhe foram ensinadas durante toda uma vida)

-Amiga: "Se estivéssemos vivendo nos dias antes do Síbila, era um jogada de sorte se seriamos felizes ou não. Então, pelo menos isso é muito melhor se comparado com antigamente"


(A injustiça cometida para com Kagari e sua indignação para com este ocorrido, à leva de volta na primeira e única conversa longa que tiveram. Ao contrário do primeiro flashback, o subconsciente dela altera o conteúdo da conversa, mas não sua essência. Aqui, sua eu do presente interage com o Kagari do passado. Devo frisar que me senti tocada ao ver o Kagari novamente tão cheio de vida, e Akane fazendo aquilo que muitas outras pessoas que perderam alguém próximo, ou que apenas lhes marcou de alguma forma, já o fizera: Dar voz à pessoa no seu interior, como que tentando se encontrar. Destaque para o sorriso final quase imperceptível nos lábios de Kagari ao ver que ela conseguiu encontrar a resposta. DOEU MEU KOKORO!)

-Kagari: "Você é como os velhos que viveram antes do Síbila."

-Akane: "Sim, é incrível, não é? Antes todos podiam escolher o que fazer da vida. Não consigo acreditar que esse já foi o nosso jeito natural de viver"

-Kagari: "Hoje em dia, o Sibila lê todo o seu talento e diz o estilo de vida que lhe trará mais felicidade. E você está falando de proposito na vida? O motivo pelo qual você nasceu? Eu nunca imaginei que houvesse pessoas que se estressavam pensando nisso!"

-Akane: "É verdade, é difícil de lidar. Pesa bastante em mim pensar nisso. Mas... Agora eu sinto...Que ser capaz de me preocupar com essas coisas é o que me faz feliz."


(Essa conversa, eu vejo como se fosse uma balança, onde Akane começa a raciocinar ordenadamente. Ela compreende melhor o Shougo, entende que muito daquilo está errado, mas não está de acordo com os seus métodos)

Shougo: "Eu Acho que as pessoas só têm valor de verdade quando agem de acordo com suas próprias vontades. Então eu perguntei à muitas pessoas sobre seus verdadeiros e reprimidos desejos, e observei suas ações esse tempo todo."

-Akane: "Sim, agora posso entender um pouco como você se sente"

Shougo: "Em primeiro lugar, como você define um crime? Com a Dominator que está segurando? O Sistema Sibila que controla essa arma é quem decide?"

-Akane: "Isso é errado, não é? Foi um erro desde o começo"


(Nesta ultima visão, Akane finalmente já está recomposta e com a decisão tomada: a justiça e igualdade acima de tudo. Fiquei emocionada com a sutileza da carga emotiva desse encontro dela com Yuki. Não, nnnnn-não chorei, só fiquei desfarelando aqui)

-Yuki: "Ei, Akane, mesmo assim você ainda acha que eu fui feliz?"

-Akane: "Você poderia ter sido feliz. Poderia ter procurado pela resposta a qualquer momento. Todos podem fazer isso, desde que estejam vivos.”

Que testão e que carão em fia?

Diálogos incríveis, que ao mesmo tempo trabalharam para o desenvolvimento e florescer de Akane, levam o enredo adiante. Isso é o que eu chamo de diálogos bem feitos. Butcher que geralmente possui uma visão tão cínica do mundo, mais uma vez surpreende (o que dizer daquele final tão emocionante e bonito de “A Canção de Saya”? Parecia improvável) na gradativa construção de Akane. Neste episódio, ela não apenas  mostrou sagacidade ao fingir ter entrado no jogo do Síbila, e ainda manipulá-lo, como exibiu um senso de liderança que deixou até o Ginoza desnorteado. Quando ele a vê como Kougami, agindo da mesma forma e com a mesma segurança, é como se enfim conseguisse enxergá-la no mesmo nível. Akane já não é mais uma simples novata. Neste caso, acredito que o distanciamento de Kougami tenha a ajudado a despertar e amadurecer. Kou-chan sempre se postou como seu porto seguro, vai ser divertido ver sua reação ao se deparar com essa Akane que ele deixou para trás.

Será que Shougo conseguirá atingir seu objetivo? Está tudo tão rebuscado. Só gostaria de fazer um adendo com relação às deduções precisas com que se têm chegado ao desfecho de vários casos. Não podemos nos esquecer de que PP também é um trama policial, e o Butcher, para agilizar o enredo e apenas se focar na questão moral e social, e não na elucidativa, emprega o método da ciência da dedução, de Sherlock Holmes. “Ao encontrar um semelhante, deve aprender a distinguir imediatamente qual a história do homem e o mister ou profissão que exerce. Por mais pueril que esse exercício possa parecer, aguça as faculdades de observação e ensina para onde se deve olhar e o que procurar. Pelas unhas de um homem, pela manga do seu casaco, pêlos seus sapatos, pelas joelheiras nas calças, pelas calosidades de seu indicador e de seu polegar, pela sua expressão, pêlos punhos da camisa... em cada uma dessas coisas a profissão de um homem é claramente indicada. Que o conjunto delas deixe de esclarecer um indagador competente, em qualquer caso, é virtualmente inconcebível.” – Sherlock Holmes, 1892. 


Aliás, Akane que já era inteligentíssima, dessa vez tem à seu favor o aprendizado que reteu enquanto esteve na companhia de Kougami. Veja como ela impressiona Ginoza não só pela astúcia e sendo de liderança, mas por utilizar a mesma mecânica investigativa do ex-parceiro. Segundo estudiosos com relação ao estudo da inteligência humana, que a inteligência intrapessoal é a mais difícil de se obter, sendo constada como algo raríssimo no ser humano, presente em apenas 2% da população mundial. Este é o caso de Holmes. Hyouka é um anime que propõe um estudo interessante sobre essa questão de percepção e estilos investigativos, e obras de ficção em geral empregam este elemento, quando não querem se limitar apenas no fator investigativo. Isso é o que faz os estilos narrativos das obras de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle serem tão distintos. Quando ao que eu acho sobre os próximos episódios: Imagino que Akane vai TENTAR dar um jeito de tirar o Síbila do controle absoluto e punir quem merece levar no rabo. Sinceramente não vejo meios de uma terceira via, sem que a população se veja envolvida. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★



***

>Que sorriso mais gostoso. Olha essas expressões faciais, ele parece uma criança se divertindo no parque de diversões huehuehuehuehuehue. Bem que eu queri- Não, não queria nada, eu não disse nada, esqueçam *apaga*

>UUUGUUUUHHHH

>Reparem no simbolismo no primeiro cérebro nesta imagem. Não alude à imagem de cristo, surgindo nos céus? E é assim que eles se veem. 

> Que coisa tosca, cenografia de PP é ridícula.

>Uga-no-Mitama-no-kami (feminino) e Uka-no-Mitama (masculino) são duas divindades da clássica mitologia japonesa, sendo associado à agricultura. *google pesquisar*

***