quarta-feira, 6 de março de 2013

Primeiras Impressões: xXxHOLiC – Dorama


E no que depender do CLAMP, a bruxa das dimensões e seu assistente vão continuar trabalhando, nada de aposentadoria. 

xxxHOLiC é uma das grandes séries do CLAMP nos anos 2000 (e o meu preferido, entre os trabalhos do grupo, apesar dos pesares). O “xxx” que se trata basicamente de um logo, se refere aos segredos em torno da história que nasceu com o propósito de ser uma expansão para o universo de Tsubasa Reservoir Chronicle, com os personagens interagindo e suas tramas se afunilando em algum ponto (isso traria problemas para Holic em “Rou”, quando CLAMP decidiu continuar a história, mesmo com o fim de Tsubasa). O “Holic” se refere à vícios e manias.

O mistério e os vícios humanos sempre foram o grande charme desta história, e o dorama consegue transmitir essa áurea. O fundamental numa adaptação, não é seguir à risca ao original, mas conseguir transmitir bem a essência da mesma. Algumas poucas vezes nem isso, porque algumas adaptações se transformam em um produto completamente diferente, e ainda assim conseguem se sustentar e ser um bom entretenimento, embora coisas assim deixem os fãs furiosos.

E assim, chegamos ao ponto que interessa: O dorama de xxxHOLiC e seus interpretes que fogem do padrão midiático de beleza. E verdade seja dita, por causa do condicionamento deste padrão estabelecido, num primeiro olhar estes atores soam realmente feios. Eu vou além, você tem até a impressão que este dorama é uma daquelas versões pornôs de animes, mangás e games, onde os atores usam uns cosplayers horrorosos (!). A própria Anne Watanabe (interprete da Yuuko), devido ao seu porte físico, seu rosto alongado e a caracterização meio fake (a atriz teve que usar peruca, por seu cabelo estar muito curto para a personagem), dá a impressão de estarmos diante de um travesti, interpretando a forte e sensual Yuuko.


Este dorama se caracteriza por ser uma versão mais séria e com uma narrativa mais credível, o que torna estes atores bem apropriados para o papel que desempenham. Watanuki no anime é muito sarcástico, meio atrapalhado e amargurado, mas está sempre escondendo estes sentimentos negativos por trás de um sorriso. Seu azar e o fato de ser naturalmente atrapalhado, reagindo sempre de forma engraçada a tudo, são o que garantem o personagem como um alívio cômico. Já aqui, o personagem interpretado por Shota Sometani é mais sério e centrado, suas frustrações e complexos causados pelo fato de ver espíritos, é tratado de uma forma mais conflituosa e dramática.

Já a Anne Watanabe como Yuuko, consegue transmitir o ar misterioso e a elegância da Yuuko. Anne chegou a afirmar que sempre fora um grande fã do mangá e exaltou grande preocupação ao interpretar uma das personagens mais excêntricas e queridas do CLAMPverso. Ela diz nas entrevistas que se certificou de estudar todos os maneirismos da Yuuko, fez treinamento musculares e perdeu muitos quilos na natação, e isso acaba refletindo em sua caracterização da personagem. Sua interpretação acaba pecando exatamente no excesso de maneirismos, que acaba destoando da atmosfera do dorama.

Não apenas ela, mas também Karen Miyazaki como Himaware, o amor platônico de Watanuki, e a atriz convidada que interpreta uma cliente; Hiromi Adachi – São diversas caretas e maneirismos que destoam de todo o clima da proposta. Estes que são vicio bem comuns nas novelas japonesas; a afetação (algo que funciona nos mangás e animes, mas que em live action soa bem fake). Essa é uma característica intrínseca nesta mídia, é como as novelas mexicanas e seus gritos e trilha sonora sempre invocativa.


O dorama terá uma temporada de 08 episódios, certamente abordando a primeira parte do mangá, que possui um ritmo mais episódico e centrado nos conflitos dos personagens. Algo mais condensado, como se pôde ver no primeiro episódio, onde adaptaram dos capítulos; a chegada de Watanuki à loja de yuuko e seu conflito com espíritos, e o caso de uma cliente que sente dores no seu dedo mindinho. E o resultado foi o melhor possível, o que aliado à boa direção de Kisuke Toyoshima, coloca este dorama num nível superior, por exemplo, daquele de Mirai Nikki. Os atores são bem posicionados em cena, eles não dão a impressão que estão perdidos, os enquadramentos são inteligentes em capturar o melhor ângulo da cena e expressão de cada personagem. Sem falar na fotografia, realmente muito caprichada. Outro aspecto positivo é o moderado uso de CG nos efeitos especiais, que se misturam bem ao tom realístico empregado pela produção. A estátua ganhando forma e se tornando assustadora, consegue impactar, boa sacada da direção ao usar filtros de sobreposição. E o que dizer das mãos saindo da árvore, logo no inicio? Fantástico. O Sobrenatural conseguiu se misturar perfeitamente na atmosfera.


Nesta adaptação, Kisuke Toyoshima mostra que não está interessado apenas nos fãs da obra original, ele se preocupe em tornar HOLiC uma novela atrativa para qualquer um. No fim do primeiro episódio, e pelo que veio à seguir, só me restaram duas questões que só serão respondidas após o termino: A relação de Doumeki (Masahiro Higashide) com Watanuki. No mangá, o que caracteriza a dupla é justamente seus polos opostos. Enquanto Doumeki é sério, seco e age sempre de forma blasé, Watanuki é extrovertido, fanfarrão e não raro, age de forma infantil. Isto polariza a relação deles num conflito, que acaba os aproximando ainda mais. Aqui, ambos os atores parecem construir seus personagens de forma muito similar. Fica no ar a questão se eles conseguirão dar química para esta relação.

A outra dúvida é com relação à Yuuko. Ela é uma personagem multifacetada.  Anne Watanabe consegue segurar o ar mais exótico da personagem, e também sensual, no entanto fica muito aquém nas cenas em que interage com Watanuki. Falta força à sua personagem. No dorama, aparentemente o que vai se destacar é o seu lado mais brincalhão, o que, assim como o caso acima, parece não levar à um fluxo tão bom. Para Anne, excentricidade e a áurea lúdica parece cair melhor ao invés do humor. Também é assim quando ela tenta soar dominadora; Funciona apenas com expressões e diálogos, mas parece forçado quando ela tenta o contato físico.

HOLiC teve uma boa estreia, creio que fará a cabeça dos fãs, eu mesma que sou bem chata com doramas, gostei bastante do resultado final desta nova produção do canal de tv por assinatura WOWOW (World-Wide-Watching), que em comemoração também exibiu entre Janeiro e Fevereiro o anime e o longa metragem da série. O dorama vai ao ar todo domingo, na faixa matutina.

Abertura


O que mais me chamou a atenção foi a presença do cantor e compositor Shikao Suga, novamente responsável por uma tema de abertura da série. Aitai é uma música incrível, Shikao parece que realmente é a pessoa mais indicada para cantar os temas da série, suas músicas conseguem transmitir através de arranjos ornamentais o ar místico e exótico desta história. Claro, sem falar em sua voz, charmosa, sexy e com uma tonalidade muito pop, tudo isto à torna muito convidativa. A abertura em si também está sensacional, com um tralho de fotografia bem eficaz. Além de destacar os atributos físicos de Shota Sometani, que é realmente bonito (e com lábios mordíveis), e Anne Watanabe, que se destaca através de seu corpo; a atriz de pernas e coxas lindas. Ao se focarem nos seus lábios, eles colocam em evidência este aspecto dela. Essa abertura é mística, misteriosa e obscurecida, um retrato de todo o enredo. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★