E no que depender do CLAMP, a bruxa das dimensões e seu assistente vão continuar trabalhando, nada de aposentadoria.
xxxHOLiC é uma das grandes séries do CLAMP nos anos 2000 (e o meu preferido, entre os trabalhos do
grupo, apesar dos pesares). O “xxx” que se trata basicamente de um logo, se
refere aos segredos em torno da história que nasceu com o propósito de ser uma
expansão para o universo de Tsubasa Reservoir Chronicle, com os personagens
interagindo e suas tramas se afunilando em algum ponto (isso traria problemas para Holic em “Rou”, quando CLAMP decidiu
continuar a história, mesmo com o fim de Tsubasa). O “Holic” se refere à vícios
e manias.
O mistério e os vícios humanos sempre foram o grande charme
desta história, e o dorama consegue transmitir essa áurea. O fundamental numa
adaptação, não é seguir à risca ao original, mas conseguir transmitir bem a
essência da mesma. Algumas poucas vezes nem isso, porque algumas adaptações se
transformam em um produto completamente diferente, e ainda assim conseguem se
sustentar e ser um bom entretenimento, embora coisas assim deixem os fãs
furiosos.
E assim, chegamos ao ponto que interessa: O dorama de
xxxHOLiC e seus interpretes que fogem do padrão midiático de beleza. E verdade
seja dita, por causa do condicionamento deste padrão estabelecido, num primeiro
olhar estes atores soam realmente feios. Eu vou além, você tem até a impressão
que este dorama é uma daquelas versões pornôs de animes, mangás e games, onde
os atores usam uns cosplayers horrorosos (!).
A própria Anne Watanabe (interprete da
Yuuko), devido ao seu porte físico, seu rosto alongado e a caracterização
meio fake (a atriz teve que usar peruca,
por seu cabelo estar muito curto para a personagem), dá a impressão de
estarmos diante de um travesti, interpretando a forte e sensual Yuuko.
Este dorama se caracteriza por ser uma versão mais séria e
com uma narrativa mais credível, o que torna estes atores bem apropriados para
o papel que desempenham. Watanuki no anime é muito sarcástico, meio atrapalhado
e amargurado, mas está sempre escondendo estes sentimentos negativos por trás
de um sorriso. Seu azar e o fato de ser naturalmente atrapalhado, reagindo
sempre de forma engraçada a tudo, são o que garantem o personagem como um alívio
cômico. Já aqui, o personagem interpretado por Shota Sometani é mais sério e
centrado, suas frustrações e complexos causados pelo fato de ver espíritos, é
tratado de uma forma mais conflituosa e dramática.
Já a Anne Watanabe como Yuuko, consegue transmitir o ar
misterioso e a elegância da Yuuko. Anne chegou a afirmar que sempre fora um
grande fã do mangá e exaltou grande preocupação ao interpretar uma das
personagens mais excêntricas e queridas do CLAMPverso. Ela diz nas entrevistas
que se certificou de estudar todos os maneirismos da Yuuko, fez treinamento
musculares e perdeu muitos quilos na natação, e isso acaba refletindo em sua
caracterização da personagem. Sua interpretação acaba pecando exatamente no
excesso de maneirismos, que acaba destoando da atmosfera do dorama.
Não apenas ela, mas também Karen Miyazaki como Himaware, o
amor platônico de Watanuki, e a atriz convidada que interpreta uma cliente; Hiromi
Adachi – São diversas caretas e maneirismos que destoam de todo o clima da
proposta. Estes que são vicio bem comuns nas novelas japonesas; a afetação (algo que funciona nos mangás e animes, mas
que em live action soa bem fake). Essa é uma característica intrínseca
nesta mídia, é como as novelas mexicanas e seus gritos e trilha sonora sempre invocativa.
O dorama terá uma temporada de 08 episódios, certamente
abordando a primeira parte do mangá, que possui um ritmo mais episódico e
centrado nos conflitos dos personagens. Algo mais condensado, como se pôde ver
no primeiro episódio, onde adaptaram dos capítulos; a chegada de Watanuki à
loja de yuuko e seu conflito com espíritos, e o caso de uma cliente que sente
dores no seu dedo mindinho. E o resultado foi o melhor possível, o que aliado à
boa direção de Kisuke Toyoshima, coloca este dorama num nível superior, por
exemplo, daquele de Mirai Nikki. Os atores são bem posicionados em cena, eles
não dão a impressão que estão perdidos, os enquadramentos são inteligentes em
capturar o melhor ângulo da cena e expressão de cada personagem. Sem falar na
fotografia, realmente muito caprichada. Outro aspecto positivo é o moderado uso
de CG nos efeitos especiais, que se misturam bem ao tom realístico empregado
pela produção. A estátua ganhando forma e se tornando assustadora, consegue
impactar, boa sacada da direção ao usar filtros de sobreposição. E o que dizer
das mãos saindo da árvore, logo no inicio? Fantástico. O Sobrenatural conseguiu
se misturar perfeitamente na atmosfera.
Nesta adaptação, Kisuke Toyoshima mostra que não está
interessado apenas nos fãs da obra original, ele se preocupe em tornar HOLiC
uma novela atrativa para qualquer um. No fim do primeiro episódio, e pelo que
veio à seguir, só me restaram duas questões que só serão respondidas após o
termino: A relação de Doumeki (Masahiro
Higashide) com Watanuki. No mangá, o que caracteriza a dupla é justamente
seus polos opostos. Enquanto Doumeki é sério, seco e age sempre de forma blasé,
Watanuki é extrovertido, fanfarrão e não raro, age de forma infantil. Isto
polariza a relação deles num conflito, que acaba os aproximando ainda mais.
Aqui, ambos os atores parecem construir seus personagens de forma muito
similar. Fica no ar a questão se eles conseguirão dar química para esta
relação.
A outra dúvida é com relação à Yuuko. Ela é uma personagem multifacetada.
Anne Watanabe consegue segurar o ar mais
exótico da personagem, e também sensual, no entanto fica muito aquém nas cenas
em que interage com Watanuki. Falta força à sua personagem. No dorama,
aparentemente o que vai se destacar é o seu lado mais brincalhão, o que, assim
como o caso acima, parece não levar à um fluxo tão bom. Para Anne,
excentricidade e a áurea lúdica parece cair melhor ao invés do humor. Também é
assim quando ela tenta soar dominadora; Funciona apenas com expressões e
diálogos, mas parece forçado quando ela tenta o contato físico.
HOLiC teve uma boa estreia, creio que fará a cabeça dos fãs,
eu mesma que sou bem chata com doramas, gostei bastante do resultado final
desta nova produção do canal de tv por assinatura WOWOW (World-Wide-Watching), que em comemoração também exibiu entre
Janeiro e Fevereiro o anime e o longa metragem da série. O dorama vai ao ar
todo domingo, na faixa matutina.
Abertura
O que mais me chamou a atenção foi a presença do cantor e
compositor Shikao Suga, novamente responsável por uma tema de abertura da
série. Aitai é uma música incrível, Shikao parece que realmente é a pessoa mais
indicada para cantar os temas da série, suas músicas conseguem transmitir
através de arranjos ornamentais o ar místico e exótico desta história. Claro,
sem falar em sua voz, charmosa, sexy e com uma tonalidade muito pop, tudo isto
à torna muito convidativa. A abertura em si também está sensacional, com um
tralho de fotografia bem eficaz. Além de destacar os atributos físicos de Shota
Sometani, que é realmente bonito (e com lábios
mordíveis), e Anne Watanabe, que se destaca através de seu corpo; a atriz
de pernas e coxas lindas. Ao se focarem nos seus lábios, eles colocam em
evidência este aspecto dela. Essa abertura é mística, misteriosa e obscurecida,
um retrato de todo o enredo.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Veja Também:
-Rurouni Kenshin - Live Action
-Speed Racer - Live Action
-Mirai Nikki - ANOTHER WORLD ~ J-Drama
Onde Baixar: CLAMPproject
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
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