Suisei no Gargantia na segunda parte do primeiro episódio e
todo este segundo, segue o básico do manual de instruções de aventuras sobre a
água em um bom trabalho de build up para a trama iniciada no anterior – que ao
que parece, agora irá partir para um novo nível: adaptação, iniciação e formação
de laços.
Tudo isso em um ritmo agradável e envolvente. E este ritmo não
se limita ao roteiro, mas também para aquele universo em expansão, assim como a
forma que seus personagens se portam nele.
Algo que me agradou bastante nesta direção foi o apego aos
detalhes mínimos. O elemento estranho, Ledo (Kaito Ishikawa), se
comporta como se espera de um estrangeiro em um local pouco amigável. E as
pessoas daquele local, se portam de acordo com as regras do seu mundo e acuam o
elemento que além de estranho. Melhor ainda é a mecânica da estratégia de ambos,
que se tratam com cautela. O capitão Fairlock (Hideaki Tezuka) sabe que a estrutura em que estão é delicada e
que o estrangeiro possui uma arma poderosa. Este que por sua vez, percebe a
importância de formar aliança com eles e permanece na defensiva, esperando uma
brecha que vem ao termino do episódio.
As reações e expressões faciais dos personagens a cada nova
descoberta sobre o outro lado é o ponto alto, tanto quanto a barreira linguística.
Desses, quero destacar 3 momentos distintos que me deixaram em estado de graça;
– A tentativa fail do Chamble (Tomokazu Sugita)
em se comunicar com as autoridades da frota. Aquilo estava mais para GOOGLE
TRANSLATION. Diálogos como "Nós Somos, inimigos não" ou
"abaixem
suas armas, desejo", são no mínimo engraçadas. O Chamble está a
caminho de se tornar um carismático personagem, talvez o melhor de SnG. O
Sugita está muito a vontade na pele do IA enlatado.
Mas ele tem uma boa rival, a Amy (Hisako Kanemoto - oi Kotoura-sa). Sua
alegria e empolgação são contagiantes sem soar forçado. Quando ela não se
contém e começa a pular gritando “sugoi, sugoi, sugoi!!!”, realmente
pareceu uma criança. O que acaba por dar um contraste peculiar com relação a
Ledo, de 16 anos, apenas um ano mais velho que ela. Sua rigidez e maturidade
reflete sua criação e formação militar. Sua surpresa e espanto reflete o mundo monocromático
que viveu ao se deparar com um mundo tão multicolor.
Este contraste deve ficar ainda mais evidente nos próximos episódios
no qual ele terá que se adaptar a essa nova realidade. Isso pedirá um bom
trabalho em cima dos personagens. Não por acaso, quem escreve diretamente o
roteiro deste episódio não é o Butcher, e a previsão é de que ele volte lá pelo
quinto, ficando apenas na supervisão.
– A reação da frota
com a revelação de que Ledo teria vindo do espaço e que o Chamber é uma IA.
É gozado pensar que eles ao menos levam em consideração a possibilidade de
inteligência fora da terra e que sua tecnologia ainda seja bem primitiva, como
não poderia deixar de ser considerando a situação em que se encontram.
– A expressão
embasbacante de todos ao verem Ledo vaporizar os piratas num piscar de
olhos. O interessante aqui é o pensamento lógico e tático de Ledo ao ver essa
oportunidade como uma chance de estreitar os laços com os demais. Acostumado a
ir para o combate direto, sem negociar, e de posse da informação de que aqueles
são inimigos, ele apenas vaporiza a todos instantaneamente, em um sinal de que
sua adaptação àquele local encontrará algumas turbulências.
Enfim, este é um episódio que abre um leque de
possibilidades para os eventos futuros e me deixa realmente confiante que o
potencial da série seja aproveitado ao máximo. Chamber está tentando uma
comunicação com a Aliança Galáctica, que está à procura de um planeta com vida.
Não precisa dizer que isso dificilmente vai acabar bem, né? Imagino que o
Butcher deva trabalhar este conflito com mais intensidade nos episódios finais,
deixando um vácuo no meio da série que deverá ser preenchido com explorações
àquele vasto universo e seus personagens. NO PROBLEM. Eu estou amando essa
estruturação e descoberta de mundo e a trilha sonora consegue ser bem evocativa
de filmes do gênero. Acho que poucas vezes vi um anime com uma ambientação tão
linda.
Suisei no Gargantia e
Waterwolrd.
Ultimamente tenho visto muitas comparações de Suisei no
Gargantia com o filme americano e clássico das Sessões de Sábado e Tarde da Globo; Waterwolrd
(1995), um dos maiores desastres
financeiros do cinema. Enquanto, sim, há muitas similaridades, não sei se dá
pra falar de influências de Walterwolrd em SnG.
O diretor Kazuya Murata comenta que sempre admirou esse
universo marítimo e começou a pensar num projeto de cidades conectadas em alto
mar, até convidar o Butcher para criar este cenário. De fato a temática “terra
submersa, moradias flutuantes e etc.” é bem limitada, não há muito por onde ir,
e por isso você vê muito mais jogos, como Rogue Galaxy, ou até mesmo livros,
do que propriamente filmes. Um dos primeiros livros com essa abordagem se chama
The Drowned World, e assim como Rogue Galaxy e Waterwolrd, possui um cenário e
ações similares. Aliás, Waterwolrd me pareceu ser mais uma adaptação da
premissa de The Drowned World. Agora, podemos dizer que todas essas obras
possuem a mesma matiz inspiradora, daí as semelhanças inevitáveis. Como criar
uma história de terra submersa e moradas flutuantes sem os ingredientes básicos
do processo?
Então vamos às comparações entre Suisei no Gargantia e
Waterwolrd:
-O gelo que derreteu sobre a terra
-Línguas diferentes
-Explicações pseudo-cientificas para as tecnologias
utilizadas
-Busca incessante por recursos naturais
-Os piratas do mar.
-FROTAS que se unem para sobreviver
-Um estranho no ninho e o conflito estabelecido
-Em busca de terra firme (?)
-Protagonistas que possuem dificuldade em lidar com pessoas
Vale comentar que todos os oradores do Urobuchi em todas
suas obras são estranhos no ninho que enfrentam dificuldades de adaptação.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
***
> Sabe que olhando pra esse cenário, eu até senti uma vontade de passar uma temporada em Gargantia?
>"Isso é um corpo morto". Deve ser triste para o Ledo, o cara nunca experimentou uma pizza, uma picanha no capricho, nem churrasquinho de gato. Por isso que eu falo que comer é o que faz a vida valer a pena ;) #gordices
>"O que faz a galáxia marinha brilhar são os insetos de luz, pequenas criaturas". Tá, é uma explicação tipicamente pseudo-cientifica. Mas isso não importante, e sim que é um bom conceito para o oceano esverdeado e a energia que utilizam. Creio que não irá revelar o processo. LOL, a ideia de que gelos sobre a terra tenham derretido e alagado toda a superfície terrestre, também é um conceito bem pseudo-cientifico, não há possibilidades de algo assim acontecer com o derretimento da neve. A tecnologia deles é bem limitada, assim como o uso de energia [que provavelmente é utilizada apenas para iluminação, principalmente, por segundo sua origem, não ser suficiente para alimentar grandes maquinas], me pergunto que tipo de combustível eles usam, imagino que haja petróleo, vide os jet skis. Eu só não entendi isso de "caminho da galáxia", e o porque deles precisarem navegar por este caminho de luz. Por que eles morreriam?
> Aguardem a versão alternativa disso aqui pelas mãos do Naruko, no próximo comiket.
> Eu estava pensando que a pronuncia do nome dele era realmente Red, por japoneses terem dificuldade de pronunciar a letra L, sempre soando como R. Mas segundo o site oficial, se escreve e lê como "Ledo" mesmo.