quinta-feira, 30 de maio de 2013

Cena Do Mês #00: Elfen Lied (2004) – Lucy & Kouta


Olha, não era isso que eu tinha mente, mas vamos lá. Minhas mãos se mexeram sozinhas. Assustador!

O final de Elfen Lied é um dos mais marcantes que tenho certeza, levarei comigo até o último dia de minha vida, ao lado de outros tão belos quanto (Kaiba, Wolf’s Rain, Utena... e etc). Se me perguntarem qual final é mais emocional, se o do mangá ou do anime, eu não saberia responder. Ambos deixaram um vazio imenso em mim e cada um à sua maneira conseguiu deixar uma mensagem de esperança no ar. Ah, claro, o anime tem um desfecho indiscutivelmente mais romântico (em tudo, diria eu – e é o que o faz ser um Elfen Lied diferente do visto no mangá, onde tudo é mais exagerado e “cretino”. Cru, trash). Eu não sei se você pôde sentir o mesmo que eu, mas o final do anime é mais verdadeiro no sentido de que se você tirar todo o aspecto fantasioso, o que fica são emoções muito reais. Um encontro numa escadaria durante uma noite enluarada, sem mais ninguém em volta, com um casal de amantes discutindo a relação é algo tão comum.


A cena em que Lucy é abraçada fortemente por Kouta, não importa quantas vezes eu reveja, eu consigo sentir a vibração de seu coração batendo em puro êxtase de satisfação, é fácil perceber através daquele sorriso que dura uma fração de segundos e aquele abraço tão intenso quanto doloroso por saber que ao seu termino, se separará daquela pessoa. Oh, shit! Eu realmente odeio despedidas e sempre que posso fujo delas justamente para evitar sentir tudo isso. Se você já teve de abraçar alguém tão forte sabendo que aquela poderia ser a última vez, certamente é algo muito fácil de entender. Eu que me apego muito fácil, tenho muita dificuldade de desapegar, essa ideia de que um dia os caminhos irão se separar meio que me assombra, ainda que seja algo rotineiro pra mim. Brrr!

Takao Yoshioka [roteirista da série e responsável pela adaptação do roteiro] e Mamoru Kanbe [o diretor] estavam afinadíssimos na composição dessa cena. Conseguiram sintetizar com maestria toda a trajetória de Lucy e Kouta naqueles últimos diálogos com flashs do passando. “Em 5 anos eu posso transformar toda a próxima geração em meus companheiros... Mas este seria um mundo onde você não poderia viver. Kouta você foi só... Um sonho efêmero... Que mal pude ver do inferno. Os dias que passei com você foram os únicos onde eu...”. Ela não consegue completar a frase e diz virada para o canto “Eu sempre... Quis me desculpar com você. Foi só por isso que eu aguentei tudo... e sobrevivi”. Caramba, caramba, caramba, eu vejo essa cena e fico mega arrepiada, sorrindo feito uma babaca, com as mãos no rosto e com os olhos molhados também. Sanae Kobayashi interpreta a Lucy com tanta emoção, com a voz trêmula, hesitante, de dentro pra fora como se ela estivesse com medo, e a ela está. Lucy está nervosa, num momento onde deixamos o impulso falar, afinal, está diante da pessoa com quem sempre esperou se encontrar novamente apenas para poder se desculpar, mas dentro dela tem a convicção de que não será perdoada. E ainda que se imagine a resposta, você não consegue deixar de temê-la, é sempre assim.

Dessa forma, ela se levanta para partir quando Kouta a impende. Eles se beijam. Acho que foi o beijo mais salgado que já vi em um anime.



Wow!@@@@ Uma despedida dessas, com Lilium tocando ao fundo, para mim que estava começando a conhecer os animes, foi algo inexplicável, as lágrimas não queriam parar e eu chorava como um bebê. Mesmo hoje, com o coração mais duro, essa cena ainda consegue bater tão forte em mim que me deixa aérea. É muito feeling, tanto que eu preciso sair rolando pela cama ou esquartejar algum pelúcia pra dissipar a energia concentrada. É uma loucura.

E não posso terminar isso aqui sem mencionar essa montagem abaixo.


A música é Love Taught Me, tema de encerramento do anime Blue Gender (encerramento lindíssimo, aliás), faz alguns anos que vi a montagem e desde então ela nunca me saiu da mente. A música é linda (ao ponto de me motivar a assistir este anime, só por ela) e se encaixa perfeitamente no contexto da despedida de Kouta e Lucy. Não apenas em melodia, mas trechos como:


Mesmo que os dias que foram preenchidos com sorrisos
Venham a ser uma ilusão,
Eu certamente não vou me perder.
Apenas abrangendo tanto a bondade quanto a dor
Que permanecem definitivamente no meu coração.
Eu estou vivendo.
E então o amor me ensinou o significado de se lembrar de alguém.
Mesmo que seja um amor que começou por querermos
Compartilhar uma solidão,
Eu sempre vou ser feliz com essa lembrança.
Muitas vezes eu parei,
Muitas vezes eu virei.
E embora eu lentamente me tornasse consciente
Que você não está ao meu lado mais,
A transbordante tristeza e a temporária felicidade,
O amor me ensinou tudo isso, para que eu continuasse a seguir adiante.
A pessoa que parecia importante para mim
Apenas foi substituída por pó.

Por uma questão de continuar a existir no futuro,
Por uma questão de precisar me tornar adulto,
Luto com uma memória se repetindo agora em meu coração.
Na primeira vez escolhi viver,
Na segunda vez escolhi sonhar.
E então o amor me ensinou
O significado de se lembrar de alguém.


Ooohhhh!! Não é linda? Não parece falar muito sobre Lucy e Kouta? Só que aqui será preciso conhecer o mangá para poder entender bem como essa música se encaixa como uma luva para ambos. Seria mais uma música que fala da perspectiva de Kouta depois da partida de Lucy. Dele continuar numa realidade em que ela não existe mais, embora ela continue se fazendo presente em suas memórias, se recusando a partir. Essas lembranças podem ser muito dolorosas, mas elas dão significado à vida, significa que você viveu e compartilhou uma parte sua com alguém. E esse alguém continua em você de alguma forma. Se você pôde viver ao menos um grande amor durante toda uma vida, terá sido um feito e tanto! Isso é muito louco. O entretenimento possui o poder de transmitir verdades enfeitadas e nos emocionar, acalentar o coração. É isto o que eu mais gosto quando leio ou assisto algo, essa conexão.  Usando as palavras de Hosoda “(...) dentro dessa fantasia, há sempre um elemento que se aproxima da realidade de sua vida, e isso faz você perceber o que é importante em sua vida, que é a vida naquela fantasia”

Vou dedicar ao menino @Trucy que compartilha comigo a paixão à Elfen Lied.

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