quinta-feira, 27 de junho de 2013

5 Luxos & 1 Lixo: Openings da Spring 2013


Final de temporada, significa que é hora de selecionar 5 boas aberturas e uma ruim.

E dessa vez a seleção foi acirrada, com as escolhas sendo feitas por pequenos detalhes. A única exceção foi a de Shingeki no Kyojin; essa desde o inicio eu sabia que dificilmente seria barrada por qualquer outra.


05) Yahari Ore no Seishun Love Come wa Machigatteiru – Yukitoki (Nagi Yanagi)


Para fechar, vamos com uma baladinha melódica, para a série de comédia romântica mais pretensiosa (no sentido não-pejorativo) da temporada. Mais uma abertura que ganha nos pequenos detalhes de execução criativa. Uma cadeira estrategicamente vazia no centro de um cenário escolar vazio, diversas cortes de câmera em pernas, jogo de olhares, filtros, uma câmera giratório, flores, flores, tempestade. Pode não ter nenhum significado especial, mas é visualmente agradável, principalmente com a bela voz de Nagi Yanagi (ex vocal do Supercell) no embalo.

Eu tive um professor de filosofia, que nos primeiros dias de aula de uma matéria totalmente desconhecida, nos apresentou um ponto de vista tão inédito, quanto absurdo (nós pensávamos), de muitas coisas; o que nos levou a rir dele pelas costas e o chamar de maluco. Claro, ele virava e dizia coisas estranhas, chegava à lousa, desenhava algo (poderia ser um cachorro, uma madeira, um objeto qualquer, qualquer coisa) e pedia uma interpretação não literal daquela figura naquele contexto. Para mim, tão ingênua, parecia algo tão absurdo, que determinada vez fiquei revoltada quando ele disse que se numa ilustração há uma fumaça, nem sempre ela quer dizer que há um incêndio. E essas eram nossas questões, avaliações. O que eu quero dizer que a montagem na abertura diz muito sobre a temática da série; e embora eu ainda não a tenha conferido, há a excentricidade e um foco na sociologia de gênero; os personagens são solitários (a cadeira no começo com a luz do sol entrando pela janela), as pernas solitárias e logo após o corte de câmera mostrando os como um grupo; tudo o que vem a seguir é a interação desse grupo naquele contexto social. Frente a frente, de lados, de costas, os caminhos que se encontram e o espaço em volta reduzido evidenciando apenas uma pessoa, as flores em meio a tempestade, ao flores ao redor de alguém; tudo isso como conseqüência dessa interação ou de determinado ponto de vista.


04) Namiuchigiwa no Muromi-san - Nanatsunoumi Yori Kimi no Umi  (Sumire Uesaka)



Mais uma abertura elétrica que retrata o espírito da série, neste caso, um bando de sereias pervertidas e... levemente alcoolizadas (?). As aberturas de animes quase sempre são econômicas (os encerramentos costumam receber bem menos trato), seguindo certo padrão de economia (já saíram diversos vídeos mostrando as semelhanças entre as aberturas de centenas de animes). Ou é o personagem correndo em alguma direção, ou slides de quadros estáticos, ou animações reaproveitadas; ou algo assim. Mas tem sempre alguém pra usar a criatividade e fazer algo interessante sair disso. Em Muromi-san, um pouco aqui, mais um pouquinho ali de material original, selecione as melhores seqüências que digam do que se trata a série e zás. Se houver sensibilidade para um tema que dê liga às imagens, o resultado pode ser algo que se sobressaia. A abertura de Muromi-san é divertidamente inquietante e se você assistir seguidamente vai chegar um momento que seu corpo também entrará inconscientemente no embalado. Os desenhos com animação tradicional também ajudam, há um quê oldschool que torna as sequências algo agradável aos olhos. Tanto Muromi-san, quanto Aiura, são animes curtos, e que chamam a atenção pelo uso de animação (apesar que eu deixei Muromi pelo caminho... hahá!).

O principal componente aqui é a dançante composição da idol Sumire Uesaka, que fez a Sanae Dekomori em Chuunibyou e repete a dose de maluquez dublando a Sumida-san na série. A própria Sumire é bem maluca, ou digamos, que se ela se apresenta de modo exótico. Se a abertura é boa, o clip e a versão original da canção são melhores ainda – vale à pena dar uma conferida, ela tem uma performance envolvente. É divertido, vai, apesar de que... Eu morreria de vergonha de cantar isso na frente de alguém. É meio constrangedor, como quase tudo voltado para o otaku hardcore. 



03) Aiura – KaniDo-Luck! (Aiu♥rabu)



Quem imaginaria que uma adaptação de mangá 4-koma (aqueles de tirinhas) com uma média de menos de 5 minutos por episódios iria vir ter ainda aberturas e encerramentos; e mais, que este encerramento ainda iria dar a maior polêmica. Tudo começou com a imagem do icônico Steve Jobs (1955-2011) presente em alguns momentos da abertura, sendo associada a caranguejos, que nada mais seria que um nefasto trocadilho com as palavras ‘caranguejo’ e ‘câncer’. A graça estaria no câncer que Jobs carregou Poe um bom tempo até vir a sucumbir a ele. Logicamente virou assunto do momento nas principais comunidades otakus americanas.

Mas vá, lá, independente da polêmica, a abertura de Aiura conta com uma ótima montagem basicamente de quadros estáticos em slide com as personagens em formato chibi. É criativa, fazendo alusão principalmente à música de Aiu rabu com o refrão chiclete “Kanakana/kanikani” (daí vem o trocadilho com a palavra caranguejo), com muitos caranguejos por todos os lados prontos para servirem não só de refeição como um mascote para as garotas – isso se explica fácil, afinal, os caranguejos ao lado das lulas, são os animais marinhos sempre associados à fanservice em animes hardcore – e tal qual, bem fofos. Essa aleatoriedade da abertura [com sua música trava língua e trocadilhos] reflete bem o espírito da série. XD


02) Haiyore Nyaruko-san W – Koi wa Konton no Reichi (Ushiro Kara Hai Yori Tai G)


Aberturas com garotinhas bonitinhas costumam ser sempre coloridinhas e sweets, com seiyuus com vozes tão agudas que a abertura logo se torna enjoativa. Mas eu tenho um fraco por elas, são dançantes (me fazem querer balançar as mãos e o corpo, heh) e não raramente bem produzidas. A abertura da segunda temporada de Haiyore Nyaruko-san – a comédia Lovecraftiana – segue o modelo de aberturas coreografadas com uma execução esplêndida. A bomba colorida com o pavio aceso passando de mão em mão evidência seu dinamismo com os personagens passando de cenário em cenário [assim como a questão do tempo presente no enredo] que remetem ao conteúdo do anime. Nyaruko-san a grande entidade dominadora com feições de pimpolha levada diante da terra, o duplo representado pelas sombras das personagens que a ligam com suas próprias imagens em outra dimensão (sempre bonitinhas, claro), os personagens interagindo em família, quando na escola ou com o uniforme estão sempre dançando, duelos em paisagens coloridas que obviamente tão mais para uma brincadeira, lutas com monstrengos (que parecem bem animadas, devidamente retiradas do anime), etc. A progressão é divertida e empolgante, apesar de simples. A fórmula de carpintaria para a target otaku geralmente está bem afinada, independente do quão genérico seja.


01) Shingeki no KyojinGuren no Yumiya (Linked Horizon)


Aberturas com temas agressivos e animação dinâmica, forte contraste de cores, e um resumo básico do que se trata aquela animação. Kurozuka (2008), Death Note (2006), Highschool of the Dead (2010); Tetsuro Araki criou uma assinatura para aberturas que se faz presente em boa parte das obras que dirige, a exceção seria Guilty Crown (2011) – bem mais comportada e melódica, com apelo sonoro e estético pop e sem o grau de agressividade presente nas anteriores.

A paleta de cores dá o tom; vermelho para mortes, verde para humanidade. Parece até meio sádico, tons vermelhos marcam as mortes (como quando brota a fúria dos titãs no vídeo, esmagando a humanidade, com o vídeo repicado de manchas de sangue ou na primeira tomada com os personagens cabisbaixos frente às sepulturas – simbolizadas pelas armas solitárias abandonadas fincadas ao chão – com o choque entre tons acinzentados e vermelho), enquanto os verdes [que geralmente é uma cor associada à esperança] estão sempre expostos sobre os titãs, como se referenciando ao anti-herói dos gradinhos; Hulk, a bestial fera fruto de experiências humanas.

Araki constrói uma abertura extravagante e original, de modo econômico, utilizando basicamente filtros sobre cenas presentes no anime e nenhuma animação original, fora os CG’s em formato de muralha que explodem nos primeiros segundos. O resultado é uma abertura vibrante em sincronia com a poderosa ópera rock do Linked Horizon com guitarras elétricas, teclados, acompanhamento orquestral e mais uma variedade de metais. Essa abertura com a calorosa performática dos personagens com seus saltos à altura dos titãs ilustrando o título da série (‘Ataque aos titãs’) ao mesmo tempo em que propõe um embate de igual para igual, se tornou um meme poderoso na internet e alcançou até o mesmo o público convencional. Pony Canyon e King Records devem estar sorrindo de orelha a orelha com o sucesso do single com um patrocínio que irá lhes trazer muitos fruto$.

O difícil é conseguir se manter estático ao ouvir o tema de abertura. Não dá vontade de saltar como os personagens? Nem conto que já tentei isso no meu quarto.


Lixo

Photo KanoKoisuru Lens (恋するレンズ) (Kaori Hayato)



Eita que essa foi uma escolha muito acirrada com Devil Survivor 2, mas esta se destacou ao meu olhar. Tudo porque o tema é sonoramente gostoso e se adéqua perfeitamente à temática da série, que são fetiches por fotografias de garotas em diversas situações ou de determinados pontos de seus corpos (de algum forma, o arranjo me lembra lentes e sons de câmeras fotográficas, acho que porque muitos programas do tipo saem com temas mais classudos assim). Aliás, fiquei sabendo que a série pode ser considerada um sucessor espiritual de KimiKiss e Amagami – ambos, jogos da mesma produtora que ganharam seus respectivos animes. Enfim, a música tema é boa, mas sua execução segue em modo automático, o que é um desperdício. Há um momento em que sua direção se contenta com um espaço azul e com anacrônicos efeitos de fotografia [das personagens] caindo do espaço vazio. Há também a tentativa de colocar os personagens cantando a música tema, o que poderia ser até interessante, se a forma como eles mexem as bocas e se comportam em meio à canção, não parecesse fora do tempo e tão engessado. Não está fora do tempo, mas isso acontece porque não há sincronia audiovisual, o ritmo da animação não acompanha o timing da música – fica como se a música falasse uma coisa e o vídeo outra. Nada que melhores efeitos de transição e alguns filtros caprichados não resolvesse. Algo me diz que um stop motion daria uns efeitos sensacionais aqui.

Kaori Hayato é mestiça (pai japonês e mãe brasileira de Minas Gerais), nasceu no Japão, passou a infância no Brasil, e é dona de um timbre de voz lírico e aveludado, e não por acaso, canta diversos clássicos da bossa nova para os japoneses – seu primeiro álbum trouxe composições de Tom Jobim, Djavan e Lenini. Koisuru Lens não tem um quê bem característico de bossa nova, tanto em timbre, como em composição.

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