terça-feira, 18 de junho de 2013

Comentários: Suisei no Gargantia #11 – Supreme Ruler


Suisei no Gargantia continua seu passeio mostrando como diferentes culturas se comportam num cenário pós-apocalíptico, mas que não é tão diferente assim da realidade.

Porém, o fator tempo é irredutível em apontar as conseqüências da inserção de muitas idéias num espaço reduzido, fazendo com que tudo soe abrupto e superficial. 

Num contexto geral, claro. Essa nova trama está em ebulição fervescente e a dois episódios do fim, ela enfim começa a dar dicas de como será seu final [isto se o Butcher não surpreender novamente]. Primeiro vamos voltar ao fato de Kugel ter desenvolvido uma sociedade teocrata (que segundo o dicionário, se trata de um sistema de governo em que o poder político se encontra fundamentado no poder religioso, pela encarnação da divindade no governante) motivado pelo culto que se formou em torno da sua figura messiânica.

1)     Eu gostaria muito de saber como se fundamentou este culto, mas não saberemos certamente.
2)     O mais provável é que ele tenha usado seu poder bélico, que somado ao fascínio de ser um homem vindo dos céus, resultou no temor popular daqueles que presenciaram sua ira.
3)     Muitos ali, fora os fanáticos religiosos, certamente se sujeitam a esta teocracia não por fé/temor na divindade, mas temor pelo poder bélico de Strike. Sendo assim, tornar a sociedade governada pelos fanáticos que lhe rendem um culto descerebrado, foi uma decisão eficaz.


Quer dizer, enquanto este culto crer na sua divindade, sua ideologia continuará em vigor, com esta sociedade criada sendo gerida com punhos de ferro reprimindo qualquer chance de revolta, como podemos notar no tratamento dispensado aos filhos pródigos de Gargantia. Fundamentalistas seguem à risca sua ideologia, além da organização ser uma das características mais notáveis. “É mais assustador quando não é visível” como ressaltado no episódio, eu diria até que não apenas assustador de ‘temor’, mas também fascinante. Temor e fascínio que vêem pelo fato de que o invisível pode ganhar formas individuais de acordo com as crenças de cada um. Não por acaso, ídolos são muito mais atraentes pela imagem cultivada pela distância criado entre o fã e o objeto de culto. Entrar em contato diretamente faz com que ele se materialize e traia suas expectativas. Enquanto Jesus andava sobre a terra, era tratado como miserável e um demente messiânico perigoso aos interesses dos governantes, fazendo os temer pelo culto que se formava em torno dele. No entanto, sua crucificação tratou de coroar e mistificar sua figura.


Esse tour do enredo por diferentes povos contrastando culturas, ao menos no papel, é bem interessante. A execução é deficiente, mas se trata de um mapa com alto potencial para exploração, principalmente se tratando de uma sociedade pós-apocalíptica, em que a fé tende a ser reforçada e governos se tornam mais duros. 

Ledo mais uma vez é destoante, dessa vez com suas ações no episódio passado. Sua convicção desapareceu completamente frente à autoridade de Kugel. Sim, ele é um soldado, é natural que houvesse um conflito interno entre querer e dever, no entanto, o roteiro nem ao menos tenta tornar o conflito das Hideauzes algo mais do que um mero dispositivo de roteiro. Ledo, um soldado duro e altamente militarizado, se choca, se arrasta, vomita, se revolta, e como se já não fosse suficientemente discrepante, para que no episódio seguinte ele retornasse ao status quo de soldado que recebe ordens (que mesmo as questionando internamente como visto no primeiro episódio, as seguirá) que se defrontará com um novo dilema. 

É... 

Com este cenário, eclipsar Ledo não é um problema muito grande. 


Primeiro o Chamber, que inquestionavelmente se tornou a figura máxima da série. Sempre que se fala em Suisei no Gargantia, uma imagem do Chamber com suas tiradas icônicas se forma em minha mente. Enquanto Ledo fica perdido, Chamber faz as perguntas mais pontuais para Striker. O que é a felicidade para eles? É uma pergunta que pode ter diversas variações, e com esta resposta, Chamber, enquanto máquina; pode concluir que se trata de uma definição abstrata, com base nas mesmas respostas recolhidas a partir de Gargantia e Aliança Galáctica. Mas qual seria o sentido desta pergunta? Banco de dados, eu acho. Muito tem se discutido sobre Chamber estar conduzindo uma investigação, como a pergunta do porque de Kugel não sair da cabine e pedir dados sobre sua doença. Eu tenho um pouco de dificuldade em crer na capacidade de discernimento de Chamber, o que ele faz é apenas emitir estatísticas ao piloto com base no cruzamento de informações contidas no seu banco de dados. Vejo essas perguntas como atitudes padronizadas, algo notável desde os primeiros episódios. Se Chamber fosse uma pessoa, ele seria muito curioso.

Apesar de não crer nas capacidades elucidativas de Chamber, não descreio que Kugel possa estar de fato morto e Striker estar apenas cumprindo o protocolo, algo similar à HAL9000 (hahahaha Será que algo assim ainda pode acontecer?). Com 2 episódios pela frente, parece ser o desfecho mais viável em dois cenários possíveis: Não sabemos exatamente se Chamber obedece irrestritamente ao piloto ou sempre à maior patente, embora a série tenha dado indícios que é a maior patente; logo, a recusa de Ledo em assentir as ordens, poderá ter o apoio de Chamber apenas se confirmado que Kugel se encontra morto. Não seria cruel o Ledo de dentro da cabine assistindo de camarote Chamber dizimar Gargantia? Heheheh... 

Por que é tão difícil crer que Kugel esteja vivo? Além do tempo mínimo para desenvolver este conflito (embora possam fazer nas coxas em um fight doidão entre as duas machines, enquanto os outros personagens se rebelam nos navios), tive a impressão de que Kugel estava sereno demais para o que vimos no primeiro episódio. 


E assim chegamos à Lukkage e Pinion, depois de Chamber, os personagens que mais chamaram a atenção no episódio. Não gosto deles, mas que se foda eu. Lukkage parece ter um plano em desenvolvimento, em que Pinion é uma peça fundamental para sua execução. Que plano poderia ser este? Se realmente Kugel estiver morto, não poderia ser uma tentativa de desestabilizar o sistema de Strike? Eu realmente não sei, falta peças para formar este quebra-cabeças. Gen Urobuchi como sempre, continua surpreendendo nas retas finais de suas séries. 

P.s: Adorei o Pinion se fodendo hahahaha, só uma pena que o roteiro trate isso com menos importância que deveria.

P.s²: Qualidade de animação bem feia neste episódio, de um modo geral, para o padrão da série. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★