A Spring Season de animes chegou ao fim, mas ainda está
dando o que falar.
Mais uma lista com 6 seleções com critérios estabelecidos
muito próprios. Novamente, sem grandes destaques, mas com duas presenças que
compensam. Já viu o de aberturas? Então vamos lá!
***
05) RDG: Red Data Girl – Yokan (Masumi Itou)
Se o Ali Project faz todas as músicas iguais, só alterando a
letra, a Masumi Itou não fica muito atrás também, com sua voz
caracteristicamente baunilha e nasalada cantando canções melódicas. Mesmo que
você não se dê conta, certamente já ouviu bastante Masumi Itou por aí, ela é
praticamente o Roupa Nova dos animes, ao lado de outras figurinhas recorrentes.
Infinite Stratos, Angel Sanctuary, Canaã, Phantom: Requiem for the Phantom, Azumanga
Daioh, Chrono Crusade e mais infinidade de animações muitos conhecidas cantadas
por ela há mais de uma década.
Agora, se você acha que não só a melodia lhe parece
familiar, mas também a abertura, digo que estará corretíssimo. Ela segue o
mesmo modelo do encerramento (já
comentado aqui) de Jinrui wa Shimashita, com a protagonista caminhando
pelo cenário, mas aqui isto não é usado com tanta criatividade. Mas funciona no
sentido de revelar mais da história do que a própria abertura, mostrando a
personagem passando por diversos cenários e personagens que se defrontará em
seu caminho. A canção melódica também externa muito dos sentimentos da mesma. Para
um anime com uma formula tão “otome”, caiu como uma luva.
Citação: Encerramento de Hataraku Maou-sama, com a baladinha 'Tsuki Hana' do nano.RIPE. Uma delicia para ficar ouvindo.
Citação: Encerramento de Hataraku Maou-sama, com a baladinha 'Tsuki Hana' do nano.RIPE. Uma delicia para ficar ouvindo.
04) Uta no
Prince-sama - Maji Love 2000% – Maji
Love 2000% (ST☆RISH)
Olha, não é lá uma boa música nem para se dançar, e eu não
gosto de boys band. Se você hoje olha para trás e sente vergonha de nos meados
dos anos 2000 ainda cantar aquelas músicas melosas de Sandy e Junior, saiba que
este tipo de letras e melodias – pobres – com rimas fáceis e ilógicas, é um
fenômeno que nunca morre no pop e que está sempre presente na voz de alguém.
Bandas fictícias se tornou algo comum em animes (hey, faz um tempo mas eu já comentei das Girls Dead Monster aqui no ELBR), principalmente naqueles com forte vínculo com
a música. E o sucesso fujoshi e otome chamado Uta no Prince-sama também tem a
sua, a STARISH, que canta este encerramento. Pela amostragem dá pra ver que não
são tão afiados como as Dead Monster (Angel
Beats!) ou a Triple H (Mawaru Penguindrum), mas no quesito performático eles são imbatíveis. Por isto
estão neste top. De todas as aberturas desses animes com enredo focado na
carreira de idols cantores com suas boy’s/girl’s band, se tratando de abertura
ou encerramento, esta foi a melhor que eu já pude ver em questões de fluidez e
dinâmica. O que foge bastante daquele padrão de CG truncado e platéia mecânica.
Temos aqui uma boa peça de uma performance musical onde a platéia participa num
bom timing no coral e os idols se mexem e cantam com desenvoltura, convencendo
em suas apresentações. A música se encaixa e ainda dá uma boa vibração para o
encerramento de uma série deste gênero.
A Segunda temporada de Uta no Prince parece contar com umas
boas peças de animações, e os fãs parecem bem receptivos ao guilty pleasure mais
irreverente da temporada ao lado de Kakumei Valvrare.
03) Devil Survivor 2 the animation – Be (Song
Riders)
É incrível como o encerramento de DS2 consegue passar mais
do feeling da obra que a abertura, e só assistindo a sua montagem, faz parecer
que a série é realmente boa. E a música ‘Be’ da banda de hip-hop japa Song
Riders é ótima, com suas distorções e intensidade melódica que o vocal reproduz
conseguindo fácil amplificar a gravidade do cenário visualizado no
encerramento, sendo os pontos em que sua voz atinge os picos mais altos.
“Eu não pensei sobre a vida até ontem/ apenas parecia uma cena de um
filme”, diz a letra. O encerramento captura as partes da música que
melhor parecer dizer sobre o enredo e seus personagens e transmite uma vibe de
cólica intensa e pesar nostálgico que evidência o espírito do protagonista. Os
flashs iniciais com todos contentes pela cidade nos primeiros dedilhados dos teclados, sendo rasgado na entrada da letra e vocal, com o cenário substituído
por um pós-apocalíptico sombrio com a cidade em trevas transmite uma energia
contagiante. Os personagens estáticos como figuras de papelão com a câmera
passando por eles em uma fotografia ao fundo assombrosa, para então novamente
contrastar com o cenário anterior à destruição, além de ser um bom contraste
entre o antes e depois, também traz a tona o jogo do duplo que tem sido a
máxima da franquia Shin Megami Tensei.
02) Shingeki no Kyojin – Utsukushiki Zankoku na Sekai (Yoko Hikasa)
Aahhhh, quantas vezes nos deparamos com este encerramento
todas as vezes em que o episódio atingiu seu clímax mais enlouquecedor? Não sei
vocês, mas eu poucas vezes prestei atenção neste encerramento, porque embora
fantástico, é extremamente anticlimático. Os episódios de Shingeki no Kyojin
geralmente terminam em pontos que geram muita euforia e descontrole emocional,
o ideal seria um encerramento que igualmente sincronizasse com este feeling, ou
seja, explosiva e não que evocasse à introspecção.
Mas se trata de uma bela animação que retrata não somente a
história de Mikasa, mas o seu interior utilizando a arte expressionista em um
cenário riquíssimo. Enquanto pequena, a Mikasa percorre por um cenário lúdico
que ganha forma de uma floresta pantanosa em uma paleta de cores P&B com a
tonalidade acinzentada que evidência o seu emocional. Seu passado é trágico, e
antes de se encontrar com aquela pessoa, ela corre de um lado para o outro,
solitária. Se vendo rodeada por tudo aquilo que lhe traz a tona recordações
dolorosas. A faca enquanto representação de sua tragédia, também simboliza a
sua transformação de garotinha frágil perdida (devido as mortes de seus pais), correndo sem rumo, à uma mulher
guerreira e forte. A paleta então ganha tonalidades de sérpia, com Mikasa indo
ao encontro de Eren em um cenário vazio, porque para ela só existe ele em seu
mundo interior. A cor sérpia é usada aqui como amplificadora da melancolia
mesmo diante da vitória. Eu adoro a arte deste encerramento, tem um quê
europeu, e os filtros passam um feeling de arte experimental que é muito
bacana, lembra bastante o estilo de arte deste doujin.
01) Aku no Hana – A Last Flower (Asa-Chang)
Há controvérsias! Este encerramento, no entanto, deu arrepios e foi um tanto quanto aterrador se inserido no contexto da obra que veio a ser o anime de Aku no Hana, um caso extraordinário dentre adaptações de mangás. Para o bem ou para o mal (eu abandonei o barco antes do fim por motivos diferentes dos da maioria), o experimentalismo do diretor e o desconforto causado no público foi genial. O caso deste encerramento se adéqua ao que acabei de falar sobre encerramentos que precisam estar em sintonia com o espírito da série, se tornando em questões de feelings até mais importante que a abertura, porque ela pega o ponto em que você já está completamente entregue. É como quando você está saindo daquele demorado e fumegante banho quente e tudo o que procura é a maciez de uma toalha que acolha seu corpo nu daquele friozinho atmosférico. E não uma baldada de água fria!
Assistindo em separado, é impressionante como este
encerramento com a música ‘A Last Flower’ perde em intensidade. O
mesmo ocorre em Ga-Rei-Zero, por exemplo, que entrega um encerramento
igualmente em tela preta + créditos com uma batida intensamente enérgica. Ela
funciona muito melhor no contexto, uma vez que a série sempre terminava de modo
impactante e com uma atmosfera um tanto quanto emocional, que propiciava que
seu despertar ao que acabou de assistir ocorresse naturalmente (se bem que falar isso em um atual momento
em que dificilmente as pessoas conseguem se manter compenetradas numa série sem
ficar de 5 em 5 minutos olhando as redes sociais, pode parecer descabido). É
o mal de tudo o que é minimalista, por exigir uma imersão naquele produto para
que se entenda melhor o seu teor.
Se trata verdadeiramente de uma creepy ending, cheia de
ruídos que parecem falar sobre um grande mal brotando em seu interior. Neste
caso, a figura da flor [que simboliza o mal] crescendo até ganhar uma forma
assustadora, foi perfeitamente encaixada. A melodia exibe um tom misterioso
típico do cinema japonês de suspense/terror no qual o anime se apropria, e as
distorções remixadas revelam sobre o desconforto de um ser humano atormentado,
a confusão mental de um psicológico abalado. O encerramento minimalista com
quadro negro + créditos e somente a flor figurando ali com um olho que entrega
o aspecto voyeurístico do enredo, tem como objetivo acentuar o choque. Temos
aqui, depois de AnoHana e outros se apropriarem de canções clássicas como estas
tivessem sido feitas especialmente para as obras em questão (também já falei disso aqui no ELBR), mais um caso de
uma música que diz mais sobre a obra do que qualquer sinopse. A melodia é
triste e em sua essência o tédio e o abandono figuram como o grande vilão.
Essa de Aku no Hana é uma nova versão que o percussionista Asa
Chang fez da versão original intitulado ‘Hana” com a banda Asa-Chang &
Junray, lançado em um álbum homônimo em 2001.
Como se pode ver neste vídeo, ‘Hana’ é muito mais melódica
e depressiva que ‘A Last Flower’, que ganha contornos mais intensos e psicológicos
para causar uma vibração maior com os cliffhanges que a série propõe. Dê uma
olhada no clipe original, é bonito e diz muito sobre a letra.
Lixo
Yahari Ore no Seishun Love Come wa Machigatteiru – Hello Alone (Saori Hayami &
Nao Toyama)
É uma música até bonitinha e tal, mas que não funciona como
deve em nenhuma de suas duas versões. Elas são enérgicas e pulsantes, enquanto
o que se vê ao fundo é um cenário tedioso e estático que tenta evocar um quê romântico.
No trecho onde as seiyuus atingem as notas mais altas, começam a focar em cada
uma das personagens na história, inertes ou em poses contemplativas.
Geralmente, é onde os personagens estariam fazendo alguma dancinha coreográfica
ou correndo, é o que a música pede. Agitação, e não quadros estáticos.
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