sexta-feira, 20 de setembro de 2013

5 Luxos & 1 Lixo: Openings da Summer 2013


Final do mês, final de temporada. Vocês sabem o que isso significa?


Hora dos guias de temporadas e postagens com listas de openings e endings de animes.


Dessa vez ficou bem equilibrado, com relação a Servant X Service, Watamote, Gatcham Crownds e Shingeki no Kyojin minhas únicas dúvidas foram em qual posição colocar cada um. E verdade seja dita, os 3 primeiros citados merecem o pódio. 

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05) Gin no Saji – Kiss you (miwa)

 

Suponho que eu dizer que essa tem abertura tem um ritmo muito do gostoso seja algo que valha apenas para mim, certo? Alguém já viu o clipe? Mó gracinha. O tema é uma baladinha popzenta com versos grudentos de Kiss you anata no koto o/motto motto chikaku ni kanji tai/watashi dake mi te/Kiss you puku tto fukuran da/mune no omoi kuchibiru ni nose te tsutae tai no/dakara Kiss you e com riffs totalmente contagiantes e a abertura em si tem algo de anestesiante ao som desse tema. As sequências de dia-a-dia na fazenda e a boa fluidez de como os personagens seguem o ritmo dos riffs de ‘Kiss You’ faz parecer que aquele clima idílico seja algo inalcançável que desejamos sentir também. Como assistir propaganda Margarina. Se for assim, acho que a abertura conseguiu passar perfeitamente o feeling de Gin no Saji, uma história de um jovem que foge da cidade a fim de se reencontrar. E quando buscamos nos reencontrar, olhamos para dentro de nós mesmos. De alguma forma há uma raiz em cada um que nos leva sempre de volta à natureza como se fosse o colo de uma mãe. Por que os Campos Elíseos é um amplo jardim verde com um amplo céu azul paisagem campestre? Por que “Jardim do Eden” é referenciado ao nosso estágio mais feliz? Seguindo a lógica da abertura, até mesmo pisar na bosta de vaca parece algo extremamente agradável, mas isso é uma corrupta sensação nostálgica te enganando. Essas sensações incompreensíveis à primeira vista é um dos grandes flertes de Gin no Saji com seu público.


04) Shingeki no Kyojin – Jiyuu no Tsubasa (Linked Horizon)


Essa abertura já foi comentada pelo Critico Nippon aqui. Na época provou muita estranheza e lamento. Eu fiquei revoltada, como assim ousam retirar a mítica ‘Guren no Yumiya’? Hã? O tema e abertura virou meme e se tornou viral na internet para além da bolha otaku. Mas faz parte do mundo do marketing e a Pony Canyon, produtora da série, escalou seus artistas para dar voz às duas aberturas na promoção do single.

Jiyuu no Tsubasa é notavelmente inferior, mas encontra seu mérito na forma como a animação da abertura reflete não apenas o conteúdo da letra, mas o que é Shingeki no Kyojin em seu segundo cour. Esse tipo de coral orquestral à lá opera rock que o Queen Imortalizou é conhecido pela exaltação teatral e pelo sentimento de triunfo solene presente na melodia.  É um hino de vitória, um palco, reações exageradas que levam ao torpor, um coral em que todos elevam suas vozes expressando um mesmo sentimento. O timing do clip ao fundo com a letra e melodia são simetricamente perfeitos; cada movimento dos personagens, cada gesto, cortes e planos de câmera – sempre reagem a cada parte da letra, a cada mudança de ritmo na melodia. Por exemplo, quando é a parte do coro, o diretor corta para planos abertos e gerais, quando é um solo mais exaltado, corta para um personagem com uma postura aguerrida e feroz. Até mesmo quando a canção ganha um ritmo mais veloz, os cortes passam a ser tão rápidos que os olhos mal podem acompanhar.

Nesse sentimento, é uma abertura muito eficaz em destrinchar o segundo cour da série, tornando os eventos retratados na abertura bem óbvios para quem conhece, mas incógnitos, por mais que você atente aos pequenos detalhes (e não adianta os fãs dizerem que dá pra sacar o que vai acontecer se prestar atenção. Mentira, não dá. A não ser que você já tenha conhecimento dos eventos). Mas você sente o feeling. Inclusive com a mesma pegada teatral da primeira, dando à sequência de abertura um enfoque bem romântico ao retratar bem o que o espectador sente ao ouvir a melodia, afinal, Shingeki não é uma série boa para ser assistida passivamente, e suas aberturas seguem essa premissa. E é o que mantém a grande maioria hipnotizada por ela a cada episódio. Destaque para o enfoque nos equipamentos que dão um ritmo harmônico ao fazer uma ponte para cada sequência da abertura.

Pra fechar, Jiyuu no Tsubasa e a animação de abertura seguem uma formula de roteiro operístico (no sentido de composições dramáticas e complexas de se entender) de coros que alternam com solos vibrantes, as emoções que são tão excessivas e com enredo confuso. Bem como o anime em si.


03) Watamote - Watashi ga Motenai no wa Dou Kangaete mo Omaera ga Warui (Konomi Suzuki & Kiba of Akiba)


Sim, o nome da música de abertura de Watamote é homônimo ao título da série. A abertura simula um videoclipe rock in roll, com a vocalista atuando em um papel pré-definido, em que, não importa o que você pense a culpa dela não ser popular é totalmente sua, como deixa bem explicitado na letra. E essa vocalista é nada menos que a nossa amada e infortunada Tomoko.

WAAAAAAAAAAAA~!!!!!!!!! BOKU GA SOU IU!!!

Na estreia do anime, eu li várias pessoas questionando o porquê de uma abertura tão estilosa, em uma pegada rocker que coloca a personagem como idol pop no centro do palco.  Shin Oonuma e equipe fazem um trabalho excelente na adaptação desse mangá que faz aquilo que outras adaptações para essa mídia deixam muito a desejar: ganha vida própria e cunho autoral. Já começando pela abertura, simples de se entender em sua mensagem, mas complexa em suas contradições, refletindo no vídeo e na letra o que é ser Tomoko, o seu exterior e interior. Na letra tem trechos como “Eu sei que estou certa”, “Odeio quando me rotulam/Não quero ser como eles”, “Então apenas os ignoro/E tento viver por mim mesma”, “Algum dia serei popular?/O mundo não vai permitir!”, “Toda resistência é inútil/Anime-se/ anime-se/Seja popular/seja popular”, “É por sua culpa que não sou popular”.

A Tomoko é o retrato perfeito do otaku hardcore. Eu já convivi de perto (o mais próximo que uma verdadeira amizade no meio virtual permite) com essas peças e eles reproduzem os mesmos vícios comportamentais, e além do mais, também sou otaka e é impossível não me identificar com a Tomoko. Essa arrogância de ver o mundo, as pessoas com desdém e rotulá-las e colocar você e seu estilo de vida como algo superior é nada mais que uma fuga, uma negativa, uma forte barreira psicológica erguida para se proteger. É claro que não se resume a isso, não é tão simples, mas não estamos falando da série, mas da abertura. Nessa, Tomoko subjuga a todos se transformando numa vocalista de uma banda popular de rock. Geralmente quando fantasiamos que somos ídolos pops, ao menos quando estamos nessa nossa faixa etária, o estilo escolhido é invariavelmente rocker com suas air guitar e sua rebeldia incontida. Porque é agressivo, há uma romantização na figura trágica exposta ao showbizz (e dai, você pode perceber que ser rock in roll não é um conceito que se limita a astros do rock, mas sendo caracterizado mais pela postura).

No caso da Tomoko, é o melhor estilo musical que se adequa a uma personagem como ela. E a abertura é tão sensacional que faz uma mise en abyme; uma história dentro de uma história. É Tomoko que agora não é mais Tomoko, mas uma ídolo do showbizz em um videoclipe provocante e espalhafatoso, cheio de cores fortes que passam uma áurea de conflito psicológico, revolta, a agressividade do personagem central como o mundo e claro, as correntes, elas precisam ser quebradas. Ela está tentando, então a culpa não é dela. 


02) Gatchaman Crowds – Crowds (White Ash)



Gatcham trai todas as expectativas dos fãs da série clássica nessa releitura de Kenji Nakamura. O conceito da série original é de ‘super sentai’, e apesar de eu não a ter assistido, pela concepção da história, os personagens, seus poderes, me parece que seu sentido está na falta de sentido numa ineditíssima sátira dos seriados super sentai. Já o CROWDS extrai bem pouco do conceito de super sentai, aqui o roteiro visa às mídias sociais e tecnologia, usando o conceito de super herói como catalizador do papel de cada um na sociedade. E a abertura é extremamente eficaz em captar essa mensagem e repassá-la ao expectador ao inserir seus heróis e vilões fictícios num cenário real – essa, a maior disparidade entre a série atual e a clássica.

Lembra a de Servant x Service, com a diferença que aqui o foco é no mundo exterior onde os personagens se misturam com as pessoas comuns. Destaque para os celulares, a intervenção dos Gatchamans; personagens fantasiosos num mundo de carne e osso, a dependência, a gaiola que sinaliza uma prisão. A artificialidade na fusão entre 2D e 3D se revelou bem criativa, no sentido de que o enredo é mesmo uma grande metáfora: heróis não existem, mas estamos tão dependentes da tecnologia que não conseguimos fazer mais nada sem seu auxílio. E eu adoro a vibe punck roque da música tema, ela impulsiona a ação retratada ao fundo e passa bem o feeling contagiante do anime. Nessas ai até dá vontade de também ser um pássaro!  GATCHA!!

Ah, o vocalista da banda White Ash que canta o tema Crowds, que eu anteriormente achava que era mulher, mas na verdade é... homem; é só eu ou mais alguém também não acha que ele é muito semelhante ao personagem Ninomiya Rui do próprio Gatcham? Parece até um cosplay, e bem, não é cosplay. Ele se veste assim mesmo, parece até que foi ele quem inspirou o nosso amadinho Rui-Rui. ;)

Por falar nisso, a letra do White Ash para CROWDS é pensadamente absurda e aleatória, me disseram que o vocalista declarou que foi proposital, desconheço essa versão oficial, mas de fato soa bem pensada nesse sentido. Numa série que tem a temática da comunicação, a letra reflete diversos personagens se expressando entre primeira e terceira pessoa sobre diversos sentimentos, e cada expectador acaba a interpretando de diversas maneiras. Mais: a despeito da letra, todos curtem em unicidade a melodia. Somos tão diferentes e com pensamentos tão distintos, mas ao mesmo tempo tão parecidos. E não é sobre isso que é Gatchaman? Então desvendamos o significado de CROWDS.


01) Servant x Service - May I Help You? (Ai Kayano & Mai Nakahara & Aki Toyosaki)



A minha preferida, de um dos melhores animes da temporada. E não é apenas a minha preferida, se trata realmente de uma abertura excepcional. De certa forma, ser tão imaginativa, surpreende por ter vindo de um anime slife of life puro que geralmente seguem um certo parâmetro para aberturas. O próprio Servant x Service é de certa forma surpreendente pelo modo que desenvolve e refrigera seu enredo, faz lembrar as melhores qualidades presentes em séries como Azumanga Daioh e Yotsuba&!.

A abertura tem efeitos 3D, CGI, personagens desenhados em 2D, tudo em uma mistura insana que surpreendentemente soa harmônico. Durante a sequência você nota o contraste existente entre o verde e o vermelho, que são cores harmônicas e complementares. Os tons são opostos, mas o verde é a cor que menos muda sua tonalidade, isso faz com que ele seja realçado pelo vermelho que perde impacto ao absorver outras coisas. Entendi que a intenção nisso tudo foi chamar a atenção de objetos/coisas cotidianos na rotina (mesmo a letra de ‘May I Help You?’ é bem mundana e sem linearidade e com várias interjeições que revelam a temática de se manter positivo num ambiente opressivo do dia-a-dia) de trabalhadores num escritório/ambiente de trabalho de um modo energético.

O bacana nisso é o ambiente de trabalho ser mostrado com ações reais e seus funcionários como personagens de fantasia 2D, causando um choque quando ambas as partes entram em contato. É como se, sei lá, revelasse a natureza da série diante de nós: um ambiente de trabalho num setor público com personagens incomuns que não agem da forma que se espera em um cenário como aquele. Ai, temos uma abertura enérgica, explosiva, vibrante e principalmente harmônica. Recomenda-se que a vejam na melhor qualidade possível. 


#Lixo

Danganronpa The Animation – Never Say Never (TKDz2b feat. The 49ers)


Grande parte das aberturas provocam em mim uma letárgica indiferença, como a de Senki Zesshou Symphogear G ou mesmo aquela esteticamente bonitinha de Kimi no Iru Machi, que apesar de umas sequências agradáveis aos olhos, ela me parece um tanto quanto vazia. Hoje a maioria dos meus animes preferidos me conquistaram pela abertura sem eu ao menos saber nada sobre a série. Isso é um grande feito, embora algumas são tão enigmáticas ao olhar neófito que enganam bastante, como a clássica ‘A Cruel Angel's Thesis’ de Evangelion ou mesmo a de Elfen Lied. Dizem muito sobre suas séries, mas só para quem as conhece.

Por outro lado, também dou valor àquelas aberturas que conseguem provocar alguma emoção em mim, mesma que negativa, como essa de Danganganganganronpa. Em suas adaptações de games, Seiji Kishi adora fazer reminiscências às aberturas originais, às vezes funciona, outras vezes nem tanto. Como essa aqui, se comparada a original, ficou pobre. Por si só também é pobre e revela um trabalho meio preguiçoso. Na original, trabalham muito com texturas e relevos que apesar de ser a típica abertura de game, possui um raciocínio interessante por trás. Essa é basicamente CG’s com uma imagem girando sob os créditos, mais uns filtros pra soar cool. Não há nada acontecendo ao fundo, é só aleatoriedade sem que isso signifique alguma coisa. Mas o single ‘Never Say Never’ é danado de bão, vou baixar! E há uma versão alternativa, ‘Monokuma Ondo’, cantada num estilo enka. 


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