Final do mês, final de temporada. Vocês sabem o que isso
significa?
Dessa vez ficou bem equilibrado, com relação a Servant X
Service, Watamote, Gatcham Crownds e Shingeki no Kyojin minhas únicas dúvidas
foram em qual posição colocar cada um. E verdade seja dita, os 3 primeiros
citados merecem o pódio.
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05) Gin no Saji – Kiss you (miwa)
Suponho que eu dizer que essa tem abertura tem um ritmo
muito do gostoso seja algo que valha apenas para mim, certo? Alguém já viu o clipe? Mó gracinha. O tema é uma baladinha popzenta
com versos grudentos de Kiss you anata no koto o/motto motto chikaku
ni kanji tai/watashi dake mi te/Kiss you puku tto fukuran da/mune no omoi
kuchibiru ni nose te tsutae tai no/dakara Kiss you e com riffs totalmente
contagiantes e a abertura em si tem algo de anestesiante ao som desse tema. As
sequências de dia-a-dia na fazenda e a boa fluidez de como os personagens seguem
o ritmo dos riffs de ‘Kiss You’ faz parecer que aquele clima idílico seja algo inalcançável
que desejamos sentir também. Como assistir propaganda Margarina. Se for assim,
acho que a abertura conseguiu passar perfeitamente o feeling de Gin no Saji,
uma história de um jovem que foge da cidade a fim de se reencontrar. E quando
buscamos nos reencontrar, olhamos para dentro de nós mesmos. De alguma forma há
uma raiz em cada um que nos leva sempre de volta à natureza como se fosse o
colo de uma mãe. Por que os Campos Elíseos é um amplo jardim verde com um amplo
céu azul paisagem campestre? Por que “Jardim do Eden” é referenciado ao nosso
estágio mais feliz? Seguindo a lógica da abertura, até mesmo pisar na bosta de
vaca parece algo extremamente agradável, mas isso é uma corrupta sensação
nostálgica te enganando. Essas sensações incompreensíveis à primeira vista é um
dos grandes flertes de Gin no Saji com seu público.
04) Shingeki no Kyojin – Jiyuu
no Tsubasa (Linked Horizon)
Essa abertura já foi comentada pelo Critico Nippon aqui. Na
época provou muita estranheza e lamento. Eu fiquei revoltada, como assim ousam retirar a mítica ‘Guren no Yumiya’? Hã? O tema e abertura virou meme e se tornou
viral na internet para além da bolha otaku. Mas faz parte do mundo do marketing
e a Pony Canyon, produtora da série, escalou seus artistas para dar voz às duas
aberturas na promoção do single.
Jiyuu no Tsubasa é notavelmente inferior, mas encontra seu
mérito na forma como a animação da abertura reflete não apenas o conteúdo da
letra, mas o que é Shingeki no Kyojin em seu segundo cour. Esse tipo de coral
orquestral à lá opera rock que o Queen Imortalizou é conhecido pela exaltação
teatral e pelo sentimento de triunfo solene presente na melodia. É um hino de vitória, um palco, reações
exageradas que levam ao torpor, um coral em que todos elevam suas vozes
expressando um mesmo sentimento. O timing do clip ao fundo com a letra e
melodia são simetricamente perfeitos; cada movimento dos personagens, cada
gesto, cortes e planos de câmera – sempre reagem a cada parte da letra, a cada
mudança de ritmo na melodia. Por exemplo, quando é a parte do coro, o diretor
corta para planos abertos e gerais, quando é um solo mais exaltado, corta para
um personagem com uma postura aguerrida e feroz. Até mesmo quando a canção
ganha um ritmo mais veloz, os cortes passam a ser tão rápidos que os olhos mal
podem acompanhar.
Nesse sentimento, é uma abertura muito eficaz em destrinchar
o segundo cour da série, tornando os eventos retratados na abertura bem óbvios
para quem conhece, mas incógnitos, por mais que você atente aos pequenos
detalhes (e não adianta os fãs dizerem
que dá pra sacar o que vai acontecer se prestar atenção. Mentira, não dá. A não
ser que você já tenha conhecimento dos eventos). Mas você sente o feeling.
Inclusive com a mesma pegada teatral da primeira, dando à sequência de abertura
um enfoque bem romântico ao retratar bem o que o espectador sente ao ouvir a
melodia, afinal, Shingeki não é uma série boa para ser assistida passivamente,
e suas aberturas seguem essa premissa. E é o que mantém a grande maioria
hipnotizada por ela a cada episódio. Destaque para o enfoque nos equipamentos
que dão um ritmo harmônico ao fazer uma ponte para cada sequência da abertura.
Pra fechar, Jiyuu no Tsubasa e a animação de abertura seguem
uma formula de roteiro operístico (no
sentido de composições dramáticas e complexas de se entender) de coros que
alternam com solos vibrantes, as emoções que são tão excessivas e com enredo
confuso. Bem como o anime em si.
03) Watamote - Watashi ga
Motenai no wa Dou Kangaete mo Omaera ga Warui (Konomi Suzuki & Kiba of
Akiba)
Sim, o nome da música de abertura de Watamote é homônimo ao
título da série. A abertura simula um videoclipe rock in roll, com a vocalista
atuando em um papel pré-definido, em que, não importa o que você pense a culpa
dela não ser popular é totalmente sua, como deixa bem explicitado na letra. E
essa vocalista é nada menos que a nossa amada e infortunada Tomoko.
WAAAAAAAAAAAA~!!!!!!!!! BOKU GA SOU IU!!!
Na estreia do anime, eu li várias pessoas questionando o porquê
de uma abertura tão estilosa, em uma pegada rocker que coloca a personagem como
idol pop no centro do palco. Shin Oonuma e equipe fazem um trabalho excelente na adaptação desse mangá que faz aquilo
que outras adaptações para essa mídia deixam muito a desejar: ganha vida
própria e cunho autoral. Já começando pela abertura, simples de se entender em
sua mensagem, mas complexa em suas contradições, refletindo no vídeo e na letra
o que é ser Tomoko, o seu exterior e interior. Na letra tem trechos como “Eu
sei que estou certa”, “Odeio quando me rotulam/Não quero ser como eles”,
“Então
apenas os ignoro/E tento viver por mim mesma”, “Algum dia serei popular?/O mundo
não vai permitir!”, “Toda resistência é inútil/Anime-se/
anime-se/Seja popular/seja popular”, “É por sua culpa que não sou
popular”.
A Tomoko é o retrato perfeito do otaku hardcore. Eu já
convivi de perto (o mais próximo que uma
verdadeira amizade no meio virtual permite) com essas peças e eles
reproduzem os mesmos vícios comportamentais, e além do mais, também sou otaka e
é impossível não me identificar com a Tomoko. Essa arrogância de ver o mundo,
as pessoas com desdém e rotulá-las e colocar você e seu estilo de vida como
algo superior é nada mais que uma fuga, uma negativa, uma forte barreira
psicológica erguida para se proteger. É claro que não se resume a isso, não é
tão simples, mas não estamos falando da série, mas da abertura. Nessa, Tomoko
subjuga a todos se transformando numa vocalista de uma banda popular de rock.
Geralmente quando fantasiamos que somos ídolos pops, ao menos quando estamos
nessa nossa faixa etária, o estilo escolhido é invariavelmente rocker com suas
air guitar e sua rebeldia incontida. Porque é agressivo, há uma romantização na
figura trágica exposta ao showbizz (e
dai, você pode perceber que ser rock in
roll não é um conceito que se limita a astros do rock, mas sendo
caracterizado mais pela postura).
No caso da Tomoko, é o melhor estilo musical que se adequa a
uma personagem como ela. E a abertura é tão sensacional que faz uma mise en
abyme; uma história dentro de uma história. É Tomoko que agora não é mais
Tomoko, mas uma ídolo do showbizz em um videoclipe provocante e espalhafatoso,
cheio de cores fortes que passam uma áurea de conflito psicológico, revolta, a
agressividade do personagem central como o mundo e claro, as correntes, elas
precisam ser quebradas. Ela está tentando, então a culpa não é dela.
02) Gatchaman Crowds – Crowds (White Ash)
Gatcham trai todas as expectativas dos fãs da série clássica
nessa releitura de Kenji Nakamura. O conceito da série original é de ‘super
sentai’, e apesar de eu não a ter assistido, pela concepção da história, os
personagens, seus poderes, me parece que seu sentido está na falta de sentido
numa ineditíssima sátira dos seriados super sentai. Já o CROWDS extrai bem
pouco do conceito de super sentai, aqui o roteiro visa às mídias sociais e
tecnologia, usando o conceito de super herói como catalizador do papel de cada
um na sociedade. E a abertura é extremamente eficaz em captar essa mensagem e
repassá-la ao expectador ao inserir seus heróis e vilões fictícios num cenário
real – essa, a maior disparidade entre a série atual e a clássica.
Lembra a de Servant x Service, com a diferença que aqui o
foco é no mundo exterior onde os personagens se misturam com as pessoas comuns.
Destaque para os celulares, a intervenção dos Gatchamans; personagens
fantasiosos num mundo de carne e osso, a dependência, a gaiola que sinaliza uma
prisão. A artificialidade na fusão entre 2D e 3D se revelou bem criativa, no
sentido de que o enredo é mesmo uma grande metáfora: heróis não existem, mas
estamos tão dependentes da tecnologia que não conseguimos fazer mais nada sem
seu auxílio. E eu adoro a vibe punck roque da música tema, ela impulsiona a
ação retratada ao fundo e passa bem o feeling contagiante do anime. Nessas ai
até dá vontade de também ser um pássaro!
GATCHA!!
Ah, o vocalista da banda White Ash que canta o tema Crowds,
que eu anteriormente achava que era mulher, mas na verdade é... homem; é só eu
ou mais alguém também não acha que ele é muito semelhante ao personagem Ninomiya Rui do próprio Gatcham? Parece até um cosplay, e bem, não é cosplay. Ele se
veste assim mesmo, parece até que foi ele quem inspirou o nosso amadinho
Rui-Rui. ;)
Por falar nisso, a letra do White Ash para CROWDS é
pensadamente absurda e aleatória, me disseram que o vocalista declarou que foi
proposital, desconheço essa versão oficial, mas de fato soa bem pensada nesse
sentido. Numa série que tem a temática da comunicação, a letra reflete diversos
personagens se expressando entre primeira e terceira pessoa sobre diversos
sentimentos, e cada expectador acaba a interpretando de diversas maneiras.
Mais: a despeito da letra, todos curtem em unicidade a melodia. Somos tão
diferentes e com pensamentos tão distintos, mas ao mesmo tempo tão parecidos. E
não é sobre isso que é Gatchaman? Então desvendamos o significado de CROWDS.
01) Servant x Service - May I Help You? (Ai
Kayano & Mai Nakahara & Aki Toyosaki)
A minha preferida, de um dos melhores animes da temporada. E
não é apenas a minha preferida, se trata realmente de uma abertura excepcional.
De certa forma, ser tão imaginativa, surpreende por ter vindo de um anime slife
of life puro que geralmente seguem um certo parâmetro para aberturas. O próprio
Servant x Service é de certa forma surpreendente pelo modo que desenvolve e
refrigera seu enredo, faz lembrar as melhores qualidades presentes em séries
como Azumanga Daioh e Yotsuba&!.
A abertura tem efeitos 3D, CGI, personagens desenhados em
2D, tudo em uma mistura insana que surpreendentemente soa harmônico. Durante a
sequência você nota o contraste existente entre o verde e o vermelho, que são
cores harmônicas e complementares. Os tons são opostos, mas o verde é a cor que
menos muda sua tonalidade, isso faz com que ele seja realçado pelo vermelho que
perde impacto ao absorver outras coisas. Entendi que a intenção nisso tudo foi
chamar a atenção de objetos/coisas cotidianos na rotina (mesmo a letra de ‘May I Help You?’ é bem mundana e sem linearidade e
com várias interjeições que revelam a temática de se manter positivo num
ambiente opressivo do dia-a-dia) de trabalhadores num escritório/ambiente
de trabalho de um modo energético.
O bacana nisso é o ambiente de trabalho ser mostrado com
ações reais e seus funcionários como personagens de fantasia 2D, causando um
choque quando ambas as partes entram em contato. É como se, sei lá, revelasse a
natureza da série diante de nós: um ambiente de trabalho num setor público com
personagens incomuns que não agem da forma que se espera em um cenário como
aquele. Ai, temos uma abertura enérgica, explosiva, vibrante e principalmente
harmônica. Recomenda-se que a vejam na melhor qualidade possível.
#Lixo
Danganronpa The Animation – Never Say Never (TKDz2b
feat. The 49ers)
Grande parte das aberturas provocam em mim uma letárgica indiferença,
como a de Senki Zesshou Symphogear G ou mesmo aquela esteticamente bonitinha de
Kimi no Iru Machi, que apesar de umas sequências agradáveis aos olhos, ela me
parece um tanto quanto vazia. Hoje a maioria dos meus animes preferidos me
conquistaram pela abertura sem eu ao menos saber nada sobre a série. Isso é um
grande feito, embora algumas são tão enigmáticas ao olhar neófito que enganam
bastante, como a clássica ‘A Cruel Angel's Thesis’ de Evangelion ou mesmo a de Elfen Lied. Dizem muito sobre suas séries, mas só para quem as conhece.
Por outro lado, também dou valor àquelas aberturas que
conseguem provocar alguma emoção em mim, mesma que negativa, como essa de Danganganganganronpa.
Em suas adaptações de games, Seiji Kishi adora fazer reminiscências às
aberturas originais, às vezes funciona, outras vezes nem tanto. Como essa aqui,
se comparada a original, ficou pobre. Por si só também é pobre e revela um
trabalho meio preguiçoso. Na original, trabalham muito com texturas e relevos
que apesar de ser a típica abertura de game, possui um raciocínio interessante
por trás. Essa é basicamente CG’s com uma imagem girando sob os créditos, mais uns
filtros pra soar cool. Não há nada acontecendo ao fundo, é só aleatoriedade sem
que isso signifique alguma coisa. Mas o single ‘Never Say Never’ é danado de
bão, vou baixar! E há uma versão alternativa, ‘Monokuma Ondo’, cantada num
estilo enka.
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