Pra fechar o mês, por que não uma série recente? E por que não com a série mais discutida do ano? E por que não um mangá? E por que não o azarão, Marco?
Porque sim. Em uma cena que define bem o mundo de uma série em que seus personagens são gados.
Agora que o anime de Shingeki no Kyojin chegou ao fim, eu
comecei a ler o mangá desde o começo, e estou bastante feliz por ter optado
pela leitura em maratona após ter assistido praticamente tudo, discutido as
várias cenas emblemáticas junto a todos e absorvido melhor o que vi, porque ler
já sabendo o que virá pela frente faz com que eu fique muito mais sensível às
diversas situações e detalhes que eu deixei passar despercebido no calor do
momento. E mais: pegar essas nuances é bem legal. Shingeki tem mesmo uma
narrativa seca sem valorização extrema do drama, embora o que se veja ao fundo
junto ao contexto já seja chocando o suficiente. Não sei até que ponto a trilha
sonora me influenciou na leitura, mas apesar disso tudo que acabei de falar,
para mim, foi uma leitura quente. A trilha sonora ficar ressoando na minha
mente a cada página e eu relembrando cenas do anime me ajudou a relevar vários
probleminhas com relação à arte e narrativa visual.
Mas o ponto que quero destacar aqui são os [criticados] personagens.
Com um background melhor desenvolvido no mangá, sem fatiação de diversas
pequenas cenas que acrescentam à dinâmica do grupo, mesmo que não sejam
personagens humanizados, com exceção de Jean e Marco, eles têm bastante
carisma. Teve muitas páginas que causaram emoções diversas em mim, entre a
empatia (como aquele capítulo do Armin,
Eren e Mikasa nas plantações em que ele se levanta colorizado) e
principalmente risos e mais risos e gargalhadas infinitas (principalmente nas caretas e bocas do demente do Eren e até da paixão
cega da Mikasa por ele). Além de Conny e Sasha serem uns bobos simpáticos que
passam muita energia, ver todo o elenco interagindo no longo flashback do
volume 4 foi incrível, melhor do que no anime. Sasha, que no anime eu achava
não passar de uma cabeça oca que só servia para cenas de efeito pastelão, fala,
sente, brinca com os demais, é enturmada, ela conversa... uau!, todos amam ela (... acho), e achei bem justificado
pelo fato dela ser aquela pessoa que interage com todas panelinhas nos círculos
de amizade. A química entre Eren e Jean é excelente e dá pra notar o momento
exato onde inimizade se transforma em pura rivalidade típica entre duas pessoas
que se compreendem e competem entre si.
Calma, vou chegar no tópico do post. Tudo isso pra contextualizar
o ambiente e dizer que o ponto alto desse volume, é o último capítulo do
flashback, em que estão todos enturmados, rindo, zoando um ao outro – e nesse
momento, estava tão divertido acompanhar essa dinâmica entre todos, que eu até
que me esqueci do que é feito Shingeki no Kyojin. Mais parecia o cenário de
school life de um mangá que carrega o lema de companheirismo e superação. Mas
ai, o ponto bacana que torna essa sequência do flashback muito mais impactante
no mangá que no anime, ao meu ver, é o fato da transição entre tempo linear e
flashback acontecer de modo escrotamente abrupto. Em determinado momento Marco
vai ganhando destaque na narrativa, com um tipo de construção similar a de Jean,
um diálogo bacana e então corta para o tempo presente...
... Assim, do nada! Puta que pariu! Eu já sabia de sua morte,
mas essa sequência me pegou de surpresa e me deixou um pouco reflexiva, ao
ponto de eu me identificar no choque de Jean, afinal, foi tão seco, tão
abrupto, tão sem sentimento, tão feio, inesperado, que chega a ser
desconcertante. Numa página ele tá sorrindo, e na outra, estraçalhado. É como
você ver um tumulto, se aproximar, e então notar que no centro há corpo de um
conhecido que acabara de falar não faz tanto tempo. Você sabe que a morte virá
para todos, mas nunca espera que seja com aqueles que lhe são próximos,
principalmente numa morte sem qualquer beleza (do tipo, ele morreu para salvar uma criancinha). É uma bela cena,
e bem construída, mostrando que a tragédia para ser compreendida só precisa de
um bom cenário construído, e a construção de mundo da série é sem dúvidas o melhor aqui, afinal, o mundo é o personagem principal. A sequência dela é de um romantismo incrível (logo abaixo, mas que só funciona no
contexto), então é a cena do mês. Infelizmente, para Shingeki, é uma
construção que só funciona bem na mídia impressa, o que justifica a reconstrução
dessa sequência no anime, que se saiu bem, mas ai é outro tópico.
Fonte das imagens do mangá: Bizarre Scans
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