Vamos falar um pouco sobre aspectos técnicos e porque
episódios assim quase me fazem perder a fé em desenhos chineses.
Sei que é ingenuidade minha, mas eu gosto sempre de
acreditar que é possível! Yaay! Essas coisas motivadoras. Então abdiquei de
qualquer critica no texto anterior por pensar que talvez este episódio pudesse
surpreender, justificando não apenas o argumento da série rumo a um desfecho
não tão ruim, mas também essa trama de retorno ao passado e reencontro com o mítico
Galilei.
É uma pena, mas infelizmente não foi o caso. Essa viagem ao
passado não significou nada para a trama ou para o enredo em si, a não ser
reafirmar o caráter baunilha e superficial de Hozuki, o que devo dizer, foi
desnecessário. Oras, durante 22 minutos e alguns segundos, não há nenhum
desenvolvimento real, seja por parte dos personagens ou da trama, a não ser
diálogos expositivos que fizeram mais efeito sonífero em mim que qualquer
remédio tarja preta.
Contudo, há quem poderá argumentar que se não fosse por
Hozuki, Galilei não teria chegado aos resultados práticos de sua teoria mais
importante (o heliocentrismo – e ai eu
pergunto: como isto se liga em importância para o desfecho em uma obra que é
pura fantasia?) e que isto afetou o desfecho da obra e o hipotético final
feliz onde o mundo é salvo, tsc, por Hozuki. Mas nááááh, pura bobagem! Na
história isto não passa de um argumento vazio, sem qualquer esforço do roteiro
ou da direção em preencher este balão
argumentativo com ideias e ações que realmente importem e façam a história se
mover cineticamente sem dar a impressão de que certos acontecimentos só estão
lá por serem marcações importantes estabelecidos ainda na fase de rascunhos. Ou
seja, é como se a história estivesse no automático, sem inventividade. O que
não é surpresa, desde sempre que Galidon é uma história só reproduz a formula com esparsos lampejos criativos.
É apenas patética a tentativa de criar um clímax emocional
[e pseudamente romântico] em torno de
dois personagens que não dizem nada – um desses sendo apresentado há um
episódio e sem função especifica a não ser se amparar na imagem já formada do
real personagem histórico no inconsciente popular, o que nada mais é que uma
escrita preguiçosa e talvez sem talento. Além de outra personagem que por mais
que seja a real protagonista, não passa de uma casca vazia. Ausência de sentidos mais amplos que não os elementos da intenção de uma obra. Com pensar, "vou criar uma história sobre uma boneca de pano em um sitio repleto de criaturas fantásticas" - o que vem depois são lacunas que devem ser preenchidas que tornem o argumento consistente.
Ainda que tivéssemos um desenho de storyboard imaginativo o
suficiente para criar um cenário bonito, o que nem é o caso, usar de efeitos
sonoros melódicos para exaltar um laço emocional entre Hozuki e Galilei não é
só forçado/pedante e sem qualquer sensibilidade, mas também amador. Mostra que
o diretor ou desconhece que isto é ineficaz ou está menosprezando a
capacidade de quem assiste. Nessa cena eu senti vontade de avançar o play, mas
resisti!
Como estou sempre pontuando por aqui, tudo que envolve
emoção precisa fluir com naturalidade, a não ser em casos específicos, como por
exemplo, o controverso recurso de shock value (em tradução literal; ‘valor do choque’, o que podemos dizer que tal
coisa acontece só pela graça de fazer chocar, de criar sentimentos repulsivos
no alvo, deixa-lo chocado/irritado, fazê-lo sentir o drama na pele, aee rapá! Elfen Lied é uma obra de shock value, exemplo máximo do gênero na animação). Não
adianta você colocar uma personagem suspirando para a lua por 10 episódios e em
1 especifico, simplesmente criar uma mise-en-scène emocional romatizada, porque
é ineficaz como recurso dramático e vai soar antinatural. Os sentimentos dos
personagens precisam dialogar de alguma forma com a pessoa que está consumindo
aquela obra, seja com ele odiando ou amando tal personagem, tal conflito, ideologia,
etc. e etc. Isto se faz presente mesmo em obras problemáticas (ou que você talvez considere como ruins),
o que mostra ser uma habilidade elementar em qualquer um que se se propõe a
criar mundos com a sua imaginação. O que vemos projetados numa tela são sonhos
que não passam de um reflexo sem limites da realidade, assim como os sonhos que
sonhamos quando dormimos.
Enfim, recapitulando: esse episódio falhou no clímax dramático,
nas ações dramáticas, no desenvolvimento dos personagens, na motivação da
trama, podendo ser resumido em pouco mais de 20 minutos de diálogos expositivos
que apenas reafirmam valores já conhecidos por nós (tanto de Galileu, quanto de Hozuki, quanto do enredo em si – ou vai me
dizer que “aprendeu” alguma coisa nova com este episódio?), que NÃO
acrescentaram NADA de substancial à história. Uma aula de como não escrever roteiros
[e de péssima perspectiva de direção]. Só não supera Robotics;Notes no
conjunto da obra, porque perolas assim não surgem todo o ano, mas se situa tranquilamente
entre os episódios mais estúpidos que assisti dos últimos 2 anos ao lado de
pérolas como alguns do próprio Robotics;Notes, Sword Art Online e o majestoso Total Eclipse. Alguns apontarão e dirão em uníssono “Coooooppelion”, mas eu não sei
nada sobre Coppelion, já esqueci tudo dos dois episódios que vi! Memória
seletiva, sabem como é!
Oky, Galilei Donna poderia se resumido em um longa metragem de pouco mais de 90 minutos sem qualquer perda. De tudo que aconteceu até aqui,
há pouco coisa de fato significativa. Se eu tivesse um pingo de amor próprio ao
meu tempo livre, pararia por aqui, mas como não é o caso, eu tenho que ver o
desfecho e só a morte me impedirá! Embora deva dizer que imagino como será. Dito
isto, não acho que valha a pena discutir aspectos científicos em Galilei Donna,
isso ficou bem claro a partir do segundo episódio ;)
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
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-O que seria isso?, uma jujuba japonesa?
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