segunda-feira, 7 de abril de 2014

Primeiras Impressões da Temporada de Primavera [Parte 2]

Continuando a rodada com as impressões dos novos animes da temporada. Dessa vez com Haikyuu!!, Gokukoku no Brynhildr e Jojo.
Haikyuu!! – Production I.G.
De todas as [poucas] estreias que assisti até aqui, essa é de longe a melhor. A mais pulsante, a melhor versada. Isto foi sensacional. Confesso que não estava nos meus planos iniciais, mas todos comentavam tão bem que fui conferir e saí apaixonada. Há algo em animes de esportes, que quase sempre me deixa emocionada. Algo sobre a persistência frente aos desafios que se mostram gigantescos. A persistência de Shoyo (Ayumu Murase) é tão tocante que quase me fez chorar. Literalmente, falando. Fiquei emocionada na sequência de flashbacks que mostravam sua escalada para realizar o grande sonho de sua vida. A cena em que enfocam suas mãos vermelhas de tanto nocautear a bola de vôlei é muito linda, assim como os diversos cortes onde ele está ora treinando sozinho ora sendo ridicularizado. “Vou ser o time de um homem só”. É tão ingênuo da parte dele, mas é sua força de vontade, dedicação e senso de confiança no fruto do seu esforço, que nos motiva a torcer por ele. A animação está muito bonita, com uma ótima integração 2D + CG e alguns efeitos visuais imersivos; me apaixonei pela cena em que sua imagem se misturam com a de uma ave com suas largas asas. A referencia visual foi bem usada para conotar sua habilidade de voar alto mesmo sendo pequeno.

Vale destacar que a rivalidade entre Shoyo e Tobio (Kaito Ishikawa) é uma fórmula batida, mas o modo como a narrativa vai estreitando essa relação de opostos que se atraem por uma paixão em comum é outro ponto alto que tornam este episódio redondinho e uma ótima estreia.  Apresentou a motivação do protagonista, a tornou crível e relacionável, estabeleceu uma rivalidade, desafios, um duelo, a longa jornada e terminou num nada surpreendente mas impactante ponto de inicio para esta jornada. Tudo isso através uma sincronizada e dinâmica linha temporal. Simples, efetivo, fez tudo direitinho. Em suma, eu gostei, mas gostei ainda mais do character design.
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Gokukoku no Brynhildr (Brynhildr in the Darkness) – ARMS
E ai, você já consegue escrever “Gokukoku no Brynhidr” sem copiar? Costumam brincar chamando essa série de Elfen Lied 2, e verdade seja dita as duas séries tem premissas muito similares, eu mesma na época do lançamento do mangá traçei muitas semelhanças. Realmente há muita similaridade, tal qual fez Sakae Esuno em sua nova obra, que é praticamente um Mirai Nikki 2. Mas vai aqui uma verdade: quem esperar Elfen Lied 2 provavelmente irá se decepcionar porque Gokukoku tem peculiaridades distintas, como ser mais leve e a violência atenuada, embora continue melodramatico. Gosto bastante da personalidade forte do Murakami (Ryota Ohsaka), e mesmo não sendo tão fã da Kuroneko (Risa Taneda), ela é construída de uma forma que justifica muito de sua ingenuidade e “ignorância”. Quanto ao anime, foi uma estreia morna e não despertou muita emoção, mas para quem está conhecendo agora, provavelmente a história consigo despertar a curiosidade de alguns, apesar da direção não ter feito muito para tornar o anime atraente. Faltou uma melhor vivacidade na direção do storyboard para dar um melhor impacto a determinadas sequências pontuais. Em uma produção com animação tão baixa e que segue a característica de adaptação padrão, imagino que isso irá permear todo o anime. Particularmente, acho que a inclusão do prologo teria sido benéfico para a narrativa, principalmente porque uma de suas características é a de estar sempre correndo contra o tempo. Faltou este tom grave para estabelecer a tensão que permeia boa parte da obra. Como primeiro episódio, deixa muito a desejar como apresentação, falhando em apontar muito do potencial da história. Enfim, devo comentá-lo semanalmente ou ao menos, determinados episódios para opinar sobre a história, a não ser que eu pare de ver até lá! 
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Jojo continua sendo Jojo e já começa explosivo, mas mesmo Jojo também precisa introduzir sua audiência à nova história que pretende contar. E faz isso muito bem. Jotaro Kujo (Daisuke Ono) se mostrou deliciosamente escroto, ainda que por trás dessa pinta de bad boy na verdade esteja escondido um coração de ouro e um largo senso de justiça. É o que deu a entender, e bem, ele é um Joestar, é preciso de algo que o diferencie de Dio (Takehito Koyasu)! Oh, o Dio Brando (até seu nome soa como de personagem de novela mexicana)! Este adorável pulha está de volta, e agora, com um oponente que não é o bunda mole do Jonathan Joestar (Kazuyuki Okitsu), me pergunto o quão bem eles podem funcionar como força antagônica. Espero que Dio continue pronunciando “Joooooojoooo” com aquele seu sotaque sarcástico. Já o esquema de trazer Dio de volta é bem vindo, apesar da justificativa dada na história ser tão rasa que parece ter sido tirada do rabo. Assim como a maioria dos retornos que acontecem em histórias de super heróis, detetives, de terror, etc. Fico me perguntando como acontece essas decisões, então vamos imaginar um diálogo entre o autor original e seu editor:

Editor: Já pensou no argumento para o próximo arco?
Autor: Ainda não cheguei a uma conclusão...
Editor: Que tal trazer o Dio de volta? Ele é popular e até agora, o melhor antagonista.
Autor: Mas eu matei ele e não sobrou ninguém vivo no local, nem teve tempo hábil para se fazer qualquer coisa...
Editor: Isso não importa, nunca ouviu falar em Deus Ex-Machina? Além disso JoJo no Kimyo na Boken tem essa característica satírica e nonsense, importante é que seja épico e GAARR, e os leitores curtirão!
Autor: Eu sou um gênio por ter criado uma obra com tantas aberturas!!!11 MUAUHAHAHAHAA *gasp*

Não é exatamente um problema, mesmo Kill la Kill utiliza bastante deste recurso. É válido. Mas ainda assim, acho engraçado. Voltando aos personagens, tenho a impressão de que Joseph ficou bem melhor como um velhinho GAAARR à lá Indiana Jones, e seu conflito com Jotaro foi algo divertido de assistir, sendo aparentemente ele o único que ainda consegue bater de frente com o garoto, ainda que pela força. Com uma mãe como a Holy (Reiko Takagi), não é de se surpreender essa sua personalidade, huehueuhheue. Ela, que aliás, se cenicamente foi fabulosa como cabeça oca, mãe amorosa acrítica e filha mimada. Se fosse uma atriz, cenicamente o destaque interpretativo seria dela.

Dizem que cada parte do mangá tem uma característica diferente, assim como o forte contraste entre a primeira e segunda parte do anime. É de se esperar que o anime continue mantendo isso, apesar de eu não ter notado a principio uma diferença notável entre Stardust Crusaders e Battle Tendency, só mesmo a fisionomia e desenho dos personagens. A animação continua extremamente limitada, mas compensa pelo apurado visual. Provavelmente, as partes de batalha apresentarão uma melhor desenvoltura em termo de fluidez. A composição desse primeiro episódio segue uma esquemática de estilização similar à de Phantom Blood, em muitos momentos os personagens parecem recortes no cenário, e vou dizer que meus olhos gostaram, mas é porque eu gosto dessa áurea teatral e acho que se encaixa bem na obra. Muito CG também a saltar os olhos, que apesar de resultar em cenas estranhas como quando as grades se abrem ou quando o cenário CG assume uma ótica de câmera subjetiva, não chega a ser ruim. É bem integrado, acontece que, CG em movimento por melhor que seja está distante de enganar os olhos tamanha a sua perfeição. O que é paradoxal. 

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