Tentaram amarrar as pontas e dar um desfecho satisfatório
para a história. A intenção é boa, mas de boas intenções o inferno está cheio.
É claro que tentar cobrir um arco tão longo e tão cheio de informações fundamentais
para o enredo em dois episódios dificilmente iria resultar em algo sólido e
conciso. Para conseguirem cobrir o clímax em apenas um episódio, as ações dos
personagens e eventos são simplificadas ao máximo, além da ordem das ações e
até personagens serem trocadas e preenchimentos originais para dar ligação aos
buracos. O resultado disto tudo é informações que dão embasamento para as ações
que ocorrem serem suprimidas, refletindo diretamente na fragilidade do
argumento da história e motivação dos personagens.
Ou seja: o conflito dramático dos personagens não convence,
soa abrupto e sem qualquer senso de densidade ou profundidade mínima. É preciso
muita da boa vontade de quem está vendo para que consiga sentir tudo o que
ocorre aos personagens neste episódio. O roteiro é terrível, uma das piores
coisas escritas no ano, chegando ao cumulo da redundância e canastrice (Mako com Chisato ou o próprio surto e psicológico
dela, as reações do Murakami, etc.). Além disso, toda a história é
tremendamente mal explicada e personagens agindo de uma forma que não fazem
muito sentido (alguém realmente
conseguiu compreender de boas o lance da Kana?).
Claro, são os efeitos inevitáveis de ter que correr com o
material adaptado e tentar cobrir mais do que consegue, modificando aqui e ali
para atingir o objetivo. A história é levada de uma forma em que sua essência,
ainda que simplificada, é compreensível: pessoas megalomaníacas brincando de
Deus e pessoas agindo por seus próprios interesses + correria + vamos salvar o
mundo e nossos amigos preciosos = good ending. Mas o resultado final consegue
ser abaixo do desastroso – talvez até mesmo para quem estava gostando do anime
desde o inicio.
Incialmente eu gostava da ideia de encerrar naquele que é considerado
por muitos o melhor arco do mangá, mas foi gradualmente se mostrando uma
escolha infeliz. Vou dizer o que eu acho, particularmente, que poderia ter
tornado Gokukoku no Brynhildr ao menos uma série mediana, ao invés de um lixo
tóxico: ter equilibrado a parcela de slice of life do anime com as sequências
de ação – que as pessoas estavam curtindo – introduzindo mais cedo diversos
personagens importantes para o arco das Valquírias e investir mais episódios
neste arco em si. Ficaria corrido ainda assim? Obviamente! Mas certamente seria
minimamente mais interessante e com um pouco mais de contexto do que
simplesmente jogar informações de mais de 30 capítulos em 2 episódios.
Também tenho outra alternativa: Continuar investindo no
fator cotidiano da série [slice of life] e fanservice, encerrando a série no
arco da Kazumi, ao invés de tentar abranger as Valquírias. Entendo a ambição do
planejamento criativo do anime em querer fechar a história ai, afinal, é o arco
mais propício para se fechar uma história de forma impactante com um bom clímax
dramático, mas da forma como a série foi estruturada o desfecho foi catastrófico
(se permitem este duplo sentido). Abaixo
da média da própria série.
Como comentei no post do episódio 11, adaptar é necessário e
as modificações inevitáveis. Lá eu elogiei porque fez sentido naquele contexto,
mas fazer todo o processo de adaptação e alterar o original para que ela faça
sentido na nova mídia não significa que se vai conseguir alcançar este objetivo
e que o resultado será bom. É preciso olhar o material como um todo e o
planejamento de Gokukoku no Brynhildr olhado por este prisma é inconsistente. Sem
contar a animação, interpretação do cast e etc. O Gif acima resume tudo. De
certa forma, a adaptação acaba sendo vitima também de uma produção pobre e em
tais condições, querer um enredo que foque mais na ação numa situação dessas
talvez seja pedir demais. Ai que entra o bom senso de um planejamento criativo,
que neste caso, não acertou.
Minha reação ao episódio:
Nota final: 03/10
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