Pitacos sobre o primeiro episódio de algumas estreias.
Aos moldes do que fiz na temporada passada, vou comentar sobre algumas estreias que assisti. Dessa vez vou colocar um sinal de positivo (verde) e negativo (vermelho), indicando quais planejo continuar vendo e quais aqueles estou largando... ao menos por enquanto. E avaliação isolada do episódio.
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A série retorna com os elementos comuns em seus episódios;
subversão [dessa vez aos seus próprios conceitos], experimentalismo e
referências diversas à ícones pops somados em direção, roteiro, storyboard e
animação que privilegiam a liberdade imaginativa. O resultado é caótico, inquietante,
criativo e com cortes tão fluidos de animação que não há erro em dizer que
Space Dandy é além de tudo uma declaração de amor à animação tradicional e sua característica
máxima que é a ausência de quaisquer limites para a imaginação. Esse é o poder da animação, o de transformar
mesmo as ideias mais loucas e abstratas em formas e movimentos.
Certamente é o que faz de Dandy uma série atraente e
desafiadora, pois mesmo o menor de seus episódios, entregará um conceito ousado
que pode ser ou não acessível, mas ainda assim interessante. Ou seja, espera-se
do segundo cour de Space Dandy o mesmo cardápio do primeiro, inclusive
retornando com mesma abertura e encerramento. O primeiro episódio, com exibição no Toonami, foi parar nos trendings topics americanos.
Akame ga KILL – WHITE
FOX
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Adaptação de um mangá de uma revista pequena, mas que conta
com um grande público por aqui. Sua formula é simples: estrutura battle shounen
com bastante violência gráfica em um mundo de fantasia. Engana-se quem pensa
que a extrema violência de AgK é utilizada para efeitos de choque de valor, aos
moldes de Elfen Lied, ou que se trata de uma sátira como Mirai Nikki, seu
exagero cênico está mais para efeito de estilo. Dark and cool.
O anime, no entanto, deixa a dever neste aspecto com
conceitos de arte e animação bastante pobres e uma direção que não está à
altura da desenvoltura do original. Numa série que não se aprofunda ou se
preocupa em trabalhar os dramas – herança de sua estrutura battle shounen – dos
personagens, que são estruturados mais como personagens icônicos com reações
estilizadas, uma direção padrão drena muito de seu potencial e cria mais
dificuldade em se comprar a premissa. É o que se vê no primeiro episódio e,
bem, o que move os personagens são todos os clichês do “shounen”, e ao mesmo
tempo é o que faz a obra tão divertida e de leitura viciante, com o
temperozinho de mortes de efeitos reais de golpes e duelos mortais. O seu
feijão com arroz da temporada, mas sem qualquer particularidade atraente em
termos de adaptação. O diretor até tentou uns quadros estáticos estilizados como
uma alternativa. A intenção foi boa, mas o resultado é bizarro e demonstra sua
falta de sensibilidade em lidar com o material. O ponto mais alto é a trilha
sonora, que é boa, mas também não traduz bem o mundo de fantasia medieval que a
série retrata. No mais, estreia razoavelmente boa e se não conhecesse o original,
talvez até gostasse do resultado.
Aldnoah Zero – A-1 Pictures, TROYCA
Gen Urobuchi novamente surge com uma premissa de um mundo
quebrado em que seus personagens devem procurar se encontrar. Aldnoah Zero
surpreendeu boa parte da audiência com uma estreia forte que entrega um
primeiro episódio, que pode ter sido perfeito, mas foi completo. A história
apesar da premissa básica de guerra entre dois mundos que se vê muito em mechas,
space operas e literatura sci-fi, promete um mundo complexo com conflitos políticos
que são reflexos de quadros sensíveis e instáveis da nossa história que
deixaram para muitos a incerteza de um futuro pacifico. O roteiro é bom, mas
direção e trilha sonora desequilibram. Falei mais no meu post do primeiro episódio.
Barakamon – Kinema
Citrus
Dentre os animes que vi, Barakamon promoveu ao lado de
Adnoah Zero a melhor estreia da temporada e ainda tem o plus de uma animação
lindamente elástica de trejeitos suaves nos movimentos dos personagens – algo que
faltou no primeiro episódio de Sailor Moon. A história fala de um caligrafo,
que muito criticado por sua caligrafia, vai ao interior em busca de equilíbrio
e, obviamente, se encontra. Lá ele encontra uma garota que irá deixar sua vida
um caos. É uma premissa que não soa ao primeiro olhar muito atrativa, mas que
possui uma desenrolar e direção exemplares. Além disso eles têm uma química envolvente,
me lembrando dos bons tempos do anime de Usagi Drop e a relação de amizade
entre um adulto e uma criança. Barakamon faz isso sem utilizar de qualquer
aspecto malicioso, inclusive a garotinha que é uma pestinha apaixonante, é
dublada por uma criança, que dá a entonação ideal para uma criança daquela
idade. Seu aspecto é infantil, mas com um sotaque de um tanto quanto
masculinizado de moleque de rua, típico das garotas sukeban, na gíria japonesa.
Ele é uma graça de fofa e ele também, apesar de sufocar bastante este lado.
Fico na expectativa que ele irá aprender muito com ela e
ambos desenvolvam uma relação bonita de amizade. Uma das coisas mais bacanas no
episódio foi ver o contraste entre metrópole e zona rural, na forma como as
pessoas se comportam e se relacionam. Barakamon promete momentos divertidos e emocionantes,
além de uma das melhores animações da temporada. É o mais próximo que teremos
de uma adaptação de Yotsubato.
Tokyo Ghoul – Studio Pierrot
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Quem vê peitos, não vê coração! Outro que teve uma boa estreia com animação acima da média
foi Tokyo Ghoul, que contava com a descrença de muitos quanto à adaptação do
estúdio Pierrot, mas conseguiu impactar na estreia em uma direção que vai
direto ao ponto e entrega um episódio redondo, ainda que sacrificando nuances e
melhor caracterização da obra original, segundo reclamações de muitos que leram
o mangá – o que é evidente também para quem não leu, já que se trata de um
episódio de narrativa intensa e de ritmo vibrante. Portanto a direção dá a dica
de que irá engolir muitos capítulos para dinamizar as sequências e
provavelmente encerrar a obra em algum ponto alto do mangá.
Mesmo que não satisfaça quem gostaria de ver sua obra mais
encorpada, a adaptação e direção desde primeiro episódio foi fundamental para
seu impacto narrativo de ação acelerado, encorpando aspectos de thriller. Se
houvesse a presença de uma trilha sonora mais proeminente e marcante,
certamente teria sido uma excelente estreia. É um primeiro episodio compacto e econômico,
mas que coloca na tela o que é essencial e o resultado final é muito bom. Traz
ainda bons cortes de animação e uma fotografia maravilhosa no uso de cores
fortes, sombreamento e integração do CG com 2D. Estou animada, espero que a
narrativa mantenha este pique dinâmico e a história não crie barriga desnecessária.
É preciso lembrar que será apenas 1 cour e este não é o tipo de material que
costuma receber continuação ou vendas expressivas.
Prometi não voltar, mas não tenho vergonha na cara e aqui estou eu. Um começo maçante e contraste negativo se comparado ao
primeiro episódio da primeira temporada – aquele que encantou a muitos. De fato
há adaptações que por mais que se “adapte”, fica difícil fugir das características
do original sem reformular todo o conceito. Dizem que o primeiro episódio
cortou bastante do original para conseguir entregar uma introdução redondinha e
dinâmica (spoilas: pode ter sido a
intenção, mas ainda patinaram. Mas, dos males o menor: fica tudo neste episódio).
Não duvido, mas ainda assim é um episódio bem expositivo se passando
basicamente em dois cenários que exploram diálogos padrões e banais que não
estimulam em nada. Claro, a introdução é necessária para dar solidez ao que virá,
mas o ritmo é ruim e a direção não faz o que é necessário para entregar uma
narrativa melhor. Os diálogos que houve de Kirito com as duas figuras
principais do episódio poderiam ser perfeitamente resumidas na primeira metade
do anime sem qualquer perda de significado ou essência, compactados em diálogos
e montagem inteligente do cenário. Coisa que ótimos diretores podem fazer, o
que convenhamos, não é o caso do diretor de SAO, que faz apenas o básico do
básico e se consagra com as qualidades da escrita original, como aconteceu em
Silver Spoon onde os méritos são todos do original.
Assim como Mushishi ou Space Dandy, você pode pegar de qualquer
ponto sem perder nada substancial. Com Yami Shibai, se perde menos ainda,
porque não há nuances. É um anime episódico de curta duração (menos de 5 minutos) que faz do simples
algo tenebroso. O episódio de estreia da temporada 2 não é capaz de fazer mais sensíveis
temerem e se inquietarem, mas ainda mantém a áurea e feeling que torna Yami
Shibai tão gostoso de assistir, principalmente antes de dormir. Essa coisa de
contos enigmáticos e bizarros de lendas urbanas que atiçam a imaginação. É uma
boa para quem adora contos sombrios, não para sentir medo, mais a atmosfera
mesmo.
Já comentei tudo no post sobre o primeiro episódio, mas dá
pra resumir em uma boa estreia, que ainda assim deve dividir opiniões, mais por
conta de algumas escolhas conceituais do que exatamente pela história, que
todos já conhecem de tão manjada. A premissa é batida, mas é uma ótima chance de
acompanhar aquele que tornou popular uma nova estrutura de mahou shoujos. Um
grande aspecto em Sailor Moon são as características de shoujo que são latentes
na obra e que não se fazem tão comuns na maioria dos mahou shoujo pós-Sailor
Moon. A história vai ficando mais escuro, mas o inicio é bem shoujo clássico das antigas, em toda sua
ingenuidade, simplicidade e paixão.
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