domingo, 31 de agosto de 2014

Comentários: Aldnoah.Zero #09 – Darkness Visible

Treta no encouraçado voador. Novamente a princesa sofre um atentado, enquanto Saline tem um raro momento de paz. 
Aldnoah Zero parece ter finalmente encontrado seu caminho, explorando os conflitos de [e entre] seus personagens. A próxima pergunta é se Katsuhiko Takayama consegue elevar isto ao máximo a ponto de trazer consequências graves para os tripulantes da fake Yamato, da Terra e de Marte. Rayet finalmente tem o seu grande momento dentro da história, em um clímax tenso e revoltante. É sem dúvida a personagem com mais camadas. Depois de todos esses episódios vendo ela se debater com seus conflitos internos, foi fascinante ver a curva que se formou neste episódio, onde ela claramente entende que a princesa é uma vítima e exatamente por isso se revolta com sua postura de indiferença e pacifismo, ao mesmo tempo em que se debate internamente entre culpa, rancor, vingança. Este foi o episódio que melhor refletiu seus conflitos e o estopim para que sua bomba interna explodisse foi reviver o momento em que viu a vida de seu pai se ceifada bem na sua frente. Por capricho do acaso, Asseylum vai tomar banho e fica sozinha justamente ao lado de Rayet, que estava, naquele momento, tomada pelo rancor e emocionalmente fora de si, deixando-se levar pelo impulso ao qual sempre esteve se debatendo (seus olhos fora do tom refletem sua perda de “consciência”).
É claro, a princesa não morreu. Ela caiu na água inconsciente e com os motores de Aldnoah desligados, Eddelrittuo irá entender imediatamente o que aconteceu e socorre-la – em termos de narrativa não há nenhum ganho com a morte da princesa neste ponto de história e é exatamente o fato de ela estar viva, que é o grande mote do enredo. Este é um tipo de recurso fácil para trazer Rayet para o lado de Asseylum e trabalhar o conflito dramático da personagem, mas espero que Takayama surpreenda e vá um pouco além, não matando a princesa, mas trazendo consequências maiores que nos levem ao desfecho do clímax do primeiro cour [primeira parte] do anime. Em determinado momento ela diz como a princesa consegue ser tão compassiva e sorridente – digo que também já questionei isto, inclusive, em posts anteriores. Como ela consegue se manter tão indiferente ao ódio que recebe e tudo o mais que está acontecendo á sua volta, enquanto se mantém fascinada pelas riquezas naturais da terra? Tanta bondade dá aberturas para suposições de que talvez Asseylum não fosse tão boazinha e que estivesse escondendo suas reais intensões.

Por essa linha de pensamento, quando o Conde abre o jogo com Slaine, cheguei a ficar na expectativa por alguma reviravolta neste sentindo, de que ele na verdade fosse aquele tipo de personagem injustiçado e anti-herói que luta para revelar a verdade a todos, mas tudo o que se mostra no decorrer do episódio é que Aldnoah Zero é uma série bem simples a despeito do seu potencial, estruturada em torno de algo tão frágil, como a revelação de que a princesa está realmente viva. É como na Corrida Maluca, em que a barca da princesa precisa ser tirada da estrada antes que chegue na linha de chega. Ei Aoki diz, em entrevista, que o nome inicial da série seria “A Princesa de Marte”. Embora isto tenha sido alterado, Asseylum ainda mantém a mesma função de um personagem título. Ou seja, ela é o motivo da história acontecer e tudo gira à sua volta, mesmo que ela não seja a protagonista principal. O que quero dizer é que Asseylum é só um conceito narrativo, incorporando o arquétipo de benevolência e amor.

Particularmente não acho tão atraente por ser passível de tão poucas camadas de conflitos, mas reflete o tema da obra. O fascínio pelas riquezas naturais da Terra, que é caracteristicamente tão distinta da realidade de Marte. Um mundo tão evoluído tecnologicamente, mas culturalmente atrasado e sem qualquer beleza ou grande qualidade de vida (suponho). Eles têm tudo, mas lhes faltam coisas que para nós soam tão triviais. Neste aspecto, a conversa do Conde com Slaine à mesa enquanto este degusta de um pássaro é repleta de significados. É natural que pessoas que se vêm como tão superiores aos humanos da Terra, guardem rancor e cobiça por todas as riquezas presente neste mundo azul estar no poder de seres tão insignificantes.
Esse episódio trabalhou bastante as motivações internas de alguns personagens, revivendo o passado e se lembrando da ruptura trágica que tiveram com estes entes queridos. É bacana como o Conde foi retratado, multifacetado e com emoções bem humanas. Francamente estava esperando algo mais cartunesco, o que certamente foi uma bela surpresa. Só não vejo razão para ele deixar Slaine vivo. Para alguém que se mostrou tão esperto, por mais que se sinta em dívida com o pai do garoto, deveria saber que deixa-lo vivo é uma ameaça ao seu plano, uma vez que Slaine não vai deixar de querer interver para a sobrevivência de Asseylum. Aliás, esperava que o motivo para deixa-lo vivo escondesse algo mais importante. E talvez esconda mesmo.

Enfim, mais um episódio redondinho em sequência, mas é um pouco decepcionante ver que a trama politica de série não é explorada devidamente. Com a revelação da principal motivação do Conde e de que isto aparentemente é algo restrito ao seu Castelo, um cenário mais amplo e complexo empalidece, evidenciando que não há muito raciocínio por detrás das engrenagens. Ao menos é o que parece a médio prazo.

Avaliação: ★   ★ ★
Roteiro: Katsuhiko Takayama
Storyboard: Yuuichi Nihei
Aux. Direção: Tatsuma Minamikawa
Diretor: Ei Aoki
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Em uma declaração, transcrita por um usuário do fórum AnimeSuki, Ei Aoki teria dito que Aldnoah Zero é uma série em homenagem a clássicos SF e o seu nome inicial seria The Princess of Mars, com o mote acerca do sonho dessa garota de 15 anos de viver livremente, com dois heróis [um da terra e outro de marte] que a defendessem. Também comentou não gostar dos protagonistas padrões de mecha e por isso Inaho seria um tipo de alternativa, sendo inteligente e usando essa inteligência para criar oportunidades. Para ele, os dois seriam os lados contrastantes da princesa. É legal ver esses detalhes de bastidores e, também demonstra o quanto um diretor tem influência sobre como uma série será moldada. Depois do comitê organizacional, é ele quem tem o maior poder de decisão. Suisei no Gargantia e Madoka Magica, por exemplo, são séries com enorme influência da direção nos rumos da história.
-"Princesa, estive agindo muito mal, queria ter dar esse colarzinho como prova do meu afeto e ele ficaria tão bem em você, posso colocar no seu pescoço?"
-"Oh, Rayet, eu sabia que você iria reconsiderar. Por favor..."
-"VAGABUNDA, QUEM VOCÊ PENSA QUE É, HEIN? VOSSA ALTEZA É O CARALHO!"
-"Oh, essas roupas? Foi a Nina que me emprestou, ela é tão gentil..."
-"Ela é tão gentil.... ELA É TÃO GENTIL.... TÃO GENTIL... TÃ..."

OU SEJA: a princesa tem a ingenuidade do Slaine, o que ela teria do Inaho?

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