Neste episódio, Shibasaki vai ter que mergulhar fundo e de olhos fechados no enigma da Sphinx.
Esse episódio me soou menos intenso que os 3 anteriores,
mais preocupado em estabelecer os efeitos da causa [que vimos em episódios
anteriores]. Explico. Enquanto os anteriores se desenvolvem em cima de temas
propostos, este analisa os fatos. Basicamente falando, é o episódio de ligação,
o que nos leva ao outro lado da ponte, onde muito do que vimos aqui, irá
ressoar forte no próximo.
Temos um Shibasaki tentando se colocar no lugar da Sphinx (Esfinge) e deduzindo o obvio [que o
fandom já havia percebido]: aparentemente eles estão agindo através de um
padrão, que é o mito de Édipo. O que isso quer dizer? Não sabemos exatamente o
quê, nem Shibasaki, mas que provavelmente há uma ligação muito forte entre este
arquétipo e a motivação dos nossos anti-heróis. Por ele levar a proposta doentia
de quebra-cabeças de dois moleques a sério, é o único que consegue chegar o
mais próximo de decifrar seus enigmas. Sphinx que deixou pistas falsas pelo
caminho para engendrar uma ambígua charada, mostrando estar dois passos a
frente da policia. Isso evidencia que: eles definitivamente não estavam temendo
que a polícia os ligasse ao ocorrido no roubo de plutônio (caso contrário não deixariam sua assinatura nem tomariam tantas
preocupações em apagar seus passos), mas saber a que ponto estavam para
fazer exatamente o que fizeram neste episódio, que foi compartilhar
publicamente todas as informações reunidas pela equipe investigativa. Os
motivos? Obviamente desmoralizar a polícia e causar comoção publica. Talvez uma
sensação de terror e falta de confiança nas autoridades? Quem sabe.
Muito se fala na falta da ressonância desse terror na
sociedade. De fato, não parecem alarmadas, mas apenas indiferente. Mas não é
disto que a temática central da série se trata? Acordar essas pessoas de sua
apatia e indiferença? Fazê-las se importar? Mostrar-lhes o que há por baixo do
tapete? Oh, bem. Sou um pouco incrédula de que a sociedade irá realmente se
impactar enquanto de fato não houver vítimas fatais e clima total de insegurança
no ar. Oras, se pegarem para ler sobre os ataques com gás sarin ao Metrô de
Tóquio, irão ver depoimentos de pessoas ilustrando a “indiferença” de muitos
que assistiram apáticos ao que ocorria com as pessoas vitimadas pelo gás. Um em
especial me marcou, de um assalariado, que dizia querer fazer alguma coisa, mas
estar atrasado demais para o trabalho – pensava ele enquanto via pessoas passando
mal e caindo pelas ruas, enquanto outras seguiam seus caminhos normalmente (inclusive, alguns críticos dizem que é por
este motivo que se demorou tanto para se aperceber o que estava ocorrendo no
Metrô). É possível que no fim das contas, este terror se refira mais a seus atos perante a lei do que exatamente a reação das pessoas. Aguardemos.
Com relação às criticas em relação a atuação da policia na
série, independente de que sejam ou não incompetentes, gosto de como é
representada. Me soa crível, e a isto, se deve o bom trabalho de
contextualização da série nestes 3 episódios em demonstrar por meio de
conferências fechadas, como andam as investigações. Bate com o que vejo aqui
fora, como a demora em encontrar a pessoa por trás de ameaças de morte e bombas
ao autor de Kurono no Basket e eventos relacionados à série, com a policia
japonesa se limitando, por 1 ano e alguns meses, a cancelar eventos e
restringir seu autor. Ou os anos que os EUA levaram para encontrar o cara mais
procurado do mundo, que ainda encontrou tempo para fazer vídeos, mesmo com seu
país tomado e revirado pelo exercito.
Também é notável série de conexões com uma atmosfera gélida.
Seja na letra de abertura, em que o narrador diz que vai puxar o gatilho do
inverno para cobrir tudo, o fato do Shibazaki odiar a temperatura quente do
verão, o kanji de “Twelve” que significa inverno, o cenário inicial do primeiro
episódio e principalmente, a assinatura “Von”, que em islandês, significa
“esperança”. A trilha sonora de Zankyou no Terror foi produzida na Islândia, e
segundo Shinichiro Watanabe e Yoko Kanno (aqui e aqui - em inglês), a intenção era mesmo transpassar essa
atmosfera que o frio invoca “Um anjo de olhos frios. Sons em silêncio”.
Claro, é mais um jogo temático onde a origem do Shibasaki, a postura da Sphinx,
Lisa, fotografia, trilha sonora e etc., remetem ao tema da série, que eu
acredito, pode ser traduzida como solidão. É o que faz muitos autores, para
criar senso de unidade e coesão temática.
Por fim, ainda destaco como o roteiro tratou as ações da
Lisa nos últimos episódios, convergindo naquilo que acreditávamos desde o
inicio: ela apenas queria um lugar que pudesse se sentir bem, e que sim, ela
acreditou que ao salvar e torna-la uma cumplice, Twelve a estaria inserindo-a
no cotidiano deles. Aparentemente ela desenvolveu uma conexão por ideais em
comuns, ou pelo menos, ela acredita nisto, de que falam a mesma língua. Afinal,
ela também quer que este mundo tão horrível vá para os ares. Nós sabemos que é
fruto da imaturidade e desconforto, quem é que nunca se sentiu assim, como se
não pertencesse a lugar alguma, fora de sintonia com o mundo? O que eu posso
dizer? Já disse muito, estou apenas curiosa para ver onde isto tudo vai dar.
Acredito que as conexões ainda vão se convergir mais, e logo vai se estabelecer
conflito de pensamentos entre Lisa e a dupla Sphinx. Ela me parece ainda muito
ingênua e debilitada emocionalmente, mas se o Shibasaki de fato for seu pai, a
coisa toda vai ficar linda. Hehe.
Este foi um episodio com mais desenvolvimento do que ações,
e por mais que não tenha mostrado [alias, não vem mostrando] um ritmo acelerado
de acontecimentos e ações físicas frenéticas, a narrativa e direção se mantêm
firme e madura em sua proposta, uma premissa que trabalha em cima de um gênero
cultuado por ser veloz e nervoso, subvertendo-a em uma estrutura que não se
preocupa em criar situações de gênero, mas que sabe ser intenso e nervoso ao
seu modo, onde a complexidade está justamente onde parece mais simples. Como o
enigma da Sphinx para este episódio, onde era precisa enxergar além dos olhos,
do obvio.
Enquanto eu tiver sequências sublimes como a do desfecho do
episódio, com a bela dinâmica entre Twelve e Lisa, e a fuga na moto bem
traduzida na trilha sonora, eu estarei satisfeita. Acompanhar a situação de
abandono e desespero de Lisa, sem nenhuma perspectiva de futuro, faz o seu
sorriso ali no finalzinho ser deveras significativo.
Um episódio menor, sem grandes acontecimentos? Talvez. Mas
mesmos os menores de Zankyou no Terror têm algo a dizer e direção continuamente
solida. Sigo maravilhada.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Hiroshi Seko
Storyboard: Minoru Yamaoka
Ass. de Direção: Minoru Yamaoka
Direção: Shinichiro Watanabe
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-Então, para o Shibasaki, a internet é o submundo? De fato, não está equivocada, HAHAHA. Mas porra, quem pensando numa solução destas? Depois me dizem que o Shibasaki não é um personagem apelão e a policia que é lerda. Sério, vocês não chegaram a esta solução, se foder, viu! HUEHUEHUEHUEHUE
-"Você deveria ter matado a sua rainha", ele diz. Caaaara, sensacional a ambiguidade desta frase, hehehe.
-Ele pode ser um lobo mal em pele de cordeiro, mas ainda é muito fofo quando quer >_<
-Essa sequência é um orgasmo mental, eu fiquei TODA FEEEEEEEEEEELINGS! Mas não, não estou shippando nem nada, mas é só que... FOI TÃO BONITINHO >_<
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