Golden
Boy consiste em 6 OVAs adaptados do mangá criado por Tatsuya Egawa, produzidos pela Shueisha e KSS. Conta com uma direção repleta de energia e
vitalidade por Hiroyuki Kitakubo (Blood The Last Vampire). É impossível não
gargalhar com esta obra, que em sua simplicidade e honestidade, nos conquista
do início ao fim.
Oe Kintaro é um garoto de 25 anos que largou a faculdade
de Direito da Todai (Universidade de Tóquio) após já ter completado todas as
matérias. Ou seja, ele é um pequeno gênio ao seu modo. Ele decide pedalar pelo
Japão a procura de experiências de vida que lhe tragam ensinamentos que não
poderiam ser obtidos trancado em uma sala de aula. E não só de sua inseparável
bicicleta ele se mantém, mas com um caderninho em que faz constantes anotações
em todos os episódios.
E que protagonista divertido de acompanhar ele é.
Contando com um poço imensurável de energia do excelente dublador Mitsuo Iwata,
Kintaro é multifacetado desde o início. Com uma tara descontrolável por
mulheres, constantemente o vemos seguindo-as para que trabalhe no mesmo local
que estas. E se a princípio isso pode causar certa repulsa, o anime não demora
a estabelecer que sintamos simpatia por ele. Isso graças à inteligência de
exibir o ‘deslocamento’ do protagonista em uma situação atrás da outra desde o
começo. Primeiro inicia com garotas na rua ridicularizando pessoas que pedalam
ouvindo música (algo que ele está fazendo no momento); em seguida, ele é vítima
de um atropelamento e, quando sua agressora lhe oferece bastante dinheiro, ele
insiste dizendo que não pode aceitar tamanha quantia; e imediatamente o vemos
em um ambiente de trabalho predominantemente feminino, colocando-o em uma
posição oprimida de estranheza. Isso tudo refletindo em nós, o espectador, em
pouquíssimos minutos. Não há como não torcer por Kintaro.
Cada episódio conta com uma
história diferente, em um novo emprego que o rapaz arruma. E mesmo sendo
obsessivo pelo sexo oposto, e com fetiche por vasos sanitários (sim, em todos
os episódios ele ‘namora’ os assentos de suas musas inalcançáveis), somos
levados a torcer por ele devido a sua imensa integridade vista com o passar do
tempo e das resoluções de cada história. Atencioso com todas as pessoas ao seu
redor, jovens e velhos, homens e mulheres, bonitas e não tão bonitas, Kintaro é
extremamente altruísta e busca sempre aprender com aqueles ao seu redor. Não é
a toa que os episódios são intitulados de “Lições”.
Com trilhas sonoras variadas e discretas, percebam o tom
corporativo semelhante a teclas de computador na música do primeiro episódio;
bem como os violinos e corais do segundo, em que ele conhece uma “anjinha” rica;
diferenciando-se completamente das flautas e cordas de quando está trabalhando
no dojo no quinto episódio.
Deste modo, não só o cuidado na trilha foi importante, mas de cores.
Percebam como todas as mulheres sedutoras e explosivas sempre aparecem com
cores vermelho sangue, que significa paixão e perigo ao mesmo tempo (e é
interessante como nosso cérebro associa o vermelho a essas duas sensações
aparentemente distintas). Desde o colante da primeira, ao maiô e lenço da
segunda, passando pelo traje de motociclista e kimono da quinta. E com exceção
da terceira e da sexta, que são garotas normais e nada extravagantes, notarão
que o vermelho é totalmente ausente nelas. A quarta, apesar de ter um corpo
escultural, não carrega qualquer malícia ou perversidade consigo, portanto o
vermelho foi negado a ela também. É brilhante como o uso da cor se encaixa em
um perfil específico.
Com um conteúdo sexual
bastante evidente, prepare-se para ver muito além da calcinha aparecendo
debaixo da saia. Os seios fartos e à mostra inundam cada episódio, bem como
diálogos de sexo explícito, passando por uma personagem que se masturba duas
vezes no episódio com uma moto (aham, juro), e uma mão que se transforma em um
protótipo de pênis. Apesar disso, o anime culmina em um ótimo episódio final
que homenageia seu próprio criador e todas as personagens anteriores. Sempre
divertido e hilário, Golden Boy desperta em cada desfecho de episódio um calor
no peito de pura satisfação.
@PedroSEkman
O blog que tiramos foi o Letarius Animes, e indicamos o Sayonara Zetsubou Sensei. Resolvi participar do Corrente de Reviews esse ano porque
sou o membro do blog mais inativo na ‘blogosfera’. E se tudo der certo, vai
continuar assim. Então é bacana mudar de ares às vezes e se permitir a tais
experimentos. Quem acompanha minhas (inúmeras) postagens na página do ELBR no facebook sabe que estou constantemente pedindo dicas e conselhos sobre animes e
mangás, portanto não há pretensão alguma de minha parte. É apenas o meu jeito.
Peço que continuem indicando sempre, já assisti várias recomendações de
leitores. Mesmo que nem sempre comente na minha coluna, no meu twitter sempre
falo algo. E leiam a trilogia Cidade das Trevas.
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