O rosto corado, o jeito envergonhado, as suas marcantes Kneesocks,
as coxas brancas, a saia tremulante que evidencia seus atributos, mas nunca
revela de fato seus segredos, fica apenas na provocação (aliás, provocar é que este episódio mais faz, inserindo pequenas
coisas que se tornarão grandiosas). Rin estava altamente moe e erótica, sua
interação com o Archer apenas fez ressaltar ainda mais estas características que
são marcantes na personagem. Algo entre a malícia e o pudor. Sempre achei que
Rin se diverte provocando, mas é muito tímida e acanhada, isso ressalta outra característica
da personagem que é a máscara que ela coloca sobre o rosto – isso deve ficar
mais evidente no episódio seguinte e com as contínuas interações que mantém com
Shirou.
Voltando a falar da Rin que se faz de seme (ativa), mas que na verdade é uke (passiva), sua relação com Archer tem
muito de tensão sexual impregnado nos diálogos e na forma como eles se atraem e
se dispersam. Essa química é talvez por eles serem tão parecidos um com o outro,
ambos arrogantes não perdem a chance de tripudiarem sobre a presa e enaltecerem
suas qualidades, mas se elogiados e ou forem alvos de afeto perdem logo a
compostura (sem falar que ambos precisam
lutar contra o passado seu fantasma). Além disso, a despeito de todas as
habilidades e conhecimentos que possui, Rin consegue ser incrivelmente atrapalhada
e dispersa, falhando em coisas muitos simples, provocando algumas reações que a
fazem tão apaixonante. Este episódio traz a tona um pouco de todas estas características
da Rin; a garota ranzinza mal humorada [principalmente pela manhã], mas que no
fundo é afetuosa, atrapalhada, a que não é completamente honesta, sarcástica,
agressiva, arrogante, mas tão humana e que sofre em silêncio, a garota que é
popular, mas está sozinha, sagaz, e claro, de adorável olhar sexy. Como eu
disse, esse prologo é essencialmente um fanservice que pouco acrescenta de fato
à história, a não ser um maior envolvido com sua heroína, propiciando uma ligação
com a trama da família Tohsaka em Fate/Zero, onde o futuro da família e das
duas crianças fora definido pela terrível Guerra do Santo Gral (em UBW, veremos um fragmento das
consequências do que ocorreu aos Tohsaka).
Para minha surpresa, este episódio tem um desempenho melhor
que o primeiro de Fate/Zero, que tem uma carga de diálogos mais densos e extensos em diversos momentos, uma vez que se preocupou em entregar logo de
cara toda a mecânica daquele mundo. Já aqui, a narrativa não se preocupa em
explicar a fundo o sistema deste mundo, o que faz muito bem ou caso contrário
correria o risco de soar incoerente, uma vez que Rin já é uma maga de vasto
conhecimento que cresceu estudando tudo isto – neste caso, os diálogos poderiam
soar superficiais ou forçados demais, sem a naturalidade necessária. O que
realmente se destaca neste episódio é o empenho do ufotable na animação e
fotografia com seus efeitos digitais. Fuyuki se tornou uma cidade muito
atraente aqui, então de repente temos não só a Rin como destaque, como a
própria cidade.
A direção foi muito feliz em se concentrar no aspecto
visual. Primeiro no enfoque no cotidiano da Rin, as coisas que ela faz e no
relacionamento superficial com as outras pessoas, e no caráter tranquilo e
calmo da cidade de Fuyuki, que vemos justamente pela sua ótica. No que diz
respeito à cidade, o passeio proporcionado por suas ruelas e construções civis é
de fazer qualquer um querer visitar aquela cidadezinha, de tão magníficos aqueles
fundos. Os fundos e os efeitos de magia tiveram um desempenho visual harmônico.
Tecnicamente impecáveis, com 3D se integrando naturalmente à animação 2D,
criando um efeito bem realista. A iluminação estava boa o suficiente para que a
correção da versão tv para BD deste episódio provavelmente não soe discrepante.
E claro, a animação 2D belamente fluida, será que se mantém?
Você nota o quão fluida e bem trabalhada estava através dos gestos, expressões
e reações mais sutis da Rin enquanto se movimenta, na ondulação dos seus
cabelos pelo ar e em como nada nela permanece imóvel.
Único momento realmente digno de nota em que a animação se
mostra estática, é na transição da cena de Rin frente à Archer na mansão
Tohsaka, quando a câmera sobe com a ost e a imagem deles se torna estática. É
uma cena bem reminiscente de recursos cinematográficos (mais evidente em filmes antigos durante as cenas românticas), especificamente
na composição de uma mise-en-scène em que os atores tomam uma postura icônica frente
a outro, e enquanto a câmera se distancia, eles devem manter a mesma posição
para não destoar da atmosfera estabelecida. Em animes isso geralmente serve
como economia. Aqui me soou orgânico e bem utilizado.
Por falar em recursos cinematográficos, o episódio tinha
alguns cortes de câmera dinâmica que fizeram soar como se fosse uma produção
live action, em outras palavras, eu gostei bastante. A direção se concentrou
muito no espaço entre os personagens e o cenário – por uma perspectiva mais romântica,
é como se ressaltassem a individualidade e solidão da Rin, o que se torna mais
substancial quando ela está em casa e a iluminação é diluída e os espaços se
tornam obscurecidos. É uma casa grande, solitária e com recordações que por
mais felizes que sejam, despertam uma tonalidade melancólica em Tohsaka.
Essa composição visual ora mais distante, ora com os
personagens no canto da imagem, faz sobressair o cenário, mas também têm algo a
dizer. A cidade neste episódio realmente é um personagem vivo e não poderia
soar diferente uma vez que a visão da cidade como se apresenta e a própria Rin
se misturam. Na correria das adaptações é raro encontrar uma série que se dá ao
luxar de ter um ritmo mais lento – não lento no sentido de progressão, mas de
parar para explorar detalhes triviais do cenário e como seus personagens se
comportam neste cenário sem estarem necessariamente envolvidos em algo grande.
Uma cena cotidiana.
Algumas cenas de mais velocidade soam bem mais dinâmicas com
esta composição. A sequência do terraço onde Rin e Archer confrontam Lancer até
o ponto ela cai em queda livre os dois servos se digladiam é magnifica e tem
uns movimentos tão divertidos por parte dos personagens. Mas se tratando de
animação, as minhas cenas preferidas foram as mais simples, de Rin se
movimentando, que é onde ficava mais evidente a suavidade e naturalidade dos
movimentos.
Esse corte é um pouco similar à.... |
Quem se importa se um ser humano não pode se movimentar tão suavemente assim!!! |
Sendo UBW uma história que exige mais ação física que estratégia,
só posso esperar que ufotable consiga lidar com todo este potencial. Enfim, o Kinoko
Nasu (autor original) está diretamente envolvido na adaptação, e já se nota no episódio grande expansão
do material original e mudanças sutis no script, mal posso esperar para o que
vem adiante. De “crítica”, eu só tenho mesmo quanto ao character design. É bonitinho
e doce, mas um pouco distante do character design clássico da Rin, que é um
esboço mais maduro e hot do que moe e infantil, mas encare isso apenas como uma
reclamação irrelevante de uma fã. Também gostei do remix da ost de Fate/Zero,
apesar de achar um pouco deslocada – talvez por essa ost em Zero ser associado
a momentos de reflexão embebecidos por uma atmosfera melancólica, e em UBW tudo
ser tão vibrante e juvenil. Então, quando eu ouvia, só conseguia pensar nos
personagens de Zero. No mais, um episódio fanservice, de luxo que mostra sua heroína
mais de perto. Talvez sem um grande impacto no momento para muitos, mas que no
seu devido tempo será apreciado como merece. Isto à parte, é um episódio tecnicamente
lindo.
reação ao episódio |
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: ufotable, Kazuharu Sato
Storyboard: Takahiro Miura
Direção auxiliar: Takahiro Miura
Direção de animação: Tomonori Sudou, Hisayuki Tabata
Direção: Takahiro Miura
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-Porque a tradição precisa ser mantida.
-Falando em tradição, ufotable continua inserindo referências à Kara no Kyoukai nas séries de Fate.
-O anime capta perfeitamente o tipo de cara que você deveria fazer quando Shinji Matou começa a conversar com você. Ao menos, é a cara que eu faço sempre que o infeliz surge na tela.
-A Tohsaka tem as melhores expressões para as maiores inconveniências da vida.
-O que é uma imagem icônica!
-Okay, onde é que eu consigo um GARcher pra mim? Que seja bonito, bem dotado fisicamente, sexy, com um ar arrogante e frio, mas que seja mais quente que um cobertor e mais meigo que um gatinho dormindo e, claro, que saiba cozinhar; goste de limpar e me sirva educadamente? Eu preciso de um escrav-, digo, um servo assim!!!
-Bacana a forma que encontraram para representar visualmente a ligação da Rin com o Archer. O peixe e o ambiente aquático é representativamente um elemento de conotação espiritual.
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