[Miragem] Título autoexplicativo, mas que só faz sentido ao final. Na verdade se trata de um episódio fracionado.
Em termos de narrativa, este é o último episódio da fase
introdutória da primeira parte de UBW, que só fica FODA PRA CARALHO mesmo no
segundo cour, que estreia em 2015. Embora algumas nuances que eu considero agradáveis
na relação Saber e Shirou – que para mim reforça a amizade, companheirismo e
confiança que se estabelece entre eles – acabou não encontrando um grande vigor
em cena. Por exemplo, o treinamento no dojo, que apesar de mostrar a irritação
de Saber pelo péssimo comportamento do seu mestre, não é tão hábil em expressar
o tamanho desta irritação e o fato dela descarregar isso no treinamento,
atacando Shirou sem piedade, punindo-o (aqui,
soa apenas que ela pegou pesado). São cenas bem divertidas se observado as
reações do Shirou e a postura de Saber, que também ressaltam importante característica
da personalidade dela. Provavelmente isto se deve ao ritmo, com a narrativa
tendo que se enquadrar no formato de 24 minutos e alguns segundos, onde é
importante fechar em um bom ponto de impacto. Desta forma, claro que não
encontraram tempo hábil para trabalhar com mais calma esta cena. Prioridades,
meu caro Watson.
Como é um episódio que coloca na mesa o restante de suas
cartas, você vai notar uma narrativa bastante desfragmentada e com um ritmo
rápido – obviamente haverá os que se queixarão que o ritmo estava muito lento
por motivos de muitos diálogos e pouca ação física, ainda que ufotable esteja
fazendo um trabalho formidável com toda essa quantidade de texto. Passeado
entre diversas tramas, o episódio conseguiu destacar bem o papel de cada carta
deste baralho.
A animosidade entre Shirou e Archer entra em ebulição, e a
conversa que eles têm define algumas questões abertas em relação a mestres e espíritos
heroicos, se mostrando esclarecer e enigmático ao mesmo tempo, ainda que as
impressões dele estejam repletas de subjetividades e, portanto, não representem
plenamente o pensamento de todos os envolvidos. É engraçado, você assistindo
uma história que já conhece de um ponto a outro, em detalhes, faz com que
algumas cenas que deveriam ressoar com mais peso e significado em você, se
transforme em lugar comum. FSN é uma franquia popular até mesmo entre o publico
convencional brasileiro, não ha muito de ineditismo, no máximo alguns buracos
provocados pelas adaptações do estúdio Deen. Fato que eu observo como sendo um
dos grandes responsáveis por muita gente estar impaciente para ver esta
história a todo folego – mas é claro que para quem está embarcando agora no
cruzeiro, todas as elipses do enredo e cada nova revelação deve ser uma
experiência muito mais interessante. Por outro lado, se você já conhece, pode
se deliciar ao observar melhor diálogos ou maneirismos repletos de significados,
o que talvez não pôde apreciar na primeira vez por diversos motivos. É na
revisão que uma história pode ficar mais rica ou mais pobre, frente a uma
análise mais racional e calculista.
E após Archer, a narrativa foca-se em Shinji, um personagem
que até então estava nas sombras, mas que agora desponta definitivamente aqui
como um mestre, já deixando claro o quão intragável é. Shinji é um personagem antipático.
Um bom personagem? Hmm... É um bom personagem, mas não é um personagem com
tanta substância – ele é uma ferramenta de roteiro, e cumpre bem o papel antagônico
que lhe cabe, que é ser antipático e cínico, o contraste de Shirou, é quase
como a Paola Bracho de FSN. E além de antipático (há outros adjetivos, mas fiquemos apenas com este por enquanto)? É
mentiroso. Ele mente tanto, que até quando diz a verdade, soa como se estivesse
mentindo. Primeiro Shinji insinua para Shirou que Ayako Mitsuzuri foi violentada
e, claro, o sangue de Shirou ferve frente a possibilidade de ser o próprio
Shinji. Sarcasticamente Shinji ambiguamente diz se tratar apenas de um boato e
tira seu corpo fora, mas com maneirismos que denunciam o caráter dubio de suas
negativas.
Shinji realmente é uma figura curiosa e nível Paola Bracho
de dissimulação – mas por ser tratar de um personagem de tal natureza, eu nunca
o achei engraçado e tampouco o vejo com a simpatia de grande parte dos fãs
masculinos da série, mas isso é comigo. Quando eu li esta passagem na visual
novel, eu sempre fiquei intrigada sobre ser verdade ou não, mas, enquanto no
original você vê imagens e apenas imagina as feições dos personagens, o anime
mostra imagens que dão mais força a possibilidade das afirmações de Shinji ser
verdade. Bem, Nasu [o escritor original] negou prontamente essa possibilidade (segundo o autor: “Aliás, após a rota de Rin ela ainda continua tão enérgica como sempre.
E caso você esteja se perguntando, sim, a pessoa que a atacou foi Rider. Ela a perseguiu
em um beco e SLUUURP, chupou o seu sangue!”), sendo que o que ocorreu
com Ayako foi obra de Rider, que faz a mesma coisa com a garota do episódio
anterior – só que esta teve mais sorte ao encontrar Rin pelo caminho, impedindo
que ela chegasse ao estado de Ayako. Olhando pelo aspecto do roteiro, a não
confirmação dentro da própria obra é um importante traço de caracterização que
define a personalidade de Shinji, um personagem de caráter dúbio no qual não se
deve confiar em tudo que diz – só não sei se foi intencional por parte do autor.
E então temos a Caster, mas antes, vemos um pouco da relação
e cotidiano de Shirou com Rin e Saber, e aqui abro um parêntese; enquanto na
rota Fate o interesse romântico de Shirou por Saber já desponta logo de cara, e
em Heavens Feel a atração de Shirou por Sakura também é bem definido logo no
inicio, o mesmo não ocorre com Rin. Acho isso curioso e, surgida a
oportunidade, permitam-me descrever minhas divagações. A não ser que mude
alguma coisa, em sua própria rota, a atração de Shirou pela Rin é algo que
inicialmente nunca é bem definido e, posteriormente, obviamente se envolverão
em algum tipo de relação, mas ainda assim há muito pouco de momentos românticos
entre os dois. Eles atuam mais como parceiros do que exatamente um casal (seja declarado ou não declarado). Ouso
a dizer, que senti mais tensão sexual entre os dois na Rota Fate do que em UBW (por não ser flagrantemente apaixonada por
ele, Rin era mais ousada e maliciosa, rendendo ótimos momentos de situações
desconfortáveis para Shirou, que revidava. Além de que, ambos discutindo, era
muito legal e meio que estabelecia uma certa tensão sexual).
Isso não é estranho? Considerei que fosse pela natureza da
narrativa em UBW, que envolve certas questões
subjetivas, porém, em toda rota, é sempre nítido o fascínio que Shirou sente
por Saber (e francamente? Eu compreendo
o garoto. A Saber causa fascínio realmente e nem falo somente por ela ser
bonita e ter vários aspectos moe, mas há algo de fascinante numa cavaleira com
o código de conduta/postura como ela, e seja trajando aquela armadura ou roupa
convencional, ela exerce um atração magnética. Ou seja, ela não é uma garota
comum como Rin ou Sakura, ela possui algo a mais – shit, acabei lembrando aqui
de uma fala dela que não deveria “eu sei
muito bem como agradar um homem” HUEHUEHUEHUE *apaga apaga* cara eu nem vou
tecer mais comentários sobre isso. LOL), e sua paixão por ela em Fate é
avassaladora, de modo que você não se sente o mesmo em relação a Rin em UBW.
Sobre isso, eu tenho uma teoria: Shirou é... um personagem machista,
convenhamos. E por mais que ele seja um personagem melhor aqui e sem todo
aquele sexismo de Fate, ele ainda é o mesmo personagem; e é um personagem com um
traço de personalidade bem marcante e com uma visão conservadora em relação ao
sexo oposto. Ou seja, Shirou é um personagem definido, não é um protagonista
sem rosto ou personalidade [e é o motivo de eu considera-lo tão humano]. Quando
ele conhece intimamente a Rin e vê que ela não é exatamente a garota ídolo que admirava
secretamente, claramente há algo de decepção, e por mais que ele encontre novas
qualidades nela, Rin nunca será aquela garota submissa e, ao contrário da Saber
que apesar de lutar exibe características femininas tradicionais, a Rin é
quebradeira e seus modos não são exatamente o que um japonês padrão como o
Shirou entende como o correto em uma dama. Enfim, em outro momento desenvolvo melhor
essa linha de pensamento, mas Rin é uma heroína peculiar e muito foda.
E falando em Caster, se trata da minha antagonista preferida
em UBW e num olhar mais amplo, dos servos é a que possui melhor nível antagônico,
perdendo apenas para determinado personagem em Heavens Feel. Não vou comentar
muito mais, por sua participação aqui ter sido mínima, mas é sem dúvidas uma
personagem magnifica que irá roubar a cena a seguir. Destaque para o modo como
ufotable desenhou o processo que leva Shirou ao templo, com um flashback em
câmera desfocada em que se percebe a fusão de diversos momentos marcantes do
passado de Caster. Tecnicamente, é a melhor sequência do episódio, não em termo
de animação fluida, mas de aspecto narrativo, e o cliffhanger não poderia ser
melhor. A partir de agora, é ladeira abaixo. Se segurem, a Caster está na área!
Avaliação:★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Akira Hiyama
Diretor Auxiliar: Takuro Takahashi
Storyabord: Takuro Takahashi
Diretor de Animação: Yasuhisa Kato
Diretor: Takahiro Miura
Avaliação:★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Akira Hiyama
Diretor Auxiliar: Takuro Takahashi
Storyabord: Takuro Takahashi
Diretor de Animação: Yasuhisa Kato
Diretor: Takahiro Miura
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