quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Comentários: Psycho-Pass 2 #11 – What Color? (FINAL)

[Qual é a Cor?]. Podemos fazer a mesma pergunta para Psycho-Pass2. Qual a sua cor?
Psycho-Pass 2 foi um passeio estranho. Muito estranho. De amor e ódio, e nesta sentença, incluo a maioria do fandom, afinal os primeiros passos conseguiram superar e descrença de muitos mesmo que com uma narrativa tão distinta – embora, ao voltarmos nossos olhos para o passado, percebemos que mesmo no primeiro episódio já tínhamos aquela sensação de repetição, de personagens diferentes estarem ocupando a posição de outros que já não estava presentes, mas poderia ser apenas o roteiro emulando a estrutura narrativa adotada na fase final da primeira temporada, em relação a ciclos. No entanto, no fim das contas, é uma temporada que se mostrou redundante e dispensável, apesar de eu não renegar a diversão que obtive assistindo isso (HAHAHAHAHAHA).
Neste episódio temos o desfecho do conflito de Akane e do Sistema Sibila. Do outro lado Mika permanece a mesma personagem do primeiro episódio, não evoluiu praticamente nada narrativamente. Isso acontece porque infelizmente, e com muito pesar devo reconhecer isto, Mika não passou de um artificio barato do roteiro para se tornar alvo de ódio, uma criatura vilanizada de um modo um tanto cartunesco, à lá Shinji Matou, embora com grande potencial, seu desenvolvimento é falho. O clímax do seu conflito, no entanto, foi melhor do que eu poderia esperar nestas circunstâncias. Devo dizer que a cena final dela frente a frente com Yayoi [que perspicaz, já sacou que ela possui um envolvimento no sequestro da avó de Akane] é sensacional e não poderia haver melhor forma de fecharem sua participação neste temporada. Yayoi é a pessoa que ela mais admira ali naquele lugar, e vê-la dizer que fará o responsável pagar, independente de quem seja, é algo maravilhoso. Além da culpa que a personagem irá carregar consigo, a remoendo intimamente, ela vê refletido nos olhos da pessoa que mais gosta que já não pode mais ser salva ou perdoada, ainda que esteja em segurança. Quando Yayoi diz que não poderá perdoar o responsável, e vemos seu rosto resoluto e sem expressão (logo ela, que é tão expressiva) dizer: “eu também não”, não precisamos de mais nada para compreendermos que ela também não pode se perdoar. Gosta da Mika, se o filme abranger este aspecto da personagem e lhe der um curva e um desfecho satisfatório, ficaria genuinamente contente, mas o mais provável é que isto tudo seja ignorado.
pena que os valores de animação sejam pobres... LOL
O melhor do episódio é Akane, vê-la lidar com um brutamonte como Tougane com aquele aspecto tão frágil apenas com o uso da técnica foi incrível. Aposto que ninguém esperava por isto (e claro isso faz recair uma sombra sobre o episódio em que Aoyanagi é abatida, já que muitos questionaram o motivo de ela ter se mostrado tão impotente diante de um alvo com uma arma tão fácil de esquivar – bem, eu tenho meu próprio olhar sobre isso, já que acredito que o choque da surpresa, o estado psicológico e o modo que vivem, como ratos de laboratório, pese muito nesta questão. Além de o próprio contexto onde Akane desarma Tougane ser diferente).

Essa temporada pode ser resumida em: Uma FANFIC de um fã que é mega-hiper fã da Akane que o Tow Ubukata encontrou perdida na internet e resolveu criar o seu enredo a partir disto. A posição da Akane neste episódio é esperadamente segura, fico feliz que não tenham cagado a personagem – apesar de que é realmente horrível que a tenham mantido com aquele discurso indeciso neste episódio, quando tudo finalmente se torna claro: por que diabos não deixar a protagonista lidar com a morte de Kamui por si mesma? O jeito encontrado de por um fim naquela situação, com Tougane intervindo, foi terrível. Tirou da personagem o seu momento no palco e mostrou que seu julgamento é fraco. Na primeira temporada algo similar ocorre, mas era um contexto diferente e totalmente aceitável, tendo em conta que mesmo sendo a protagonista, o conflito com o principal antagonista se centrava em torno de Kougami, o co-protagonista da série. Neste não, o duelo e o conflito sempre se polarizou entre Kamui e Akane. A saída encontrada pelo roteiro para este conflito é narrativamente e também moralmente lamentável, principalmente por Tougane ser um personagem vazio com motivações tolas que sequer deveria ser levado a sério. O papel de Tougane nesta série não é nada além de ser um fanservice e um elemento narrativo de distração, para preencher o enredo. O seu conflito não se relaciona com a trama principal da série, tudo que diz respeito a Tougane é unilateral e sem qualquer peso dentro da narrativa global. Deveria ter sido encontrado pela Mika naquele túnel e ter sido morto por suas mãos ali mesmo, não é um personagem digno de qualquer papel no palco principal. Aliás, o fato de a Mika não ter atirado e o personagem se despedido com aqueles diálogos ridículos, mostra o quanto o roteiro parece temeroso em colocar responsabilidades de morte nas mãos de suas personagens principais – nesta temporada, o co-protagonismo cabe a Mika e pffff. Diálogo final de Kamui com Akane depois de que tudo ficou claro, era tão desnecessário e confuso que nem lembro mais do que se tratava. A redenção final de Kamui se junta às coisas mais ridículas que eu vi este ano, e olha que não foi pouca coisa.

Não quero me arrastar muito em pormenores. De um modo geral, mesmo o conflito de Akane, que é a maior motivação e razão de existir desta temporada, se mostra bem fraco e no seu clímax sente-se a ausência de uma pegada mais pulsante e dramaticamente forte, como se viu na primeira temporada. E o desfecho só é impactante e satisfatório se a jornada tiver estimulado o suficiente para isso ocorrer. No decorrer dos episódios eu gostei do que vi em relação a Akane, embora não tenha visto muito, mas chegando ao fim, eu me sinto definitivamente insatisfeita, o que só mostra que há algo faltando lá atrás [e também aqui na frente] que a narrativa não conseguiu explorar afundo. Muito disso se deve a desfragmentação do relacionamento entre os personagens, tônica explorada com afinco na série original e que está ausente aqui.

Claro, isto já era perceptível para qualquer um, Psycho-Pass 2 é uma série plot-driven e estaria bem se tivesse conseguido manter sua premissa nos trilhos. Com o fim, finalmente há a certeza de que não existe respostas para muitas das perguntas feitas anteriormente, como em relação a esquizofrenia do Sistema Sila que poderia ter evitado tudo isto a um simples comando nos primeiros episódios. O roteiro se afunda mais a se contradizer no episódio anterior, quando Kasei [que estava sendo utilizada pela mão de Tougane] tira os privilégios de Akane, enquanto nega tirar os de Shisei, mesmo que para isso Kamui alcançasse a sala central. É apenas risível. Enquanto outras muitas questões são passiveis de discussão, isto permanecerá sem resposta para sempre.
Em relação a resolução final do Sibila, Akane conseguiu sua pequena revolução. Eu realmente não esperava que o sistema fosse aceitar ser julgado, mas o fim trágico de Kasei Togane era bem o que se podia esperar, ou eu ia começar a suspeitar que o roteiro disto foi feito pelo mesmo cara que escreveu a história da primeira temporada de SAO (já expliquei os motivos no post anterior). Era lógico que para conseguir o termino que vemos era preciso que ela fosse julgada pelos outros cérebros e excomungada. Ela e Tougane tornaram da sociedade o seu playground particular, isto é inadmissível, embora o roteiro não demonstre que este tenha sido o motivo (mostrando que eles, Ubukata, Shiotani e o escritor do episódio, são realmente inconsciente até aquele momento sobre suas falhas). Mas o julgamento em si do sistema foi uma decisão excelente, é tematicamente rico, ainda que o episódio não tenha correspondido a tanto neste aspecto. As consequências para o novo padrão de julgamento são amplas, mas não deixo de pensar que a aplicação deste novo modelo é bastante estúpido, e tudo, menos justo. É inconcebível que algo assim possa ter saído da mente da Akane (obviamente isto será prontamente ignorado no filme), contudo, não dá pra entender plenamente os pormenores disto e duvido que tenham pensamento detalhadamente em tudo que isto implica. A voz de todas as vitimas do julgamento falho do sistema presentes em Kirito, com eles julgando o Sibila é um bom momento. Não há muito de ação envolvida porque o seu valor é temático e simbólico, assim como a própria premissa do Sistema Sibila. Com este fim, vemos o sistema mostrar uma face mais justa, passível de julgamento, se tornando o mais próximo possível da Justiça em nosso mundo, em que os homens que regem e fazem as leis também são passiveis de serem punidos por ela.

É olhar para essa bela premissa temática e sentir um grande desgosto pelas ideias mal aproveitadas e desastrosamente desenvolvidas. Por ser uma série e personagens que eu gosto, fico ainda mais decepcionada. 

Enfim, a existência de Psycho-Pass 2 é claramente uma forma de aquecer o fandom para o filme e reintroduzir uma possível nova audiência, levando em conta o quão didática foi a narrativa nesta temporada. Que se torne uma lembrança amarga para os produtores do Noitamina, em relação a este tipo de calendário de produção apertada, apesar de que duvido muito que estivessem esperando algo grande disto. Os fanservices e a reiteração demonstram isso, e no fim das contas esta é a forma desta nova série. Por um bom tempo se manteve como uma boa diversão para mim, mesmo se mostrando um produto mais fraco que o original. Esperava manter ao menos uma nota mediana, mas nem isso. Será mais um pra vala das continuações desnecessárias que eu escrevi um pouco antes da estreia. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★
Nota Final: 04/10
Roteirista: Hiroshi Kobayashi 
Direção Auxiliar: Yuuzou Satou, Katsuya Shigehara, Masahiko Matsuyama
Storyboard: Naoyoshi Shiotani, Kiyoko Sayama 
Direção de Animação: Kenrou Tokuda, Tatsurou Kawano, Manabu Nakamura, Koutarou Nakamori, Ayano Oowada, Maho Yoshikawa, Jiemon Futsuzawa
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