domingo, 29 de março de 2015

Comentários: Death Parade #12 – Suicide Tour (Final)

O ato final de um dos animes mais populares da temporada!
Comentário Anterior; Death Parade  #11 – Memento Mori

“Sofrer, porém suportar.... não é isso que significa viver?”

Esse episódio sintetiza toda a ideia que Death Parade vinha propondo em todos estes episódios, fechando belamente um ciclo – embora inevitavelmente deixe para trás conflitos e tramas claramente inacabadas. Mas, até mesmo isso é tratado da forma correta. Eu sei; na soma total por mais que Death Parade tenha surpreendido positivamente ao apresentar um mundo muito mais amplo do que vislumbrávamos em Death Billiards*, ainda ficou muito aquém do que poderia ter sido com todo este potencial apresentado. O motivo parece que todo mundo compreende qual. Uma historia com tramas episódicas amarradas a um enredo significativo exige mais tempo do que 12 episódios podem comportar. E claro, faltou algum ponto de virada que realmente elevasse o tom.

A ausência de um peso maior no conflito principal é sem dúvidas o que mais incomoda, afinal, se construiu toda uma tensão em torno disto ao longo da segunda parte do anime, e seu clímax acaba não envolvendo muito. Oculo lança um alerta sobre Nona que jamais se cumpre ou chega a uma conclusão mais satisfatória, em termos de diálogos. Com isso a série não entrega o sentimento de realização plena, pois se compreende que o que fora prometido não se cumpre. Mas, ainda assim foi um episódio maravilhoso que conseguiu fechar um elo soberbamente. Então, por mais que incomode dadas as circunstâncias, a direção conduzir a narrativa com naturalidade, cobrindo apenas o que estava ao alcance, acaba sendo um fator positivo, de certa forma. Afinal, a resolução mais importante, que é a trama de Chiyuki e Decim, encontra o seu momento máximo com virtuosismo. 
O fato de não existir um deus naquele mundo, e da série romper completamente com o estado de divindade, alterando drasticamente os sentidos do que é inferno e paraíso, dá um peso magnifico à sua ideia primordial: a vida, o livre arbítrio, a essência do ser humano como ser mutante e paradoxal. Viver uma vida plena, com a consciência de que você só tem... AQUELA vida pra viver. Yeah, por mais que a série embarque na onda da reencarnação, os personagens só podem viver aquela vida uma única vez. Chiyuki nunca mais poderá voltar para o lado da sua mãe e viver aquela relação novamente, fazendo diferente aquilo que poderia ter feito mas não fez. A mãe que queria voltar para o lado dos filhos porque eles dependiam dela (puta merda, não posso lembrar ou vou começar a chorar aqui) e tudo o que ela queria era poder estar com eles novamente, ela não pode, mesmo que reencarne. Será outra vida, outras experiências. 

Isso coloca um peso extraordinário ao valor que se dá a existência. Às vezes, como Chiyuku, nos deixamos levar pelo impulso do momento, que parece ser insuperável e tudo o que queremos é fugir e esquecer, no entanto, é igualmente desesperador a ideia de que você não terá outra chance. Por isso que em um estado psicológico são, nenhum ser humano tira a sua vida. Ele pode pensar e romancear, mas cruzar a linha é muito difícil. É muito, muito difícil juntar a coragem para dar o passo definitivo. Mente quem diz que se matar é uma saída fácil – certamente nunca passou por essa situação. Isso porque a nossa vida, por pior que seja ainda é algo que bate forte e nos cria resistência em abandoná-la. E uma vez perdida, é irrecuperável. É um pouco triste. Queríamos um desfecho diferente para muitos dos personagens, que Decim e Nona pudessem ter tido uma chance de construírem algo, mas a força na mensagem de Death Parade é justamente essa e é com satisfação que vejo a forma séria como Yuzuru Tachikawa conduziu este tema.

Nona conseguirá fazer a revolução que almeja? A humanização dos árbitros trará consequências ruins? Decim se arrependerá de ter adquirido o que há de mais virtuoso e doloroso no ser humano? Ele suportará este peso? Nunca saberemos. Ou talvez sim, mas enfim. Apesar do final do desfecho vago, o raciocínio de Nona encontra o seu clímax neste episódio, no sentido de que por mais difícil que seja você deve conhecer aquilo que está julgando e por consequência, entrar em contato com o mesmo. Isto significa que só alguém que sente como um ser humano pode julgar outro ser humano. O juízo pode ser contestável, podem ocorrer equívocos, mas uma máquina jamais poderá julgar com precisão um ser humano, a não ser que alcance a capacidade de compreendê-los como se fosse um, algo que exigeria um nível de abstração e irregularidades que mesmo a tecnilogia mais avançada teria dificuldades em replicar. Por tabela, Decim não pode julgar sem conhecer o que está julgando. Essa experiência final com a Chiyuki lhe proporcionou não só uma experiência gratificante como também trouxe a certeza de que ela se arrependera e havia enfim compreendido aquilo que ela parecia não compreender no episódio anterior. 
Gratificante também para nós, um episódio com um storyboard e camerawork magníficos, com vários planos/layouts fabulosos. A cena em que Decim sente o peso de suas emoções e o mundo virtual se estilhaça é um orgasmo! A entrada da trilha sonora em seguida, com dedilhados de violão com uma pegada blues, torna o momento entre Decim e Chiyuki ainda mais belo. Tachikawa acerta três vezes 1) tornando aquele cenário uma ilusão e assim não traindo a convicção adquirida episódios atrás de Decim quando percebe o equivoco que estava cometendo em criar testes para os personagens 2) ao criar a ilusão ele dá a explosão climática necessária para o desfecho do conflito de Decim 3) proporciona o choque necessário para que Chiyuki pudesse compreender algo obvio. A interação entre esses dois é talvez a lembrança mais bonita da série que muitos irão carregar. Há algo de sedutor naquilo que fica subtendido, mas nunca chega a se concretizar. Ele se eterniza e mantém consigo todas as idealizações que se possa ter. 

Avaliação:  ★★★★
Nota final: 07/10
Staff do Episódio
Roteiro: Yuzuru Tachikawa
Storyboard: Yuzuru Tachikawa
Diretor de Episódio: Yuzuru Tachikawa
Diretor Chefe de Animação: Shinichi Kurita
Diretores de Animação: Shosuke Ishibashi, Kyong Nam Ko, Masanori Shino
-Eu... quando acordo afobada, tento me levantar apressada e as pernas não respondem. Sério! Já aconteceu tanto e é engraçado de tão trágico.
-A animação de Death Parade é econômica, afinal, há poucos momentos que realmente exigem algo fluído, mas nunca decepciona quando chega a estes momentos e mesmo os momentos de movimentos mais contidos também é algo bom.
-"Isso é tão ridículo que minha flor murchou" MAS GENT (só eu vi maldade nesse diálogo?)
- ;___________________________;
-Isso foi tãoooooo creeeeeeeepy, Decim!!!


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