I am the bone of my sword
Steel is my body and fire is my blood
I have created over a thousand blades
Unknown to Death, Nor known to Life
Have withstood pain to create many weapons
Yet, those hands will never hold anything
So as I pray...
Esse episódio de UBW é daqueles que ocorrem tão raramente que merecem ser capturados pela lente da memória e emoldurado em um quadro na sala principal, para ser revisitado de quando em quando. Me arrisco a dizer que ao revisitá-lo, ele ainda será capaz de arrancar faíscas nos olhos – principalmente depois de fechar a série e enfim absorver por completo toda a mensagem de seu autor. É ai que ele há de se tornar mais grandioso. Como aqueles primeiros episódios, que trazem um grau de empatia maior àquele que já lhe é conhecedor. Como me peguei pensando após o término, depois de um período de lisergia pós-episódio, ainda meio abobalhada; este é um episódio daqueles que fazem frente ao episódio finale de qualquer bom seriado americano.
Foi um grande episódio, tanto em termos de animação, quanto
de direção, roteiro, storyboard, e até mesmo trilha musical, aspecto no qual a
série vinha deixando a desejar. Embora, convenhamos, uma insert-song bem
colocada, no momento ideal, é arrebatadora, mas mesmo a background conseguiu
acompanhar o desenrolar do emocionante duelo de um garoto com o seu ideal. E
mais do que um simples duelo físico, se trata de um embate filosófico. O que
Archer busca não é exatamente a morte literal de Shirou – embora esta possa ser
vista como conseqüência inevitável –, o que Archer busca é a sua morte espiritual,
do abatimento do seu incontrolável desejo estoicista; Shirou sabe que perder
para Archer é, no fim das contas, perder para si, abrir mão de si mesmo e de
tudo que acredita – o que faz com que este confronto não possa ser resolvido de
forma tão simples com ambos apertando as mãos e sinalando a paz e coexistindo.
Oras, se eles são, na essência, o mesmo ser, a confrontação é inevitável a
partir do momento que eles passam a coexistir. Inevitável por ser paradoxal –
agora, o que Nasu busca, é um estudo conceitual de personagem, não paradoxos. Pense
no seu eu de agora com o seu eu de outrora. Quantas vezes você já não se pegou
pensando em quão estúpido era?, em toda a sua imaturidade, e etc. Agora imagine
o que o seu eu do futuro teria a dizer sobre o atual, numa fase decisiva que
construirá as pontes para o seu futuro?
Portanto, o episódio reverbera em esplendor quando desassocia
o plano palpável do intangível. O próprio mundo devastado – reality marble – de
Archer já é por si só um estado alterado da realidade em que pode se dizer que
projeta-se o estado da mente. Mas o êxito é maior quando adentramos na
abstração de mente de Shirou em que seu duo caminha por estilhaços de memórias
em busca da compreensão de algo que se dispersou. É uma adaptação maravilhosa
dos escritos de Nasu, que talvez até tenha reescrito todo o cenário com maior
clareza para a mídia visual, acrescentando detalhes que não víamos no original –
assim como uma redundância necessária para neófitos, em certo aspecto do
roteiro. Então, mesmo se consideramos que o roteiro empalidece diante do
original por sua obviedade, ele ainda possui uma pulsação e calor muito
genuínos difíceis de encontrar em uma adaptação. É impulsionado ainda pelo
forte apelo áudio-visual deste episódio. A volta que fazem, cobrindo um ponto
obscuro para quem só assistiu Fate/Zero ou não se lembra com clareza de Fate,
explicando a razão por trás da imunização de Shirou e do porque Rin não fora
capaz de invocá-la (assim como o pacto com Archer era muito difícil de ser
evitado devido ao significativo pingente, que forma uma espécie de loop
paradoxal que a liga ao arqueiro), é de uma lucidez elogiável – são detalhes fáceis
de passarem batidos por um escritor de episódio pouco preocupado com os elos
entre as obras e a compreensão do público, uma vez que sua rotina exasperante e
as cobranças de prazo funcionam como formidáveis armadilhas (exemplos ruins tem
muitos, como o absurdo desleixo que ocorre na revisão de roteiro de Psycho-Pass2).
É episódio de bom espetáculo visual, em que não se recorre
às recorrentes maquiagens do estúdio ufotable, e as cenas de movimentação
corporal são limpas e sem poluições visuais. Os efeitos visuais também se
mostram mais comportados, com exceção do núcleo de Lancer, onde os efeitos que
ilustram seu estado terminal não são assim tão charmosos, na verdade soou um
tanto artificial – mas é só um detalhe que não corrompe todo o quadro, que
inclusive tem sequencias alucinantes no show performático do caricato Shinji e
na morte do falso padre. Desde já, é um dos melhores episódios do ano para mim.
ECSTASEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor do episodio: Takashi Suhara
Storyboard: Takashi Suhara
Direção de Animação: Hisayuki Tabata, Miyuki Ishizuka, Tetsuto Satou
Direção: Takahiro Miura
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