segunda-feira, 27 de julho de 2015

Comentários: Gakkou Gurashi #03 – Aquela época...

Um episódio revelador, que já começa com uma declaração de post-mortem. 
Esse episódio... fez meu estômago se retorcer, de uma forma estupendamente positiva! Acho que ainda não comentei aqui, mas eu sou muito fã de coisas relacionadas a zumbis. Para mim, uma das partes mais legais nestas obras é o período de contágio, em que o enredo vai avançando gradativamente numa atmosfera inebriante, onde a situação vai saindo de controle e o mundo inteiro entra em colapso – eu chego a dar pulinhos nos primeiros sinais de evidências de contagio e surto, com o clássico recurso onde a TV ligada ambienta a situação para a audiência/protagonistas. É excitante. É como se masturbar – ou transar – e sentir o orgasmo chegando. Estou certa de que vocês me compreendem.

A direção criativa continua sendo um dos aspectos mais vibrantes de Gakkou Gurashi, e neste episódio atinge o seu ponto mais alto, desde o primeiro. A paleta de cores em tons vivos-brilhantes, a habitual boa iluminação ou uso inteligente de sombras para expressar atmosfera; você sente a direção se comunicando com o expectador pelo meio visual e é por ele que a atmosfera de suspense e horror crescente contamina todo o ambiente e alcança quem está do outro lado do monitor. Além disso, há de se falar dos excelentes recursos de efeitos visuais. No post anterior, eu comentei como não gostava tanto dos efeitos fumegantes em torno dos zumbis, por tirar-lhes a urgência do pavor. Parece que há algum tipo de censura ou coisa assim, que não compreendo bem por não ler o mangá, mas seja como for, neste episódio isto é muito melhor trabalhado visualmente. Os zumbis surgem na tela, mesmo que em raríssimos cortes diretos, sem maquiagem e estilismos  - com isso, eles ganham uma áurea mais palpável e física, e a forma como a camerawork parece fugir de um contato direto, neste caso, faz com que o suspense atmosférico se torne mais desconfortavelmente ameaçador, pois brinca com a psique do medo mais genuíno do ser humano. Então, quando há todos aqueles cortes em tela preta, interrompendo o baque de uma cena, para logo em seguida retomá-la por uma nova ótica, torna a coisa toda envolvente em um nível absolutamente novo para a série – embora podemos observar efeito similar na cena da biblioteca no episódio interior, que trabalha a sequência com os mesmos princípios deste episódio. 
Dessa forma, a violência que não vemos representada graficamente, permanece pungente e autêntica, ilustrada pelo que não vemos, pela expressão de pavor nos semblantes das personagens, pelo som minimalista da eficaz BGG ou simplesmente pela ausência da mesma, que também requer um timing apurado. Os planos que destacam a simbologia visual desta violência não dita, não vista, mas sentida, é sensível em sua semiótica. As transições dos planos alternados em tela preta e focados no agudo silencioso do agir de cada personagem foi para mim uma das coisas mais divertidas e loucas do episódio, a cena em que Kurumi começa a golpear a cabeça do seu senpai repetidamente enquanto as outras observam em estado de choque, e então Yuki salta para abraçá-la, consegue convencer no impacto dramático. Pensando nisto, você pode não gostar dela, mas acompanhar essas fantasias lisérgicas de Yuki desde o primeiro episódio tornou esta cena muito mais verdadeira e efetiva, do que seria se não pudéssemos compreender Yuki e Kurumi – que teve o seu drama pessoal emergido no episódio anterior. Desta vez, me envolveu completamente.

E o que dizer de Megu-nee? Em apenas um episódio, ela se tornou uma personagem tão encantadora, que no final me vi torcendo por ela e vibrando por ela conseguir se sair bem como professora. Seu papel como agente unificador foi bem conduzido ao ponto de as raízes com as personagens soarem tangíveis. Penso que alinhado a toda esta construção, o recurso empregado de narrar a origem dos acontecimentos como uma memória do passado – caracterizado pelo aspecto retro da tela fora de sintonia, que também transmite uma energia melancólica de perda e desconexão, que é enaltecida pela narrativa ser claramente uma memória registrada num diário. Aqui se encontra uma certa maldade na ambigüidade com que o diretor estrutura a narrativa pois, se tratando de um diário, a voz e a imagem que vemos de Megu-nee escrevendo o diário tanto pode estar acontecendo no passado ou no presente. A série sempre foi cruel nisto de deixar indícios que passam quase despercebidos, mas neste episódio foi de matar....!! Fiquei o episódio inteirinho na expectativa de ao final, descobrirmos que Meguu estaria morta – e aquela cena dela arrastando os passos até onde as garotas estão acampaadas...PUTAQUEPARIU! Eu sei que a maioria de vocês, assim como eu, trancou o cu e pensou que ela já era uma zumbi. 
Foi com alivio que vi os créditos subirem e constatar que Megu-nee estava bem e em segurança. Mas isso não durou muito. Algo me incomodava, porque sentia que aquilo parecia errado. O final, em plano fechado com a camerawork se distanciando e revelando um plano geral com Megu fechada numa sala entre várias gavetas (que parecem ganhar uma conotação de sepulturas) e efeito de filtro em sérpia na paleta de cores que remetia simbolicamente a uma recordação do passado me deixaram com um sentimento incomodo em relação ao futuro. Como se não fosse suficiente, a tela em widescreen denotava uma urgência extrema da situação, como se fosse aquela parte do texto, sublinhada ou em negrito, ou talvez simplesmente em caixa alta, chamando a atenção para algo que diferencia o tom usual empregado. 

Logo me pus a pensar no obvio. A narrativa da série sempre foi sutil em certos detalhes, e se o recurso criativo de narrativa utilizado neste já denotava um luto antecipado, temos vários indícios que reforçam este argumento. Há o fato de Yuki viver em delírios e, durante todos os momentos dos episódios anteriores, Yuki ser a única que parece realmente conversar diretamente com ela, enquanto no episódio 1, chamava a se mesma de vitima o tempo todo, sendo interrompida/ignorada com a mesma freqüência. Isto daria um peso extra na seqüência da biblioteca, no episódio anterior, onde as personagens comportam-se como se Yuki estivesse sozinha, até que esta se diz agradecida à Megume, e todas enfim olham adiante e mantém a fantasia da garota. Isso lembra o caso de Another, onde o plottwist estava justamente num cadáver de uma pessoa que não sabia que havia morrido... no entanto Gakkou Gurashi não é um anime sobrenatural de terror, e sim uma fantasia zumbie.
Coisas legais de se reparar: Megu-nee absorvida pelas sombras, enquanto as outras garotas permanecem na claridade
Confesso que pensar nisto, faz tudo me parecer estranhamente assustador. Enfim, é provável que a cruz que vemos no terraço seja de Megumi e não do namorado de Kurumi, como se supunha. Megumi carrega um crucifixo no peito, e na cruz há um laço aparentemente cor de rosa que denota uma ternura feminina que usualmente não se aplica a garotos – ao menos, para efeitos do simbólico. Como neste episódio, entendemos que a Yuki ainda era uma garotinha que não delirava, ainda que vivendo psicologicamente numa zona de alta pressão, como se nota no bullying que sofria e a sensação de inadequação social – indivíduos assim, tem uma alta facilidade de escapar mentalmente para lugares metafísicos, como um artifício de autodefesa, criando fantasias escapistas habitadas por elas. Se mesmo depois de presenciar a morte de um colega, ela não parecia estar diferente, eu imagino que a única coisa que poderia fazê-la perder completamente o chão seria a morte de alguém particularmente importante pra ela, com uma ligação tão estreita como a que Megumi mantinha. É interessante observamos que antes de sua mente colapsar, ela era uma garota solitária, alvo constante de zombaria das colegas – um fato que reforça seu apego a Megumi. No entanto, após perder sua sanidade, as garotas que a hostilizavam, se tornaram suas amigas... revelando assim seu intrínseco desejo interno.

Ah, gente! Não tem jeito, eu amo a Yuki! Toda vez que ela surge saltitante e enérgica, eu sinto vontade de proteger seu sorriso! De mordê-la, de esmagá-la em meus braços. <3

Avaliação: ★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Hikaru Sakurai
Diretor do episodio: Yuu Kinome
Storyboard: Yuu Kinome
Direção de Animação: Yuji Ushijima, Makoto Iino
Direção: Masaomi Ando

EXTRAS



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