Comentários: Subete ga F ni Naru #07 – Tudo se Torna Serial Experiments Lain

Gray Limit

Porque para tudo há um limite mesmo quando dizem que não

Caras, eu realmente fiquei assustada. Na verdade, meu coração ainda bate desconsertadamente.

Não, não estou falando da longuíssima entediante e constrangedora cena de Saikawa com a irmã da morta, a Miki Magata, falando ingrish. Oh, céus, foi torturante!

Mas eu falo dos últimos 8 minutos do anime que se seguiu em um ritmo thriller com revelações chocantes.

Certo. Pensando friamente, é tão chocante quanto a descoberta da evidência do elevador no episódio anterior. Ou seja, não realmente.

O paralelismo extenso de Yandere-Sociopata Magata&Pedofilo com Moe&Saikawa (sendo ele uma figura tão paterna na vida dela, exercendo um forte senso de proteção e a atração sexual exercida sobre ela /Froid explica tudo e com certeza também explica isso) já era um forte condicionador de que as raízes que à ligavam a Saikawa eram desamasiadamente intrínsecas. Na época em que muito se procurava compreender a relação de paralelo entre Moe e Magata, eu disse francamente que não conseguia enxergar muito além a que isto se destinava. É um argumento substancial ou apenas um vácuo de simples reflexo criminosamente valorizado, instigando-nos quando na verdade não há nada a oferecer dentro deste pastel de vento? Pois bem, ainda não acho suficientemente interessante, mas há uma fagulha, enfim.

Quem sabe.

Voltando ao tópico, o cheiro da morte impregna o vestido de Moe, provocando um efeito psicológico no qual ela jamais conseguiria usar aquele vestido novamente. Era Saikawa ao seu lado. O homem que tanta ama. A figura masculina de referência ao seu pai. Neste esquadro, normalmente ele corresponder aos sentimentos dela seria improvável (não que não pudesse acontecer), levando-se em conta o vínculo, mas é um anime. É Japão. E outras coisas mais. O que eu gostei foi disto ter sido desbloqueado de sua mente de uma forma autoconsciente, uma vez que o simulador de realidade não cria uma nova realidade física, mas dá vazão ao que há na sua mente. A verdade sempre esteve lá, mas bloqueada por densas nuvens espessas criadas por um momento de baque emocional. Assim como as suas tolas fantasias românticas com Saikawa. Miki atua como um gatilho.

Pensando nesse sentido, às vezes o que é real e irreal pode se tornar indistinguível em nossas mentes. Nossa mente (nosso outro eu se pensarmos em termos de psicologia) às vezes nos prega peças bem ordinárias, nos levando a crer que determinada situação foi real como pensamos ser, quando na verdade nada daquilo aconteceu. Quantas mentiras nostálgicas não acreditamos ser verdade? Até mesmo o que não era tão bom se torna doce com o tempo, segundo nossas memórias. É de se pensar que a verdade e a mentira, o falso e o verdadeiro (Dica: Nisemonogatari: Por que ele É o Melhor da Temporada?) possa ter o mesmo valor se realmente acreditarmos naquilo. Afinal, se você acredita sem duvidar, uma mentira se torna verdade. Ou não? Se você não conhece a mentira, então só pode ser verdade. Só há mentira quando ela é descoberta. Só se nega um fato quando há uma ação contraria. O mundo existe segundo o que vemos ou o que os outros veem? (Dica: Nekomonogatari Black: Familia Tsubasa). Essas questões.

O que me deixou aturdida e um pouco assustada é em relação a isso.

Michiru existe. E eu creio que não há a menor possibilidade de ela ser uma projeção da mente perturbada da Moe. Nem mesmo ser uma AI convencional, como a Deborah. Talvez uma ainda mais avançada, um tipo de Magi (cérebro da Naoko Akagi em Evangelion)?

Sim, assim como o Saikawa estar ao lado de Moe desde quando ela perdeu os pais, a existência virtual de Michiru não deve ser encarada com total espanto, ainda que a narrativa nos leve a ter este tipo de sentimento. Novamente, analisado friamente, havia indícios suficientes lá atrás de algo assim emergindo. A incógnita é: uma história de Mistério vai conseguir soar razoável agregando questões ‘filosofoexistenciais’ pós-futuristas à lá Serial Experiments Lain? Realmente não acho que possa sair nada de bom com a possibilidade de uma das personalidades de Magata ter virado uma existência vagante em um mundo metafisico. Francamente.

Mesmo considerando que possa ser simplesmente uma AI evoluída, ainda é algo que me soa Frankenstein o suficiente para comparar com Psycho-Pass 2.

Se é verdade que gato escaldado tem medo de água fria, eu já estou morta só com a possibilidade.

É claro que não vou botar o livro em cheque. Mas é exatamente por ser uma adaptação para a telinha, que eu sou totalmente cética quanto ao que vislumbro em relação ao futuro disso tudo. Apenas espero temerosamente que o desenlace não seja uma grande bobagem quanto parece ser.

Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Yusuke Watanabe
Direção do episódio: Ayako Kawano
Storyboard:Toshinori Fukushima
Direção de animação: Yu Kurihara, Eisuke Matsubara
Diretor: Mamoru Kanbe

Bônus:

-Vocês não tem ideia o quanto eu sorri grandão e o quanto sangrei com essa sequência! HAHAHAHA UGAO QUERO MAIS SHIMADA-SAN

-Moe sendo a cada episódio o melhor motivo para Subete ga F!

-Essa sequência da câmera se distanciando poderia ter sido linda se não fosse esse CG horripilante. Tá certo que nunca foi grandes coisas em Subete, mas o deste episódio me causaram estigmatismo.