quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Lado Machista do Estúdio Ghibli

Yoshiaki Nishimura, um dos co-produtores do estúdio Ghibli andou falando demais – ou apenas externou um pensamento comum na indústria de animação.
De passagem no Reino Unido, ao lado do diretor Hiromasa Yonebayashi, para promover o filme When Marnie Was There (As Memórias de Marnie) que vai ser lançado lá, eles concederam entrevista ao jornal The Guardian. Foi quando o repórter perguntou “Será que o Ghibli nunca vai empregar uma diretora?”, no qual Nishimura responde:

“Depende para que tipo de filme seria. Diferente de um filme de ação ao vivo, com a animação nós temos que simplificar o mundo real. As mulheres tendem a ser mais realistas e gerenciar o dia-a-dia muito bem. Homens, por outro lado, tendem a ser mais idealista e filmes de fantasia precisam de uma abordagem idealista. Eu não acho que seja uma coincidência que homens sejam selecionados”.

Em uma única resposta, Nishimura demonstra não apenas um profundo desconhecimento, ou seja, ignorância, como um machismo intrínseco. O que ele quer dizer nas entrelinhas, é que uma mulher não seria capaz de dirigir um filme do Ghibli. Em uma indústria onde mulheres representam menos de 4% em cargos de direção, segundo o Directors Guild of Japan, eu acredito que ele não conheça exemplos de mulheres diretoras no comando de produções “realistas”. 
Mas, acaba sendo um pensamento comum na indústria dominada pelo sexo masculino, mesmo que os argumentos mudem. Hiromasa Yonebayashi, diretor de Marnie, por exemplo, respondeu para o mesmo repórter quando indagado porque o Ghibli continua criando histórias lideradas por heroínas que “Eu mesmo sou um homem, e se eu tivesse um personagem central que era do sexo masculino, provavelmente iria colocar muita emoção nele, o que levaria a uma dificuldade de contar a história”. MEODEOS

Para Yonebayashi, homem é homem e mulher é mulher. Para bom entendedor meia palavra basta. É sempre ruim ver declarações assim, mas não surpreende. ^^ 


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