Autoreconhecimento.
Essa é a palavra-chave para tachar o núcleo deste novo episódio de Kuzu. Alguns estão em negação, relutando a aceitar seus desejos, enquanto outros mostram-se plenamente mestrados em seus rumos, em uma busca por satisfação própria, libertos do que diz a construção social e a divisa entre o que é moralmente aceitável ou não.
Hanabi, por exemplo, ainda está num misto entre fugir e abraçar a si mesma. Ela já parece ter noção do que quer, como exposto por suas introspecções vingativas e hedonistas, mas também parece não querer acreditar no seu verdadeiro eu, pois ele contraria o “bom senso”, indo da monogamia ao ideal fabulóide do que seria o amor.
E nós, que também estamos presos no que eu chamo de “protocolos sociais”, temos essa predisposição a julgar as atitudes dos personagens, se nos darmos conta que não há como dizer quem está certo ou errado. Se há, é apenas mais um pensamento condicionado de quem está conformado, se conhece muito bem, foge de si mesmo ou, simplesmente, algo herdado por inconsciente coletivo.
Enquanto que outros habitantes da diégese da obra, como Mugi, Sanae e Akane, com suas versões condenáveis e até risíveis de comportamento - como ele basicamente desejar uma parceira que o irá trair deliberadamente -, estão claramente em um grau mais complexo de sua individuação.
Em contrapartida, Hanabi parece estar a tomar consciência e iniciativa para não mais ser um mero fantoche de outros, sendo ela a manipuladora. Contexto revelado em seu contato com o homem que fora anteriormente visto em companhia da professora. Está ali como revanche pessoal contra sua rival amorosa, o que também se encaixa em sua própria satisfação.
E, igualmente, seria insensato cobrar uma retidão e esclarecimento plenos de alguém a mercê de seus hormônios, em tenra idade, justamente a mais complicada e das mais preponderantes na personalidade que irá acompanharmos ao longo da vida.
O interessante do Kuzu é, justamente, descobrirmos a ela concomitantemente com que faz consigo mesma.