Change. Mudança. Várias foram as vezes em que esta palavra e derivadas foram pronunciadas na dezena de Kuzu. Obviamente direcionada aos personagens, é na trama onde ela melhor se encaixa no momento. A ardilosidade entre a escória e seus desejos ainda está lá. A essência inicial da obra está lá. Mas este não é mais a única vista possível, quanto mais o único futuro alcançável.
Pois, estes dois últimos capítulos flertaram, sugeriram e brincaram explicitamente com o brilho incipiente de uma luz em meio à escuridão moral vivida entre as figuras principais da obra.
A professora, a maior e mais experiente delas, ressalta esta possível mudança, justamente por ser quem mais se encontra soterrada no socialmente considerado deplorável. Ela sabe disso, se descreve assim e, assim vive, ainda que não tão bem quanto o imaginado. A autodepreciação existe e é um sinal de desprezo e pena, por menor que seja. O nome do episódio é “frágil e vazia”, afinal.
Até agora, ela se resignou com isto. Mas o professor e, principalmente Mugi, parecem tocar uma nuance empoeirada da mulher. Lado que desperta os ventos da mudança.
Mas não esqueçamos que Kuzu adora brincar com expectativas e pilares narrativos e sociais. Mugi e sua amada são assim; estereótipos sexuais do homem tarado, disposto a tudo para satisfazer o líbido; e a mulher, venenosa e sedutora, igualmente contumaz na perseguição de seus desejos.
No contexto da obra, seria terrivelmente decepcionante seu final desenvolver-se em uma trama boba, ideológica e redentora. O público de Kuzu compõe-se provavelmente de pervertidos desinteressados na história e outros instigados por um anime que comprometeu-se em temas sórdidos e impudicos. Entregar uma resolução conveniente e banal seria o cúmulo.
Desenvolver personagens é uma coisa. Descaracterizar uma história é outra. Torçamos para que seja uma nova divertida provocação.