terça-feira, 24 de julho de 2012

Comentários: Muv-Luv Alternative: Total Eclipse #04 & Sword Art Online #03


Aquele momento em que seus animes entram na perigosa fase de build up [desenvolvimento, uma ponte entre acontecimentos]. Vamos averiguar isso em mais um double post.

Este quarto episódio de Total Eclipse, foi um bom exemplo de clichês e ferramentas de roteiros bem utilizados na trama. Temos o piloto altamente competente, mas, genioso e provocado por seu superior, por não conseguir render o seu melhor. Temos o superior que entra em atrito com seu subordinado e acaba lhe dando mais atenção do que normalmente aconteceria, unicamente porque acredita em seu potencial. Temos um conflito entre um homem e uma mulher, que no fundo, no fundo, esconde uma tensão romântica/sexual e nós sabemos como muito bem como isso vai acabar [vai, nos surpreenda Total Eclipse! Mas eu duvido que o fará, dada as bases da obra original].

E é aqui o calcanhar de Aquiles de Total Eclipse a meu ver. Fazendo reflexões vagas, dependendo da forma como desenvolvam essa trama, o desfecho pode ser algo bem bobo, com Yuuya superando todas as suas dificuldades, a equipe eliminando os BETA e ele ganhando o coração da tenente Yui. Ou pode ser pior, com um harém indefinido. As próprias regras deste jogo já me soam meio distorcidas. Enquanto os motivos de Yuuya para sua agressividade são palpáveis, a irritação de Yui me parece algo bem imposto pelo roteiro [espero que não apelem para briguinhas de casal e que nada acrescentam à trama central].  Seja como for, a prova de fogo será no próximo episódio, onde ele e Yui aparentemente irão medir força. É um recurso que está sempre presente em plots conflitantes, mas que muitas vezes acabam caindo no lugar comum. Uma tenente com experiência de guerra não tem nada a provar para o seu subordinado. Sua atitude precisa ser sempre de autocontrole e superioridade, não se colocar em pé de igualdade.


Mas, não passam de reflexões vagas. O ponto é que, ainda que mesmo com alguns poréns, Total Eclipse tem conseguido manter meu interesse, com um roteiro minimamente bem executado. Yuuya não é o tipo de personagem fácil para se simpatizar, mas apesar de sua infantilidade exposta através de sua arrogância e insubordinação ao se sentir humilhado, o contexto acaba tornando isso bem embasado – Ainda que o roteiro insista em coloca-lo como uma vítima. Seria mais palpável evidenciar que seu preconceito se deu por influência de seu avó, não por se sentir acuado. Mas ainda é interessante toda essa rivalidade e a tensão desse episódio estava na medida certa.

Por enquanto, toda essa exposição tem se mostrado eficaz. Yui tem mostrado firmeza como tenente, sendo capaz de conseguir o mínimo de respeito de seus subordinados e os links com o episódio 2 foi uma jogada excelente. Como vimos aquilo em “tempo real”, somos capazes de nos conectar com o que Yui diz e nos simpatizar com suas provocações, que espero se tratar de uma tática de desestabilização. Quando vemos ela dar bronca em Yuuya, percebemos que na visão dela, ele tem visto esses treinos de simulação como diversão, com total ausência de urgência. Se o restante da equipe tem certa experiência em combate real, isso acaba pensando mais em Yuuya por não ter vivenciado aquele horror, logicamente não compreende sua urgência. Os pesos das palavras de Yui ao se referir à capacidade destrutiva dos BETA, ganha um peso enorme neste contexto.


Quando Yuuya faz pouco da unidade TSF japonesa, Yui se irrita e nesta discussão vemos um bom motivo para isso, afinal, ela juntamente com sua equipe teve que pilotar uma unidade bem menos eficaz e sem muita experiência de combate. Neste aspecto, a construção do conflito está ótima. Não apenas vemos sutilmente como o fracasso de sua equipe ainda ressoa em Yui e a forma como isso moldou sua forma de comandar, como vemos também uma equipe despreparada para atuar em conjunto e um membro psicologicamente desestabilizado. É uma linha tênue entre o drama e o melodrama, mas até aqui este conflito está bem executado. Deixa uma apreensão em como isso poderá afetar no futuro.

Pelo prólogo, aparentemente teremos a introdução de uma unidade usada em um dos momentos críticos do episódio 2. Assim, o conflito continua, aguardemos por um bom desenvolvimento e desfecho do mesmo. Um embate entre Yuuya e Yui pode ser bem interessante de se assistir, caso exponham isso num contexto plausível. Enquanto isso, o núcleo das Russas Cryska e Inia vai se desenvolvendo ao fundo com um certo suspense, mas que na verdade evidência uma trilha previsível [o ponto é até onde isso será capaz de impactar a história como um todo]. Até o momento, sem afetar o enredo principal.

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★



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Plus: Sword Art Online #03


Ah, esse meu coração fraco! Eu realmente me senti tocada com o drama deste episodio. Fazer o quê, tenho fraco por dramas. E acredito que muitos de vocês também. Supercialmente falando, SAO está ótimo, principalmente porque a execução que a staff do estúdio A 1-Pictures dá ao anime é algo espantoso. Eles dão um feeling bacana para as sequências. Então, muitos vão ficar eufóricos. Ou apenas satisfeitos. E foi sim, um bom episódio [talvez um tanto frustrante para quem guarda grandes expectativas para a série].

Mas, se você analisar as engrenagens, está tudo errado nessa narrativa de SAO. Ou algo próximo disso. O ritmo continua muito rápido para um série de background narrativo e nesse processo, perde-se o desenvolvimento de Kirito – e seu personagem, ao invés de forte, soa apenas como genérico –, além de não expressar como se deve a mecânica daquele mundo. Com isso, a complexidade daquele universo se perde em algo superficial.

Se por um lado, se ganha em agilidade e cenas de ação, por outro se cria a sensação que falta coesão. Embora esteja tudo ali, de forma implícita/não dita, é uma falha enorme para uma mídia audiovisual. Você assiste porque quer ver aquilo acontecer, não imaginar o que aconteceu ou poderia ter acontecido. Com isso, abre-se o leque para várias inconsistências de narrativa. O espectador mais desatento vai ficar se perguntando como o Kirito saltou de um nível 40, para o 70 em segundos. Mas claramente houve um timeskipe ali, onde muita coisa aconteceu nesse espaço de tempo.

Espaço de tempo em que fora retratada a angustia de Kirito, onde embora possa ser sentida aqui, acaba influenciando negativamente em outros aspectos. Da mesma forma como parece inconcebível que Kirito em menos de 5 minutos tenha se envolvido num romance não declarado com a garota Sachi, desencadeando no drama do “lobo solitário”. É o típico caso onde, diálogos, envolvimento e perda dos personagens, tudo influência globalmente no andamento da história e como ela se postará no futuro, mas que aqui é atenuado para breves sequências, que se neste episódio isolado não trás tanto efeito negativo, afeta diretamente a forma como a série se portará no futuro e dialoga com seus espectadores.


Basicamente: No primeiro episódio, Kirito queria sobreviver a todo custo. No segundo ele quer ser o herói solitário para evitar mortes desnecessárias. No terceiro, contrariando tudo isso, ele volta a fazer parte de uma guilda e depois de uma nova tragédia, ele decide explorar o universo daquele jogo [novamente solitário], em algo que dar a atender que foi motivado por Sachi. O que acaba tornando sua motivação, bem fraca. A história perde a intensidade e complexidade num roteiro ambíguo e superficial. Falando exclusivamente do episódio 03, Sachi que queria se sentir mais segura e Kirito que se sentia culpado, usaram um ao outro como muletas. Mas a natureza invasiva da narrativa retira muito do peso dramático do que ocorreu neste episódio, que se contenta com cenas manipulativas de drama para se expressar num curto espaço de tempo. O item de ressureição foi uma jogada de roteiro excelente, que acabou se revelando ainda mais frustrante e dando a sensação de que realmente “morreu, fim de jogo”, ao mesmo tempo em que é um trunfo a ser usado no futuro [já que em 10 segundos, dá pra se salvar uma vida]. Mas acabou não dizendo nada, pois não acompanhei o processo evolutivo de Kirito e não compartilho de sua dor. No fim das contas, periga cair nos mesmos erros de Accel World.

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★



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