Uma conversa sobre temáticas atmosféricas em 3 animes e como se relacionam com o atual Gingitsune.
Essa é a segunda participação da dona @Natthchan aqui no ELBR (a primeira foi falando sobre Free!), e
ela sabe que pode aparecer sempre que sentir vontade. Nesse guest post ela fala
sobre obras leves e reflexivas, retratando em situações diárias pessoas e suas
relações com espíritos, numa caminhada de crescimento e amadurecimento. Como
irão notar pelo texto e pelas imagens, a Natchim é apaixonada por Natsume
Yuujinchou (ela fala de Hotarubi no Mori e. Eu só tenho a dizer que assisti
várias vezes e chorei em todas. Não que isso seja algo para se orgulhar u_ú), como boa otome, que é.
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Ao terminar de assistir o episódio dois de Gingitsune, parei
para pensar no sentimento que esse tipo de obra me passava. Eu acabei
descobrindo mais um anime que me transmitia leveza.
Os cenários naturais ajudam bastante. |
A história de Gin se passa num pequeno templo Inari dedicado
ao deus da agricultura, onde existe uma entidade chamada Gintarou que serve de
mensageiro a deus, que tem forma de raposa. Makoto é a protagonista da série e
a única que pode ver Gintarou por ser a verdadeira sucessora do templo.Com a
ajuda do Gin, Makoto tem a possibilidade de ajudar as pessoas de sua
comunidade, graças ao poder dele de conseguir ver um futuro próximo.
Como a Beta comentou no post dela da temporada de outubro,
é uma temática voltada ao crescimento dos personagens, em situações de humor e
pequenos conflitos cotidianos de uma vida quieta e juvenil vivenciados pela
protagonista e as pessoas a sua volta, com as mais simples coisas da vida.
A história não tem nada de especial, mas mesmo assim os diálogos
singelos, a reação dos personagens, suas personalidades, o ambiente em que vivem
– essa jovialidade que aparece no roteiro me trás uma paz de espírito que até
eu não entendo, mas deixa meus domingos mais felizes.
Infelizmente minha opinião da história se restringe aos dois
primeiros episódios por que o mangá não está sendo traduzido por nenhum
scanlator americano, e tudo que posso fazer é me basear pelas dicas que
aparecem na OP, onde chuto uma rivalidade entre Makoto e o Garoto que aparece,
mas que pode se tornar um romance depois.
Na verdade quando eu estava pensando em comparações, o fator
que me fez querer escrever esse texto foi mais como “histórias que possuem um toque de sobrenatural que consegue me passar
um felling de calmaria”. O propósito é relacionar a ideia de leveza, e o
“desconhecido”.
Assistir Gin me despertou para um sentimento que eu não
tinha há um tempo. “É o mesmo felling que
eu tinha com Natsume Youjinchou!”. “Ah,
mas têm outras que também me fizeram me sentir assim!” e ai me veio
Mushishi e Hatarubi no Mori e também, isso voltando ao ponto de mundo
sobrenatural claro, por que se for contar com todos que eu me senti assim,
teria que colocar Usagi Drop no meio.
Natsume Yuujinchou para mim, até hoje, é o anime mais “leve”
que já vi. Sério, eu não sei explicar corretamente com palavras o que eu sinto
por Natsume, só sei que já devo ter re-assistido as quatro temporadas umas
quatro vezes. Passando tardes inteiras, dias, assistindo e sem ao menos cansar
um instante sequer. É uma história também voltada a ayakashis, mas com um tom
dramático, não só ao protagonista que vê espíritos e passou toda sua infância
sofrendo por isso, mas envolvendo também histórias dos próprios espíritos.
O propósito de Natsume Yuujinchou é mostrar o lado “humano” dos youkais que se relacionam com o protagonista, que na grande maioria das vezes tem haver com o livro dos amigos que lhe pertence, e graças a isso possuíram uma relação com a falecida avó de Takashi, a Reiko. Natsume Takashi é um garoto que ficou órfão muito cedo, que passou boa parte da sua vida fugindo dos youkais que lhe perseguiam pelo seu forte poder espiritual, e graças a isso foi taxado de estranho muitas vezes, sendo obrigado a mudar de casa diversas vezes por seus parentes não conseguirem lidar com ele.
Ele se tornou uma pessoa fechada que não conseguia se
relacionar direito com as pessoas com medo de ser rejeitado por elas. Mas isso
não impediu que Natsume crescesse e se tornasse um garoto de bom coração, que é
gentil até com os espíritos que tanto lhe fazem mal. Pode parecer uma grande
ingenuidade por parte dele, mas a questão é que ele passou tanto tempo só na
companhia desses espíritos, que a visão dele se expandiu ao ponto de
considerá-los seus amigos também. Não importa quem lhe fale que não é certo ele
se envolver com eles e que isso só vai lhe trazer problemas, Natsume já passou
do tempo que podia evitar os sentimentos que tem, e no fim ele considera
humanos e espíritos iguais, da mesma forma que a Makoto vê Gin como seu amigo.
Em Gingintsune, mesmo sabendo que Gintarou é uma divindade e
está supostamente acima de Makoto, seu jeito de se portar diante a ele não é
extremamente respeitoso, longe disso, Makoto o trata como um amigo querido,
talvez até um irmão. E Gin mesmo gostando um pouco de gozar de sua autoridade,
toma conta de Makoto de uma forma paternal ouvindo seus anseios e duvidas,
estando ao lado dela sempre que necessário, numa relação bem humana.
A história em Natsume Yuujinchou, igual à Gingitsune, se
baseia no dia a dia de Natsume, convivendo com os espíritos, aprendendo ser
aceito em sua nova família, e até com os pequenos prazeres da vida de descobrir
amigos que conseguem aceita-lo como ele é e com o poder que tem. O
desenvolvimento da história é lento, mas muito bem feito e emocionante, por
diversas vezes me peguei sentindo momentos de extrema felicidade e tristezas
pelo personagem. Eu fui cativada por ele e pela história como um todo.
Os cenários naturais, as histórias por trás de cada episódio
fechado, e a própria personalidade do Natsume me passam um sentimento de
leveza, que consegue me comover com as mais simples situações.
E exatamente por gostar tanto desse tipo de história que corri atrás de obras semelhantes, e isso me fez conhecer Mushishi, onde muitos dizem ser uma versão superior a Natsume. Uma história voltada ao protagonista Ginko, um caçador de “Mushis”, sendo essas as criaturas sobrenaturais da obra.
Os mushis são descritos como seres em contato com a essência da vida na sua forma mais básica e pura que podem ser confundidas com fungos ou bactérias e não podem ser vistos por todas as pessoas, da mesma forma como youkais e deuses não são vistos por todas as pessoas, e não se sabe ao certo se essas criaturas estão vivas ou mortas. Imagina-se que elas estejam no centro de tudo.
Ginko é um Mushishi, viajando de um lugar para outro a pesquisar mushis e ajudar pessoas que sofrem de problemas causados por eles, já que certos mushis causam problemas de saúde para humanos, dependendo de situações adversas. Mas acima de tudo ele busca saber cada vez mais sobre eles, até por que o próprio Ginko é uma pessoa especial. Ele atrai mushis, e graças a isso não pode ficar muito tempo parado no mesmo lugar para não haver um desequilíbrio no ecossistema. E da mesma forma que Natsune, Ginko não considera que os mushis sejam criaturas más, mesmo que ele esteja correndo perigo por causa deles. Os mushis estão apenas tentando sobreviver.
O Mangá chegou a ganhar dois prêmios e o anime possui 26 episódios todos de histórias fechadas, onde em geral, apenas Ginko aparece em todos eles, como também o tempo entre as histórias não é percebido. Provavelmente entre esses 26 episódios se passam anos, e nem notamos.
Ao contrario de Natsume que eu maratonava os 13 episódios em
um dia, pra mim, assistir um episódio de Moshishi por dia já bastava para mim.
Cada episódio tinha uma história condensada e reflexiva, sobre diversos fatores
que nos torna humanos. Para dizer a verdade não posso me adentrar mais no tema,
por que não lembro muito bem das histórias. Mas o sentimento continua aqui
dentro do meu peito. Acredito que para harmonizar com Mushishi, tem que ser aos
poucos.
E para finalizar, um filme, que por coincidência (eu acho
que não), é uma adaptação de uma Oneshot da Mesma Autora de Natsume, a
MidorikawaYuki, chamado “Hotarubi no Mori e”. Também uma história com youkais,
mas dessa vez, o protagonista é uma garotinha. Na verdade é uma história sobre
uma relação entre duas pessoas que não podiam se tocar e o decorrer do tempo.
Hotarubi no Mori E conta a história de uma garota chamada Hotaru e seu amigo de Infância Gin, que se conheceram quando a jovem Hotaru se perdeu na floresta e o mascarado Gin resolveu ajuda-la. A questão é que Gin não era uma pessoa normal, e sim um espirito, e ainda tinha outro porem, ele não podia tocar em seres humanos ou ele poderia desaparecer para sempre. Hotaru se apega muito a Gin e todos os anos voltava à casa de seu avô com o objetivo de vê-lo, mas como também em Natsume, existe a temática do tempo. Para Gin o tempo passava muito lentamente, enquanto que Hotaru vai crescendo aos poucos ao longo da história.
É um romance trágico. Mesmo apaixonados mantinham o
sentimento para si mesmos e ambos sempre se viam todos os anos, e quanto mais à
proximidade vai crescendo, mais a vontade de tocar o outro se torna urgente,
mas impossível de acontecer, pois coloca em risco a vida daquele que ela ama.
A história também se passa num ambiente calmo, com lindos cenários,
simples e muito bonitos, de como o amor aparece nas mais diferentes situações.
Na verdade foi essa história que fez a autora ter a ideia para Natsume Yuujinchou.
A base da história, que se seria a relação de entendimento entre um humano e um
ser sobrenatural, está ali. Mesmo com todas as barreiras referentes a esse tipo
de relacionamento.
Todas são obras distintas, mas de certa forma semelhantes em
vários aspectos. Acho que cada uma merece um pouco de seu tempo para ser
degustada e apreciada, logicamente apenas se o tom que essas obras apresentam
for de seu agrado. Mas de uma coisa eu sei, as pequenas sensações de ligeira
felicidade que essas obras me proporcionaram eu guardo com muito carinho, e
reflito até hoje.
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