-Hitsugi no Chaika Avenging Battle
-Chaika?
-Yes. Chaika.
-Chaika.
Por diálogos tão inspiradores e emblemáticos como este
acima, além do carisma da personagem título que conversa com palavras quebradas
e desconexas [como se estivesse aprendendo a falar uma língua que lhe é
estranha], Hitsugi no Chaika (literalmente "Chaika do Caixão", mas licenciado pro ocidente como "Chaika: Princesa Caixão" ou "Princesa do Caixão") se tornou incrivelmente memetico nas redes sociais
e fóruns. Grande parte da popularidade da série se deve à Chaika, uma personagem
de sobrancelhas grossas que não possui memorias do seu passado e anda por ai
puxando seu caixão. Não que ela seja um personagem proeminente, pelo contrário,
ela é gentil e indefesa – como ressaltado por suas características infantis.
É nisto que está o apelo de Chaika, que passa grande parte
da série fazendo caras e bocas, além de estar sempre se atrapalhando. Este
aspecto faz dela um personagem simpático com facilidade em despertar afeto em
que vê – a despeito do que possa parecer por minha descrição, este aspecto moe
dela não faz da série uma história centrada neste elemento. Eu diria que é bem
equilibrado. O moe é afeto, reações bonitinhas e meigas, e isto está em boa
parte de qualquer obra em todo o mundo, embora algumas se conceituem em
centralizar neste elemento.
Hitsugi no Chaika é uma série bem previsível, com personagens
rasos e mais um amontoado de clichês. Mas também uma série divertida e despretensiosa
que sabe usar todos estes elementos a seu favor.
O enredo da série gira em torno dos eventos que aconteceram
há 5 anos, com o fim da Guerra dos 200 anos entre a Aliança das 6 Nações e o
Império de Gaz, quando o Imperador Imortal Arthur Gaz é finalmente esquartejado
por 8 guerreiros que ganharam prestigio como os Oito Heróis, ficando cada um
com uma parte de seu corpo. No presente, a desmemoriada princesa Chaika Travant
(Chika Anzai), filha de Gaz, sai
por ai puxando um caixão reunindo os restos do pai. Nessa jornada, ela vai
contar com a ajuda de Toru Acura (Junji Majima) e sua irmã de criação Araki Acura (Yuko Hara), ambos assassinos que a ajudaram na missão de reunir
os restos do pai.
A estrutura de Hitsugi no Chaika é a típica estrutura de
jrpg. Durante sua jornada, Chaika encontra com os dois irmãos, que se juntam à
sua missão de recolher os restos mortais do pai e durante essa missão, eles
encontrarão outros aliados que juntarão ao grupo, ora resolvendo pequenos
desafios, ora enfrentando grandes rivais. É um aspecto da série que me agrada
muito e um dos seus pontos mais fortes, mesmo que, como é de se esperar de
obras do tipo, haja altos e baixos, com alguns episódios sem inspiração. Essa estrutura possibilita esse clima de
aventura e descobertas que permeia a série, enquanto os personagens exploram o
cenário e através das dificuldades, vão estreitando a sua relação.
Mesmo o mundo de Chaika é simplório, assim como suas questões
politicas. O forte está na relação dos personagens, que juntos, formam um grupo
simpático que vale mais pela soma dos resultados do que por valores
individuais. A direção de Soichi Masui acertou em estabelecer esse clima leve
de comédia pautado por pitadas esporádicas de sequências de ação e comédia romântica.
A característica mais séria de Hitsugi no Chaika se dá com
as conexões dos personagens com o passado e como este passado afeta e continua
assombrando o presente. Pessoas queridas para Toru e Akari foram mortas
brutalmente, Chaika desconhece seu passado e aos poucos vai descobrindo coisas
que a deixam mais confusa a respeito de sua existência e missão, como a
possibilidade de ser uma criação artificial. Enquanto isso, eles precisam
enfrentar a resistência dos militares que teme Chaika e a possibilidade do
inicio de uma nova guerra com o corpo de Gaz restituído, além daqueles que
querem reunir os membros do corpo por seus próprios interesses. Esse fio
condutor, que diz respeito sobre o misterioso passado de Chaika e das
consequências da reunião das partes do corpo do imperador, é o grande mistério
do enredo, ainda que com o menor esforço seja possível vislumbrar o desfecho.
Se houve algo de surpreendente em Chaika nessa primeira
temporada, certamente foi uma importante revelação sobre a origem de Chaika...
ou Chaikas. Não é algo que parece agradar quem procura por premissas e
execuções mais ambiciosas, mas oferece uma boa dose de diversão leve com bons
valores de produção por parte do estúdio BONES em uma Fantasia leve que sabe
encantar com uma sociedade medieval com seus castelos, reis, povoados, magia e
tecnologia futurista, lado a lado (e tem
DRAGÕES! Ainda que esse dragão tenha a aparência de uma garotinha moe).
Essa produção mostra que um estúdio de boa estrutura pode fazer a diferença em
projetos padrões e baratos, que pela boa infraestrutura e padrão do estúdio,
irão produzir algo com uma boa qualidade. O BONES conta com bons profissionais
nativos do estúdio, que conduziram algumas sequências agradáveis visualmente.
Dividido em spli-cour, ou seja, uma temporada divida por
duas, Hitsugi no Chaika volta na temporada de outubro para o desfecho da obra.
Se trata de uma daptação de uma light novel de 9 volumes que ainda está em
andamento, mas que segundo seu autor Ichiro
Sakaki, está caminhando para o fim. É esperado que o anime acompanhe a light
novel até o seu desfecho.
Nota: 07/10
Direção: Soichi Masui
Trilha Sonora: Seikou Nagaoka
Tipo: TV
Episódios: 12
Páginas: ANN, MAL
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Galeria
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