domingo, 13 de julho de 2014

Comentários: Aldnoah.Zero #02 – Além do Horizonte

A situação parece irreversível, mas ressurge alguém pode por fim aos conflitos entre Terra e Marte.
ilustração retirada da sequência de encerramento, clique pra ampliar
O slogan da série, 'Fiat iustitia et ruat caelum' (Faça-se a justiça, mesmo que desabem os céus), exige que a justiça seja feita independente das consequências, com a metáfora do céu caindo literalmente, através dos Castelos – nome bem apropriado para aqueles que os pilotam, sendo eles monarcas do império de Vers que se consideram de uma casta superior. Assim então, castelos governados por seus reis caem na terra a fim de subjugar a antiga humanidade. Mas nem mesmo a nova ordem dos humanos residentes em Marte consegue – ou quer – escapar impune à interpretação equivocada de justiça, sendo esta altamente manipulável, é utilizada para dar vazão há décadas de uma guerra fria de relacionamentos conflituosos.

Não parece que eles estejam lutando com sangue nos olhos para vingar a sua princesa. Não, pela perspectiva que é mostrada neste episódio, tem-se a falsa (?) impressão de que todos estão lutando apenas para satisfazer seus desejos de subjugação e dominação, fazer valer sua supremacia, sendo o ataque à sua princesa, apenas o meio para que pudessem alcançar isto. Claro que teoricamente falando, o pesar pela princesa não apagaria seus instintos de supremacia nem tão pouco menos falhos (além de não sabermos bem como é relação da princesa com seu povo). Contudo, a escrita do episódio tira todo o potencial de tal conflito emocional e físico ao se concentrar apenas no aspecto maniqueísta do conflito. Talvez seja uma avaliação demasiadamente injusta a principio, tendo em vista que temos mais um episódio pela frente até fechar a primeira fase do enredo e provavelmente a participação direta de Butcher. Talvez. Mas, com a liberdade que a especulação de uma obra aberta nos permite, é fato que o episódio faz pouco para dar aspectos mais tridimensionais ao conflito, o que não é exatamente uma falha, mas que sem dúvidas daria muito mais impacto ao conflito físico. É algo que, por exemplo, podemos sentir em Eddelrittuo e em Slaine. Eles soam personagens com uma gama de conflitos mal resolvidos.
Contudo, foram apenas 2 episódios até agora, em que não se teve tempo para explorar devidamente a animosidade entre os dois mundos, nem conhecer melhor as motivações de Marte e etc. Isso é sobre a necessidade de termos começos fortes e atraentes. E vejam só, a princesa Asseylum está – sem nenhum surpresa – viva. Temos só mais um episódio até o fechamento do primeiro ato introdutório. Apenas no terceiro episódio o protagonista da história entrará no mecha – o que para mim é um tanto incomum, se tratando de mechas, embora minha falta de maior experiência no gênero me coloque numa posição delicada aqui.

É bastante claro que, com a princesa de Vers viva, este conflito findará antes que Marte extermine completamente a humanidade (O que me parece estar longe de acontecer, mesmo com o poderio deles. Atenhamo-nos ao fato de que eles começaram destruindo as grandes cidades de cada país), mas não sem antes que Nao suba no robô e faça a cena clássica de protagonismo. Imagino que a partir do quarto episódio, tenhamos um desenvolvimento mais profundo acerca da relação conflituosa entre os dois mundos, personagens, enfim... novamente uma guerra fria até que outro conflito ecloda, pois do lado de Marte há uma facção que não se satisfaz com a harmonia. Se tratando de um lugar sem as mesmas riquezas naturais da Terra, é provável que haja outros motivos por trás deste conflito, mas a nossa própria história mostra que é preciso menos que isto para que povos lutem entre sim. Se no mundo, as guerras são alimentadas por petróleo, indústria belicista e manutenção da autoridade sob o viés de nacionalismo, é verdade que também a animosidade entre países pode ser motivada simplesmente por motivos culturais; heranças do passado em relação a pertencimento [e não são os maiores conflitos do homem motivados por questões de pertencimento?]. Aldoah Zero mesmo sem a carga explosiva destes episódios iniciais tem muito o que explorar em sua premissa, fazendo do próximo baque algo ainda maior do que vemos nestes episódios.
Não acho que deva falar sobre o quão horroroso é a qualidade do 3DCG dessa série, não me surpreende, já esperava – mas gosto do design feião dos mechas da Federação da Terra, caracterizando-os como produção de massa de baixa potencia, em contraponto com os mais avançados que com certeza aparecerão mais tarde e até mesmo com os do império de Vers, que possuem projetos mais atraentes que privilegia a boa articulação que possuem. Apesar de que, assim como a muitos de vocês, me incomoda não ter visto um poder de fogo mais ofensivo por parte da Terra. Cadê os aviões, helicópteros, detonações e o caralho a quatro? Animes fazem esse tipo de ação soar muito fácil para quem está atacando, ou será que é apenas o fato de eu estar muito acostumada com filmes hollywoodianos?

Seja como for, o único pesar que este episódio me deixou foi não poder ter escrito este texto ao som da soundtrack da série. A trilha sonora tem uma função fundamental aqui, com o plus das insert songs – adoro insert songs bem colocadas –, que deram o tom certo que o episódio pedia. Algo épico e efervescente, mas não excessivamente dramático. Bom timing de Ei Aoki, que dá o tratamento adequado ao conflito. Se não há envolvimento, seria um erro querer tornar todo este cenário em algo dramático na tentativa de criar afeição com quem assiste. As sequências de ação são corretas na criação de tensão e atmosfera energizante. Embora, seja verdade, novamente a primeira parte do episódio é inferior à segunda. Ainda assim, episódio muito bom e frenético por quase todo o tempo. Na expectativa pro próximo, espero que Butcher continue tratando o protagonismo como se deve (era uma das melhores coisas do anime de Shingeki no Kyojin antes de virar Dragon Ball Z)

reação final

Avaliação: ★    ★
Roteiro: Gen Urobuchi
Storyboard: Ei Aoki
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