[Dias de Inverno, Uma noite fatídica]
Eres tu o meu mestre? Oh, o que é um momento antológico!
Mais um episódio focado em acompanhar a rotina de mais um
protagonista da série, no caso, o amado e odiado Shirou. A narrativa retrata
novamente os dois dias antes das preparações para a Guerra do Santo Graal, mas
por perspectivas diferentes. Isso criou uma dinâmica muito bacana, que até
poderia ser cortado e encaixado em apenas 48 minutos [2 episódios médios de 24
minutos] se focando nos dois personagens, mas que sem dúvidas alguma com um
tempo maior fornece uma visão muito mais rica e ampla do cenário. Creio que
ficou evidente o quanto Rin e Shirou possuem uma vida diária completamente
distinta um do outro. Enquanto ela passa seus dias solitários (ainda que seja a garota mais popular do
colégio) e se esforça para manter sua pose (ainda que tenha ficado obvio que mesmo com todo o conhecimento e
esforço, ela ainda é imatura e se deixa levar facilmente pelas emoções. Ou
seja, Rin foi obrigada a crescer antes do tempo e assumir obrigações maiores do
que ela), Shirou é cercado de pessoas, tem uma família; composta por
pessoas de fora, mas que foram fundamentais para que ele pudesse crescer se
sentindo querido e com calor humor – e vive uma vida sem grandes ambições. É o
ponto que o aproxima tanto de Sakura.
Mas sua rotina será transformada completamente por sua
participação nesta guerra. O que gera uma situação interessante: ao menos aqui,
com sua vida pacata e sem qualquer ambição afetada pela guerra e com uma maior
aproximação de Rin, Sakura meio que se distancia, embora não desapareça
completamente. E, bem, com Rin a vida do Shirou nunca será a mesma que seria
caso seguisse um curso normal. Mas, se há algo em que ambos se assemelham, é na
busca por um ideal espelhado por seus pais. Durante boa parte do episódio vemos
o quanto Shirou têm se esforçado para seguir o seu sonho infantil de ser um
defensor da justiça, um herói que combate o mal e ajuda as pessoas boas, mas na
nossa vida ordinária ser herói tem um outro significado, e talvez um pouco mais
chato do que nossas fantasias pintam. Mesmo se houvesse o poder para tal, não é
tão simples como gostaríamos de acreditar. É basicamente o que Kiritsugo lhe
diz, depois de ter percebido com os próprios olhos que o Santo Graal jamais
poderia realizar tamanha façanha. Quando seu pai lhe diz que ele só pode ajudar
às pessoas que estão próximas a ele, Shirou se sente frustrado e não pode
aceitar isto, mesmo que [inconscientemente ou não] saiba que o Kiritsugo está
certo. Acompanhando seu cotidiano, percebemos que é exatamente como seu pai lhe
dissera, que ele só pode ajudar quem está próximo a ele, mas ainda assim Shirou
quer acreditar que é possível – um paradoxo que convergirá na principal força
desta história.
A razão de tanto empenho está no seu passado, com parte da
cidade de Fuyuki em chamas e ele ali no meio, testemunhando tantas vidas serem
arruinadas. Sua vida foi diretamente afetada pelo que ocorreu no final de
Fate/Zero, e da mesma forma que ele foi salvo, também quer fazer o bem às
outras pessoas e se esforça para isso (a
cena dele trabalhando num bar foi um acréscimo bem interessante. Culturalmente
japoneses creem que trabalhar é sinônimo de estar contribuindo para a
sociedade, para o bem ao próximo, e, portanto devem se esforçar ao máximo. Teoricamente
é um senso comum em todo o mundo, mas isto acaba sendo mais forte numa cultura
coletivista, que pensa primeiro no grupo).
A cena do hospital onde inicialmente vemos apenas Shirou e
Kiritsugo, para depois abrir para mais uma criança, e depois mostrar as outras
olhando para eles, é de uma epifania poderosíssima, que para muitos, só se fará
visível a sua força quando UBW chegar em seu clímax. Mas o sentido é facilmente
percebível: Shirou foi o único a ser escolhido. Novamente, o destino sendo
intransigente para o que Kiritsugo apontou e que Shirou teima em desafiar. É a
essência desta história, a realidade batendo e Shirou a negando prontamente e
reafirmando seus valores. É um conflito que tem tudo para ser interessante.
Ufotable continua entregando uma produção de ótima
qualidade. As cenas da Taiga são bem fluidas. É legal ver que estão
representando a força de espirito e hiperatividade de personagens como Rin e Taiga
através de maneirismos visuais, ou seja, com uma animação extravagante nos seus
movimentos. Mas claro que o destaque fica por conta da aparição de Saber e sua
luta com Lancer, com momentos virtuosos de ambos os lados. Lancer se
sustentando nas pontas dos dedos e atacando como se seus pés estivessem
deslizando enquanto desvia e parte pra ofensiva. O traje de Saber e seu saiote
que abre como uma flor de lótus enquanto ela gira não é nada menos que
fascinante, seu pequeno tamanho acaba se tornando uma vantagem em termos de
flexibilidade em combate e seu traje pesado sempre se destaca visualmente.
Ufotable conseguiu fazer uns minutos de combate realmente fantásticos, eu devo
ter visto essa luta umas 10 vezes, procurando por detalhes que passam em
frações de segundos. Não encontrei nenhuma instabilidade na animação 2D. Porém,
os efeitos digitais decepcionaram um pouco quando Lancer evoca seu tesouro
heroico para conseguir parar a baixinha invocada que parte pra cima como um cãozinho
raivoso. HÁ.
Poxa, o que é a Gae Bulg? Você sabe por que o Lancer diz
quais são suas características, mas não vemos e seu sentido e pouco lucido. Minto,
vemos, mas apenas efeitos digitais que embaçam a ação e não demonstram a mecânica
por trás do golpe. Os quadros estáticos no momento do ataque para demonstrar
apreensão e suspense foram bem aplicados, no entanto poderiam ter detalhado melhor
o poder ofensivo da Gae Bolg ao invés de resumi-la a efeitos coloridos e uma
câmera em plano aberto. Não tenham medo de como um objeto solido se distorce,
invertendo a causalidade. Esta é uma história de fantasia afinal, e olhando
para esta cena, é impossível perceber visualmente como ela age. O que é a Gae
Bolg? Ainda não sabemos. A não ser que você seja um leitor do material
original. De qualquer forma, é o tipo de ação que é chato, porque não mostra o que acontece realmente.
Enfim, mais um episódio com narrativa que flui muito bem.
Não basta esticar a quantidade de minutos, é preciso preenchê-lo de uma forma
que pareça continuo e fluido, como se pensado realmente para o formato. As
belas transições de paisagens da cidade evidenciam essa internalização da
narrativa (só paramos para perceber com
calma o que há a nossa volta quando estamos andando sozinhos e perdidos em
reflexões sobre nós mesmos), mostrando o que há por dentro dos personagens,
seus questionamentos, e como eles se comportam naquele mundo, com uma despretensão
que num episódio regular talvez não caísse tão bem. Claro que é a própria
natureza de um “prologo” que permite essa visão, mas a direção que a staff deu
ao episódio entrega essas minúcias muito bem.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor Auxiliar: Takuya Nonaka
Storyboard: Takuya Nonaka
Direção de Animação: Takayuki Mogi, Tetsuto Sato
Diretor: Takahiro Miura
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-Quem diria! O Shirou se transformou num autêntico Husbando Material, até músculos o caboclo tem... um pouco....hmm... O novo design deixou ele mais charmoso e bonitinho, espero que ele não se torne nojento e com pensamentos ridiculoso como "mas...mas... você é uma menina e meninas não brigam huuuurrrr durrrrr" *bate a cabeça na faca*. Nunca se sabe!!!!!! Com Shirou, toda precaução é válida.
-GEEEENT, VAMOS CONVERSAR. O que é essa voz do Issei? Sério. Nada a ver com o biotipo dele. Grave demais. Não é natural, cadê o diretor de dublagem para pedir para o dublador para acentuar melhor a sua voz?
-Os fãs da Makidera devem estar ouriçados com este fanservice. Nem eu fiquei imune. Mas hey, é bacana ver as personagens secundárias que preenchem o cenário tendo um pouco de destaque. Isso só acontece porque havia tempo pra isso.
-Senti falta de mostrarem o local onde o grau caiu na gerra passada. É um momento com um feeling tão distinto de tudo o mais, que valeria cortarem outras coisas do episódio para mostrá-lo. É um bom link com o passado e parte de caracterização de Shirou.
-Shirou reamente tem vocação pra Maria do Bairro, né? É muito panaca! Eu entendo as motivações dele o que o faz agir assim, mas não deixa de ser algo otário. Alguns diria que é a benevolência (wtf, a Saber pede pra ele curá-la com sua benevolência e foi tão brega hahaha, mas a Saber é assim mesmo) que o mundo necessita. E eu digo que um pouco de orgulho próprio te deixa menos vulnerável à maldade alheia.
-Shirou segue a lógica de protagonistas de terror. Corra sempre para o local que oferece menos opções de fuga!!!
-AAAAHHHHHH A VESPA DA TAIGA!!! Sem dúvidas essa é uma combinação muito perigosa!
-Eu também não gosto deste character designer que privilegia um formato mais ~cute~, mas se pensam que isso deverá ser corrigido nos discos "azuis", eu não esperaria por isso. Não é exatamente um defeito, mas um estilo. Eu já reclamava desde que anunciaram o novo character design da Rin ¯\_(ツ)_/¯
-A exitação da Saber ao ouvir o nome "Emiya" foi um ótimo acréscimo. Sempre me senti incomodada que desde o inicio no original ela não dava nenhum indicio de já conhecer o sobrenome "Emiya".
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor Auxiliar: Takuya Nonaka
Storyboard: Takuya Nonaka
Direção de Animação: Takayuki Mogi, Tetsuto Sato
Diretor: Takahiro Miura
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