quarta-feira, 29 de março de 2017

Naruto Shippuden - temporada por temporada

Saudações do Crítico Nippon!


Esse ano maratonei Naruto Shippuden (sim, simultaneamente com Dragon Ball Z. Sim, minha idade mental beira os 13 anos) em um tempo recorde de 2 meses, até a 17ª temporada que foi a última lançada completa até hoje (2015). Eu poderia ir para o mangá, mas gosto da animação e a trilha sonora é soberba. Só de pensar em não ouvi-la, a obra já perde metade da graça. Obviamente pulei todos os fillers porque as listas existem pra isso e não influencia em absolutamente nada no original. Ninguém na face da terra comenta fillers ou lembra deles, então assisti-los só porque existem, bem, desculpem, mas é burrice. Assim, já havia comentado Naruto esporadicamente em alguns posts, por exemplo, este aqui e até feito uma homenagem de despedida em nossa página no facebook.
Dito isso, apesar de ter inúmeros altos e baixos, nunca esqueço certo diálogo de Bakuman, pelo escritor mestre Tsugumi Ohba. Era um editor falando com o protagonista sobre a (falta de) qualidade de histórias que se prolongam com o único objetivo de gerar lucro, a realidade praticamente industrial deles. E se isso inicialmente gerava repulsa, a análise rápida do editor é de que prefere não julgar muito, e que só do autor conseguir a proeza de manter a história envolvente por, digamos, 15 anos já tem certo valor artístico. Simples assim, é isso e pronto.

Então, fiz mais uma de minhas pesquisas com leitores que seguem nossa página no facebook (viu, sigam e participem!) e tive essa ideia de selecionar momentos destaques por temporadas. Podem ser destaques por serem bons ou ruins. Prometo que futuramente atualizarei esse post com os comentários das futuras temporadas, mas já aviso que irá demorar. Esperarei lançar mais algumas para sair fazendo outra maratona de 2 meses.




1ª temporada

Grande destaque deste início é a rapidez com que as coisas acontecem. E, principalmente, invertendo nossas expectativas de uma das grandes ameaças da série clássica: o Gaara. Dessa vez, do lado do bem, esse gigante é derrotado logo de cara por apenas um único membro da Akatsuki (que sabemos ser uma grande organização). O cenário não poderia ser mais perfeito para causar temor no público, refletido na trilha extremamente sombria que acompanha o embate. E se Deidara ainda chama Sasori de “mestre”, bom, claramente é assustador.
            Destaque para a transição de cena do ovo rachado para o casulo do Gaara. Pena que foi um feito único que não se repetiu nas temporadas seguintes.










2ª temporada

            Novamente, a rapidez dos acontecimentos é destaque. O time 7 ganha um novo membro para substituir Sasuke e o suspense em relação a ele é construído de forma impecável pela temporada. Culminando na invasão do esconderijo subterrâneo de Orochimaru, é uma temporada tão sombria quanto a anterior. Orochimaru e Kabuto aparecerem em plena 2ª temporada é fantástico, ambos personagens fortes e misteriosos. E as reviravoltas ajudam no suspense, em que as coisas nunca saem totalmente como o planejado. Pena que pouca coisa acontece em meia dúzia de episódios de batalha, uns dois ataques da Kyuubi e uma espadada do Orochimaru.
Cof, Dragon Ball Z nunca chegou numa marca vergonhosa dessas, cof.



3ª temporada

            Filler.



4ª temporada

            A melhor de todas, sem sombra de dúvida alguma. O auge do Shippuden é aqui. Ouso dizer que essa temporada é uma pequena obra prima. A segunda dupla da Akatsuki que conhecemos é aterrorizante. E não á toa há duas batalhas para vencê-los, já que somos perfeitamente convencidos de que seria impossível derrotá-los enquanto não se sabia absolutamente nada sobre eles. Se a primeira temporada já fora hábil em explorar Gaara e Sakura, chegou a vez de Shikamaru brilhar. Contando com diversas reviravoltas surpreendentes tanto na primeira quanto na segunda luta, o autor Kishimoto explorou as habilidades de todos ao máximo. Desenvolvendo o mestre Asuma pela relação com os pupilos e também com seu par romântico, o melodrama não é feito só na hora de sua morte (como Jiraya). Genuinamente nos importamos com a relação daquele grupo de pessoas. E ter vilões que realmente matam personagens importantes traz um peso e um perigo surpreendente para as lutas (o que faltará futuramente).
            Aliás, o episódio em que vemos o luto de Shikamaru à sua maneira, introspectivo na vila, ou com a câmera estática numa longa partida de xadrez com seu pai, para só então culminar no choro do herói, é brilhante. E é realmente uma pena que Kishimoto tenha esquecido esse tipo de construção sutil em inúmeras mortes futuras que serão mergulhadas em insuportáveis episódios melodramáticos.




5ª temporada

            Filler.


6ª temporada

Provavelmente a temporada mais irregular. Perdendo completamente o foco, temos o início da saga Pain, intercalando com a decepcionante morte de Orochimaru, bem como a morte do Deidara, morte do Itachi, morte do Jiraya. Ou seja, se antes tínhamos construções cuidadosas e arcos bem fechados, dessa vez eu tive que ir lá conferir umas três vezes se isso tudo realmente acontecia só na 6ª temporada, de tão incrédulo. Desta forma, temos decepcionantes finais para dois grandes personagens: Orochimaru (embora, confesso, quando Kabuto pergunta a Sasuke qual dos dois assumiu o seu corpo e o outro responde “Qual você acha?”, é arrepiante) e Jiraya. O primeiro, por ser tão rápido. O segundo, pelo mesmo motivo que enfraquece Pain, a desnecessária complexidade do inimigo. Tanto em relação aos seus poderes quanto ao imenso histórico passado envolvendo Nagato e cia. Kishimoto passou tempo demais martelando quão emocionante tudo deveria ser e estragou tudo. E com relação a Pain, o autor parece ter esquecido as proezas e estratégias que fez com habilidades simples como as bombas de Deidara e o breve ritual de Hidan. Como pode pensar que uma caganeira de habilidades entre aqueles seis Pains estava no caminho certo?
Itachi e Deidara foram bacanas, mas poderiam ter sido brilhantes se Kishimoto tivesse se concentrado de verdade neles.











7ª temporada
           
Decepcionante pelos motivos que citei anteriormente. Novamente Naruto passa episódios inteiros treinando. Os primeiros lá no início do Shippuden foram interessantes, agora é só repetitivo e prolongado demais. Cof, Dragon Ball Z mostrava relances rápidos de Goku treinando, distribuídos em vários episódios, cof (ou seja, mesmo que por curto tempo, compensa pela quantidade, ficando o ideal ao invés de enfadonho). Além do mais, é difícil aceitar que ninguém foi ajudar o Naruto contra um cara que literalmente destruiu a vila inteira. Gai-sensei, Rock Lee, Shikamaru, Sakura, simplesmente impossível de convencer que eles só iriam atrapalhar. E o ataque final que venceu Pain foi um, err, hum, Rasengan? Por favor. 




8ª temporada

            Filler.



9ª temporada

            A pior temporada de todas, de longe. É quase insuportável. E um divisor de águas: daqui em diante se quebra totalmente aquele pano de fundo das duplas da Akatsuki, com pitadas de mistérios simples e envolventes com Orochimaru e cia. Isso tudo dá lugar a uma caganeira de personagens e sub tramas e flashbacks infinitos até o final, com pouquíssimas, quase nulas, situações de perigo real.
Contudo, voltando a falar somente esta temporada, chega a ser irônico Sasuke matando dezenas de samurais e Naruto e cia brigando com os próprios companheiros para “salvá-lo”. Os diálogos dos Kages são torturantes e definitivamente podiam ter deixado a batalha do Itachi ou Deidara ou Orochimaru para essa temporada vazia. Madara/Tobi é ridículo e sem tensão alguma, o pior vilão de todos. O reencontro do time 7 ao final foi bom, melhor que aquele da segunda temporada. Mas só.




10ª temporada
           
Filler.



11ª temporada

            Destaque é para um dos piores melodramas dentre os vários que já ocorreram até então. O longo flashback envolvendo o selamento da Kyuubi no Naruto. Tudo que Kishimoto pode mudar e acrescentar e inventar novamente ele fez. E não bastava ter diminuído aquela tragédia toda num ato familiar envolvendo papai e mamãe Naruto. Não, era preciso que os dois morressem naquele mesmo dia. Naquele mesmo sacrifício. Naquela mesma garra da raposa. A poucos centímetros do bebê Naruto. O AMOR salvou o dia, olha só que bonito.
Eu tive que pausar e ir vomitar.




12ª temporada

            Apenas 5 episódios não eram fillers. Não há o que comentar.
     Vou aproveitar e provar para vocês como Naruto Shippuden parece querer desesperadamente virar Dragon Ball Z.
Começando por esta abertura que inicia com CHA LA e termina com todo o grupo e o loiro no meio. 













Em seguida Naruto começa aprender uma técnica com o Sr. Kaio, digo, sapo que reúne a energia da natureza, plantas, animais, seres vivos (HUM).


O mesmo Sr. Ka, digo, sapo começou a falar em fazer a fusão com ele. Oh boy.

E desde o início temos saquinhos com sement, digo, pílulas dos deuses que curam qualquer um.

Como se não bastasse, o grandão ruivo que começa malvadão gradualmente revela um lado carinhoso com os animais, que pousam nele em inúmeras ocasiões.

Eis que finalmente o ciclo se fecha e temos Son Goku e o mestre Roshi (como o mestre Kame era chamado).


13ª temporada

            Interessante ouvir a voz do Itachi por mais que dez segundos. Ironias à parte, bacana vê-lo finalmente lutando com o Naruto (não só aqueles genjutsus que davam sono) embora sem segredo nenhum. Seu corpo lutava e sua mente conversava como um velho amigo. Foi bem feito. Ainda que o “segredo” do Itachi seja uma das maiores bombas do anime. Passamos todo Naruto clássico e 6 temporadas de Shippuden com ele como vilão e, de repente... Kishimoto reseta tudo. Não é assim que funciona, não.
            Gostaria de salientar aqui a bizarrice das lutas que o anime alcançou. Se no início tínhamos Orochimaru em momentos sempre grotescos de objetos/pessoas/gosma saindo da boca, chegou um ponto em que Kishimoto já consegue misturar toda salada de frutas que criou em uma única cena. Reparem essa, por exemplo:

            Um olhar menos treinado diria que é uma diarreia que eu desenhava atrás dos meus cadernos com 12 anos. Porém, na verdade, é um rapper que também é ninja empunhando um sabre de luz com uma espada tubarão nas costas, sendo agarrado por dois braços saindo do pescoço do ruivo de toga, que com seus outros dois braços está sugando a alma do Naruto, que está possuído pela Kyuubi e totalmente fluorescente com dois braços fantasma dela saindo de suas costas, enquanto é agarrado por tentáculos de um monstro gigante invocado fora de quadro. Só uma cena normal de luta no Shippuden.


14ª temporada

            Meu deus, o time Hebi é o maior equívoco de todos os tempos. Kishimoto tem que parar urgentemente de inventar personagens e trabalhar com os que já existem. Nessa temporada têm todos os Kages de todos os tempos ressurgidos e Jinchuurikis, tá um horror dar a mínima pra alguém.
            Dito isso, ironicamente, Kyuubi é o melhor personagem desenvolvido. Começou lá na temporada passada com o treino do Naruto e gradualmente ela foi ficando menos agressiva, conversas dela com o protagonista ficaram mais produtivas, e somente depois de muito sofrimento e com motivos plausíveis (ajudar seus semelhantes bijuus), Kyuubi colaborou. Foi até tocante e surreal que Kishimoto tenha aguentado uma construção lenta e cuidadosa. Visto que ele prefere vomitar melodrama e arrancar lágrimas a força.
            Só isso prestou nessa temporada. E o episódio único em que aparece o Madara ressurgido pela primeira vez. Derrota inúmeros ninjas correndo entre eles (me lembrou Zabuza) e cria momentos realmente angustiantes com aqueles meteoros gigantes. O perigo era palpável, e ver Gaara invocando o máximo de sua força reflete em nossa tensão. Claro que isso tudo se perde no decorrer da temporada em diálogos absurdamente insuportáveis e ataques vazios.
            Sério, quem ainda tem coragem de falar um “ai” sobre os diálogos de DBZ, definitivamente não assistiu Naruto.



15ª temporada

            Comentário tardio, mas antes tarde do que nunca: é surreal Kishimoto achar que criou o seu Majin Boo na figura de Madara/Tobi. E é palpável a prepotência ao longo de inúmeras temporadas encarando-o como um vilão a ser temido simplesmente por ter a habilidade de, hum, não ser encostado. Consequentemente, não pode encostar em ninguém idem e torna-se uma ameaça praticamente nula (pelas minhas contas, ele só encostou naquela ex-Akatsuki que vira papel, amiga do Pain).
            E como se não bastasse a ressurreição de Orochimaru para firmar a falta de ideias, mais implausível ainda é ver este velho vilão, sem motivo algum, se tornando subordinado de Sasuke (?!?!). Ficando dócil e bonzinho, salvando alguns heróis, enfim, praticamente outro personagem. É uma falta de respeito tão tremenda e tão absurda que me faltam palavras. Uma das maiores bombas que eu já vi, totalmente digna daquelas de Shingeki no Kyojin.
            Desta forma, também vale apontar, é insuportável a quantidade de vezes que Kishimoto altera flashbacks que já vimos em exaustão. E quase 10 temporadas após a morte de Itachi, continuar vendo os mesmos flashbacks de sempre, levemente modificados, denota uma fraqueza narrativa preocupante.
            É incrível que quanto mais o autor tenta aumentar a escala da Guerra, pior fica.
Eu estive muito perto de abandonar tudo nessa temporada...


16ª temporada

            Eu tinha em mente criticar a morte do Neeji na temporada passada, mas ela foi tão imensamente péssima que eu esqueci completamente. Acho que isso prova o meu ponto. Impacto zero, tristeza zero, situação trivial, enfim. A intenção é boa (matar algum dos heróis para sentirmos o perigo da guerra), mas a execução está absurdamente lamentável. Sentimos infinitamente mais por Asuma.
            A temporada manteve a estrutura da 14ª, colocando um bom episódio no início para elevar as expectativas e a mais pura decepção no decorrer. Me refiro, claro, ao episódio de Kakashi VS Obito, com uma animação digna daquela do Madara ressurgido pela primeira vez. É impossível não se darem conta da qualidade desses dois episódios citados em comparação com os demais com diálogos infinitos, golpes com nomes extremamente longos e nenhum tipo de tensão.
No mais... Não basta bobagens extremamente implausíveis como Naruto conversando com sua mãe morta nas temporadas passadas, é preciso seu pai reviver e lutar ao seu lado. Não basta lutar ao seu lado, ele tem que ser uma cópia exata em termos de habilidades, incluindo usando golpes no inimigo praticamente na mesma pose de quando Yondaime ainda era vivo. Mas não basta também, é preciso que o próprio pai ressurgido temporariamente ganhe uma METADE de Kyuubi dentro dele. Eu poderia escrever um texto individual para cada frase anterior dessas detonando geral, mas eu só não consigo mais dar a mínima.
Itachi foi pro lado do bem, aí Orochimaru (REVIVIDO) foi idem, ai o Sasuke foi também. Meus amigos, é tanta bomba nuclear acontecendo.
Me sinto uma daquelas donas de casa que são espancadas e ficam voltando para o marido abusivo. Temporada após temporada. É incrível apenas na magnitude do quão abominável se transforma essa história. Palavras não existem para descrever a agonia de ser subjugado a algo tão doloroso.  Não há absolutamente nada que se salve como uma força positiva. Naruto Shippuden não precisa mais de uma crítica, precisa de um exorcismo. É um crime contra o Japão essas últimas temporadas.



17ª temporada

           Eu não entendo mais nada quem é Madara, quem é Obito e quem é Zetsu (meu deus, quem diabos é Zetsu??). Não sei dizer quem é o vilão, quem tá ficando bonzinho, quem tá fundindo/absorvendo quem.
Ao menos é minimamente interessante a situação de Naruto e Sasuke morrendo simultaneamente. Ironicamente, isso gerou outro problema: Kabuto se livrando do jutsu eterno que Itachi havia lhe prendido. Que atrocidade. Tinha sido um belo e assustador final para o personagem, como Hidan enterrado vivo, e conseguiram estragar isso.
Gai-sensei e seu 8º Portão foi muito bacana, e sua relação com Lee e o próprio pai nos flashbacks é sempre divertido. Porém, perderam uma valiosa oportunidade de fazer mais uma morte. Uma excelente morte, diga-se de passagem. Céus, só perderam o Neji nessa guerra! E a justificativa para o Naruto curá-lo é... “Sinto que posso fazer qualquer coisa nesse estado”. WTF. Ele virou deus? Aliás, qualquer coisa que derrotar Madara (Zetsu? Obito? O vilão lá) após os 8º Portões só servirá... pra enfraquecer o impacto dos 8º Portões! Como se importar com Naruto e Sasuke – que há um segundo estavam morrendo! – lutando com o vilão, se recém vimos o tão aguardado oitavo portão?! Como os fedelhos podem ser mais emocionantes que isso? Resposta: não são. Como Kishimoto não percebe tamanha incongruência é de um amadorismo surreal.


18ª temporada
Filler.

19ª temporada

É impossível sentir qualquer emoção há algumas temporadas já, e o motivo é bem simples. Estamos completamente anestesiados com estratégias repetitivas. Tobi era Obito. Obito era Madara (ou o contrário, e vice-versa, algo do gênero). Aí um traiu o outro. Que ficou mais forte que o mais forte. Que ficou mais forte do mais forte do mais forte. Que era o Zetsu. Que voltou a ser Madara. Que não passava de um boneco da mãe Kaguya. A mais forte que o mais forte do mais forte do ainda mais forte.
E pelo visto esse ciclo vai se repetir pra sempre. Quando conseguirem derrotar o próximo, ele irá se revelar um mais forte, infinitamente. Trouxeram a mãe do cara! A MÃE!!
É como um filme do Michael Bay, em que as explosões não surpreendem mais com 20 minutos de filme e já estamos anestesiados até o final.
“Quando todo mundo for super, ninguém mais será” – Síndrome, Os Incríveis. Ou seja, a cada 10 episódios surge “o inimigo mais impressionante da História”, ou seja, nenhum acaba sendo realmente o mais impressionante. E faz 10 temporadas que está assim.
Ah, e assim como Pain/Nagato, Itachi, Orochimaru, Kabuto, Sasuke... Obito encerra sua jornada como um herói e salvador da pátria. Kishimoto é um cagão de merda. Ele quer com todas as forças imitar Dragon Ball (e eu já citei VÁRIAS provas nesse artigo), especialmente colocar os vilões para o lado do bem. Só que Vegeta teve um desenvolvimento impecável. E continuou ferrando os heróis tanto na saga Cell quanto Boo. E o Majin Boo gordo já vinha criando laços com o Mr.Satan desde o início. Novamente, foi coerente. Kishimoto transforma aberrações em heróis de um capítulo pro outro. Ou duzentos flashbacks inventados na hora. Nunca é na linha temporal adequada, em que vemos diante de nossos olhos a redenção do personagem. De qualquer modo, outros dois grandes vilões de DBZ morreram do mal e pronto, Freeza e Cell. Yamcha, Tenshinhan e Piccolo eram adversários também, mas Sasuke, Neji, Gaara e cia também. Até o Zabuza lá no clássico foi coerente. Até aí estava tranquilo. Mas céus, todos aqueles que citei na primeira linha deste parágrafo se converteram. É absurdo demais. DEMAIS.

E chegamos ao embate final entre Naruto e Sasuke. Não apenas consegue a façanha de superar a primeira batalha deles, mas consegue figurar entre as melhores de toda a série. Superando, inclusive, Gaara vs Rock Lee e ficando lado a lado com Shikamaru vs Hidan e Kakuzu. Acertando na aniquilação do velho cenário das estátuas gigantes, é uma luta extremamente brutal e cansativa (no melhor sentido possível). Utilizando com naturalidade técnicas que outrora eram endeusadas demasiadamente (como o fogo eterno Amaterasu e os Megazords), tornando a luta ágil na medida correta. E o plano sequência em que a câmera se aproxima lentamente dos adversários na água que mal tem forças para se acertar, é um dos mais bonitos de todo Naruto (se não o mais).
Claro que o fato do Sasuke trocar de lado de um episódio para o outro (depois de passar umas 3 temporadas lutando ao lado dos heróis) é um absurdo além da imaginação. Palavras não seriam suficientes para detonar essa decisão. Mas já vimos todos os vilões possíveis irem para o lado do bem, então esse é um absurdo até mais fácil de ignorar. E alguns flashbacks dos dois crianças chorando e se olhando no córrego do rio são insuportáveis, mesmo que breves suficientes para não comprometer o todo.
Em suma,  o maior elogio que posso fazer a esse combate é que eu pude respirar fundo no final e dizer que valeu a pena passar por todo o lixo das 10 temporadas anteriores. E eu jamais sonharia que isso seria possível.


20ª temporada

Bom, era evidente que após criarem dois bons episódios, voltaria à atrocidade de sempre. Foi assim em algumas temporadas passadas idem, releiam ali em cima. Era um ou dois bons e o restante inteiro da temporada um lixo total.
Sasuke preso e libertado é um absurdo que me faltam palavras. Mas a minha capacidade de me surpreender negativamente não existe mais. É como Donald Trump fazendo algo abominável para o mundo. Tipo, sério? (céus, acabei de comparar Naruto Shippuden com Donald Trump. O efeito da Final Battle durou menos que o esperado). Por outro lado, Kakashi como Hokage foi uma belíssima decisão. Não poderia ter sido uma escolha melhor. Experiência, força, maturidade. Eu nem acredito que a mente que deu origem às horríveis temporadas anteriores, se deu conta de que o Kakashi era o mais indicado (e não, urgh, o Naruto).
De qualquer modo, Time Hebi voltou (oh céus), mulheres brigando pelo Sasuke, Orochimaru bonzinho, novos adversários sem peso nenhum. Enfim. Os episódios que tentam desenvolver os antagonistas são tão ruins como imaginamos que serão, embora mereçam créditos pelos novos visuais de todo mundo. Hinata e Ino ficaram impecáveis, e Kiba e Shino melhoraram bastante. Este último, aliás, é o único que ganha uma nova faceta interessante, descobrindo em si o gosto por lecionar e futuramente ser professor. Aliás, Ino é uma personagem bem mais agradável que Sakura que só sabe... bem, vocês sabem o quê.
É uma pena que tudo se encerre de maneira tão absurdamente anticlimática com o casamento de Naruto e Hinata. Que, aliás, sequer aparecem casando. Eles sequer trocaram alguma fala até hoje. Não há uma cerimônia final com todos personagens reunidos e chorando. Kishimoto não assiste novelas, poxa? Naruto até desaparece por inúmeros episódios, dando o ar da graça por pouquíssimos segundos. E eu tenho impressão que a obra tem o nome dele...
Contudo, o mais abominável (e eu sei que eu disse que havia perdido a capacidade de me surpreender negativamente, mas essa merece uma medalha) é o fato de não vermos Naruto como Hokage. Parece que ocorreu em algum OVA ou filme, mas não é desculpa. Vários personagens comentam que querem transformá-lo em Hokage e é só o mais certo a se fazer após tanta expectativa. Certamente não é casar com Hinata que o público shonen estava esperando.

Em suma, foi bom ter sido fã de Naruto. Mas com 120 episódios da série original, e mais 500 de Shippuden, sendo que mais da metade foi extremamente maçante... Confesso que o carinho não é tão grande quanto eu gostaria. Atualmente estou revendo toda série clássica (com o mesmo amigo que revi DBZ) e de saudosismo não tem nada. O anime realmente tem qualidade, seja em trilha sonora, personagens e lutas surpreendentes. Comecei Naruto com uns 13 ou 14 anos de idade. Minha primeira crush virtual me chamava de Sasuke. Eu sonhava em usar as capas da Akatsuki. É ÓBVIO que tenho uma bandana de Konoha em casa. E kunais, claro. Sei fazer alguns jutsus de cor com as mãos, mesmo, juro. Vocês podem usar isso contra o Crítico Nippon a partir de hoje. Então, sim, o carinho permanece. Porém, é inegável que o saldo negativo acabou sendo muito maior devido ao que a série se transformou. Analisando novamente a frase de Bakuman que citei no segundo parágrafo deste artigo “só do autor conseguir a proeza de manter a história envolvente por, digamos, 15 anos já tem certo valor artístico”, já começo a pensar um pouco melhor sobre isso. Fazer a maioria dos personagens ir para o lado do bem e do mal inúmeras vezes sem nexo algum, é uma trapaça absurda. Um roubo. Uma canalhice. Não é preciso usar cérebro algum para fazer isso.
Mas... nós assistimos até o fim. Por 15 anos. Por quê? Eu não sei. Então darei a Naruto o benefício da dúvida, sem condená-lo de todo. É como um longo relacionamento. Lembramos de muitos bons momentos, de momentos maravilhosos, e de outros absolutamente insuportáveis e de querer pular fora mil vezes antes de finalmente terminar. Talvez pelas partes boas terem sido tão boas que não nos importávamos de nos sentir miseráveis na maior parte do tempo. E esse foi o relacionamento aberto que partilhamos todos juntos.
E que bom que chegou ao fim. Estava mais do que na hora.




(Para mais dos meus textos, é só ir no menu "Crítico Nippon")
@PedroSEkman

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