sábado, 1 de abril de 2017

Guest Post: Kuzu no Honkai - Episódio 12 [FINAL]

Kuzu, em sua trajetória, flertou com várias abordagens, até finalmente assumir sua temática moral e inclusiva: tudo sob a redoma do amor. A mais esquálida das almas, por mais tempo que assole-se em podridão, terá salvação quando receber o abraço quente da paixão. Tudo isto no retrato de Akane, que teve uma reviravolta abissalmente impossível para não deixar brechas na assimilação de qual deve ser a mensagem final de Kuzu.

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Dito isso, este capítulo final tem seu valor em como projetou o que fora construído nas últimas semanas para uma despedida agridoce e levemente otimista. O problema é que o metade do anime foi algo, uma amostra quebrada abruptamente para inserir então a nesga de luz em meio à escuridão. Faltou suavidade na transição.

Yokoyari utiliza da amplitude auspiciosa da juventude para traçar seus planos. Não inibe os imberbes de erros e curvas perigosas, mas concerne a estes, em sua inexperiência, o privilégio do retorno. E após desvios tresloucados, um a um, a diegese habitacional de Kuzu retomou os eixos.

“O alimento da juventude é a ilusão” disse Descartes. A ilusão priva a realidade, mas também facilita o viver e reflete a tristeza inerente da existência. Enquanto houver ilusão, haverá esperança. Como seres inerentemente otimistas, sempre deve haver, ressalvados casos excepcionais.

Mugi e Hanabi, nossos protagonistas originais, não são casos excepcionais. Há muita estrada além da dor para os tenros.

Se a consciência nos torna covardes, como escreveu Shakespeare, a inconsciência, imprudência conata à inexperiência, e logo, da juventude, traz benefícios. São pequenas características desvalorizadas que impedem o surgimento de rugas precoces e o acobertamento pela depressão que permeia cada fissura deste mundo caso falte brilho no olhar do indivíduo.

Adão e Eva, aqui, contêm este brilho, e com ele seguirão em frente, em busca do amor, antes que, finalmente, a impiedosa e irresvalável lâmina da senilidade, explícita aqui não como desfalecer cognitivo, mas sombreamento anímico, os alcance.

E todos, do 2D ao 3D, precisam de algo para não se debruçar num mesmo ponto de cinza.

Carlos escreve sobre idols em seu blog Delirios da Madrugada.


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