quarta-feira, 13 de julho de 2016

Mamoru Hosoda explica o motivo de não empregar seiyuus para seus protagonistas

O diretor Mamoru Hosoda (A Menina que Saltava no Tempo e Wolf Children) do recente The Boy and the Beast, tem o costume de não escalar seiyuus (dubladores) para os papeis principais de seus filmes, ao invés disse opta por atores de cinema, como Aoi Miyazaki (que fez a Hana em Wolf Children, e a versão criança de Kyuta em The Boy and The Beast) ou Shota Sometani (Tanabe-sensei em Wolf Children e a versão final de Kyuta em The Boy and The Beast). Em recente palestra, ele explica o motivo.
Durante uma sessão Q&A, juntamente ao lado do diretor Hirokazu Kore-eda (que dirigiu o filme de ação real Air Doll) na Universidade de Waseda, no sábado passado, ele disse que “seiyuus populares tem horários que são difíceis de trabalhar. Há uma grande quantidade de pessoas que dizem ‘Hosoda menospreza seiyuus’, mas eles têm horários já completados, por isso não posso contar com eles"

A forma de abordagem do Hosoda para as sessões de gravações é o que podem ser o empecilho definitivo em relação à agenda de nomes famosos de seiyuus, já que ele insiste que todo o elenco que irá dublar as vozes esteja presente. “A favor dos seiyuus profissionais tem o fato de que eles têm a habilidade de gravar suas linhas de voz separadamente, mas se for feito dessa forma eles vão poderão estudar as performances um dos outros, e você sempre acaba com um equilíbrio ruim. Definitivamente não é bom se você não pode gravar todas as linhas de uma só vez”, disse ele. 

Koreeda ainda perguntou a Hosoda o que ele procura em um seiyuu, e este respondeu que atores de audiovisual, seiyuus e atores de teatro tem em comum a audição, e ele tende a escolher com base em sua capacidade de mostrar contenção. “Atores como Aoi Miyazaki e Lily Franky, elas têm o mesmo estilo daquilo que eu faço”, explicou Hosoda.

Apesar disso, Mamoru Miyano, um seiyuu dos mais famosos e caros da indústria, esteve presente no filme The Boy and The Beast, embora dublando o antagonista, Ichirouhiko. Mas creio que Hosoda esteja apenas sendo cortês, e que no fundo o que ele quer dizer mesmo é que prefere uma distinção entre animação pra TV e animação para as telas grandes, algo como atores globais protagonizando longas-metragens, dando em muita gente uma impressão de estar vendo uma extensão de novela da Globo. Além de fato de que com esta última declaração, sobre a voz das atrizes Aoi Miyazaki e Lily Franky passarem o mesmo sentimento de suas obras, ele deixa claro sua preferência por impressões mais “realistas”.

Recentemente Megumi Hayashibara comentou sobre a indústria ter transformado seiyuus em celebridades, e acho que é exatamente dessa imagem “desgastada” na cabeça das pessoas que Hosoda quer fugir. 

Via ANN