sábado, 12 de abril de 2014

Primeiras Impressões da Temporada de Primavera [Parte 5]

Ping Pong The Animation, Ryuugajou Nanana no Maizoukin, Sidonia no Kishi, e Mekakucity Actors.
Se ligue nas últimas impressões: 
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Ping Pong The Animation – Tatsunoko Production
Masaaki Yuasa é o tipo de diretor que imprime sua marca em tudo que produz – dão o nome a este estilo de direção de direção autoral, para diferenciar do estilo mais padrão sem muitas características marcantes. Geralmente são diretores mais detalhistas e controladores, mas ter muito controle sobre o que se produz muitas vezes não resulta em materiais que se vendam, ou seja, comerciais. O que não diz nada sobre sua qualidade, podendo ser algo bom ou ruim, mas que também pode assustar por sair muito da zona de conforto. Isto é Ping Pong, adaptação do excêntrico Yuasa de uma obra original de outro cara igualmente excêntrico. Ping Pong estreia com uma execução equilibrada que usa o fator visual ao seu máximo para contar sua história, resultado em quase nada de diálogos expositivos e uma narrativa [visual e diálogos] que fluem como um rio manso sem obstruções. Esteticamente hiper estilizado e usando de linguagem cinematográfica em diversos momentos do storyboard. 

Apesar do equilíbrio que permeia o episódio como um todo, há um crescimento gradativo em termos de história. Se a principio, em seus primeiros minutos, ela não nos diz nada, basta que a rivalidade se instaure e transforme a atmosfera apática em algo ameaçador e portanto vibrante, para que se possa sentir – sim, sentir – que finalmente a história começou. Ping Pong não depende de exposição ou recursos sofisticados para transmitir o que quer passar, a história acontece através das cores, cortes, olhares, gestos, angulações e diálogos banais. Talvez as linhas trêmulas do design assustem ou cause estranheza a princípio, mas os ângulos estendidos e as provocantes performances corporais dos personagens ao jogarem talvez faça você se apaixonar. Ou simplesmente, correr ainda mais rápido. Seja como for, para amantes da animação pouco convencional, é a chance de acompanhar um dos melhores diretores de animes ainda vivo. 
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Ryuugajou Nanana no Maizoukin (Nanana's Buried Treasure) – A-1 Pictures
Série noitaminA da temporada, ao lado de Ping Ping. São obras como Ryuugajou Nanana que tornam possíveis a existência de outras como a que foi citada. A história se passa numa ilha artificial somente para estudantes, e se isto já não fosse bom o suficiente, o protagonista – que é um virjão transbordando hormônios – além de estar cercado de belas garotas também vai dividir o apartamento com o fantasma de uma colegial bem dotada fisicamente, que como característico traço moe de personalidade, tem um fraco por pudim. Venhamos e convenhamos, a princípio é um mote que soa muito divertido e... criativo. Ah, vá, não bastando o fato de ela ser uma fastasma, ainda foi assassinada! E é a fundadora da ilha, e possui um tesouro! Tudo isso tratado com muita leveza, claro. Inclusive, é o que ajuda a dar um tom engraçado a esta premissa, principalmente pela facilidade que todos aceitam isso. É um produto adaptado de light novel, que geralmente são estruturalmente muito simples mesmo. Embora as premissas soem bastante curiosas, depois de um tempo costumam encontrar dificuldades em se sustentar, o que pode ter motivos diversos.

Ryuugajou Nanana tem um bom primeiro episodio e uma premissa que ainda tem o que mostrar. Apesar da bidimensionalidade de seus personagens e ações, se integram bem ao universo proposto. Direção, character design, iluminação, tudo descamba em uma animação bonita, uma pena ter a onipresença de um CG que torna todo o cenário em uma artificialidade anticlimática. Sua comédia romântica mais comédia que romântica da temporada, para aqueles que não dispensam um feijão com arroz, por mais simples que sejam. Destaque: o mover e gesticulações dos personagens em determinadas cenas. Quanto mim, não estou muito interessada. Prioridades. 
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Sidonia no Kishi (Knights of Sidonia) – POLYGON PICTURES
Uma ursa falante e em CG! Os animais de Shirokuma Café também precisam ganhar seu pão fazendo pontas em outras produções!

Eu sei que é loucura acompanhar a adaptação de um mangá de 12 volumes ainda em andamento com um anime de 12 episódios, mas é difícil resistir a essa estrutura hard sci-fi, algo que aparece tão esporadicamente em animes. E bem, acompanhar um mangá em andamento serializado em ritmo lento também não é atrativo. Dessa forma, o anime pode ser um preview interessante e quem sabe uma história independente. O primeiro episódio mostra bem pouco do mundo, apenas o básico do viajante perdido sem laços seguindo em uma jornada que irá revelar muito de si e apontar a direção para o futuro. Mas o suficiente para já apresentar alguns conceitos interessantes, como o fato de naquele mundo futurista, existir um terceiro gênero indefinido, embora a qualquer momento possam optar entre ser Homem ou Mulher. No nosso meio social, existem pessoas que se consideram não pertencentes a nenhum gênero especifico, porém a história dá um toque futurista onde o corpo se ajusta ao parceiro escolhido, algo um tanto quanto similar ao anime Simoun. Só que também acaba sendo um conceito restrito segundo as regras da natureza humana, já que o corpo tem de se adaptar ao parceiro. Ou seja, se ele for homem; se desenvolve genitálias femininas, se mulher; masculina.

Enfim, apenas divagando. Cavaleiros de Sidonia representa um futuro nem tão distante, onde ao menos metade das animações – em uma visão positiva – da temporada certamente serão em full CG. É uma tendência irreversível, ainda que este seja apenas um dos primeiros animes para tv usando da técnica. Produzido pelo estúdio POLYGON PICTURES, que fez muitas assistências para animes em termos de CGI, entre eles para o ótimo Sky Crawlers de Mamoru Oshii, que faz um uso fantástico de CG – mas vale ressaltar que POLYGON PICTURES não estava sozinho, a produção era um filme, assim como contava com a visão periférica do perfeccionista Osshii. É o mesmo que está a cargo do novo anime tv do Studio Ghibli que será também em full CG. A produção é boa, os movimentos são fluidos em maior parte do tempo e não cai no mesmo erro do primeiro filme de Berserk: Golden Age, apesar disso tem que se levar em conta que é um anime para tv e que produções japonesas que fazem uso de CGI são relativamente pobres se comparadas ao alto padrão americano que investe milhões em suas produções. Então, apesar de ter uma média boa de fluidez, vai ter momentos em que os movimentos e trejeitos soarão truncados. As expressões faciais não são tão expressivas. A paleta de cores e a integração dos personagens ao cenário conseguem passar um ar de naturalidade, o que eu considero o principal. Certamente, já é uma evolução incrível se comparado a produções japonesas full CG do inicio da década, como Malice@Doll. Esteticamente falando, não deixa nada a desejar para um 009 Re:Cyborg e seus cenários e designs maravilhosos. 
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Mekakucity Actors – Shaft
O que eu disse acerca de diretores autorais no inicio do post, também vale para o Akiyuki Simbo, por mais que tecnicamente ele esteja em um nível inferior ao de Yuasa. Sua assinatura sempre se sobressai, seja original ou adaptação, ao ponto de ter influenciado a imagem que o estúdio Shaft possui atualmente. Uma característica narrativa que acredito ser indistinguível e que dificilmente irá se desintegrar, com ou sem Shinbo na direção. Mas isto é uma suposição indefinida, afinal, Shinbo controla todas as etapas de produção no estúdio, é difícil dizer o que pode vir a ser o Shaft sem ele. De qualquer forma, com tantos trabalhos acumulados, ter mais de um diretor pode ser essencial, e é ai que entra Yuki Yase, funcionário do estúdio, para co-dirigir a série, e como se nota em outras obras recentes do estúdio dirigidas ou co-dirigidas por outras mãos, o estilo se mantém intacto.  
Mekakucity Actors é o típico anime do Shinbo, tal qual Denpa Onna, Sasami-san@Ganbaranai, Maria Holic, entre outros. É basicamente uma comédia otaku brincando com tropos do gênero, quebrando a quarta parede, com diálogos ou cortes eróticos, sarcasmo e longos solilóquios. Pode se dizer sem receios que quem viu um anime do Shinbo, viu todos. Suas séries seguem uma lógica de storyboard que está sempre se repetindo, e novamente ele conta uma história que gira em torno de um hikikomori. Apesar disso, ainda gosto bastante da forma como conta histórias e mesmo que Mekakucity Actors não tenha mostrado nada que se destaque, é uma estreia agradável para quem ainda não se cansou do estilo do diretor. Destaque para o cenário, que mais uma vez, soa como uma montagem artificial num palco teatral. A história pode ser boa ou não, mas não dá pra julgar por este episódio.

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