Ping Pong The Animation, Ryuugajou Nanana no Maizoukin, Sidonia no Kishi, e Mekakucity Actors.
Se ligue nas últimas impressões:
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Ping Pong The Animation – Tatsunoko Production
Masaaki Yuasa é o tipo de diretor que imprime sua marca em
tudo que produz – dão o nome a este estilo de direção de direção autoral, para
diferenciar do estilo mais padrão sem muitas características marcantes. Geralmente
são diretores mais detalhistas e controladores, mas ter muito controle sobre o
que se produz muitas vezes não resulta em materiais que se vendam, ou seja,
comerciais. O que não diz nada sobre sua qualidade, podendo ser algo bom ou
ruim, mas que também pode assustar por sair muito da zona de conforto. Isto é Ping
Pong, adaptação do excêntrico Yuasa de uma obra original de outro cara
igualmente excêntrico. Ping Pong estreia com uma execução equilibrada que usa o
fator visual ao seu máximo para contar sua história, resultado em quase nada de
diálogos expositivos e uma narrativa [visual e diálogos] que fluem como um rio
manso sem obstruções. Esteticamente hiper estilizado e usando de linguagem cinematográfica em diversos momentos do storyboard.
Apesar do equilíbrio que permeia o episódio como um todo, há um crescimento gradativo em termos
de história. Se a principio, em seus primeiros minutos, ela não nos diz nada,
basta que a rivalidade se instaure e transforme a atmosfera apática em algo
ameaçador e portanto vibrante, para que se possa sentir – sim, sentir – que finalmente
a história começou. Ping Pong não depende de exposição ou recursos sofisticados
para transmitir o que quer passar, a história acontece através das cores,
cortes, olhares, gestos, angulações e diálogos banais. Talvez as linhas trêmulas
do design assustem ou cause estranheza a princípio, mas os ângulos estendidos e
as provocantes performances corporais dos personagens ao jogarem talvez faça
você se apaixonar. Ou simplesmente, correr ainda mais rápido. Seja como for, para amantes da animação pouco convencional, é a chance de acompanhar um dos melhores diretores de animes ainda vivo.
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Ryuugajou
Nanana no Maizoukin (Nanana's Buried Treasure) – A-1 Pictures
Série noitaminA da temporada, ao lado de Ping Ping. São obras
como Ryuugajou Nanana que tornam possíveis a existência de outras como a que
foi citada. A história se passa numa ilha artificial somente para estudantes, e
se isto já não fosse bom o suficiente, o protagonista – que é um virjão
transbordando hormônios – além de estar cercado de belas garotas também vai
dividir o apartamento com o fantasma de uma colegial bem dotada fisicamente,
que como característico traço moe de
personalidade, tem um fraco por pudim. Venhamos e convenhamos, a princípio
é um mote que soa muito divertido e... criativo. Ah, vá, não bastando o fato de
ela ser uma fastasma, ainda foi assassinada! E é a fundadora da ilha, e possui
um tesouro! Tudo isso tratado com muita leveza, claro. Inclusive, é o que ajuda
a dar um tom engraçado a esta premissa, principalmente pela facilidade que
todos aceitam isso. É um produto adaptado de light novel, que geralmente são
estruturalmente muito simples mesmo. Embora as premissas soem bastante curiosas,
depois de um tempo costumam encontrar dificuldades em se sustentar, o que pode
ter motivos diversos.
Ryuugajou Nanana tem um bom primeiro episodio e uma premissa
que ainda tem o que mostrar. Apesar da bidimensionalidade de seus personagens e
ações, se integram bem ao universo proposto. Direção, character design,
iluminação, tudo descamba em uma animação bonita, uma pena ter a onipresença de
um CG que torna todo o cenário em uma artificialidade anticlimática. Sua
comédia romântica mais comédia que romântica da temporada, para aqueles que não
dispensam um feijão com arroz, por mais simples que sejam. Destaque: o mover e gesticulações dos personagens
em determinadas cenas. Quanto mim, não estou muito interessada. Prioridades.
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Sidonia no
Kishi (Knights of Sidonia) – POLYGON PICTURES
Uma ursa falante e em CG! Os animais de Shirokuma Café também precisam ganhar seu pão fazendo pontas em outras produções!
Eu sei que é loucura acompanhar a adaptação de um mangá de
12 volumes ainda em andamento com um anime de 12 episódios, mas é difícil
resistir a essa estrutura hard sci-fi, algo que aparece tão esporadicamente em
animes. E bem, acompanhar um mangá em andamento serializado em ritmo lento
também não é atrativo. Dessa forma, o anime pode ser um preview interessante e
quem sabe uma história independente. O primeiro episódio mostra bem pouco do
mundo, apenas o básico do viajante
perdido sem laços seguindo em uma jornada que irá revelar muito de si e
apontar a direção para o futuro. Mas o suficiente para já apresentar alguns
conceitos interessantes, como o fato de naquele mundo futurista, existir um
terceiro gênero indefinido, embora a qualquer momento possam optar entre ser
Homem ou Mulher. No nosso meio social, existem pessoas que se consideram não pertencentes
a nenhum gênero especifico, porém a história dá um toque futurista onde o corpo
se ajusta ao parceiro escolhido, algo um tanto quanto similar ao anime Simoun.
Só que também acaba sendo um conceito restrito segundo as regras da natureza
humana, já que o corpo tem de se adaptar ao parceiro. Ou seja, se ele for
homem; se desenvolve genitálias femininas, se mulher; masculina.
Enfim, apenas divagando. Cavaleiros de Sidonia representa um
futuro nem tão distante, onde ao menos metade das animações – em uma visão
positiva – da temporada certamente serão em full CG. É uma tendência irreversível,
ainda que este seja apenas um dos primeiros animes para tv usando da técnica. Produzido
pelo estúdio POLYGON PICTURES, que fez muitas assistências para animes em
termos de CGI, entre eles para o ótimo Sky Crawlers de Mamoru Oshii, que faz
um uso fantástico de CG – mas vale ressaltar que POLYGON PICTURES não estava
sozinho, a produção era um filme, assim como contava com a visão periférica do
perfeccionista Osshii. É o mesmo que está a cargo do novo anime tv do Studio
Ghibli que será também em full CG. A produção é boa, os movimentos são fluidos em
maior parte do tempo e não cai no mesmo erro do primeiro filme de Berserk: Golden Age, apesar disso tem que se levar em conta que é um anime para tv e
que produções japonesas que fazem uso de CGI são relativamente pobres se
comparadas ao alto padrão americano que investe milhões em suas produções. Então,
apesar de ter uma média boa de fluidez, vai ter momentos em que os movimentos e
trejeitos soarão truncados. As expressões faciais não são tão expressivas. A
paleta de cores e a integração dos personagens ao cenário conseguem passar um
ar de naturalidade, o que eu considero o principal. Certamente, já é uma
evolução incrível se comparado a produções japonesas full CG do inicio da década,
como Malice@Doll. Esteticamente falando, não deixa nada a desejar para um 009 Re:Cyborg e seus cenários e designs maravilhosos.
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Mekakucity Actors – Shaft
O que eu disse acerca de diretores autorais no inicio do
post, também vale para o Akiyuki Simbo, por mais que tecnicamente ele esteja
em um nível inferior ao de Yuasa. Sua assinatura sempre se sobressai, seja
original ou adaptação, ao ponto de ter influenciado a imagem que o estúdio Shaft possui atualmente. Uma característica narrativa que acredito ser indistinguível
e que dificilmente irá se desintegrar, com ou sem Shinbo na direção. Mas isto é
uma suposição indefinida, afinal, Shinbo controla todas as etapas de produção
no estúdio, é difícil dizer o que pode vir a ser o Shaft sem ele. De qualquer forma,
com tantos trabalhos acumulados, ter mais de um diretor pode ser essencial, e é
ai que entra Yuki Yase, funcionário do estúdio, para co-dirigir a série, e como
se nota em outras obras recentes do estúdio dirigidas ou co-dirigidas por
outras mãos, o estilo se mantém intacto.
Mekakucity Actors é o típico anime do Shinbo, tal qual Denpa Onna, Sasami-san@Ganbaranai, Maria
Holic, entre outros. É basicamente uma comédia otaku brincando com tropos do
gênero, quebrando a quarta parede, com diálogos ou cortes eróticos, sarcasmo e
longos solilóquios. Pode se dizer sem receios que quem viu um anime do Shinbo,
viu todos. Suas séries seguem uma lógica de storyboard que está sempre se
repetindo, e novamente ele conta uma história que gira em torno de um hikikomori. Apesar disso, ainda gosto bastante da forma como conta histórias e
mesmo que Mekakucity Actors não tenha mostrado nada que se destaque, é uma
estreia agradável para quem ainda não se cansou do estilo do diretor. Destaque
para o cenário, que mais uma vez, soa como uma montagem artificial num palco
teatral. A história pode ser boa ou não, mas não dá pra julgar por este
episódio.
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