quinta-feira, 31 de julho de 2014

The Voynich Hotel (2006): Uma Surtante Comédia Sombria

Com a deliciosa atmosfera de esquisitices e mistérios, um mangá sadicamente encantador. 

Hotéis são palcos para várias histórias. Minha tia foi gerente de um por muito tempo, ouvia muitas e, inclusive, cheguei a presenciar diferentes tipos de pessoas nas vezes que passei por lá. The Voynich Hotel se utiliza dessa premissa, em que um misterioso rapaz foragido do Japão, acaba indo parar numa ilha, aparentemente ao sul do país, e lá ele se torna hospeda em um hotel que com empregados e hospedes estranhos... Mas, mais exótico ainda é a tal ilha, seus habitantes e os hospedes deste hotel.

The Voynich Hotel me foi uma grata surpresa, seria capaz de dar um beijo no rosto de quem me recomendou. A fórmula de contar a história e a estrutura narrativa é similar a de mangás como Franken Fran e WataMote (há também um quê envolvente de Coragem, O Cão Covarde). Esquetes curtas, mas com acontecimentos ligeiramente conectados entre si, ou seja, embora em ritmo episódico, a narrativa é linear. Quadros largos na maior parte do tempo, enquadramentos cinéticos, poucas reticulas e quando presentes, sempre pontuais. Subtexto sexual, humor sujo, ácido, satírico e também com uma boa dose de referências regionais. É tudo bem balanceado, o que garante risos frouxos em uma situação ou outra, mesmo que uma ou outra situação não te pegue. É um estilo de humor de situação, mas não tanto pelo aspecto visual, mas pelo diálogo. O timing é efetivo, mas por ser uma história que cresce com as situações que ocorrem envolvendo os personagens, os primeiros capítulos podem ser considerados fracos em relação aos demais, já que possuem um caráter introdutório. 


Além do exótico character design, que confere autenticidade à áurea de estranheza que exala dos personagens, me surpreendeu como Douman Seiman com esquetes/capítulos que variam de 7 a 9 páginas consegue amarrar todos os eventos em uma narrativa crescente e, que de certo modo, surpreende pela estruturação. São muitos personagens, traficantes, contrabandistas, máfia, assassinos, uma policia incompetentes, um robô que pensa ser androide, seres misticos com fantasmas e bruxas; alguns morrem, “desaparecem misteriosamente”, aparece outros que também se tornam marcantes com suas características peculiares, e as tramas vão se entrelaçando e se amarrando, criando um universo vasto e rico, pautado em fabulas culturais. Há os personagens que são [não se sabe até quando] fixos, que desenvolvem laços fortes com a gente. Caso da empregada Elena, personagem hiperativa, jeito moleque e repleta de mistérios. Ela consegue ir da meiguice a uma postura agressiva em questões de segundos. Começa com participações sem grande destaque (os primeiros capítulos são todos dedicados aos estranhos hospedes, e só então o mundo começa a se expandir) e vai crescendo, com sua história ganhando dimensões inesperadas e se interligando direta ou indiretamente a tudo naquela ilha – que por sua vez, é tão cheia de misticismo que parece uma fonte inesgotável de lendas e personagens curiosos.

Com atuais 3 volumes encadernados e previsão de ser o último da série, o único pesar é pela demora entre um capítulo e outro (algo comum num tão pouco conhecido) lançados pelos scans. Penso em The Voynich Hotel como uma viagem, onde seu desfecho não é esperado com apreensão, mas sendo o percurso de uma satisfação palpável. Eu iria dizer “beleza”, mas provavelmente seria um termo inadequado para um mangá tão bizarro e surreal. Mas, verdade seja dita, o belo também pode variar a partir de tantas perspectivas. 

Avaliação Parcial: ★    ★
Autor:  Douman Seiman
Ano: 2006- (ainda em andamento)
Volumes: 3
Serialização: Young Champion Retsu (Akita Shoten)
Demografia: Seinen
Perfil: MangaUpdates

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Algumas páginas aleatórias (tradução Gondal Scan)










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